Trono do Arcanista – Vol. 04 – Cap. 257 – Uma “boa” introdução

 

Guzon repetiu de maneira confusa: — Pelo Império Schachran?

Lucien parou de se aproximar de Guzon e apenas ficou na escada com as mãos nos bolsos, onde aqueles guardas ainda estavam deitados no chão. Os convidados que vieram comprar informações estavam todos escondidos nas cabines, aterrorizados.

— Sim, desejo seguir pelo império e alcançar os países que adoram outros deuses a nordeste da Cordilheira Sombria. — Lucien assentiu — Tenho certeza de que consegue perceber que sou um feiticeiro, Sr. Guzon. Preciso de um guia que realmente conheça bem a geografia, os costumes e os poderes locais para me ajudar a chegar ao meu destino final sem ser perseguido pela Igreja do Norte.

De Gaston, Lucien sabia que a igreja estava reforçando o controle sobre o Estreito Tempestuoso, então decidiu pegar o trem mágico e depois chegar à famosa cidade no norte chamada Porto do Mar Profundo através dos Reinos de Holm e Colette. Então Lucien passou mais dois meses viajando pelas florestas onde viviam trolls e orcs e finalmente chegou ao Refúgio Leste, cuja floresta primitiva ficava bem ao lado da Fortaleza Da Chama do império, a nordeste.

Durante esse tempo, construiu outro feitiço muito importante de terceiro círculo, Dissipar Magia. A razão pela qual queria tomar esse caminho era que o império fazia fronteira com o Ducado Violeta, a sudoeste.

Após a explicação meia verdadeira de Lucien, Guzon teve uma ideia aproximada do pedido. Ele respirou fundo algumas vezes e tentou recuperar sua pose de líder

— Senhor, por causa da Igreja, você não quer voar pelo império, mas quer pegar a rota terrestre com a ajuda de um guia local, correto?

— Exatamente, Sr. Guzon. — Embora Lucien estivesse sorrindo, realmente desejava poder voar para o ducado, o que lhe custaria apenas três a quatro dias e isso era muito mais rápido do que pegar a rota terrestre.

Guzon viu que Lucien não era esse tipo de feiticeiro cruel, depois de uma breve pausa, disse:

— Senhor, recomendo Leo, que era o assistente do maior contrabandista do Império Schachran, e seus negócios uma vez se estenderam desde os países a nordeste das montanhas e até mesmo Violeta, mas depois ele irritou o contrabandista, o mesmo matou sua família. Leo foi o único que sobreviveu e escapou para Segru com um precioso pergaminho mágico. Sua forte vontade de se vingar e seu poder próximo ao de um verdadeiro cavaleiro o fizeram sobreviver até aqui, embora com dificuldades. Agora ele está aceitando qualquer tarefa que possa fazer para economizar dinheiro e comprar poções mágicas, a fim de se fortalecer para sua vingança. Além disso, Leo é muito bom em mudar a aparência usando métodos não mágicos e conhece o império bem.

Lucien respondeu, com o sorriso ainda no rosto. — Ele pode não ser aquele que estou procurando. Depois que chegarmos ao império, se encontrar o contrabandista, pode ficar muito emotivo.

— Não se preocupe, senhor. Leo tem seu voto de cavaleiro. Contanto que vocês dois tenham assinado o contrato, tenho certeza de que não voltaria com sua palavra e faria o possível para concluir a tarefa. — insistiu Guzon. — Talvez tenha sido por isso que irritou o cara. Senhor, Leo é sua melhor escolha.

Lucien pensou um pouco e assentiu. — Então eu deveria vê-lo primeiro.

— Não ficará desapontado. — disse Guzon. — A única coisa é que ele não está aparecendo regularmente como de costume, por algum motivo. O que sabemos é que, recentemente, foi visto em um bar chamado Taran.

Neste momento, Guzon notou que os olhos do jovem havia redemoinhos girando rapidamente, e então sua consciência se esvaiu.

Lucien usou Encantar em Guzon e verificou todas as informações que forneceu. Também usou Hipnotismo em Guzon para remover as partes-chave de sua memória sobre si mesmo. Embora não fosse capaz de reescrever a memória de seu alvo, e nem remover completamente toda a memória da pessoa, remover informações especificas não era tão difícil, então Guzon não seria capaz de fornecer nenhuma informação útil sobre Lucien se alguém fosse persegui-lo.

Além disso, mesmo sua memória sobre a aparência de Lucien não era precisa, porque se disfarçou cuidadosamente antes de partir.

Como vencedor do prêmio Coroa de Holm, Lucien não tinha certeza se a Igreja, no norte ou no sul, sabia como ele era. Como cardeais e patrulheiros noturnos podiam facilmente identificar o feitiço primeiro círculo, Disfarce, e também por Lucien não ser bom em Transformação, usou algumas maneiras físicas de mudar sua aparência, palmilhas para aumentar a altura, lestes de contatos castanhos feitos das pupilas de uma criatura mágica para mudar a cor dos olhos e até mesmo um bom bigode e bem aparado, junto com o monóculo. Com essas bugigangas, Lucien parecia bastante elegante.

Depois de muito tempo, Guzon finalmente voltou aos seus sentidos, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo.

— Onde estão os cavaleiros? — Guzon tentou se lembrar do que aconteceu, sua cabeça doeu muito. Como líder de uma organização de inteligência, imediatamente percebeu o que acabara de acontecer, um homem poderoso estava aqui, e o homem deve ter alterado sua memória, então imediatamente desistiu de pensar nisso.

