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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 05 – Cap. 04.1 – O Nascimento de Um Lorde Demônio

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Quando ouvi que o meu pessoal já havia se reunido na sala de reuniões fui para lá junto com Yohm.

Ao chegar, todo o governo de Tempest ainda na cidade estava esperando por mim, olhares tensos em seus rostos. Gabil e Soei permaneciam em prontidão na caverna, mas Soei estava conectado a mim através do truque do Fio de Aço Pegajoso, e eu percebi que ele estava monitorando o áudio.

— Desculpe por ter deixado vocês na mão por tanto tempo. Estamos aqui para convocar uma reunião a fim de ressuscitar Shion, Gobzo e todos os outros.

A declaração agitou o salão. Eles estavam felizes em me ver de volta ao meu antigo carismático eu, e agora tinham esperança de que algo poderia ser feito. Isso acendeu uma chama em cada um de seus olhos. Nenhum deles expressou uma única dúvida. Shion e Gobzo estavam voltando, e era hora de agir.

— Agora, antes de eu dar algumas ideias, gostaria de ouvir suas opiniões sobre o Reino de Farmus e os humanos em geral.

Recebi muitos feedbacks bem rápido. A maioria deles estava de acordo comigo em um ponto chave: não haveria perdão para os humanos que nos pregaram aquela peça covarde. Eles estavam certos em se sentir assim, sem dúvida. Alguns deles, entretanto, falaram para não julgar todos os humanos como iguais, que também havia aqueles de bom coração. Fiquei feliz em ouvir isso. Toda essa raiva, medo e ódio ameaçavam nos afastar do objetivo que precisávamos alcançar.

Mesmo depois de tudo que aconteceu, eles ainda seguiram fielmente o conselho que eu dei para eles. Esses monstros levaram muito a sério a ideia de viver ao lado da humanidade. Eu tinha que amar esses caras por isso. Nunca amei ninguém antes, então colocar dessa forma soa meio falso para mim ainda, mas…

Esperei que todos se acalmassem antes de continuar.

— Certo. Ouçam-me, todos vocês.

Senti seus olhos sobre mim quando comecei.

— Eu sou um ex-humano. Eu reencarnei, por assim dizer.

Isso causou um pouco de comoção, mas ninguém se manifestou. Acredito que Shuna, Ranga e provavelmente Shion já sabiam. Não me esforcei muito para esconder esse fato, e acho que posso até ter mencionado para eles sem nem perceber. Porém, a julgar pelos olhares de surpresa em muitos dos rostos do meu público, poucos já estavam cientes.

— Eu vivi como humano no mesmo mundo de onde vieram os invocados. Eu morri lá, e depois renasci neste mundo como um slime. Foi muito solitário e desolado no início, mas mesmo alguém como eu conseguiu fazer amigos aqui. Por “amigos”, quero dizer vocês. É possível que todos tenham se tornado mais humanos ao evoluírem por causa de minhas próprias esperanças, pelo que sei.

Fiz uma pausa para avaliar a reação. Todos estavam me ouvindo atentamente, ninguém expressava dúvidas. Então, continuei.

— Eu criei essa regra de não atacar humanos por esse motivo. Eu disse que gostava de humanos porque costumava ser um. Mas de uma coisa podem ter certeza, eu não esperava que meu governo pudesse causar algum dano a qualquer um de vocês. Eu sou um monstro, mas pensei que meu coração ainda fosse humano. Eu queria interagir com eles e acabei passando tempo demais em suas cidades e assentamentos. Se ao menos eu pudesse ter salvado aquelas crianças e voltado para cá mais cedo…

Então, do nada, fiquei sem palavras. Senti que qualquer coisa que dissesse soaria como uma desculpa esfarrapada.

— Não, isso não é verdade. Nós que éramos muito dependentes de você, Senhor Rimuru, achando que você sempre estaria por perto para nos proteger. Foi essa presunção que levou a essa tragédia — disse Shuna, com seus lindos olhos fixos em mim.

— Me entristece — acrescentou Benimaru —, minha irmã dizer isso antes que eu tivesse a chance. Esta foi uma lição excruciante para todos nós, Senhor Rimuru. Quando perdemos a Comunicação de Pensamento com você, aquele sentimento de invencibilidade que tínhamos desmoronou. Isso fez com que todos nos sentíssemos imponentes, no fundo de nossos corações. Fomos forçados a perceber que essa situação foi causada por nossa…. por minha culpa.

— Espere um pouco, Benimaru — Rigur respondeu. — Se for para colocar dessa forma, então eu que sou o responsável pela segurança da cidade sou o mais culpado!

Parecia que tanto Rigur quanto o resto deles se sentiam imensamente responsáveis por isso. Todos insistindo que a culpa era deles, recusando-se a ceder. Eu rapidamente pus um fim nisso.

— Se acalmem, gente. Eu fiquei relaxado, baixei minha guarda e foi isso que levou a esta situação. Além disso, como um ex-humano, priorizei muito minhas próprias vontades. Fui descuidado sobre minha posição neste mundo, e então esta tragédia aconteceu. Acho que é tudo minha culpa. Sinto muito.

Todos ficaram calados, cada um interpretando minhas palavras à sua maneira. Houve um momento de silêncio antes de Hakuro finalmente responder.

— Você pode ter colocado suas próprias vontades em primeiro lugar, Senhor Rimuru, mas isso não é um problema. Como o Senhor Benimaru e a Senhorita Shuna disseram, foi culpa de todos nós. Foram nossas próprias fraquezas que causaram isso. Você deixou esta nação em nossas mãos e por causa de nossa negligência permitimos que esses bárbaros invadissem nosso lar. Estou errado, pessoal?

