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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 05 – Cap. 03.2 – Desespero e Esperança

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Por conseguinte, decidimos nos reunir e discutir o assunto em outro lugar. No caminho, perguntei a Rigurd se haviam outras vítimas.

— Não, meu senhor — disse ele —, reunimos todas elas aqui. Há outros que estão feridos, mas a Senhorita Shuna está cuidando deles.

Eu estava me perguntando por que Shuna não estava por perto, então é por isso. Todo o nosso estoque de poções estava guardado na caverna, então ela provavelmente estava usando sua própria magia de cura para o trabalho.

— Devo dar a eles algumas poções, então?

— N-não, não acho que seja necessário. Odeio colocar desta forma, mas nossos agressores foram bastante formidáveis… e surpreendentemente poucas pessoas ficaram apenas feridas.

Em outras palavras, a maioria foi morta. Eu podia sentir minha raiva voltando. Preciso me acalmar.

— Ok. Vamos conversar sobre isso primeiro.

……………

…….

Quando estávamos todos na sala de reuniões e um pouco mais relaxados, recebi o relatório. Mesmo ainda afetado pelo choque de antes, coloquei minha mente para trabalhar.

Os primeiros invasores foram o trio que visou Gobzo e o difamou. Aquele rosto estúpido definitivamente o fez parecer um alvo fácil, e eu aposto que não demorou muito para enganarem o público. Não que fosse sua culpa, mas ele com certeza foi muito azarado de ter sido notado por aquelas escórias.

O incidente fez o Gobzo parecer o vilão da história, mas Gobta interveio rapidamente para ajudá-lo. O problema foi o que aconteceu em seguida – os agressores revelaram toda a sua força e o conflito começou para valer. Ao que parece eles eram surpreendentemente fortes, o suficiente para dar trabalho para Hakuro quando entrou na briga. De como foi descrito para mim, pelo menos, suas forças eram legítimas.

— … Se ele não tivesse sido enfraquecido — resmungou Benimaru —, Hakuro nunca teria sido derrotado.

Ele e Gobta foram feridos no processo, e agora isso fazia sentido para mim. Eles evitaram a morte apenas porque deram seu máximo na luta. Tenho certeza de que nenhum dos dois gostavam de serem derrotados, mas eles sobreviveram, e isso é tudo que importa. Eu pedi para Soei verificar a barreira que nos enfraquecia. Em pouco tempo ele nos trará o relatório, sem dúvida, e tudo o que teríamos que fazer então seria lidar com ela e partirmos para a próxima luta totalmente preparados.

— Depois disso — Rigurd continuou —, um grupo de cem cavaleiros do Reino de Farmus chegou na cidade. Os agressores pediram ajuda a eles e os cavaleiros aceitaram, afirmando que era seu dever de acordo com as leis da humanidade e em nome da divindade. Eles se recusaram a ouvir nossas palavras. Era tudo muito unilateral.

De acordo com o que Rigurd disse, o líder dos cavaleiros gritou:

— Viemos aqui para investigar relatos de uma nação de monstros, e que tipo de caos eu encontro?! Em nome da humanidade, prometemos fornecer ajuda aos nossos companheiros indefesos!

Então todos eles sacaram suas espadas e se juntaram à briga, atacando qualquer soldado e cidadão monstro que avistavam. Isso incluía crianças, mostrando que as viam como nada mais do que animais.

Eu disse a eles para fazerem o possível para não serem agressivos contra os seres humanos, e acho que isso os colocou em tremenda desvantagem. Benimaru, Geld e os demais demoraram para enfrentar a ameaça com seriedade.

— Devíamos ter desarmado eles antes de entrarem na cidade — comentou Benimaru.

Mas nunca que esses caras fariam algo assim por conta própria sem uma ordem minha.

Achei que eles iriam me contatar através da Comunicação de Pensamento caso acontecesse algo assim, e paguei caro por esse erro. No final, a culpa ainda é minha.

