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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 05 – Cap. 05.3 – O Irrompido

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— Fico feliz que esteja acordado, meu lorde. Permita-me expressar minha sincera alegria por ter se tornado um lorde demônio completo.

Ele curvou-se profundamente perante a mim.

— Ah, quem é você?

— Eu…? Você deve estar brincando, meu lorde. Nada poderia machucar mais o coração de um demônio do que ouvir isso…

O visitante parecia genuinamente insultado. Ele aparentava ser um demônio de alto nível, mas eu realmente não tinha ideia de quem era. E então, Ranga enfiou a cabeça para fora da minha sombra.

— Mestre, este é um dos demônios que você invocou usando os cavaleiros como sacrifício.

Ah, verdade. Esse cara ainda está aqui.

— Ahhh, Senhor Ranga!

O demônio virou seus olhos agradecidos para Ranga, como se estivesse vendo seu salvador. E, pensando bem, eu o vi durante a festa, inquieto e parecendo extremamente deslocado.

— Bem, agradeço por toda a sua ajuda. Me falaram que você também prendeu aquele sobrevivente para mim, para que Ranga e eu pudéssemos voltar para cá em segurança.

— Oh, não, eu não sou digno de seus agradecimentos. Mas, sendo assim…

— Enfim, me desculpe por mantê-lo aqui todo esse tempo. Pode voltar para casa.

— … O quê?

Isso explicaria o seu comportamento. Ele queria ir embora, mas eu não tinha dado a ordem. Então o ordenei agora, mas esse demônio estava agindo todo estranho em relação a isso. Ele tinha feições bem bonitas – na verdade, você até poderia chamá-lo de lindo, apesar de ser homem e tudo mais. E agora aquele rosto parecia confuso, pronto para chorar a qualquer momento, deixando-me preocupado

— Oh, hum, a recompensa não foi o suficiente ou algo assim?

— Nada disso, meu lorde. Como te pedi antes, busco a honra de me juntar aos seus subordinados! O que acha? Poderia considerar?

Se juntar aos meus subordinados? Hmm, acho que esse Demônio Superior que convoquei disse algo assim, é, mas… espere. Esse sujeito na minha frente não é apenas um “Superior”.

— Huh? Ranga, eu realmente invoquei esse cara?

— Sem dúvida, meu mestre!

Hum. Ok.

— Ao receber os cadáveres de cavaleiro que você me ofereceu como meu invocador, ganhei um corpo físico. Só posso esperar que eu consiga retribuir este grande favor de alguma forma.

— Oh, sério? Que dahora…

Ele parecia meio forte, e se queria tanto ser meu subordinado, então ótimo. Mas isso era uma faca de dois gumes. Caso ficasse fora de controle, me preocupava que até mesmo Benimaru poderia ter problemas em detê-lo.

E os outros dois demônios com ele?

 

Entendido. Ao realizar a Arte Secreta do Renascimento, você começou a ficar sem energia mágica. Quando foi esgotada, os dois demônios se transformaram em força mágica e desapareceram para ajudá-lo a reunir a energia necessária.

 

… Putz. Raphael jogou essa bomba como se não fosse nada. Ele estava agindo de forma ainda mais fria do que o Sábio, mostrando como trabalhava. Então os demônios ajudaram na ressurreição de Shion, desempenhando um papel nos bastidores? Nossa, me sinto até mal por ter pensado por um momento que eles eram inúteis.

Mas e agora? Esse cara está querendo tanto me ajudar que até me priorizou acima de seus amigos. Seria muita maldade ignorar isso.

— Eu realmente não posso te dar um salário ou qualquer coisa do tipo. Está bem com isso?

— O direito de servi-lo me dará toda a alegria de que preciso, meu lorde.

Pera, se ele está disposto a trabalhar de graça, então fico muito feliz com esses termos.

— Ok, parece bom para mim. A partir de hoje, você é oficialmente um de nós.

— Ahhh! Obrigado, meu lorde!

— Pare com isso de “lorde”. É assustador.

— Compreendo. Como devo me referir a você, então?

— Rimuru está bom.