Um clima tenso foi sentido na sala, e todos logo concordaram. Hum. Hum. Não esperava por essa. Eu estava preocupado que, na pior das hipóteses, me rotulassem como um traidor, mas eles estavam ignorando totalmente o fato de eu ser um ex-humano. Tipo, eu parecia ser o único a ligar. Não pude deixar de perguntar:

— Vocês… Vocês não se importam de ter um ex-humano como líder?

— Ué? Você ainda é você, não é, Senhor Rimuru?

— Senhor Rimuru, você é meu único mestre. Não me importo com o que você foi em sua vida passada.

— Sim. O que sabemos com certeza é que você está aqui para nós, e nada mais.

Acho que isso nunca foi um problema para eles desde o início.

— Senhor Rimuru — Rigurd falou corajosamente —, todos nos sentimos da mesma forma. Nenhum de nós se importa nem um pouco, então, por favor, faça o que quiser. Te seguiremos até o fim!

Eu concordei. Este era realmente o meu lar. Me senti feliz. Desde que estejamos todos conectados com um só coração, uma só mente, é possível superar qualquer barreira – mesmo aquela que separa humanos de monstros. Isso ficou muito claro agora.

Kaijin, chorando um pouco enquanto assistia a cena, mudou o assunto para o nosso principal problema.

— Então, me deixe perguntar: como Tempest vai lidar com os humanos de agora em diante?

A sala ficou em silêncio, os olhos focados em mim novamente. Sim. Esse era o problema, não é? Para os monstros era uma coisa, mas para Kaijin, os outros anões, Yohm, Kabal e sua turma, essa era a questão mais importante. Se eu me declarasse como um inimigo de toda a humanidade, me tornaria uma ameaça para eles. Claro que eu não queria isso.

— Primeiro — eu disse —, antes de decidir, me deixem dar um breve esboço do que estou pensando. No meu antigo mundo, existem algumas crenças que diferem umas das outras. Há uma que diz que o “ser humano nasce bom, a sociedade que o corrompe”, ou seja, aprende a fazer o mal à medida em que envelhece. Enquanto há outra que diz que o ser humano é essencialmente mau e aprende a fazer o bem com o passar do tempo. Basicamente, as pessoas podem optar por serem boas ou más, e os humanos tendem a escolher a opção mais fácil quando tem a chance, então se a opção leva ao caminho errado, eles podem se tornar maus dessa maneira. Assim como Farmus fez, abandonando todas as negociações e abusando de seu poder.

Acho que eu estou no meu lugar de fala aqui. Afinal, as pessoas podem ser boas individualmente, mas se inclinam mais para o mal quando reunidas como nação.

— … No entanto, seria um erro julgar toda a humanidade como má. Só o ser humano para fazer algo tão contraditório quanto trabalhar duro para tornar as coisas mais fáceis para si. Eu era do mesmo jeito, não nego. E acho que, desde que você direcione seus esforços para algo positivo, você pode se tornar uma pessoa melhor. É por isso que é tão importante ter um ambiente de aprendizado – e eu quero criar um. Para que possamos educar aqueles que se tornarão nossos amigos e derrubar a barreira existente entre monstros e humanos. Quando nos entendemos e ajudamos uns aos outros a convivência se torna mais agradável, não acham? Quero acreditar neste potencial…

Isso era o que eu pensava sobre a humanidade. Não que eu quisesse fazer dela meu inimigo, e sim que trabalhássemos juntos. Mas:

— … Mas essa é apenas minha esperança para o futuro. Se confiarmos neles cegamente e nos depararmos com esse tipo de situação novamente, nossos esforços terão sido em vão. É por isso que, por enquanto, acredito que ainda é muito cedo para estendermos a mão para a humanidade. O que temos que fazer agora é demonstrar a nossa força e obrigá-los a reconhecer a nossa presença. Precisamos nos estabelecer em uma posição em que não possam mais nos ignorar. Hoje em dia, provavelmente estamos sendo subestimados, tratados como algo que eles podem usar e explorar. Ficamos muito acostumados em lidar com vizinhos como Blumund e o Reino dos Anões, reinos decentes que cuidavam de nós, e esquecemos do lado sombrio de ser uma nação. Mesmo que as pessoas sejam boas individualmente, quando formam um país, é quando expõem suas presas cruéis para nós. Qualquer nação é basicamente um bando de pessoas fracas se agrupando para se tornarem mais fortes, então acho que não existe outro jeito de manter aqueles de bom coração seguros. É exatamente por isso que precisamos de uma demonstração de força para pessoas assim. O fato de eu governar esta terra como um lorde demônio os fará perceber que tentar nos coagir com poder militar será inútil. Além de eu também poder manter os outros lordes demônios sob controle, servindo como escudo para os humanos. Se conseguirmos fazê-los pensar que é melhor estar conosco do que contra nós, eu não poderia pedir por mais.

Respirei fundo e avaliei a reação. Até mesmo Gobta que normalmente agia como um palhaço e só cochilava, agora ouvia atentamente. Foi bom ver que minhas palavras alcançaram a todos.

— Se a Santa Igreja Ocidental nos julgou maus, então devemos lutar firmemente contra isso. Não apenas com força, mas com palavras e políticas econômicas. Quero que ajamos como um exemplo para essas pessoas – aqueles que mostrarem suas presas contra nós serão punidos; aqueles que estenderem a mão serão recompensados. E então, por um bom tempo, tentaremos construir relacionamentos amigáveis. É assim que penso.

E dessa forma, falei tudo o que queria. Kaijin foi o primeiro a reagir.

