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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 06.2 – Conquistando o Labirinto

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Naquela noite, levei Bydd e Mjöllmile para uma boate de luxo na capital. Por mais sofisticada que fosse, as anfitriãs daqui com certeza são mais ou menos do mesmo nível que as da Night Butterfly. Nada de elfas, infelizmente, mas, fora isso, eu não tinha nada a reclamar; a decoração, assim como a comida e a bebida, eram muito melhores do que a de Dwargon. Dada a sua localização bem no centro da cidade, era tão chique quanto a tecnologia desse mundo permitia. Não era nenhuma surpresa que tivessem todas as coisas boas.

            Eu estava de volta à minha forma humana mascarada de costume. Mjöllmile, é claro, estava pagando a conta. Quando falei com ele que precisava proteger minha identidade, ele quase me arrastou para aqui. Eu recusei, usando a desculpa de que eu tinha que cuidar das crianças, mas ele continuou insistindo.

— Então, Mjöllmile. Se você tiver um tempo, que tal discutirmos sobre planos futuros, o que acha?

— Hee-hee-hee! Com certeza, Senhor Rimuru. Eu prometo a você pelo meu nome como Gard Mjöllmile, — ele disse, — que conheço o lugar perfeito para nossa conversa!

— Ó, você conhece? Gostei de ouvir, gostei mesmo! Você está falando sobre…?

— Não diga mais nada, não tem necessidade! Eu prometo que você ficará muito feliz em se juntar a mim!

Não gosto muito desse tipo de coisa, mas concordei, embora não com muito entusiasmo.

Esse cara, Gard Mjöllmile, aparentemente era um dos principais comerciantes que movimentava o comércio de Blumund. Ele tinha credenciamento total da guilda, bem como uma licença oficial do governo do reino. É por isso que ele conseguiu este trabalho, representando sua nação e a guilda enquanto estendia a mão para mim.

Era raro que os mercadores fossem licenciados tanto pelo governo local quanto pela guilda, já que isso significava ter que pagar o dobro das taxas, mas Mjöllmile viu como uma obrigação.

— A confiança, — explicou ele, — é a coisa mais importante que você deve ter.

Ele pode ser um cara baixinho, gordo e parecido com um furão, mas ainda tinha coragem de mostrar um pouco de autenticidade.

Como qualquer bom comerciante, ele não desviou sua atenção e parecia estar barganhando uma grande variedade de negócios. Ele era o presidente, chefe, na verdade, do principal mercado de Blumund e era uma espécie de agiota, emprestando dinheiro com altas taxas de juros.

Bydd era um dos seus clientes do seu esquema de agiotagem; esse trabalho de guarda-costas era parte do pagamento. Ser capaz de dar ordens a alguém como Bydd, que era só músculos e não tinha medo de usá-los, definitivamente dizia algo sobre como ele sempre estava no controle. Aparentemente, ele até mandava em alguns membros da nobreza que o procuravam em busca de empréstimo quando estavam sem sorte. Isso explicava por que Mjöllmile era conhecido como o Imperador dos Becos. Ficar preso em dívidas assim é aterrorizante. Tenho que me lembrar de pedir emprestado com responsabilidade. Afinal, seríamos obrigados a pedir alguns empréstimos como nação, mais cedo ou mais tarde.

Apesar de tudo, ele era um comerciante que sabia o que queria, e qualquer coisa que ambos pudéssemos lucrar era de grande interesse para ele. De certa forma confio nisso muito mais do que em alguma aliança escrita. Além disso, devido às suas ações em campo esta tarde, tive a impressão de que ele era um cara muito bom, no fundo. Eu amo todas as pessoas excêntricas que Fuze me apresenta.

Acho que eu poderia usar esse cara, Mjöllmile. Eu meio que gostei dele.

Ele agora estava esfregando as mãos enquanto se aproximava de mim todo sorridente.

— Está se divertindo, Senhor Rimuru?

