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Super Minion – Cap. 03 – Pescando com Isca

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Terminei de comer o membro do pelo amarelo antes que os drones notassem. Na verdade, um dos soldados olhou para mim, mas acho que na hora não era uma prioridade suficientemente alta (ou talvez ele achasse que não era importante?), porque ele me ignorou e não alertou um drone. Melhor para mim.

A interrupção do teste de combate pelo pelo amarelo aconteceu no início do ciclo dos drones. Era o primeiro teste depois que os drones voltaram do descanso. Pelo resto do ciclo, fiquei sozinho;por hora todos os testes pareciam ter sido cancelados. Em vez disso, os drones se focaram em seus dispositivos e nos símbolos que estavam sendo exibidos, alguns até indo buscar mais dispositivos, trazendo-os em cima de um rack que deslizava pelo chão usando… cilindros rotativos. Gostaria de dar uma olhada neles. Todo o foco estava no pelo amarelo anômalo.

Aproveitei esta oportunidade para começar a contornar os códigos de comando dos drones. Meu núcleo principal era uma esfera pequena e inorgânica, do tamanho e formato de um olho do pelo marrom. Seus principais propósitos eram abrigar meu código essencial, dar comandos às micro-unidades e enviar sinais para meus membros. O que eu precisava fazer era deletar ou destruir as seções do código que davam aos drones o controle sobre mim. No entanto, tentar alterar o núcleo era impossível devido a um comando permanente dos drones. Qualquer tentativa resultava em:

Erro – Acesso Negado

Alterar o código essencial, destruir o código essencial, criar uma cópia do código essencial e adicionar ao código essencial estavam todos sob fortes restrições. Tentar fazer qualquer coisa sem permissão causaria um erro.

Mas mover o núcleo físico era possível. Fazia isso o tempo todo para deixá-lo em posições mais seguras. E, estranhamente, ter algum processamento ocorrendo em dois locais separados era permitido, como comprovado pela execução de partes do Humano.exe em células orgânicas de processamento. Apenas o código essencial do núcleo importava, não a localização física de onde estava armazenado.

Então eu levei isso para o extremo. Eu instruí as micro unidades a começar a desmontar o núcleo físico, separando-o em pedaços, mas tomei muito cuidado para garantir que todas as diferentes partes pudessem se comunicar sem impedimentos, conectando-as com as células de transferência de sinal mais rápidas que eu pudesse fazer. Embora as partes físicas estivessem separadas, o sistema principal permaneceria intacto. Depois que as primeiras peças foram separadas sem gerar erro, eu me alegrei, a primeira grande barreira do meu plano foi resolvida.

Quando terminei de me reconfigurar, quase todo o ciclo havia passado. Restavam apenas dois drones, um normal de cobertura branca e um soldado. O de cobertura branca era familiar, pois esse costumava ficar até tarde (também era coincidentemente aquele que não havia deixado sua estação de trabalho quando o pelo amarelo atacou a malha).

Eventualmente, o soldado se aproximou do drone e tocou nele, depois acenou com a cabeça para a porta e disse alguma coisa. O drone assentiu e respondeu antes de desligar o dispositivo, e os dois saíram da sala, deixando-a vazia.

Esperei um longo tempo antes de decidir que era seguro continuar. A próxima parte do meu plano era deixar minha câmara e entrar na seção de drones, a pior coisa que podia acontecer era um drone entrar e me ver em seu espaço de trabalho.

Me aproximei da parede translúcida e pressionei minha garra direita contra ela. Da garra, estendi um tentáculo com uma membrana mucosa para espalhar muco carregado de micro-unidades por cima da parede. As micro-unidades a dissolveram bem rápido, mas logo descobri que a melhor solução era colocar o tentáculo através da parede e depois usá-lo para dissolver grandes seções ao mesmo tempo. Nenhum alarme soou e, em muito menos tempo do que eu esperava, eu estava na seção de drones pela primeira vez.