— Achei isso idealista demais. — Ele suspirou. — Sério mesmo, que tipo de cara que quer se tornar um lorde demônio fala desse jeito? Convenhamos. Mas eu tenho que admitir, eu meio que gosto disso.

Shuna riu.

— Não há nada de errado em ser idealista. Acho que o Senhor Rimuru tem o que é preciso para tornar esse ideal realidade.

— De fato — Geld disse —, não há necessidade de nos perdemos em pensamentos. Decidimos seguir os passos do Senhor Rimuru, então só nos resta acreditar nele.

Eu não tinha certeza se gostava dessa falta de senso crítico da parte dele, mas ele quis dizer isso com o máximo de sinceridade.

— Se você conseguir se tornar um lorde demônio — Benimaru riu. — espero que haja um papel para nós em tudo isso.

— Eu sou sua sombra fiel, Senhor Rimuru — Disse Soei (acho que ele estava ouvindo). — Não há necessidade de confirmar nossa relação. Vou agir de acordo com suas ordens.

— E eu, meu mestre — acrescentou Ranga da minha sombra —, sou suas presas fiéis. Aquele que destruirá qualquer inimigo que estiver em seu caminho.

Todos eles expressaram sua lealdade à sua própria maneira – Rigurd, Rigur, Gobta, Hakuro e todos os outros. Inclusive Yohm.

— Droga, cara — disse ele, coçando a cabeça. — E você quer que minha equipe funde uma nova nação e leve todos para o seu lado? Bem, você não precisa soletrar para a gente. Eu sei como sua mente funciona. Você é um verdadeiro escravocrata para todos nós, sabia disso?

— Fico tão feliz que temos um entendimento, Yohm.

— Ah, sai fora — ele fez beicinho, seus lábios sorrindo.

Mjurran estava à sua direita, Gruecith a sua esquerda e o resto de seus companheiros atrás dele. Vi Kazhil, seu assessor, e Rommel, seu principal oficial, entre eles. Eles eram humanos, mesmo assim ficariam do nosso lado e expressaram isso de várias maneiras.

— Hee-hee-hee! Então vamos continuar amigos, ok, Rimuru?

Todos acenaram concordando com Elen. Suas palavras pesaram na minha mente. Eu estava empurrando um monte de ideais estúpidos neles; não tinha nem como negar. Vivi minha vida do jeito que eu queria, e agora tinha que assumir a responsabilidade pelos meus atos.

— Obrigado, pessoal. Espero que continuem aguentando meu egoísmo daqui para frente!

Todos gritaram em harmonia como em um coro.

 

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Com isso resolvido, era hora de mudarmos o assunto e descobrir uma estratégia contra essa invasão.

— Hum, temos alguma informação adicional sobre a força inimiga?

Soei citou um número de pelo menos dez mil homens, mas ainda não ouvi sobre a diferença entre eles. Também precisávamos informar os outros participantes desta reunião.

— Sim — Benimaru se aproximou para falar. — De acordo com as investigações de Soei….

Estávamos sendo invadidos por uma força conjunta, com soldados tanto de Farmus quanto da Santa Igreja Ocidental. A da Igreja eram os Cavaleiros Templários, sendo a menor legião com cerca de três mil deles, que consistiam na guarnição que já estava posicionada em Farmus. Além disso, havia essencialmente dez mil cavaleiros de Farmus, seis mil tropas mercenárias e cerca de mil usuários de magia.

Então, por volta de vinte mil ao todo. Era uma força bem grande. Maior que a população absoluta do nosso país. Mas se os grupos de cruzados da Igreja e sua força lendária não fizessem parte da equação, eu não via nenhum problema. Suas fileiras eram maiores do que o esperado, mas a única implicação disso era que eu teria mais sacrifícios. Afinal, eu não tinha a intenção de mostrar misericórdia a nenhum deles. A verdadeira questão em minha mente era quantos invocados estavam entre eles.

— Como devemos dividir nossas tropas? — Geld cuidadosamente perguntou.

— Acho — respondeu Benimaru —, que minha unidade deve abordar a principal força inimiga.

Ele estava definitivamente pronto para ir, havia até formado um grupo de guerreiros hobgoblins às escondidas, treinados por Hakuro e bem habilidosos. Rigur e Gobta também estavam comandando as equipes de cavaleiros goblins, e prontos para espalhar o caos entre as fileiras inimigas. Eu não era o único a ficar furioso com o que aconteceu. Porém:

— Desculpe, pessoal, mas eu vou ser o único a acabar com essas forças. Quero dizer, espero que me deixem fazer isso.

— … Como assim? — Benimaru perguntou pela multidão.

Minha explicação foi simples:

— Acontece que dez mil sacrifícios são tudo o que preciso para me tornar um lorde demônio. Parece que estarei evoluindo para o chamado “lorde demônio verdadeiro”, e é assim que o processo funciona. Felizmente, temos o dobro do demandado à nossa porta, então tenho mais do que o suficiente. Depois disso, só preciso demonstrar um pouco da minha força. Como parte da cerimônia ou processo para me tornar um lorde demônio é necessário que eu aniquile todos os invasores sozinho.

Eu não fui totalmente honesto. Não havia necessidade de ir sozinho, de acordo com o Grande Sábio – desde que as almas estivessem conectadas a mim, não teria problema. Minha própria vontade precisava se alinhar com a deles, isso era tudo que era necessário. No entanto, as condições exatas eram um pouco mais difíceis de cumprir, não era apenas uma questão de matar dez mil e pronto, está resolvido. Mas eu não me importei.