Um dos cavaleiros de Farmus deixou uma mensagem antes de partir. Era mais ou menos assim:

— Esta cidade está contaminada pela presença de monstros! Como protetores da humanidade e como fiéis seguidores do Único Deus Luminus, nos recusamos a reconhecer a existência de uma nação como esta! Sendo assim, assinamos um pacto oficial com a Santa Igreja do Ocidente para considerar como lidar com este país! Voltaremos daqui a uma semana, comandados por nosso próprio soberano, o sábio e nobre Rei Edmaris. Se vocês se renderem e concordarem em se submeterem a nós, garantiremos o contínuo de sua existência. Desistam de sua resistência inútil e se rendam de uma vez. Caso contrário, em nome de Luminus, iremos erradicar todos vocês da face da terra!

Ficou claro que para eles tanto faz a decisão que tomássemos. Soei já havia nos informado que Farmus se preparava para uma operação militar. Todo aquele papo de “investigar” nossa nação era uma grande mentira. Talvez ele até tenham investigado, mas já haviam decidido que nos varrer do mapa era a única opção.

— Quanto falsidade.

— Sem dúvida. — Rigurd balançou a cabeça em concordância.

Eu me lembrei do que Hinata havia me dito: “Sua cidade, sabe… é um incômodo para nós. Então, decidimos esmagá-la.” Farmus e a Santa Igreja Ocidental devem ter conspirado contra a gente desde o início. Em vez de tirar vantagem um do outro, acredito que se uniram porque compartilhavam um interesse em comum.

Então, contei a todos sobre minha batalha com Hinata e as palavras que trocamos.

— …. A líder dos paladinos?

— Estou impressionado. Bom trabalho em sobreviver a isso, chefe.

Benimaru e Rigurd pareciam não estar familiarizados com a Hinata, mas Kaijin e os irmãos anões conheciam bem ela, e minha história os deixou chocados. Considerando as relações que eles mantinham com os monstros, O Reino dos Anões e a Santa Igreja Ocidental realmente não estavam em bons termos – não eram ruins o suficiente para que partissem para a guerra amanhã, mas mais como cada um fingindo que o outro não existia. Apesar disso, investigavam constantemente um sobre o outro, como qualquer outra nação faria.

— Falando sério — disse Kaijin —, mesmo com todo o poderio do exército de Dwargon, seria uma péssima ideia tornar a Santa Igreja Ocidental sua inimiga. Porém, como o Reino dos Anões foi construído como uma espécie de fortaleza natural, e as pessoas que entram e saem sempre são verificadas, é difícil para a Igreja declará-los como “inimigos de Deus” ou algo assim. Ainda assim, ambos têm muita história e já tiveram hostilidades no passado.

Achei que a Santa Igreja Ocidental estava contra nós porque via os monstros como criaturas horrendas que não deveriam sequer existir. Mas e quanto a Farmus?

— Senhor Rimuru — disse uma voz hesitante —, sobre isso…

Este era Gard Mjöllmilem, o comerciante que conheci quando nos ajudou com nossa primeira venda de poções em larga escala; ele tinha ouvido em silêncio até agora, sentado ao lado de alguns mercadores e aventureiros. Chamei várias pessoas do Reino de Blumund para ter uma segunda opinião sobre isso tudo; eu só queria saber a verdade, então conclui que o que quer que eles ouvissem não seria grande coisa. Pareceu valer a pena, já que nenhum dos presentes suspeitou de que fôssemos nada além de vítimas aqui.

O resto dos nossos visitantes atualmente na cidade estavam sendo atendidos na casa de hóspedes. O lado bom é que ninguém se machucou. Rigurd sugeriu essa ideia, imaginando que a ornamentação do lugar acalmaria os nervos destruídos deles. Eu amo o quanto posso contar com ele. É muito diferente de seus dias de goblin, sem dúvida.

— Ah, Mjöllmilem. Vá em frente.