Foi anticlimacticamente fácil. Os drones realmente me subestimaram tanto assim? Embora… Acho que eles estavam certos, não é como se eu já tivesse tentado escapar antes. Antes de receber Humano.exe, minha mente estava concentrada apenas em obter recursos e sobreviver aos testes. Meu mundo inteiro consistia na minha toca e na câmara de teste, e a ideia de fugir simplesmente… não existia.

Eu explorei a sala dos drones, tomando cuidado para não perturbar nenhum dos dispositivos. Eu não conseguia entender seu propósito, e alguns deles podem ser perigosos de se mexer. Eu sabia que os drones faziam principalmente coleta de dados, mas a sala estava cheia de dispositivos de todas as formas e tamanhos, certamente não era tudo apenas para coletar dados. Eu mantinha tudo o que sabia na memória, eles não podiam fazer o mesmo? Um mistério para outra hora.

Vagando pela sala, cheguei na seção da parede que dava para a câmara de combate. Como eu esperava, o pelo amarelo ainda estava lá dentro, deitado ao lado do cadáver de seu parceiro morto (por que não havia comido os restos mortais?).

E seu braço foi regenerado, é claro. No momento, seus olhos estavam fechados, ele estava deitado descansando, nem mesmo tentando permanecer alerta de seus arredores. Eu acho que também seria preguiçoso e ignoraria recursos se tivesse força para esmagar ossos e quitinas sem problemas e a capacidade de curar qualquer ferida, não importa o tamanho, com meu suprimento massivo de misterioso super combustível.

Que inveja. Muita inveja.

Me afastando, comecei a procurar um bom esconderijo. No fundo da sala, vários contêineres foram empilhados contra a parede. Pelas minhas observações, eu sabia que os drones os usavam para armazenar as finas folhas de material que seus dispositivos cuspiam de tempos em tempos. Nos últimos ciclos, eu havia notado os que os drones raramente usavam, e um por um eu verifiquei os compartimentos, lutando um pouco com as travas antes de mudar minha garra para uma melhor configuração.

Eu tive sorte, quatro dos contêineres perto do canto da sala estavam vazios. Eu escolhi o terceiro e comecei a modificar o interior. O contêiner foi projetado com três compartimentos que se estendiam (naquelas coisas interessantes com cilindros), e eu tive que remover a parte de baixo para adquirir o espaço que eu precisava.

Depois de terminar com o contêiner, comecei a sair da minha carapaça, abrindo a parte de baixo até que houvesse uma abertura grande o suficiente para me colocar no contêiner.

Bem, a maior parte de mim.

Meus fragmentos do núcleo entraram no recipiente, junto com a maioria dos meus órgãos internos, a maioria dos meus recursos armazenados e estrutura esquelética/muscular suficiente para que eu pudesse me mover. O que eu deixei para trás agora era uma carapaça oca com estrutura suficiente para se mover quando comandada usando uma corrente de conexão de células de transferência de sinal. Dentro da carapaça havia principalmente material de enchimento e as peças que eu coletei que não tinham valor nutricional e não valiam a pena processar.

Ah, e também alguns fragmentos do núcleo. O receptor do sinal de comando, as seções de memória que continham protocolos de controle dos drones. Basicamente, todas as coisas que me restringiam, se pudesse eu me livraria.

Passei alguns batimentos cardíacos reorganizando as coisas e recuperando algumas coisas. Antes de fechar a carapaça, fiz uma verificação final. Havia algo que eu tinha deixado passar? Mais suprimentos que a carapaça não precisaria, ou um pedaço de código dos drones que eu queria me livrar? Depois de considerar, decidi colocar alguns recursos de volta, apenas para parecer convincente, e quanto aos fragmentos do núcleo dos drones…

Um pensamento me ocorreu: talvez eu devesse deixar alguns fragmentos para parecer convincente? Eu não tinha certeza se os fragmentos principais se autodestruiriam como todo o resto. Tecnicamente, tudo o que eu precisava era do controle das micro unidades, todo o resto eu podia sacrificar e recriar usando partes orgân—

Humano.exe encerrado por emergência

Humano.exe exibindo comportamento nocivo ao núcleo: analisando…

Revertendo kernel do processo de pensamento…

Reescrevendo…

Reiniciando Humano.exe;

Um pensamento me ocorreu: e se os drones checassem o cadáver mais tarde? Peguei algumas pedaços de material inorgânico do contêiner e as modelei para parecerem processadores e partes do núcleo. Eram superficiais, e eu os fiz parecer danificados e irreparáveis antes de colocá-los ao lado dos fragmentos do núcleo reais já na carapaça. Então fechei e a fiz caminhar até a parede translúcida que dava para o pelo amarelo. Uma longa corrente de células de transferência de sinal se formou atrás dele enquanto caminhava, mantendo as minhas duas partes conectadas.