De relance pensei que talvez esse fosse o objetivo de Clayman o tempo todo – iniciar uma guerra com o propósito de colher a alma de dez mil seres humanos. Atacar aldeias uma de cada vez o limitava – talvez ele visasse uma guerra que o permitisse colher eficientemente essas almas para se tornar um lorde demônio verdadeiro. Ele simplesmente não sabia das condições exatas necessárias, então teve que se contentar em espalhar o mal em seu domínio. Quase me pareceu que ele estava tirando vantagem dos outros lorde demônios para que pudesse se tornar um lorde demônio ele mesmo.

Porém, teria sido eliminado da briga mais cedo ou mais tarde, eu suponho… mas agora, o lorde demônio Clayman era o meu inimigo jurado. Quando eu terminasse de lidar com Farmus, ele seria o próximo.

Então, realmente, eu só tinha uma razão para resolver isso sozinho. Era porque no fundo do meu coração eu tinha esse poço cheio de ódio que precisava liberar. Não queria dar às pessoas a impressão de que eu era um assassino que matava sem hesitação. Queria que todos soubessem que eu estava puto. E se isso significasse que eu cometeria um erro e seria morto, que assim fosse, seria esse o meu limite e tudo que eu era capaz de fazer.

Além disso… sabe, eu senti que tinha que assumir a responsabilidade por tudo que aconteceu. Não podia me permitir ser misericordioso por mais tempo. Mesmo que Hinata estivesse entre os invasores, eu pretendia matar todos eles sozinho. Eu já tinha visto suas habilidades uma vez. O mesmo truque nunca funcionou duas vezes contra mim, porque o Grande Sábio sempre tinha a solução perfeita.

…..

Parecia que o Grande Sábio queria dizer algo sobre isso, mas essa suposição nunca me decepcionou antes. O conhecimento me fornece a maior vantagem que existe. Se você usar uma habilidade destinada a pegar alguém desprevenido, então terá que matar com ela – caso contrário, os sobreviventes juntarão suas experiências e criarão contramedidas.

Não importava quem fosse meu inimigo – eu não perderia. Eu não podia perder. E, talvez percebendo minha determinação, Benimaru aceitou de má vontade com um aceno de cabeça.

— Muito bem. Deixaremos isso com você, Senhor Rimuru…

Eu assenti balançando a cabeça. Embora, é claro, não fosse minha intenção deixá-los a cargo de nada.

— … Porém, tem um trabalho que eu gostaria que vocês fizessem para mim. Neste momento, existem dispositivos mágicos em todos os quatro pontos cardeais, gerando essa barreira enfraquecedora sobre nós. Cada um está sendo protegido por uma companhia de cavaleiros. Eu acho que eles são muito poderosos, mas gostaria que vocês os atacassem e acabassem com eles simultaneamente.

— Ohhh?

— Entendo. Então nós temos um papel nisso tudo?

— Permita a mim, Rogurd, aceitar esta missão!

— Sim, eu também estou bem impaciente agora!

Todo mundo estava ansioso para ir, mesmo antes de eu terminar de falar meu pedido. Levantei-me para silenciá-los.

— Se acalmem. Já decidi o meu pessoal. Quero pedir ao mínimo de pessoas necessárias para passar pela barreira da cidade. Primeiro, Benimaru atacará o Leste. Hakuro, Rigur, Gobta e Geld cuidarão do Oeste. O Sul será responsabilidade de Gabil e sua equipe, e ao norte de Soei e sua equipe. O inimigo provavelmente tem círculos de teletransporte, então temos que atacá-los antes que os reforços possam ser enviados! Se os reforços chegarem, chamem Ranga imediatamente, mesmo que vocês achem que dão conta de tudo sozinho. Ouviu isso, Soei?

— Entendido, Senhor Rimuru. Agradeço por nos conceder esta oportunidade. Gabil está preparado para ir também, e duvido que qualquer um de nós falhe.

— Ao seu ver você sairá vitorioso, então?

— Será simples se tivermos que lidar com apenas um dos quatro.

Excelente. A equipe de Soei consistia em apenas seis pessoas – ele, Soka e os outros quatro. Suas habilidades foram aprimoradas para missões de assassinato e seriam uma combinação problemática de lidar mesmo para uma unidade inimiga inteira se não estivessem preparados. Além disso, com sua velocidade de movimento, eles certamente seriam capazes de deixar o inimigo comendo poeira e fugir, se necessário.

Gabil e seus homens ficaram muito mais fortes devido à sua evolução para a forma Dragonatos. Cada um deles eram classificados como rank B+ agora, e eu duvidava que eles perderiam até mesmo para o mais bem treinado dos cavaleiros. Todos também tinham muitas poções, então, desde que não fossem mortos de uma vez, poderiam estender a luta para sempre. Sendo assim, Norte e Sul não seriam problema, e Leste eu tinha Benimaru com quem contar.

— Não me preocupo com suas chances, Benimaru, mas será você, sozinho, contra quase uma centena de cavaleiros. Se sentir que está em perigo—

— Senhor Rimuru, não há com o que se preocupar. Eu com certeza vou—

— Não precisa pegar leve com eles, tenha isso em mente.

— Heh. Nesse caso, a vitória está garantida.

Menos um problema, então. Entre o nosso grupo, apenas eu era mais forte que Benimaru, e ele tinha as habilidades necessárias para lidar com uma grande quantidade de inimigos de uma só vez.

Agora restava apenas o lado Oeste, que me preocupava.

— Ok. Então: Hakuro, Rigur, Gobta e Geld…

— Senhor Rimuru — disse Rigur —, pode confiar na gente. Não tenho a intenção de ser derrotado novamente. Mas se está tão preocupado conosco, é porque… acha provável que eles estejam entre suas fileiras?