Tentei me dirigir a ele o mais informalmente possível. Todos os nossos outros líderes – Benimaru, Rigurd e Geld – ainda estavam fervendo de raiva, então a atmosfera no salão estava bastante tensa. Eu estava muito esgotado emocionalmente, tornando difícil manter minha mente aberta de sempre. Eu sabia que era uma coisa ruim, mas não conseguia me livrar deste ciclo vicioso. Isso sem dúvida estava afetando Mjöllmilem, deixando-o estranhamente quieto.

— Eu sei que este assunto pode ser doloroso para todos vocês, mas com a situação como está, senti o dever de falar abertamente.

Eu apreciei o pensamento.

— Atualmente, temos uma rota comercial totalmente nova que passa por Tempest, que inclusive já começou a mudar a maneira como os comerciantes vendem seus produtos. Ainda não é amplamente conhecida fora de Blumund e suas nações vizinhas, mas assim que a notícia começar a se espalhar, se tornará conhecida por todas as nações ocidentais em um piscar de olhos. Consequentemente…

— Consequentemente o quê?

— … Bem, acredito que não estaria fora de questão alguém pensar em conquistar Tempest antes que esta rota se torne mais popular.

Como Mjöllmilem disse, qualquer líder perspicaz entenderia na hora a importância desta rota comercial. Considerando isso, e que Farmus era a porta de entrada para as nações ocidentais, por assim dizer, e que se estabilizava economicamente muito graças a este tipo de renda, se uma nova rota comercial fosse inaugurada aqui, Farmus teria muito a perder com isso.

Eles, sem dúvida, não queriam que nada disso existisse, já que não teriam uma maneira eficaz de impedir as pessoas de virem para cá ao invés de lá. A melhor maneira de lidar com este problema seria escorando sua própria infraestrutura para tornar a viagem mais fácil, mas isso exigiria uma grande quantidade de dinheiro. Construir estradas do zero também demoraria. Não havia uma solução pronta que eles pudessem usar.

Eu não pretendia ser o tipo de líder que perseguia apenas o que era melhor para Tempest, ignorando as consequências que isso traria para os outros países. Se estivéssemos tentando coexistir com o resto do mundo, queria que todos lucrassem conosco. Mas eu ainda era um amador nisso. De jeito nenhum eu poderia entender perfeitamente como este mundo estava conectado, e devo ter incomodado muitos dos poderosos por aqui.

— De fato — afirmou um comerciante cujo nome eu não sabia —, o rei de Farmus é conhecido por sua ganância. Mesmo se ele não aderisse a uma solução militar, provavelmente estaria de olho nos lucros que estão sendo feitos aqui, procurando conseguir uma fatia.

— Esse é um bom ponto — respondi. — Não sou um gênio nesses assuntos, mas até eu acho essa abordagem um pouco estranha.

— E é. Agindo desse jeito, sem passar pelo Conselho…

— Como um aventureiro, não posso dizer de que forma Blumund vai responder a isso, mas esse movimento da parte de Farmus não faz sentido para mim. Usando um truque tão óbvio e atacando até mesmo mulheres e crianças…

—  Isso aí. A gente gosta desse lugar, sabe? E se eles vão atacar em uma semana, estou disposto a ajudá-los se decidirem confrontá-los.

— Mas a Igreja chamou todos vocês de inimigos de seu Deus…? Isso não é exatamente uma boa notícia.

A observação de Mjöllmilem abriu as portas para mais opiniões dos mercadores e aventureiros. Apreciei todos os conselhos úteis. Parecia que eles realmente nos valorizavam – em outras palavras, ao contrário dos cavaleiros de Farmus que nos consideravam monstros, essas pessoas nos viam como amigos. O fato de alguns deles estarem dispostos a até mesmo lutar ao nosso lado me surpreendeu um pouco. Agradeci a intenção, mas recusei. O motivo era simples: eu não queria envolvê-los nisso.

— Agradeço como todos vocês se sentem — disse Rigurd —, mas este é um problema que precisamos resolver sozinhos. O que quero que vocês façam em vez disso é voltar para suas terras natais e espalhar sobre o que aconteceu aqui o mais rápido possível.