— E, Mjöllmile. A gerência está de boa com isso?

— Ah, sim! Com certeza não foi fácil, mas minha reputação foi o suficiente para eles concordarem!

— Hoh! Desculpe por fazer você passar por isso.

— Oh, não, não, você merece, Senhor Rimuru. Não é nenhum problema!

Eu tinha dado a Mjöllmile uma ordem meio difícil. Ele tinha reservado o clube inteiro para nós, teve até gente que foi expulsa. Isso só foi possível porque ele era um investidor desse clube. Realmente, ele trabalha em várias áreas diferentes. Fiquei surpreso com os tipos de conexão que ele tinha disponível para ter tanta influência na cidade.

Nenhum dos outros clientes reclamou; bastou um olhar do Mjöllmile para silenciá-los. Acho que ele tem um pouco de poder nesta nação, assim como em Blumund.

Eu pedi a ele esse favor por um motivo.

— A propósito, Senhor Rimuru… tenho certeza de que vai parecer rude, mas tenho que te perguntar… tem certeza de que foi uma boa ideia trazer essas crianças para um clube como este…?

Ele escolheu suas palavras com cuidado enquanto desviava o olhar.

— Você estava tão legal, Senhor Rimuru!

— Foi incrível! Você simplesmente se lançou no ar e deu o maior KO de todos os tempos!

— É, não foi ruim. Quando eu crescer, aposto que serei capaz de fazer isso fácil, fácil.

— Bem legal, bem legal.

— Mas você é bem forte, hein? Talvez até mais forte do que a Senhorita Shizu…

— Oh, sem chance!

— Mas vocês viram ele se transformar? Foi foda demais!

— Ele até parecia com a Senhorita Shizu. Foi muito bom assistir.

— Sim, tenho que admitir, mas…

— Bem, de qualquer forma, agora sabemos com toda a certeza do mundo que o Senhor Rimuru é super-incrível!

— Aham!

— Sim, concordo.

— Eu gosto muito do Senhor Tempest!

— Sim! Eu também quero ser forte assim algum dia.

Não era a multidão normal de clubes, não. Eram crianças, meus alunos é claro, tendo o melhor momento de suas vidas aqui. Bydd estava fazendo companhia a eles, embora na maior parte do tempo estivessem comentando entre si sobre a batalha de hoje. Eles realmente não deveriam estar aqui. Se alguém descobrisse, eu perderia meu emprego como professor, com certeza. Eu queria deixá-los para trás, mas eles choramingaram tanto que pensei que iria enlouquecer. Então decidi trazê-los comigo. Tem duas coisas no mundo que não sou páreo: vencer a Millim e crianças chorando.

Mesmo assim, as anfitriãs sensuais estavam todas sorridentes perto das crianças, sem dúvida relembrando de suas próprias infâncias. Acho que ninguém vai reclamar disso. Não foi exatamente como planejei esta reunião, mas foda-se, era bom o suficiente para mim.

Sem os outros clientes, nada me impedia de ser o mais franco possível com Mjöllmile. Claro, não tínhamos nada de muito secreto para discutir, era mais sobre substituir as Poções Superiores que ele usou hoje. Ofereci a ele uma reposição completa, desde que ele continuasse a fazer propaganda.

— Entendo… Então, para você, Senhor Rimuru, espalhar seu nome é mais importante do que impulsionar as vendas? Na verdade, depois que as pessoas souberem quão eficaz é, tenho certeza de que logo teremos clientes nos procurando…

Mjöllmile, sendo o homem inteligente que é, imediatamente percebeu minhas intenções.

— Exatamente. Então, continue vendendo, beleza? Raios, nem precisa parar com quinhentos. Venda um ou dois mil, se quiser.

—  Hee-hee-hee! Entendo, entendo. Minha primeira impressão sua estava certa desde o início. Também pagarei suas taxas com prazer. Temos um acordo então, ainda mais porque foi eu que distribuí as poções entre os soldados.