— Ahhh, Rimuru – um nome com um tom tão lindo. Senhor Rimuru, será, então…

Que grandioso. Eu não tinha ideia do que ele achava tão atraente em mim, mas ele mal podia esperar para ser meu servo.

— Certo, ótimo. Mas qual é o seu nome?

— Ser um demônio sem nome é mais do que o suficiente para mim, Senhor Rimuru.

Huh? Ele parecia ser de muito alto nível para não ter um nome. Mas seria muito chato ter que lidar com isso. Vamos fazer o que sempre fiz, então.

— Ok. No lugar de qualquer outra recompensa, quero dar-lhe um nome. Tem algum problema com isso?

— Não! Não, nenhum problema. Este é o maior presente que um demônio poderia pedir!

Seu rosto bem definido explodiu em abjeta alegria. Acredito que sou assim, não é? Há algo em mim que os demônios acham irresistível. Acho que eu tinha o direito de me gabar um pouco sobre isso.

Certo. Um nome. Hora de pegar um da minha lista de nomes super fodas, talvez? Algo demoníaco e que soe bem. Sendo assim, por que não ir com o mais simples?

— Seu nome é Diablo. Que você viva de acordo com ele e preste seus serviços para mim!

E no momento em que terminei minha fala, senti minha energia se esgotar. Eu já estava me acostumando com isso. Desta vez, levou mais ou menos metade das minhas magículas. O meu lado pessimista esperava mais, dado o quão majestoso e poderoso esse demônio parecia ser. Nomear Beretta, aquele Demônio Superior, tomou mais de 30 por cento das minhas magículas, então ele deve ser superior a Superior, afinal.

Relatório. O indivíduo Diablo era um Arquidemônio. Quando seu mestre evoluiu, seu reservatório de magículas aumentou. Considerando isso, fazer uma comparação baseada estritamente na porcentagem de magículas consumida não fornecerá um resultado preciso.

Hum, acho que entendi.

Mas Rapahel, você parece estar sendo muito mais informal comigo do que o Sábio jamais foi…

Incorreto. É apenas a sua imaginação.

 

Sério? Porque você parece estar dando conselhos bem livremente, considerando tudo isso. Mas o Lorde da Sabedoria acabou de dizer algo que eu não podia ignorar. Minha energia aumentou tanto, e Diablo ainda pegou metade dela? Pera, quantas vezes minha contagem aumentou?

Entendido. Para fins de referência, o número é de dez vezes mais do que era anteriormente.

 

Caralho.

Onde é que eu fui me meter? Me transformei em algum tipo de monstro.

Diablo, o demônio diante de mim, permaneceu imóvel sobre um joelho. Uma espécie de casulo escuro envolveu seu corpo enquanto ele se preparava para sua evolução. Eu sou tão descuidado às vezes. Acho que não há cura para a estupidez, mesmo depois da morte, então vou apenas sorrir e me conformar com isso.

Não vou mais dar nomes tão casualmente! Falo sério desta vez!

Eu jurei isso para mim mesmo, mas algo me disse que eu não iria cumpri-la por muito tempo.

A evolução foi completa enquanto eu estava perdido em meus pensamentos. A primeira coisa que reparei na forma escura com a qual fui recebido foram as mechas vermelhas e douradas em meio ao seu cabelo preto. Seus olhos estavam tão dourados quanto antes, suas pupilas brilhavam em um misterioso tom carmesim. As partes que normalmente seriam brancas agora eram de um tom de azeviche, o que as fazia se destacar ainda mais. Quando se levantou totalmente, percebi que estava vestindo roupas elegantes, um modelo de mordomo ideal. Era uma nova imagem dele, em comparação com o príncipe perfeito que parecia antes.

Ele costumava ser um governante; agora servia a um. Mas, olhando bem, aquela aura arrogante que o cercava havia crescido, não diminuído.

— Diablo. Esse é o meu nome. Estou profundamente comovido, Senhor Rimuru. Deste dia em diante, prometo servi-lo com todo o meu coração.

Ele me deu uma reverência respeitosa.