— Hã? Mas poderíamos simplesmente enviar um mensageiro.

— Ficar aqui pode não ser uma ideia muito boa para todos vocês…

— Como assim?

Eu expliquei para eles. Talvez eu estivesse pensando demais, mas o pior cenário possível parecia muito crível na minha cabeça. Ao meu ver, Farmus e a Santa Igreja Ocidental sem dúvida queriam declarar a todos nas Nações Ocidentais que Tempest era um covil do mal. Quando o fizessem, se o fizessem, ter nossos cidadãos nos defendendo atrapalharia seus planos.

Se Blumund não estiver do lado deles, Farmus consideraria essas pessoas apenas como um obstáculo? Porque se eles disserem ao mundo o que aconteceu aqui, as ações de Farmus se tornarão notórias em todo o país. O Conselho pode até mesmo intervir. Então, como Farmus evitaria isso? Bem, eles eram o tipo de nação que fazia ameaças militaristas desde o início, em vez de negociar. Para eles, os cem habitantes blumundianos aqui não significavam nada. Definitivamente iriam matá-los para garantir que nunca abrissem a boca, e talvez até mesmo nos culpar por isso. Se jogassem a culpa na gente, a impressão de que éramos uma ameaça aumentaria ainda mais, criando a situação perfeita para a Igreja. Matariam dois coelhos com uma só cajadada.

É por isso que eu queria todos de volta em seus respectivos países para defenderem o nosso lado da história. Eles eram as testemunhas de melhor caráter que podíamos pedir.

— Entendo. Então, aos olhos deles não somos mais do que cães, não é…?

— Nos matando e pondo a culpa em Tempest…

— Realmente, é possível.

— Especialmente se for a palavra de um humano contra a de um monstro. Desculpe a grosseria.

— Mas nesse caso — Rigurd respondeu —, não tenho certeza de como levaríamos todos para fora daqui. Eu gostaria de lhes fornecer guardas, mas tecnicamente estamos presos dentro de nossas próprias fronteiras por enquanto.

Era uma dúvida sensata e eu já tinha uma solução para ela.

— Não é um problema. Peço que todos voltem para os seus assentos e se preparem para partir agora. Eu prometo uma viagem segura para os arredores de Blumund.

Então comecei meus preparativos. Os blumundianos ficaram confusos, mas seguiram meu pedido sem mais perguntas e voltaram para a casa de hóspedes.

 

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Ok. Hora de tratar do próximo assunto. Rigurd e Benimaru me informaram sobre o ataque; nossos convidados blumundianos falaram suas posições e opiniões. Agora era hora de falar cara a cara com a mulher: Mjurran, que havia assistido quieta até agora.

— Certo — eu comecei. — Pode explicar em detalhes, por favor, sobre os eventos que levaram à sua intromissão em nossa nação?

Ela explicou com uma voz calma.

— Eu sou um dos “cinco dedos”, os servos mais próximos do lorde demônio Clayman. Como seu apelido de “Mestre Marionetista” sugere, ele usa seus subordinados como fantoches, obrigando-os a fazerem exatamente o que ele quer. Eu sou uma dessas marionetes. Ele me designou para espionar esta nação, e eu usei Yohm para conseguir entrar nela.

Ela continuou explicando em detalhes. Parecia a verdade nua e crua para mim, sem mentiras ou desculpas misturadas. Clayman, ao que parecia, era o tipo de chefe que usava e abusava de seus subordinados. Mjurran era o chamado “dedo anelar” do grupo. Ela costumava desfrutar de uma posição elevada, fornecendo informações essenciais a Clayman sobre uma variedade de assuntos, mas agora ele a via como incapaz e não particularmente digna de atenção, embora prometesse que a libertaria ao completar esta missão.

Millim me disse que Clayman adorava tramar nos bastidores, tentando enganar os seus inimigos. Parecia bem verídico. Eu tinha certeza de que nada que Clayman fizesse incomodaria muito Millim, mas para a nascida da magia que o serviu, todo dia deve ter sido uma caminhada de vida ou morte na corda bamba.