Olhando para seus homens deitados no chão, Guzon estava irritado.

— Droga, seus idiotas inúteis! Acordem e troquem suas malditas calças! Tragam os cavaleiros estúpidos de volta!

A placa do lado de fora do bar dizia: “Taran do Refúgio do Leste”.

Lucien abriu a porta do bar e entrou. Assim que pois os pés dentro do local, atraiu o olhar de todas as pessoas no bar, mas muito rapidamente, no segundo seguinte, voltaram às risadas, conversas e gritos continuaram como se nunca tivessem parado.

Quando Lucien controlou mentalmente o guarda da cabana, Tony, bem em público, fez isso de propósito para mostrar a essas pessoas de Refúgio do Leste seu poder. Alguns caras ali sabiam que tipo de poder Lucien tinha, então tentaram manter distância. Vendo isso, as outras pessoas que não o conheciam também queriam ser cautelosas primeiro.

Era assim que sobreviviam no Refúgio Leste. Apenas um fim restava aos forasteiros que viessem aqui sem poderes ou conexões, a morte.

A maioria deles não queriam desperdiçar a vida toda ali. Queriam fazer uma fortuna e se mudar. Mas claro, alguns deles gostavam do lugar. Apreciavam a emoção e liberdade que proporcionava.

Obviamente, a maneira calma e elegante de Lucien revelava o fato de que não pertencia a este lugar. Andando pelas cadeiras, Lucien chegou ao balcão do bar.

— Olá, estou procurando alguém.

Limpando as xícaras, o barman loiro respondeu sem sequer levantar a cabeça.

— Você precisa comprar algo primeiro.

— Um copo de Lesse, por favor. — Foi a primeira bebida que Lucien conheceu neste mundo.

O jovem loiro finalmente olhou para cima. Era um jovem de boa aparência, e tinha os modos indisciplinados de alguém que cresceu nesse lugar selvagem.

Depois de puxar uma xícara de bebida dourada para Lucien, perguntou:

— Procurando por quem?

— Leo. — Lucien olhou para o licor dourado como se estivesse apreciando uma obra de arte. — Estou procurando por Leo.

— Você não está sozinho nessa. — O barman deu a Lucien uma resposta ambígua.

— Estou aqui para contratá-lo. — Lucien olhou para o barman.

— Eles também. — disse o barman um pouco sarcástico.

Ouvindo a conversa, vários homens fortes e armados surgiram das cadeiras. As armaduras emitiam barulhos estridentes.

O líder deles era um homem nos seus trinta e poucos anos. Seu globo ocular esquerdo estava faltando.

Com o estalar das botas e arrastando uma grande espada pelo chão, o homem alto e volumoso se aproximou e parou na frente de Lucien. Se inclinou ligeiramente para frente e perguntou de uma maneira ameaçadora.

— Como você conheceu Leo? Quando foi a última vez que você o viu? Estou perguntando isso por um figurão aqui do Refúgio Leste. É melhor não mentir, ou não verá o nascer do sol de amanhã.

— Não conheço ele. Só quero contratá-lo para me proteger aqui. — Lucien respondeu calmamente. Em sua mente, começou a sentir que procurar Leo poderia não ter sido uma boa ideia, já que claramente agora estava com algum tipo de problema.

O homem caolho não estava satisfeito, e continuou a pressiona-lo.

— Quem apresentou Leo a você! Proteger você para quê?

Assim que terminou sua última palavra, a mão esquerda de Lucien, usando luvas, rapidamente deixou a xícara e agarrou a garganta do homem. Foi muito, muito rápido. O homem apenas viu o vulto.

Lucien sorriu.

— Sua mãe não te ensinou que a curiosidade matou o gato?

— Você… é… melhor me soltar, se quiser deixar Refúgio do Leste vivo!! o meu empregador…

O homem ainda estava ameaçando Lucien, no entanto, no segundo seguinte, ele ficou chocado porque Lucien colocou mais força no aperto.

— Sabe de uma coisa? Não tenho certeza se posso sair vivo de Refúgio do Leste, mas se você continuar sendo estúpido, tenho certeza que não vai sair vivo do bar. E para te contar um segredo, eu também sou um figurão.

O rosto do homem ficou vermelho de ódio, mas não conseguiu dizer uma única palavra. Quando seu pessoal finalmente percebeu o que estava acontecendo e prestes a puxar suas espadas, um homem vestindo uma armadura preta no mesmo estilo que os outros gritou com eles da porta dos fundos do bar,

— Leo está aqui! Na câmara do bar!

O rosto do barman de repente ficou branco. Assim que estava prestes a sair correndo de trás do balcão, foi parado por um espadachim. Outros caras correram para o fundo do bar, como se tivessem esquecido a existência de seu líder.

Do outro lado do corredor, dois caras cujo poder era próximo ao de um cavaleiro de verdade também pularam de suas cadeiras e correram em direção à porta dos fundos.

Lucien achou cômico. Soltando a garganta do homem, Lucien balançou ligeiramente a cabeça por simpatia.

— Que pena… O grande homem de quem você estava falando não parece se importar muito com você. Mesmo se eu te matasse, ele não se importaria. Qual suserano te mandou aqui?

— Como você sabe que ele é um suserano? — perguntou o homem com grande surpresa.

Lucien deu um tapinha em suas roupas e se levantou da cadeira.