Essa transformação aparentemente refletia seu desejo de ser meu servo sempre leal. Demônios podiam usar sua habilidade intrínseca Criar Material para preparar qualquer tipo de vestimenta que quisessem, então não havia necessidade de um guarda-roupa. Era bastante útil. Fiquei até com um pouco de ciúmes.

Quase imediatamente, ele disse:

— Senhor Rimuru, você parece estar preocupado com alguma coisa. O que é que te incomoda? Porque eu espero que possa discutir isso comigo.

Devia estar na cara para ele. Resolvi explicar toda a situação, pois isso me ajudaria a organizar meus próprios pensamentos. Mesmo que não levasse a uma resposta, ajudaria a manter minha mente calma.

— Não é nada demais… eu acho. Estou pensando no futuro.

— O futuro?

— No momento, temos muitos problemas para lidar ao mesmo tempo. Acho que já estamos sobrecarregados com o tanto de planos que precisamos realizar.

— Ah…

Expliquei as circunstâncias para o Diablo.

Minha maior preocupação era o lorde demônio Carillon e como Millim estava envolvida com ele. Mas o problema mais urgente era como iríamos lidar com o Reino de Farmus e verificar os movimentos da Santa Igreja Ocidental – ambas questões que poderiam afetar e muito nosso futuro relacionamento com a humanidade. Particularmente, se déssemos um passo em falso contra a Igreja, acabaríamos nos tornando inimigos de todos os humanos do mundo. Eu queria fazer o que pudesse para evitar isso.

No entanto, seria ridículo tentar resolver todos esses problemas de uma só vez. Eu precisava nos preparar para nossos inimigos, nossos problemas, um por um e garantir a vitória contra eles.

— Entendo. Tudo faz sentido para mim agora. Nesse caso, permita-me carregar um pouco desse fardo! Ficarei feliz em te ajudar para que não tenha que lidar com vários problemas ao mesmo tempo. Estou à suas ordens, Senhor Rimuru!

Ahhh, é um demônio bem astuto, não? Ele entendeu minhas preocupações em um instante e estava pronto para lidar com elas. Mas eu queria discutir o assunto com os outros antes de decidir sobre qualquer coisa.

— Espere. Não há necessidade de nos apressarmos. Vamos decidir nosso rumo na conferência de amanhã. Por que não se junta a nós?

Se Diablo está tão ansioso para ajudar, que assim seja. Ele parece ser bastante sagaz, seria um desperdício não contarmos com seus poderes.

 

Relatório. Acredito que não precisamos nos preocupar com a Santa Igreja Ocidental. A Análise e Avaliação do Aprisionamento Infinito que encarcerou Veldora será concluída em breve. Acredita-se que a libertação deste indivíduo restringirá as ações da Santa Igreja.

 

Oooooooh. Que maravilha. Sim, se pudéssemos libertar Veldora, a Santa Igreja Ocidental com certeza não conseguirá fazer nenhum movimento ousado.

… Uh, pera, quêêêêêê? Você está sendo muito atencioso comigo, Raphael!

Incorreto. É apenas a sua imaginação.

 

Sim, sim, apenas a minha imaginação. Larga dessa, cara.

Voltando ao assunto, podemos mesmo libertar o Veldora?

A Análise está prevista para terminar até amanhã à tarde.

 

Uau. Raphael, acho que você se tornou muito mais útil do que eu pensava.

Enfim, isso certamente abriu alguns caminhos para uma solução. Contanto que pudéssemos manter a Santa Igreja Ocidental sob controle, teríamos todo o tempo do mundo para negociarmos com as Nações Ocidentais. Eu estava com medo de que a Igreja estivesse os manipulando para acreditar que éramos maus, e se evitássemos que isso acontecesse, já haveria nações dispostas a trabalhar conosco.

Farmus, por outro lado, não era mais uma ameaça. Tínhamos destruído as suas principais forças armadas e mantivemos seu rei como refém. Ajudaríamos a pavimentar o caminho para Yohm estabelecer uma nova nação e desviaríamos a atenção de todos para ele. Assim, ninguém em Farmus teria tempo livre para se intrometer em nossos planos.

Com isso, quais problemas ainda restam?

— Certo! Acho que as coisas vão de acordo com o esperado depois de tudo!