Exatamente. O lado Oeste se conecta à rota rodoviária mais curta para o Reino de Blumund. Se o inimigo previu que nossos mercadores fugiriam por aquela estrada, então os cavaleiros que nos atacaram mais cedo provavelmente estavam posicionados a Oeste para que pudessem atacar nossos visitantes.

— Vocês conseguem vencer contra eles? Há uma boa chance daqueles invocados estarem lá.

— Senhor Rimuru, não somos tão fracos quanto costumávamos ser. Agora somos capazes de lutar, e não só de ser protegidos pelo Senhor Hakuro.

— Sim! Além disso, preciso vingar o Gobzo!

— Eu sei que somos apenas quatro — disse Geld —, mas quero que confie em nós. Eu te prometo, Senhor Rimuru, vou usar os poderes que me concedeu como um rei orc o tanto quanto eu puder!

A reputação de Hakuro falava por si só. Geld era poderoso, se não tanto quanto Benimaru. Rigur, como líder das nossas forças de segurança, era tão capaz na batalha quanto Rigurd. Gobta… ok, eu estava um pouco preocupado com ele, mas imaginei que nem mesmo aquele idiota tentaria algo muito precipitado.

— Sim, meu senhor! — Todos gritaram.

Com eles no trabalho, a barreira estava praticamente acabada. Isso me deixou para lidar com as forças invasoras sozinho.

Havia outra coisa muito importante para esquecer.

— Agora, Shuna…

— Sim?

— Como acabei de dizer, Benimaru e os outros cuidarão da barreira para nós. No entanto, é essa mesma barreira que muito provavelmente está ajudando a manter as almas de Shion e de todos os outros ao nosso alcance. Entende aonde quero chegar?

— Sim, Senhor Rimuru. Você quer que preparemos uma barreira substituta para você?

— Exatamente. Você consegue?

— Oh, não se preocupe, meu senhor. Prometo que a farei!

Agora mesmo, enquanto conversávamos, eu estava lançando um tipo único de magia superior. Também estava liberando uma grande quantidade de magículas no ar, enchendo-o. Isso era o que era necessário para manter a barreira e complementar o suprimento de magículas por aqui – e eu queria que Shuna fizesse uma nova barreira de reforço para me ajudar com isso. O resto das pessoas na cidade também contribuiriam, é claro, o que fosse necessário para aumentar as chances de trazê-los todos de volta vivos.

Nas leis da magia, assim como nas leis da física, havia o conceito “do maior para o menor”. (Segunda lei da termodinâmica). Basicamente, se o ar estivesse cheio de energia, imaginei que isso ajudaria a evitar que a energia que cobria todas aquelas almas se dissipasse. Se eles perdessem essa proteção, suas almas poderiam atravessar a barreira e serem vaporizadas. Uma alma é uma junção pura e não adulterada de energia; não há nada que a prenda. E com os corpos astrais dos monstros feitos de magículas, se pudéssemos evitar que essa energia se dissipasse, imaginei que isso prenderia bem as almas. Essa era a teoria do Grande Sábio, e tudo que eu podia fazer era contar com ela. (A propósito, os humanos podiam passar pela barreira sem resistência porque tinham relativamente poucas magículas dentro de seus corpos. Era totalmente diferente dos monstros, que eram muito mais afetados diretamente por essa energia).

— Eu adoraria ajudar com isso se puder — disse Mjurran.

Magias superiores e barreiras pareciam ser a especialidade dela. Apreciei e muito a oferta.

— Ei, Shuna…

— Sim, Senhor Rimuru. Obrigada, Mjurran.

— Contem comigo. Prometo que vou dar o meu máximo.

Então Shuna e Mjurran estariam trabalhando juntas para manter minha magia superior em sua máxima funcionalidade. Agora eu podia lutar sem preocupações.

— Rigurd! Quero que todos ajudem a manter as duas seguras enquanto trabalham!

— Sim, meu senhor!

— Eu-Eu posso fazer isso também?

— Você que nos trouxe aqui, pode contar com a gente, cara!

— Permita que o nobre Gruecith assuma esta tarefa!

— Sim, eu e meus guarda-costas faremos o nosso melhor!

— Você está em boas mãos, Rimuru.

— Isso aí, confie na gente, chefe!

Eu tinha Kurobe, Yohm, Gruecith, Rigurd e o grupo de Kabal na cidade. Não poderia ser mais seguro com eles aqui.

— Certo! Imagino que nosso inimigo partirá para a batalha final daqui a quatro dias, mas isso não importa para nós. Agora, a partir deste momento, é hora de fazer o que deve ser feito e aniquilar nossos inimigos!

E com essa ordem, todos começaram a se mover, trabalhando sem parar para trazer Shion, Gobzo e todos os outros de volta à vida.

 

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As costas de Benimaru estavam eretas, ombros altos, enquanto caminhava diretamente para o dispositivo mágico instalado a leste da cidade. Um dos Cavaleiros Templários foi o primeiro a avistá-lo.

— Alguém está se aproximando! Todas as tropas, preparem-se para a batalha!

Foi esta companhia de Cavaleiros Templários que estabeleceu o Campo Prisional, a barreira que enfraquece os monstros, por ordem do Arcebispo Reyhiem. Havia um pouco mais de cem deles, cada um classificado como rank B+ individualmente. Três outras companhias estavam em cada uma das outras direções, protegendo os outros dispositivos. Eles ostentavam habilidades de batalha surpreendentes, voltadas mais para enfrentar monstros do que pessoas, e todos eram mais do que capazes para o serviço. E como qualquer membro devoto da Santa Igreja Ocidental, nenhum deles era complacente. Tinham guardas de plantão, atentos e concentrados, então Benimaru foi descoberto em pouco tempo.