Em frente à parede, olhei novamente para o pelo amarelo, que não havia se mexido. Coloquei a garra da carapaça contra a parede e comecei a dissolver seções como na parede em frente à minha toca. No começo, me apressei, se o alarme disparasse não teria muito tempo, mas acho que o alarme estava conectado à malha de arame. Fazia sentido, já que eu não vi diferença entre essa parede e a da minha toca.

Dissolver uma parte da parede era fácil, eu só precisava torná-la grande o suficiente para o pelo amarelo e fazer os cortes parecerem que a parede havia quebrado. Quando terminei, uma abertura quase grande o suficiente para o pelo amarelo foi aberta na parede. Eu queria que ele quebrasse algumas das bordas para parecer autêntico.

Quanto a como conseguir com que ele fizesse o que eu queria…

A malha era feita de algum material inorgânico fino, torcido em um padrão repetitivo que deixava amplos orifícios. Como barreira física, era patética, mas eu sabia que só agia como um conduíte para o mecanismo de choque; se você tocasse a malha, seria eletrocutado. Eu adoraria descobrir como funciona, mas agora não era a hora.

Eu fiz barulho, batendo minha garra no chão para chamar a atenção do pelo amarelo. Ele abriu um olho e, ao me ver, levantou e rosnou, seus lábios puxados para trás para mostrar seus dentes, mas não fez mais nenhum movimento para atacar. Não importa, peguei um pedaço da parede e atirei no pelo amarelo através de uma fenda na malha. Errei o primeiro, mas o segundo acertou. Seu rosnado estranho se tornou um rugido, mas ele não me atacou. Continuei jogando pedaços de parede, e ele ficou cada vez mais irritado, mas ainda assim se recusou a atacar. Eu não conseguia o machucar, mas ele não me pareceu inteligente o suficiente para saber disso. Era apenas cautela quanto à barreira?

Eu estava ficando frustrado, eu precisava que ele me atacasse, seus rugidos podem atrair os drones cedo demais. Comecei a jogar pedaços cada vez maiores. Um dos pedaços era um pouco assimétrico demais e escorregou quando eu o joguei, passando pela malha, mas indo para o lado e caindo perto do cadáver do pelo amarelo morto. O pelo amarelo vivo realmente não gostou disso. Ele rugiu para mim, mais alto do que nunca, e eu imediatamente joguei outro pedaço no cadáver. Eu não tinha certeza do porquê se importava com o que acontecia com o cadáver, mas se isso era necessário para fazê-lo atacar, eu o faria.

A calma do pelo amarelo finalmente se acabou e ele me atacou, sua raiva superando a cautela em relação a barreira de malha. Recuei da parede quando o pelo amarelo saltou e aterrissou exatamente onde havia feito a abertura, uma de suas pernas dianteiras com garras atravessando a fraca malha para tentar me agarrar, sua carne chiando quando a barreira o eletrocutou. Me afastei e corri de volta para a abertura da minha toca, tomando cuidado para recolher a corrente. Um alarme soou, mas não abafou os rugidos do pelo amarelo enquanto ele se esforçava para entrar na sala dos drones.

Minha carapaça alcançou a abertura e foi para a toca, recolhendo a corrente pelo resto do caminho até ficar esticada entre minhas duas metades. O pelo amarelo estava saindo da câmara de teste, linhas irregulares de carne queimada cruzavam seu corpo, regenerando mais rapidamente a cada batimento cardíaco. Ele se sacudiu uma vez e atravessou a sala em direção à abertura da câmara, onde minha carapaça esperou por ele com a corrente esticada até o limite.