Eu me concentraria exclusivamente em atacar o lorde demônio Clayman. Millim me disse que qualquer um que se declarasse um lorde demônio rapidamente enfrentaria a retribuição dos outros. Por que não transformar isso em um grande baile de debutante – fazer meu nome com um estrondo e subir no palco como o lorde demônio mais ousado e atrevido que existe?

— Ah, teve alguma ideia?

— Oh se tive. Decidi me tornar um verdadeiro lorde demônio.

— Hee-hee-hee-hee-hee. Esse é o espírito Senhor Rimuru. E eu, Diablo, serei fiel a você por toda a…

— Hmph! E eu, Ranga, sou seu servo mais fiel.

Fiz um carinho em sua cabeça por isso. A declaração inesperada foi meio que cativante, pensei.

Aparentemente, tínhamos uma boa cartilha para trabalhar amanhã. E sob um céu estrelado, nas costas de Ranga, cujos olhos brilhavam em êxtase, minha mente parecia tão calma e serena.

 

Separador Tsun

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No dia seguinte, informei a todos sobre o meu plano.

Estiveram presentes as seguintes pessoas:

Shuna, minha secretária temporária.

Shion, minha secretária oficial. A temporária era muito mais adequada para o trabalho, mas que seja.

Rigurd e os outros hobgoblins anciões do governo.

Rigur e Gobta da nossa equipe de segurança.

Benimaru e Hakuro representando os militares.

Kaijin e Kurobe do departamento de fabricação, junto com Garm e Dold.

Geld e Mildo da construção.

Lilina da administração.

Soei, Soka e os outros três membros da equipe de espionagem.

Ranga em minha sombra como uma espécie de animal de apoio emocional, eu acho?

Também convidei Gabil a participar, assim como Diablo, para servir como meu segundo secretário. Imaginei que seria uma boa oportunidade para apresentá-lo.

De não Tempestianos havia Yohm; seu assistente, Kazhil; e Rommel, o oficial de estado-maior. Mjurran e Gruecith também estavam lá, é claro, junto com os Três Licantropos de Eurazania. Ao todo, havia mais de trinta pessoas em nossa sala de reuniões.

— Senhoras e senhores, agradeço a todos por se reunirem aqui!

— Por que esse encontro repentino, Senhor Rimuru?

Eu estava tentando parecer legal, já que estava prestes a anunciar minha ascensão a lorde demônio, mas Benimaru simplesmente me cortou. Depois dessa, vou até voltar a agir normalmente.

— Primeiro, tenho alguém a apresentar a todos vocês. Este é Diablo, ele me ajudou a sair de uma situação difícil agora há pouco. Ele é muito forte, e podemos confiar nele, então sejam legais, ok?

— Hmm? Certamente parece ser capaz… imagino que ele seja tão experiente quanto diz, Senhor Rimuru.

Com o selo de aprovação de Hakuro, todos os outros assumiram com segurança que Diablo não era um charlatão. Como não teve objeções, ele imediatamente se tornou um de nós. Prosseguindo:

— Agora, Gabil!

— S-Sim!

O dragonato parecia pouco à vontade nesta reunião de oficiais de alto escalão. Nervoso, ele se levantou ao ouvir seu nome.

— A partir de hoje, o nomeio chefe do nosso departamento de desenvolvimento. Este é um título provisório, mas isso significa que desempenha um papel de liderança em Tempest. Conto com você!

— S-Sim! Sim, senhor! Te prometo que eu, Gabil, trabalharei incansavelmente por você!

Ele se engasgou no meio da fala quando aceitou a oferta. Pesquisa e desenvolvimento pareciam se adequar a Gabil muito mais do que eu imaginava. Eu tinha certeza de que ele faria um ótimo trabalho.

Agora, era hora de discutirmos o tópico principal.

— Eu decidi nosso rumo daqui para frente e queria revelá-lo a todos vocês. Isso tem tudo a ver com Yohm e os Três Licantropos também, então, que ouçam com atenção.

— Só mandar, amigo.

— Tem a ver com o resgate do Lorde Carillon?

Todos os olhos estavam em mim. Sem mais delongas, mudei para a forma humana e os encarei.