— Que isso, você não precisa se preocupar com isso! Só porque salvei sua vida e te ajudei com algumas outras coisas…

— …Bem, não, eu te agradeço por isso, é claro. Mas não vou deixar seus lucros de lado só por causa disso. Você construiu essa rodovia para nós, tornando a viagem mais segura e conveniente para todos os comerciantes. Você é o líder da Federação de Jura-Tempest, que está fadada a se tornar um importante ponto entre as rotas comerciais. Minhas perdas não são nada comparadas à chance de construir conexões com você.

É como dizem, é necessário sacrificar algo para conseguir o que deseja, e ele com certeza seguia essa filosofia.

— Se é assim então, tudo bem. Estou ansioso para fazer mais negócios com você.

— Oh, mas é claro! Sinto o mesmo!

E assim, tendo conquistado a confiança um do outro, Mjöllmile e eu estabelecemos uma nova relação de negócios.

Eu conversei com ele por um mais tempo, perguntando sobre suas preocupações futuras e suas impressões sobre Tempest. Ele comentou coisas muito úteis e, com o passar do tempo, as crianças começaram a ficar com sono. Quando eu estava prestes a sair, uma das anfitriãs sussurrou algo que não pude ignorar.

— Ah, que a Rainha Espírito abençoe essas crianças!

— Hã? O que é isso? Algum tipo de feitiço?

— Não, não é! É uma oração que o pessoal da minha terra natal recita o tempo todo. Tem uma Rainha Espírito, sabe, que vive na Habitação dos Espíritos, e ela cuida de todos eles!

Huh? O que foi que ela disse? Tenho que investigar mais a fundo.

— Ei, senhorita, desculpe, você acabou de dizer a Habitação dos Espíritos, não é? Sabe me dizer onde fica?

A mulher ficou com um olhar confuso, talvez surpresa com a minha curiosidade repentina.

— Oh, claro que conheço. Nasci em uma vila bem perto de lá!

Então, com um sorriso, ela me passou a localização. Era na República Ur-Gracia, um país pouco povoado não filiado às Nações Ocidentais, em uma vila perto do Parque Natural de Urgr, no extremo norte do país. Ela nasceu lá e, graças a isso, finalmente consegui uma pista no lugar mais inesperado possível. Sem dúvida, mais carma por minhas boas ações ou algo assim.

Então, me despedi de Mjöllmile e das senhoritas.

— Voltaremos em breve!

— Estou ansioso para encontrá-lo em Blumund, Senhor Rimuru. Espero que você visite minha loja lá.

— Combinado. Vou dizer para o pessoal lá de casa para priorizar a reposição das suas poções. Continue com o bom trabalho fazendo propaganda das nossas coisas!

— Pode deixar!

— Obrigada! Voltem logo!

Todas as anfitriãs do clube ficaram visivelmente surpresas com o comportamento de Mjöllmile. Aposto que elas estavam muito assustadas. Afinal, ele era o magnata, o cara que dava as ordens no lugar, curvando-se profusamente para um garotinho. Eu era um aventureiro rank B+, então meu nome estava começando a ficar um pouco conhecido por aqui. Provavelmente elas vão pensar que é por causa disso.

Agora, só torço para que ninguém fale comigo sobre trazer crianças para uma boate.

 

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Então, aqui estava eu no Parque Natural de Urgr, na República de Ur-Gracia, suposta casa da Habitação dos Espíritos.

Dois meses se passaram desde que aceitei o cargo de professor em Englesia. Demorou um pouco de tempo para nos prepararmos e cerca de três semanas de viagem, mas finalmente consegui.

Eu tinha dado minha carroça para Kabal como um presente, mas isso não era um problema. Já que tínhamos uma versão nova e melhorada totalmente finalizada. Eu a peguei emprestada para a viagem, Ranga a puxava em alta velocidade o tempo todo; na verdade eram só trinta milhas por hora, isto é, apenas para garantir que os passageiros da carroça não ficassem incomodados. Afinal, correr a toda velocidade em estradas não pavimentadas seria suicídio.