 

 

 

E mesmo assim—

— Não levem a mal, mas eu os usarei para descontar minha raiva.

Parecia quase arrogante, do jeito que ele colocou, mas ninguém estava lá para reclamar. Em um instante, todos estavam mortos. Com sua espada envolta em chamas negras, ele cortou os cavaleiros ao meio, com armadura e tudo, tão facilmente quanto cortar uma folha de papel. O sangue fresco tingiu o chão de vermelho, como campos de flores carmesins desabrochando em meio ao fogo negro. Um deles resistiu tempo o suficiente apenas para expressar seus ressentimentos finais.

— N-Ninguém me disse nada sobre isso… sobre esse… monstro…

Era o capitão da companhia de cavaleiros, e essas foram suas últimas palavras antes que a chama negra o consumisse. Aquele único movimento dançante de Benimaru precisou de menos de meio minuto para exterminá-los – e com outro balanço de sua espada cortou o dispositivo mágico.

— Missão concluída — ele sussurrou. — Agora, algum dos meus aliados é patético o suficiente para ter problemas com isso?

Sinceramente, ele duvidava, mesmo assim partiu para verificar o andamento das coisas nas outras direções.

Ao Sul, Gabil estava ocupado motivando seus homens.

— Gah-há-há-há-há! Finalmente venci na vida! Torci para que meu sucesso em colocar nossas poções à venda me desse uma promoção… mas então essa distração apareceu. É simplesmente ultrajante que esses inferiores fiquem em meu caminho. Não acham?

— É exatamente como diz, Senhor Gabil!

— Bem-dito. Eu esperava que nossos esforços fossem recompensados e que o Senhor Gabil recebesse o reconhecimento que merece, mas agora…

— Sim! Sim, falou bem! Mas! Se esta batalha puder provar ao Senhor Rimuru que posso ajudá-lo, ganharei uma posição elevada em seu governo! Quero ver toda a extensão da força de vocês, rapazes! Mostrem a eles do que um dragonato irritado é capaz!

— Raaaahhh! — todos gritaram.

O ânimo estava alto, sem dúvida, embora alguns dos homens de Gabil pudessem ter questionado a maneira como discursou. Eles sabiam que Gabil não precisava de um título chique no governo de Tempest – aos seus olhos, ele já havia provado ser um líder mais do que capaz. Foi por isso que o seguiram quando foi banido de sua terra natal, e por mais mesquinho que ele pudesse ser sobre isso às vezes, eles sabiam que Gabil estava tentando muito melhorar suas reputações.

— Essas palavras — um deles sussurrou —, é exatamente o motivo pelo qual Soka e os outros tiram sarro dele.

— Shhh! Você quer que ele te ouça?

— Sim, bem, essa é uma das coisas boas sobre o nosso líder, não acham?

— Sem dúvida. Falou bem.

— Chega de conversa fiada — repreendeu Gabil.

— Coloquem a vida nisso! Ahhh, vocês dificultam tanto a minha vida.

— Ah, conte conosco, General!

— Certo! Avancem!!

Eles estavam animados e prontos para o combate ao sair da caverna, cortando as nuvens enquanto iam para o Sul e atacando em conjunto com os outros.

Os Cavaleiros Templários que protegiam o Sul foram jogados ao caos ao testemunhar o ataque aéreo surpresa. Os ataques de exalação variados – ar, fogo e gelo – eliminaram quase um terço deles sem demora.

— Mantenham suas posições! — um cavaleiro sênior ordenou, meio que gritando, enquanto seus homens entravam em pânico. — Entrem em formação antiaérea e preparem-se para o impacto mágico!

Mas já era tarde demais para evitar a segunda onda de ataques de Gabil.

— Merda! Estes não são homens-lagartos, são? Nunca que eles são tão fortes assim – muito menos tem asas para voar!

— Não entrem em pânico! Estes são dragonatos! Não são tão comuns, mas não são nada que não possamos lidar!

— Dragonatos? Não consigo acreditar! São tantos, e trabalhando em equipe…

A confusão deles diminuiu antes do terceiro ataque chegar, quando finalmente começaram a entender a situação, mas metade deles já estavam mortos e nenhum dos sobreviventes estavam ilesos.

— Os amaldiçoem! Entre em contato com a sede e peça reforços!

Um dos cavaleiros se preparou para seguir a ordem de seu capitão. Porém, Gabil cortou o ar em sua direção.

— Hng!

Sua lança mergulhou direto no coração do cavaleiro.

— Que a ira de Deus caia sobre ti! — o capitão gritou enquanto enfrentava Gabil.

— Gah-há-há-há! Então você é o capitão? Meu nome é Gabil, mas não precisa tentar se lembrar. Considere este meu presente de despedida antes da sua morte!

— O quê? Um monstro nomeado? Muito bem. Você deve ser um oponente digno!

O líder e comandante da companhia estava inteiramente focado em Gabil, e deixou o resto dos cavaleiros em desordem. Este era o momento que os outros guerreiros dragonatos estavam esperando. Foi uma luta equilibrada, mas graças ao voo, os homens de Gabil levaram a vantagem. Até mesmo os que ficaram feridos tinham Poções Superiores com eles, trazendo-os rapidamente de volta à linha de frente.

— Que sofram a punição divina! Mesmo atingindo eles sem parar, os bastardos continuam voltando!

— Aguentem firme! Nós temos a proteção de Luminus sobre— Gehhh

Eles eram poucos agora, e o choque desses monstros trabalhando perfeitamente em equipe mal tinha passado. O remédio que seus inimigos usavam para curar suas feridas causava medo em seus corações. Até mesmo o mais devoto dos cavaleiros começou a tremer – e, ao mesmo tempo que faziam isso, o capitão em quem tanto confiavam foi morto por Gabil.