— Eu decidi me tornar um lorde demônio.

— Certo.

… Huh? Esperava por uma resposta mais surpresa.

— Hmm… Significa que estou assumindo o papal…

— Você já assumiu, não?

Shion me deu um olhar estranho. Acho que ela percebeu que essa era a razão pela qual estava viva agora. E sim, eu era um lorde demônio verdadeiro em questão de rank e tals, mas…

— Não é isso. Eu quero dizer que vou declarar ao mundo que sou um lorde demônio!

— Oh? Significa que vai desafiar os outros lordes demônios em seu próprio jogo, Senhor Rimuru?

Hakuro teve a gentileza de dizer isso por mim.

— Sim! Exatamente! Mas não “os outros lordes demônios”. Estou indo atrás de Clayman.

Yohm, Mjurran, Gruecith e os Três Licantropos acenaram balançando a cabeça.

— Entendo — disse Benimaru, sorrindo corajosamente. — Iremos tomar um assento na mesa dos lordes demônio para você, então? Interessante.

Ninguém teve qualquer objeção.

— Sim. Nos bastidores, enquanto Farmus nos atacava, era Clayman controlando Mjurran e todos os outros. Eu não posso deixar isso barato. Também há uma boa chance de que ele tenha sido o único que persuadiu Millim e Frey para atacar Eurazania. Tenho razões mais do que o suficiente, não acham?

Meu público assentiu.

Então, discuti meus planos com eles – sobre nossas relações com as Nações Ocidentais, sobre como lidar com Farmus depois da guerra, sobre a necessidade de impedirmos que a Santa Igreja nos atrapalhe e sobre o resgate de Carillon, como prometi aos cidadãos do Reino Animal. Também designei tarefas enquanto discursava.

— Rigurd! Deixo as negociações com as Nações Ocidentais com você. A evacuação de todos aqueles mercadores de volta para Blumund deve ser uma boa moeda de troca para nós. Tenha em mente a confiança que construímos até agora e prossiga com cuidado!

— Sim, senhor Rimuru! Conte comigo!

Ele parecia pronto para o trabalho. Os outros anciões pareciam igualmente entusiasmados, praticamente exalavam confiança. Acho que eles se davam muito bem com os mercadores.

— Benimaru! Quero que descubra e anote exatamente o que aconteceu com todos que evoluíram na cidade. Vamos usar todas as armas à nossa disposição para esmagar Clayman e, para isso, preciso saber a extensão de nossas forças.

— Sim, Senhor Rimuru.

Ele também estava cheio de confiança. Era a expressão de um verdadeiro general, digno de ser encarregado de todos os assuntos militares. Benimaru era péssimo em ficar de olho em Shion, mas quando se tratava desse tipo de trabalho, aqui estava um homem em quem você podia confiar.

— Shion! Designarei você para interrogar nossos prisioneiros. Yohm, Mjurran, ajudem-na. Faça-os falar tudo que sabem sobre o estado das coisas dentro de Farmus, e qualquer coisa que nos ajude a tomar seu país. Antes de fazermos isso, também teremos que lidar com o pós-guerra. Criaremos uma nova nação, uma com Yohm como seu líder, e precisamos de todas as informações que pudermos obter para fazê-la funcionar. Não matem nenhum deles, ok? Eles podem se mostrar úteis para nós mais tarde.

— Aceito o dever com prazer, Senhor Rimuru!

— Pode deixar, parça.

— Farei o que puder. Espero que isso me ajude a retribuir um pouco o favor.

Shion estava pronta. Me certifiquei de instruí-la duas vezes a não matar ninguém, porque eu facilmente a imaginava fazendo isso. Deveríamos estar bem agora, espero, embora eu sentisse uma espécie de turbulência inquieta no fundo de seus olhos que me preocupava. Torço para que tenha sido apenas minha imaginação. Ela deve estar muito furiosa, então imaginei que esta seria uma boa maneira de deixá-la se vingar, mas talvez eu estivesse sendo um pouco precipitado.