Nascidos da magia como Mjurran serviam Clayman por uma série de razões, mas a maioria deles foram ameaçados ou magicamente ligados a ele. Sua missão de vida era completar sua pesquisa e perscrutar as profundezas da magia, para isso ela aceitou a oferta de Clayman de um corpo eternamente jovem e imortal. Em troca, ela se perdeu, vivendo puramente para seguir as ordens dele.

— Eu sei que foi estúpido da minha parte — ela acrescentou com uma expressão de pesar no rosto —, mas meu coração foi retirado de mim pela habilidade secreta conhecida como Coração de Marionete. Não tenho mais controle sobre o meu próprio destino, e cumprir suas ordens é a única coisa que posso fazer.

Então ela estava apenas cumprindo ordens. Aparentemente ela soube por Gruecith que Millim havia declarado guerra contra o Reino Animal de Eurazania, e presumiu que Clayman a enviou aqui para nos impedir de interferir. Porém, agora percebeu que uma missão como aquela poderia ser realizada simplesmente bloqueando a comunicação mágica; não havia nenhuma necessidade desta barreira mágica gigante (e não ocultável).

Ele havia dito que fazer isso garantiria sua liberdade, mas ela sabia que as chances de isso ser verdade eram mínimas. Mas tinha que fazer isso de qualquer maneira, senão Clayman iria matar Yohm e seus homens. Então decidiu acreditar em suas palavras, de que esta era sua última ordem. Mjurran realmente não tinha nenhuma intenção de sobreviver, como ela disse; sua morte garantiria que Yohm e seus amigos não teriam que enfrentar quaisquer consequências;

— As coisas estão começando a ficar interessantes — Clayman havia dito a ela em sua última mensagem. — Terá uma enorme guerra! Certos eventos inesperados levaram a desenvolvimentos que eu não previ, mas quem pode dizer como isso vai acabar?

Mjurran pensou – erroneamente, por acaso – que ele se referia a uma guerra entre os lordes demônios Millim e Carillon. Mas agora parecia que ele estava falando sobre este conflito, entre Tempest e Farmus. O que parecia certo para mim. A parte de Clayman nisso era trabalhar de acordo com os movimentos de Farmus e bloquear qualquer contato externo de Tempest. Fazendo isso, seria muito difícil evitar a guerra – e a magia superior de Mjurran nos atrapalhou e muito. Essa não era uma magia de quinta categoria. Era baseada na posição e, como bloqueava toda a comunicação, não poderia ser facilmente desfeita.

Matar Mjurran agora não iria desfazer a magia. Levava tempo para desaparecer – quase uma semana. Mesmo se quiséssemos a ajuda de outros países, a comunicação mágica não funciona. Levaria muito tempo para fazer contato com Blumund ou o Reino dos Anões por outros meios. Também havia muito pouco tempo para falar com Farmus, que já estava com suas tropas em prontidão.

Estávamos em uma situação bem ruim aqui, sem dúvida. Mas não tem problema. Posso sair por debaixo da barreira e pegar um cristal de comunicação que está esperando por mim na caverna. É aí que o plano de Clayman começará a desmoronar.

Ao mesmo tempo, não queria envolver Dwargon e Blumund nisso. Eu só queria que as pessoas estivessem do nosso lado, por assim dizer. Honestamente, se não fosse pelo envolvimento da Santa Igreja Ocidental, eu teria feito ambos os países realizarem alguns exercícios de batalha em larga escala ou algo parecido para manter Farmus sob controle. Porém, com a Igreja os apoiando agora, eu não podia envolver estas nações sem motivo.