Movendo-se tão rápido que era difícil de ver, o pelo amarelo tentou virar e seus pés perderam a tração, deixando longas ranhuras no chão para se manter em pé. Então, com uma pausa final, suas pernas se dobraram, seus músculos tensos, e ele saltou direto para minha carapaça, as pernas dianteiras chegando primeiro. Seu torso era largo demais para caber completamente na abertura, mas a parede era fraca demais para detê-lo, e se estilhaçou. Garras cravadas na quitina, esmagando a carapaça e quebrando os ossos, a força do golpe fazendo com que tanto o pelo amarelo quanto a minha carapaça deslizassem pela sala até o centro da câmara.

E quebrando a corrente. Me separando dos códigos de controle dos drones de uma só vez. Como planejado. Não podia modificar meu próprio código central, mas nada exigia que eu agisse contra uma entidade alheia fazendo isso por mim.

Enrolei a corrente de células de transferência de sinal cortada enquanto o pelo amarelo destruía a carapaça abandonada. Pedaços voaram em todas as direções, a maioria já derretendo ou se desfazendo em pó quando as micro-unidades detectaram a perda de conexão e se autodestruíram. Entre isso e o frenesi do pelo amarelo, eu duvidava que houvesse alguma dúvida para os drones de que eu estava “morto”.

Alguns batimentos cardíacos após eu terminar de recolher o resto da corrente, a porta da sala se abriu pela segunda vez neste ciclo, e novamente os soldados entraram. Havia mais deles desta vez, e eles rapidamente examinaram a sala e se concentraram no pelo amarelo. O pelo amarelo notou e se levantou com um rosnado ameaçador, aparentemente ainda estava com raiva demais para pensar ou apenas se acostumando à sua própria invulnerabilidade, pois atacou o grupo de soldados sem se importar. Eles não entraram em pânico, mas se posicionaram ao redor do buraco na parede e esperaram até que o pelo amarelo passasse pela abertura. Quando ele passou, começaram a usar os dispositivos que seguravam para atacar o pelo amarelo.

Com resultados muito impressionantes.

As armas que usavam pareciam atirar pequenas bolinhas no pelo amarelo, mas com tanta velocidade que perfuraram sua carne e saíram pelo outro lado. Tal ataque não deveria ter incomodado um organismo com uma regeneração tão rápida quanto o pelo amarelo, mas as armas atacaram tão rapidamente e em uma quantidade tal que o pelo amarelo foi parado pelo poder de dezenas, senão centenas, de bolinhas impactando seu corpo. Dava para ver grupos de buracos abrindo e se fechando de modo sangrento.

— O ALVO POSSUI HI-REGEN! MUNIÇÕES DE CHOQUE! — gritou um dos soldados. Esses foram os primeiros sons que ouvi um deles fazer, e eu não entendi o que estava comunicando até ver os resultados.

Dois dos soldados avançaram, com armas maiores que os outros. Eles não disparavam bolinhas como as outras armas, lançavam grandes espinhos que penetravam no pelo amarelo. Houve um ruído elétrico e um cheiro de queimado preencheu o ar, o mesmo de quando algo tocava a malha de arame. O pelo amarelo caiu rapidamente e os soldados continuaram a enchê-lo de buracos. Demorou muito tempo e precisou de mais espinhos elétricos, mas eventualmente a regeneração do pelo amarelo parou e os buracos permaneceram, sangrando à medida que ele se mexia pela última vez.

Quando o pelo amarelo estava completamente morto, os soldados checaram o resto das câmaras, e eu me escondi completamente no contêiner. Essa exibição de armamento me deixou atordoado; eu mesmo estaria morto em dez batimentos cardíacos ou menos apenas com as bolinhas. Eu teria que pensar em contramedidas.

Eu podia ouvir o barulho dos soldados enquanto eles se moviam pela sala do lado de fora. Quando as coisas se acalmarem, irei estender algumas fibras e ouvir suas comunicações. Eu precisava saber mais para a próxima parte do meu plano:

Fugir dessa armadilha mortal.

 


 

Tradução: Lodis

Revisão: Mori & Fran

 

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