Ah, que seja. Ela não estaria sozinha, então achei que tudo ficaria bem. Eu tinha planos futuros para Yohm e Mjurran, então seria melhor que eles a ajudassem por enquanto. Também me certifiquei de que me avisassem caso Shion começasse a agir de forma instável. Essas precauções devem ser o suficiente.

— Soei!

— Reunirei informações sobre Clayman o mais rápido que puder.

Ah, ok. Boa. Soei certamente é um homem preparado para o trabalho. Ele adivinhou minhas intenções antes que eu pudesse dar suas ordens, e Clayman era a única presa em seus olhos agora. Ainda bem que pude contar com ele – e antes que eu pudesse terminar meu raciocínio, todos os cinco membros de nossa equipe de espionagem haviam sumido, já cumprindo seus deveres. Quando voltassem, com certeza teríamos outra conferência estratégica para realizar.

Quanto aos outros:

— Agora, como eu disse, vou esmagar o Clayman. Eu gostaria que os Três Licantropos me ajudassem com isso, se possível.

— Eu não esperaria por menos, ó grande líder de Jura.

— Basta mandar! Estamos sob seu comando no momento!

— Todos nós pensamos o mesmo. Nós licantropos respondemos confiança com confiança – e os favores com nossas vidas. Confiamos em você, aquele que nos fez um favor que nunca poderíamos retribuir. Agora, permita-nos arriscar nossas vidas para pagá-lo de volta!

— Muito bem. Aqui está a ordem. Quero que descansem, recuperem a energia, e preparem-se para o confronto decisivo.

— Sim, Senhor Rimuru!

O trio três licantropos se ajoelharam e reconheceram que estavam sob minhas ordens. Isso seria uma grande adição ao nosso poder de guerra, sem mencionar algumas provisões extras que poderemos usar contra Clayman. Isso era um alívio.

— Ótimo. Então, quero que todos avaliem os danos à nossa cidade e a consertem. Também precisamos de alguns alojamentos para os licantropos – ajude-os a manter uma qualidade de vida decente enquanto estiverem aqui. E continuem patrulhando para que não tenhamos brigas ou problemas!

Todos assentiram balançando a cabeça. Isso marcou o fim desta salva de ordens.

— Excelente. Agora esperaremos pelo relatório de Soei antes de realizar outra conferência. Até lá, quero que todos vocês descubram os principais problemas com o trabalho que lhes foi designado e elaborem um plano que possamos executar contra eles!

— Sim, senhor!

A plateia se levantou e me saudou. Eu acenei balançando a cabeça e dei a eles um pequeno sorriso, colocando minha máscara enquanto me sentava.

— Agora vão!

Imediatamente, todos entraram em ação.

 

Separador Tsun

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Os únicos ainda na sala eram Diablo, Shuna e eu. Shion reclamou um pouco, falou que era a “verdadeira” secretária e tal, mas (felizmente para mim) ela colocou minhas ordens em primeiro lugar. Também deu uma aula para o Diablo sobre o que o trabalho de secretário implicava, mas ele só ignorou tudo que ela disse. Enquanto eu discursava, ele ficou acenando e olhando para mim, então talvez tenha sido isso que fez Shion decidir ficar de olho nele. Se eu não a tivesse parado, ela ainda poderia estar gritando com ele até agora.

Eu dei três prisioneiros para Shion interrogar. Ela tinha que levar aquele trabalho a sério ou então seria inútil. Afinal, em suas mãos, um interrogatório poderia muito bem se transformar em uma tortura. Eu a dei permissão para causar qualquer tipo de sofrimento mental que pudesse pensar, desde que a dor física não estivesse envolvida. As vítimas que ressuscitei também foram autorizadas a participar, e eu tinha certeza de que elas estariam mais do que ansiosas para fazê-los falar.

A raiva incontrolável dentro de mim se acalmou bastante agora que todos estavam de volta. Isso significava que eu não tinha mais vontade de matar aquele velho decadente e o cara da Santa Igreja Ocidental. Além disso, o principal perpetrador já teve seu coração partido por Diablo. Eu não podia perdoá-los, mas já não tinha muito interesse em cuidar deles pessoalmente.