— Gah-há-há-há! A vitória é minha!

Agora o destino da batalha estava selado. Sem um comandante, o resto dos cavaleiros ficaram indefesos, e foram rapidamente derrotados pelas garras dos homens de Gabil.

Ao Norte, Soei e seu pelotão estavam se movimentando silenciosamente usando o Movimento das Sombras, a fim de se infiltrarem no acampamento.

Do nada, um baque surdo – o som da cabeça de alguém batendo no chão. Soei havia decapitado o comandante da guarnição. Foi um sinal para todos de que a batalha havia começado.

— N-não! De onde eles…?

— Grahhhh!

— Aaaaah!!

Sem se revelarem, os assassinos tocaram o terror no acampamento.

— … Senhor Soei, estas tropas eram mais fracas do que eu pensava. Peço desculpas — disse Soka enquanto se ajoelhava diante seu líder.

Soei parou um momento para pensar. Soka estava certa. Se era com isso que eles estavam lidando, a equipe de Soei poderia facilmente ter destruído todos os quatro dispositivos mágicos. Matar todos os cavaleiros poderia ser um desafio, mas completar o objetivo e escapar com vida seria muito fácil. Mas o problema não estava aqui no lado norte.

— Eu esperava que eles estivessem aqui… mas imagino que estejam no Oeste, afinal, assim como o Senhor Rimuru supôs.

— Sim, meu senhor! Acredito que você esteja certo.

Os invocados tinham que estar no Oeste. Pelo raciocínio de Soei, se sua equipe trabalhasse sozinha para atacar todas as quatro bases de uma só vez, o fracasso seria iminente se Soka e os outros se deparassem com esses caras. Soei já havia relatado de volta a Rimuru – e era por isso que o pedido de desculpas de Soka não fazia sentido.

— Mas quem pode dizer — ele sussurrou enquanto um sorriso se formava em seus lábios —, quem são realmente os azarados aqui?

Hakuro estava em sua mente – O Hakuro que ele viu pouco antes de todos partirem. O olhar em seu rosto era nada menos do que assustador. Soei ficou aliviado por não ser seu inimigo. Os invocados atacaram a cidade e mataram por esporte, como se fossem caçadores brincando com suas presas. Agora as coisas eram bem diferentes. Eles estariam enfrentando o Ogro da Espada pessoalmente. Desta vez, eles que seriam a caça.

— Parece que acabou — Soka afirmou friamente.

Não havia sobreviventes entre os Cavaleiros Templários do lado norte. Soei e sua equipe saíram ilesos. Foi uma vitória tão esmagadora quanto ele havia previsto.

 

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O dispositivo mágico instalado a Oeste da cidade havia sido colocado no topo de uma colina com uma boa visão da estrada. Ao contrário das outras posições, os Cavaleiros Templários que a guardavam pareciam bastante relaxados. O acampamento deles era o mais seguro de todos os quatro, e havia mais de duzentos soldados ao todo.

Havia, é claro, uma razão para isso.

— Ei. Ninguém fugiu ainda?

— Oh, er, Shogo! Nenhum inimigo foi avistado hoje também, senhor!

O soldado que respondeu à pergunta de Shogo Taguchi parecia bem desconfortável perto dele.

— Pfft. Quantos dias eles vão perder planejando a fuga? Ou os mercadores e guarda-costas aventureiros decidiram compartilhar o mesmo destino da cidade?

— Há-há-há! Oh, eu não seria tão impaciente — disse Kyoya para acalmar o claramente irritado Shogo. — Não aconteceu nada nas outras posições também. Se eles estão fugindo terão que seguir este caminho. É a única opção.

— Huh. Espero que sim — Shogo respondeu ressentido.

Fazia três dias inteiros e ninguém havia fugido da cidade. Isso o deixou desconfiado. Ele estava aqui por causa dos mercadores e aventureiros que deveriam estar fugindo da cidade. Kyoya parecia satisfeito em apenas guardar esta estrada, conforme ordenado, mas Shogo tinha outros planos. Razen, o feiticeiro-chefe da corte de Farmus, havia lhe dito pessoalmente que era livre para massacrar qualquer pessoa na estrada.

Assim como Rimuru pensou, o Reino de Farmus decidiu que qualquer um de Blumund que tentasse fugir da região deveria ser morto. Shogo não era um maníaco homicida, mas mesmo assim a ordem o encheu de alegria. Ele havia notado algo novo neste mundo, e era que suas habilidades podiam evoluir.

Uma vez, durante o treinamento, ele falhou em controlar a habilidade única Berserker, e como resultado, um dos cavaleiros foi morto. De alguma forma, parecia que ele estava um pouco mais poderoso após o acontecimento. Talvez matar mais inimigos com essa habilidade continuaria a torná-la mais forte. Ele ainda não conseguia desafiar a maldição de restrição que Razen havia colocado nele, mas talvez, se ele se fortalecesse o suficiente, conseguiria futuramente.

Esse era o raciocínio de Shogo, mas derrotar monstros não proporcionava aquela sensação real de força que desejava. Foi uma decepção, mas agora, com carta branca para matar os Blumundianos que sem dúvida estariam inundando esta estrada em breve, ele estava satisfeito.

Mas as pessoas que ele queria tanto ver não davam sinais de aparecer, mesmo depois de três dias. Para alguém tão irascível quanto Shogo, isso estava testando muito os limites de sua paciência.