Em uma guerra, cada um dos lados tem certas vantagens e desvantagens, mas cada batalha também é um teste para ver quanto cada um pode resistir. Se Farmus não recuasse sob a ameaça e continuasse com sua atividade militar; Dwargon, Blumund e a Santa Igreja Ocidental entrariam em conflito e isso transformaria tudo irreversivelmente em uma grande guerra. Se a Igreja declarasse a nós e nossos aliados como seus inimigos para o mundo todo, uma guerra mundial estouraria. Isso é exatamente o que Clayman iria querer; ele naturalmente se aproveitaria do caos para realizar algum plano nefasto dele.

Mesmo se fosse Millim contra Carillon, eu não tinha como pará-lo. Se ao menos minha própria nação não estivesse com tantos problemas… Embora isso também seja graças a Clayman. Me deixando confuso, manipulando a todos… acho que minha única opção é confiar em Millim e pôr minhas próprias prioridades em primeiro lugar.

Tudo isso me fez perceber, pela primeira vez, que esse lorde demônio Clayman era um inimigo perigoso. Era apenas um pressentimento, mas parecia correto. Mjurran me disse que Gelmund era um dos outros agentes de Clayman também – ao contrário do que Millim me contou, ela alegou que o nascido da magia estava sendo totalmente controlado por ele. Todos os outros lordes demônios que trabalharam com Clayman em seus planos também estavam sendo enganados. Ele tinha um talento especial para mover seus peões para o lugar certo na hora certa e nunca deixar nenhuma evidência para trás. Eu não conseguia dizer o quão forte ele realmente era, mas Clayman definitivamente era um mestre na manipulação.

Mjurran também suspeitou que ele estava por trás da batalha entre Millim e Carillon… mas eu não tinha evidência alguma disso. Alguém tão, hmm… cabeça de vento como Millim poderia ser facilmente instigada a fazer algo assim, realmente… mas entre suas palavras enganosas, sua cautela em nunca revelar suas verdadeiras intenções e a astúcia necessária para quebrar promessas sem pensar duas vezes, todos os sinais mostravam que Clayman era um lorde demônio em quem nunca se podia confiar.

Pensando mais a fundo sobre isso – o Grande Sábio me alertou que Clayman pode ter planejado desde o início deixar aquele cristal de comunicação na caverna. Você sabe, só para me fazer pensar que eu o enganei pedindo reforços para os meus aliados. Não era um cenário impensável, então me certifiquei de lembrar bem disso.

Depois de ouvir toda a história de Mjurran, eu entendi como acabamos nesta situação. Seu coração não foi devolvido, é claro; ela era vista apenas como uma peça descartável – um mero peão. Agora, se eu iria perdoá-la ou não era outra questão.

— Olha — disse Yohm —, eu sei que você está com raiva e tudo mais, mas eu realmente espero que possa perdoá-la pelo que fez!

— Eu peço o mesmo — acrescentou Gruecith com seus olhos implorando para mim. — Não tinha como ela desafiar Clayman, não tinha como!

Negar suas súplicas me faria parecer um pouco como o vilão, não é? Agora, o que eu faço?

— Vou pensar no seu destino quando tudo isso acabar. Por enquanto, só quero que fique em seu quarto. Nem pense em escapar.

— Certo-

— Rimuru…

— Desculpe, Yohm. Minha mente está uma bagunça também. Se estiver preocupado, pode sempre ficar com seus homens em seus quartos.

Então, eu deixei essa questão para mais tarde e ordenei que Yohm e seu grupo permanecessem em seus aposentos, e pedi para Rigurd designar guardas para vigiá-los. Eu duvidava que eles fossem me trair agora, mas todo cuidado é pouco. Eu estava fazendo isso em parte porque, caso tentassem algo engraçado, o destino de Mjurran estaria selado para sempre. Yohm, percebendo minhas intenções, acatou a ordem e voltou para o seu quarto.

 

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Depois de todos aqueles relatórios e discussões, sai da sala. Os visitantes de Blumund estavam circulando, esperando por mim.

 — Estamos prontos para partir, Senhor Rimuru, mas o que devemos fazer, exatamente?