Dependendo do andar das coisas, talvez fosse melhor deixar o rei de Farmus e o arcebispo viverem para que pudéssemos usá-los com mais eficiência. Contanto que Shion não os matasse, eu estava preparado para deixá-la fazer o que quisesse. Se alguém te bate, você tem que revidar. Contra-ataque, ponha medo em seus corações e certifique-se de que nunca mais cometam o mesmo erro. Shion era a pessoa perfeita para fazer isso, e uma vez que extraíssemos as informações que precisávamos, eu tinha certeza de que ela lhes daria uma refeição saudável – usando o Master Chef para deixar o sabor exatamente como o desejado.

Enquanto Shion desempenhava o papel de interrogadora, eu tinha outros negócios para cuidar.

Primeiro, tive que estudar como esse mundo lidava com o pós-guerra. Eu queria pelo menos considerar coisas como o que faziam com os prisioneiros de guerra, e descobrir qual era o senso comum em relação aos conflitos entre países por aqui. Se toda a humanidade nos considerasse monstros, então eu poderia operar de acordo com minhas próprias regras – mas se houvesse uma chance de construirmos relacionamentos cooperativos, como os que tínhamos agora, eu queria investir nisso.

Logo, decidi investigar o que as nações geralmente faziam em tempos como esses. Os grupos de Yohm e Elen não saberiam nada sobre política de governo. Para algo assim, Vester era a pessoa certa. Em pouco tempo, bateram na minha porta, e em seguida, Diablo apareceu acompanhado do ex-ministro anão.

— Ouvi dizer que me chamou, Senhor? — ele perguntou enquanto dirigia os olhos em mim. — E deixe-me dizer, estou tão feliz em vê-lo seguro depois de todas essas calamidades que nos afligiram!

Sim, e isso não é nem metade. Não que elas já tivessem acabado. De qualquer forma, resolvi ir direto ao ponto.

— Agradeço a preocupação. Mas eu queria te perguntar: como os países humanos por aqui travam guerras uns contra os outros?

— … Ah, então você está curioso sobre Farmus? Essa é uma questão bastante complicada de abordar.

Vester começou a explicar as regras da guerra comigo.

Em primeiro lugar, os países das Nações Ocidentais que eram membros do chamado Conselho do Ocidente geralmente não entravam em conflito. Mesmo que entrassem, teriam que envolver declarações formais de guerra e muita burocracia. A falha em aderir a isso, colocaria todos os outros membros contra você – ou seja, todas as outras nações da região ocidental, basicamente.

Mas e as nações que não tinham nada a ver com o Conselho? Cenários variados podem ocorrer nesse caso, mas geralmente, o Conselho nunca se envolvia, independentemente do vencedor ou do perdedor. No entanto, se um lado recorresse a um comportamento cruel e desumano além da razão, certamente sua reputação dentro do Conselho estaria acabada. Só porque as regras não se aplicavam uns aos outros, não quer dizer que você poderia fazer o que quisesse. Tentar navegar por esses limites parecia uma grande dor de cabeça para mim.

Porém, por outro lado, se você fosse invadido por outra nação, a história era completamente diferente. Você tinha o direito de solicitar o apoio de resgate do Conselho, e essa era uma das principais razões pelas quais o Conselho tinha tantos pequenos reinos representados entre suas fileiras.

Nações Maiores, como o Reino dos Anões e o Império do Oriente (nome completo: Nasca Namrium Ulmeria do Império Unido Oriental), naturalmente não estavam envolvidas com o Conselho. Seja invadido por países como esses e o Conselho estará pronto para defendê-lo com uma frente unificada – mas se você for o invasor, então estará por sua conta e risco. Você pode até ser expulso do Conselho por incomodar desnecessariamente uma superpotência.

Tendo isso explicado para mim dessa forma, parecia que o Conselho – uma organização intergovernamental semelhante às Nações Unidas (ONU) do meu antigo mundo – se baseava bastante na ideia de nações mais fracas ajudando umas as outras. Considerando a sempre presente ameaça de monstro, suponho. As pessoas daqui aprenderam que as guerras entre humanos não faziam sentido.