Kyoya tentou o seu melhor para mantê-lo calmo, mesmo enquanto lutava para conter seus próprios desejos homicidas. O ataque anterior à cidade abriu seus olhos para o quão maravilhoso poderia ser cortar corpos. Especialmente aquele ogro idoso. Suas habilidades de espada eram autênticas; Kyoya podia dizer isso.

Ooh, nunca vou me esquecer daquele rosto surpreso! A forma como estava tão confiante em sua própria força! Não consigo resistir!

Isso o fez lamber os lábios em antecipação. E mesmo que suas motivações fossem diferentes das de Shogo, ele estava pronto para a multidão em fuga aparecer.

Então, eles ouviram o relatório de um mensageiro.

— Inimigos à frente! São… quatro?!

A tensão e o nervosismo se instalaram no acampamento do Oeste. Os cavaleiros imediatamente usaram magias para aumentar sua força física, se preparando para enfrentar a ameaça e entrando em uma formação que garantisse que pelo menos três tropas pudessem enfrentar apenas um inimigo. Eles podem ter vagabundeado um pouco, mas esses eram caçadores de monstros da Santa Igreja Ocidental, cada um especialista no que faz. Não houve pânico, nem agitação. Eles simplesmente fizeram o que precisava ser feito antes que a batalha começasse.

Hakuro, Rigur, Gobta e Geld estavam vindo em sua direção.

 — Muito bem. Vamos com tudo! — Gritou Gobta enquanto desembainhava a adaga e segurava a bainha com a mão esquerda.

O lobo estelar em que estava saltou para frente, e então ele pulou das costas de sua montaria, dando uma cambalhota no ar. Firmando a mira com sua bainha, lançou um Canhão de Estilhaços na cabeça do cavaleiro que aparentava ser de maior importância na multidão.

Facilmente ultrapassando a velocidade do som, as bolas de ferro de dois centímetros de largura acertaram um golpe direto, banhando em sangue os cavaleiros atrás do capitão atingido… quando seu corpo desabou no chão, foi possível escutar um baque.

— Aí sim! Na mira!

Os cavaleiros começaram a gritar e berrar enquanto Gobta admirava seus esforços.

— Inimigo de Deus! Que feitiçaria é essa?!

A companhia se espalhou, era exatamente o que Gobta e os outros esperavam.

— Boa, Gobta. Continue chamando a atenção deles, só não seja capturado.

— Entendido!

— Você está tão ágil como sempre — observou Rigur. — Você sempre foi bom de mira.

— Heh-heh! Sim, eu sou foda mesmo.

— Não deixe isso subir à cabeça, idiota.

Era raro Rigur elogiar Gobta. O aviso subsequente rapidamente o silenciou.

— Não baixe a guarda! Precisamos trabalhar juntos para aliviar um pouco da carga de Hakuro e Geld.

— Beleza!

Rigur e Gobta montaram em seus lobos estelares e agiram para atrapalhar o trabalho em equipe dos cavaleiros. Geld estava esperando por isso. Até a respiração deles estava perfeitamente sincronizada enquanto ele os observava lançar seus lobos no ar – o sinal para ele bater o pé direito no chão. O impacto sacudiu o solo sob os pés dos cavaleiros como um terremoto. Denominada de Pisoteada do Tremor, era uma das Artes que Geld havia aprendido, ela causava uma onda de choque usando a força de aura para estender ainda mais seu poder e alcance.

— Uau?!

— Ngh!

O tremor durou apenas um momento, mas foi o suficiente. Quando Rigur e Gobta voltaram ao chão, eles ficaram bem na frente de vários cavaleiros desequilibrados e cambaleantes. Estes que foram deixados cheios de aberturas, destinados a nada além de traqueias quebradas pelas presas dos lobos estelares.

— Cara, isso foi incrível…

— Eu mal consigo acreditar. Nós nem praticamos isso no treinamento, mas seu timing foi perfeito, Geld…

Rigur e Gobta se entreolharam e sorriram. Então os três voltaram à ação, mantendo seu trabalho em equipe impecável enquanto derrotavam os cavaleiros em seu próprio jogo. Diante de seus números esmagadores, o trio não poderia parecer menos preocupado. Mas agora havia um jovem de cabelos escuros diante deles.

— Há-há-há-há! Boa! Gostei disso! Mas agora vão ter que lidar comigo!

— Ah, ah! Senhor Shogo!

— Por favor, faça algo sobre esses monstros!

O cheiro de morte em torno de Shogo o embriagou, fazendo seu rosto se contorcer de forma vil. Ele podia sentir a força fluir através dele como nunca. Sim! É isso! Assim como pensei – meu poder cresce à medida que as pessoas morrem ao meu redor!

Sua animação aumentou quando começou a correr em direção ao trio.

— Ah, lá está ele — observou Gobta, seus olhos mostravam uma raiva incomum (para ele) enquanto olhava para Shogo. — Mas não sou eu o seu oponente!

Foi Shogo quem chutou Gobzo até a morte na cidade enquanto tentava proteger Shuna. A lembrança do momento em que ouviu isso fez Gobta ficar louco de raiva, mas ele estava plenamente consciente da diferença de força entre os dois. Não, Shogo teria que lutar contra Geld, assim como o planejado.

— Não precisa se preocupar, Senhor Gobta — o rei orc declarou. — Aplicarei uma punição pesada naquele indivíduo!

— Hee-hee! Apenas Gobta está bom, Geld!

— Entendido. Permita-me lidar com o resto, Gobta!

— Assim espero, Senhor Geld — Rigur disse enquanto assentia. — Gobzo tinha seus defeitos, mas era um bom homem para todos nós.

Logo em seguida, Geld e Shogo entraram em combate.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Flash

 

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