Mandei separar para os blumundianos todas as carroças extras que tínhamos na cidade, então eles ficaram prontos mais rápido do que imaginei. Balancei a cabeça e os guiei um pouco para fora da cidade, todos me seguindo de forma ordenada.

— Eu queria providenciar guardas para eles — disse Benimaru, que parecia arrependido —, mas nenhum de nós pode passar por esta barreira…

— Não tem problema. Agora não é hora de ser mesquinho com a minha magia. Pelo menos assim vou descobrir quanta energia vou ter que gastar.

Então, deixei meus companheiros monstros dentro da barreira e guiei os visitantes humanos para além dela.

— Vamos voltar correndo para casa o mais rápido possível, Senhor Rimuru.

Eu levantei a mão em resposta.

— Antes disso, Mjöllmilem… pode fazer com que todos aqui prometam manter o que estou prestes a fazer em segredo?

— Hum?

Ele ergueu uma sobrancelha, já bem ciente das loucuras que faço de vez em quando (para a minha tristeza).

— O que você está planejando fazer desta vez…?

— “Desta vez”? Você sempre espera o pior de mim, não é?

— Há-há-há! Não, não, já recebi tanto de você, Senhor Rimuru!

— Heh. Fico feliz então.

Mjöllmilem e eu demos um tapinha no ombro um do outro.

— Espero que fique seguro.

— Ah, eu vou ficar bem. Não sou fã de batalhas que não consigo vencer.

Então eu ativei o Movimento Espacial, usando-o em uma grande área. Todos olharam chocados. Benimaru e Geld assistiram de dentro da barreira, surpresos e exasperados.

— Os arredores de Blumund é o melhor que posso fazer por vocês. A magia não vai durar muito, então se apressem e vão logo.

Os visitantes acenaram para mim em despedida, com os rostos ainda congelados de descrença, enquanto seguiam em frente. Nenhum deles perguntou mais nada, apreciei isso. A magia existe neste mundo – todo mundo sabe disso – então é preciso de mais do que apenas esse showzinho para alarmar esses caras.

Eu os fiz prometer testemunhar e fornecer o máximo de apoio possível à nossa causa. Mas será que vai ser eficaz? Já estávamos em guerra. Não podíamos fazer nenhum movimento realmente ousado – não contra a Santa Igreja Ocidental. Eles teriam que nos fornecer apoio militar caso eu pedisse, como nossos pactos estipulavam… mas eu não queria isso, e acho que não havia muito mais que pudessem fazer como nação.

Melhor não esperar muito… e nem tinha necessidade. Esse problema era nosso, e eu pretendia fazer o Reino de Farmus pagar caro por isso – com as minhas próprias mãos. Eu sabia que se não fizesse, nunca mais teria a chance de compensar a angústia que todos os meus companheiros mortos sentiram.

 

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Observei nossos visitantes partirem enquanto analisava em minha cabeça a situação. Eu estava um pouco mais atrasado que queria, mas agora decidi ajudar Shuna com os feridos. Rigurd mencionou uma incumbência ou algo que queria que fosse feito, mas imaginei que ele poderia lidar com isso sem mim.

Indo para o prédio que servia como nosso hospital, encontrei duas pessoas deitadas em camas, Shuna estava prestando cuidados médicos e Kurobe estava a ajudando.

— Como eles estão?

— Oh, Senhor Rimuru!

— Senhor Rimuru, como posso te dizer…

Shuna parecia cansada e Kurobe estava mais hesitante do que o normal. Eu disse a eles para que relaxassem um pouco enquanto examinava os pacientes. Esses eram Hakuro e Gobta, ambos com grandes ferimentos e sangrando muito.

— Meu deus, estes são cortes sérios! Por que não usaram as…

Eu tirei uma poção do bolso e espalhei sobre eles. Nada aconteceu, seus ferimentos não apresentaram nenhuma melhora.