Agora eu tinha um certo nível de entendimento das coisas. Considerando a relação entre as nações, o Reino de Farmus deve ter organizado uma invasão à Tempest sozinho. Ou era esta uma guerra santa, envolvendo a vontade da Santa Igreja Ocidental? Difícil de dizer.

— É exatamente esse o ponto — frisou Vester —, se Farmus tivesse vencido, ou ao menos forçado um impasse, a Santa Igreja poderia ter convencido um monte de outras nações a se juntarem à batalha. Mas do jeito que as coisas estão agora…

… Sim. Foi preciso de apenas um slime para acabar com toda a força militar de Farmus. Estamos falando de literalmente três sobreviventes. Essa deve ser uma das maiores derrotas da história. Além disso, eles invadiram um país com laços com Blumund. Valeu mesmo a pena guerrear com uma nação como a nossa? Vencer-nos não lhes renderia nada; não faria ninguém trocar de lado. E vencer era um grande tiro no escuro desde o início…

— Então — eu disse —¸ se a Santa Igreja abandonar Farmus, é seguro dizer que nenhuma outra nação humana estará disposta a organizar uma operação militar contra a gente?

— O Reino dos Anões não faz parte do Conselho, mas acompanha o que acontece internamente. Da minha perspectiva, eu não esperaria por nenhum movimento da parte deles.

Hum. Talvez estejamos em uma situação melhor do que eu imaginava.

— Hee-hee-hee-hee-hee! Entendo, entendo. Talvez uma demonstração de força seja aconselhável contra as Nações Ocidentais…

— Espere, Diablo. Tenho meus próprios planos quanto a isso.

— Meus perdões.

— Nah, relaxa. Acho que vou pedir que faça Farmus capitular para nós.

— Ahhh! Seria uma honra assumir esse dever.

Acenei para ele enquanto pensava nisso. Quando Veldora ressuscitar, as Nações Ocidentais e a Igreja estarão de mãos atadas. Poderíamos usar essa oportunidade para provar que não éramos seus inimigos. Além disso, Farmus provavelmente será expulso do Conselho em pouco tempo.

Relatório. Acredito que os eventos acontecerão exatamente de acordo com suas previsões.

 

Ótimo. Com Raphael, Lorde da Sabedoria me apoiando, eu devo estar certo.

Agora, como os prisioneiros de guerra eram tratados neste mundo? Infelizmente, nem Vester sabia muito sobre. As guerras simplesmente não eram tão comuns, e os prisioneiros geralmente eram trocados por outros prisioneiros, por dinheiro ou por outros direitos e privilégios.

A ideia de uma nação tomando como prisioneiro o líder supremo de uma nação rival era praticamente inexistente. Um rei tão incompetente definitivamente perderia a fé de seu povo, então eu ficaria surpreso se alguém nos acusasse de regicídio ou algum ato hediondo como esse. Suponho que poderíamos dizer que ele morreu em batalha, mas acho que seria muito melhor devolvê-lo vivo.

— Muito bem. Obrigado pelo conselho. Fico feliz que esteja aqui por nós, Vester.

— Oh, não, não é nada demais — ele respondeu, visivelmente corado.

Sua personalidade se abrandou consideravelmente aqui em Tempest, tornando-o um homem inteligente e meio alegre, com um lado mais sombrio que ocasionalmente aparecia de repente, mas corar definitivamente não combinava com sua imagem. Não há nada fofo em um cara de meia-idade agindo todo tímido.

— Ah, quase esqueci. Tudo bem se eu relatar esses eventos ao Rei Gazel?

— Claro, sem problemas. Diga para ele me dar algum feedback, se tiver algum.

Mesmo que tentássemos esconder o que aconteceu, eles descobririam em um piscar de olhos. Melhor apenas revelar toda a verdade nua e crua.

— Ok, vou embora, então.

Ele ainda estava corado quando se despediu. O que me fez levantar uma questão. Espere um segundo. E se ele não estivesse sendo tímido? E se ele estivesse… encantado por mim? Eu estava sem máscara.

Pera… sem chance…

Vários cenários relacionados passaram pela minha mente. Eu só poderia torcer para que nenhum deles se concretizasse.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Flash

 

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Vol. 05 – Cap. 05.3