— Me perdoe — disse Rigurd abaixando a cabeça. — Já tentamos. Receio que teremos que contar exclusivamente com as habilidades de Shuna…

Como líder de nossa nação, tive que decidir sobre nossos próximos passos. Também fui responsável por lidar com o resto dos visitantes residentes dos outros países. É por isso que Rigurd não queria me deixar mais preocupado. Hakuro, apesar de parecer ter saído de um set de filme de terror, ainda sorriu para mim.

“ Nh… Não se preocupe comigo, Senhor Rimuru. Eu estou bem. Esta lesão provavelmente foi causada por uma habilidade usada pelos invasores. Com o tempo, os efeitos da habilidade vão desaparecer e então conseguirei me curar. Gobta é meu aprendiz; ele não vai morrer como um cachorro por algo assim.

Eu não deveria ter esperado por nada menos dele. Quase me fez chorar, mas me contive e o retribuí com um sorriso. De jeito nenhum o mestre de todos esses monstros poderia mostrar lágrimas a alguém.

— Há-há! Bem, fico feliz em ver que seu ânimo está alto, pelo menos. Me deixe ver esta ferida. Talvez eu possa fazer algo a respeito.

Eu examinei seu corpo.

— Senhor Rimuru — disse Shuna —, o ferimento foi causado por algum ataque do tipo ar. Precisamos mantê-lo saudável e cheio de energia até que seu corpo se cure naturalmente com o tempo.

Ela já havia usado sua habilidade de Analisadora para descobrir o que estava acontecendo com ele. Eu concordava com ela; parecia o certo a fazer.

Mas um ataque do tipo ar? Soou como algo que eu poderia controlar por mim mesmo. Afinal, já analisei um espírito de alto nível. Vamos ver se isso funciona…

 

Entendido. Os efeitos do elemento ar foram confirmados. Usar o Glutão para adquirir este efeito?

Sim

Não

 

O Grande Sábio concluiu o processo mais rápido do que eu esperava. Pensei em SIM e borrifei um pouco mais da poção na ferida de Hakuro.

— Oh…. ohhh! Incrível, Senhor Rimuru…

Deixei Hakuro se maravilhar sozinho enquanto fazia o mesmo com Gobta.

— Eu deveria saber — disse Shuna com um leve sorriso – com uma pontada de tristeza nele.

Será que ela ficou decepcionada consigo mesma? Fica a dúvida. E isso me lembrou… ou teria se Gobta não tivesse escolhido este exato momento para pular da cama.

— Gobzo! Você está bem?!

— Ei! Gobta!

Rigurd gritou com ele para fazê-lo perceber onde estava. Ele piscou uma ou duas vezes.

— Oh, nossa, então… estou bem?

Eu o examinei enquanto decidia perguntar a Shuna uma coisa que estava me incomodando. Alguém que eu esperava estar aqui com ela não estava presente. Se estivesse, tenho certeza de que ela estaria falando sobre mim sem parar.

— Ei, onde está Shion por falar nisso? Eu não vejo ela faz um tempo…

A pergunta fez todos na sala – Rigurd, Shuna, Benimaru, até mesmo Hakuro – congelarem. O que há com esta reação? Ei, ei, não é possível

— Não me diga — eu disse —, que aquela idiota foi se vingar sozinha?

— Oh, cara! — Gobta balançou lentamente a cabeça para mim. — Talvez o Gobzo tenha ido também. Ele é tão tapado; provavelmente está correndo a toda velocidade sem perceber que não é forte o bastante…

— N-não, não é isso… Hum…

Huh? Isso estava ficando estranho. Ninguém me olhava nos olhos.

— Ok, então para onde ela foi?

Sem resposta. Eu olhei para cima apenas para ver Shuna escondendo o rosto, seus olhos ficando marejados. Tive um mau pressentimento. Gobta parecia igualmente preocupado. Sem chance, eu disse a mim mesmo. Isso nunca poderia acontecer.

— … Tudo bem. Eu não vou ficar bravo, então será que vocês podem me dizer onde ela está…?

— … Muito bem — Benimaru finalmente respondeu. — Por aqui. Me siga.

Eu concordei balançando a cabeça e começamos a nos mover.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Flash

 

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