À noite, entretanto, voltei para o dormitório. A magia elemental Portal de Distorção foi realmente útil dessa vez. Com meu nível de força mágica, não foi problema para mim dar o salto e trazer todas as cinco crianças juntas. Definitivamente eu estava usando muita magia, o que parecia ser trapaça, mas eu não queria colocar as crianças sob muito estresse. Usar essa magia significava que eu não precisava comprar comida ou outros suprimentos também, o que tornava as coisas muito mais fáceis. Agora, se é certo usá-la é outra história.

A República de Ur-Gracia era muito diferente das Nações que circundam a Floresta de Jura. A Igreja Ocidental não tinha nenhuma influência sobre ela, e também não era um membro do conselho. Nem fazia fronteira com Jura e tinha apenas algumas poucas conexões com as Nações Ocidentais. O comércio, em sua maior parte, era realizado com a Dinastia Feiticeira de Thalion.

A nação estava situada na costa sul do continente, quase esquecida, mas era pacífica e democrática, que recebeu as bênçãos e proteção dos espíritos elementais. Não havia restrições para entrar ou sair, mesmo assim o crime não era exatamente um problema. O motivo? Simples: todo nativo de Ur-Gracia era um xamã, capazes de usar magia elemental.

O xamanismo envolvia fornecer magículas em troca de tomar poder emprestado dos espíritos para fazer as coisas. A magia elemental não precisa de conjuração; basta forjar um pacto com um espírito para que qualquer um possa usá-la. No entanto, exigia conquistar a confiança de um elemental, e aquele que você escolher pode afetar o poder da magia resultante. Os humanos não tinham muitas magículas base, então, sem treinamento, uma pessoa comum não poderia lançar uma magia poderosa. Ainda assim, mesmo que fosse apenas um pouco mais forte do que a magia normal, ainda era magia, e é mais do que o suficiente para protegê-lo de criminosos, eu suponho.

            Dominar a magia espiritual poderia recompensar o usuário com um arsenal de ataques que rivalize com qualquer outro. Depois de mais treinamento, torna-se possível até mesmo convocar os próprios elementais. Construir conexões mais fortes com eles permite que você possa usar seus poderes mais plenamente, governando-os e controlando-os livremente. Com certeza muito mais poderoso do que simplesmente ter outra pessoa te ajudando.

Ur-Gracia era uma nação que os espíritos pareciam amar muito. Como resultado, uma cerimônia é realizada no fim dos dez anos de idade de cada pacto entre um humano e um espírito. Essa cerimônia, uma vez concluída, qualificava a pessoa como um cidadão do país e também era a razão pela qual literalmente todos eram xamãs.

            Qualquer um que falhasse em forjar um pacto com um elemental era exilado da nação aos vinte anos, perdendo os seus direitos de cidadania; mas com tantos espíritos por aí, era raro ser completamente incapaz de conquistar a confiança de um. A anfitriã que conheci naquela noite aparentemente deixou esse propósito de lado para que pudesse conhecer mais do mundo exterior, mas, tirando exceções como ela, quase todo mundo consegue.

Os espíritos elementais tendiam a não gostar de pessoas com más intenções, então se você cometesse um crime em Ur-Gracia, a pessoa em questão seria encontrada na hora. É por isso que as pessoas daqui são tão tranquilas.

Ter uma nação inteiramente composta de xamãs naturalmente o tornava uma ameaça aos países fronteiriços. Não eram amplamente conhecidos pelas Nações Ocidentais, mas seus vizinhos em Thalion estavam bem cientes deles. É por isso que tem relações diplomáticas formais e igualitárias, apesar de Thalion ser muito maior e poderosa em seu próprio tipo de magia elemental. Graças à disposição da maioria dos Ur-Gracianos, as relações entre as duas nações eram amigáveis e confiáveis, permitindo que ambas as civilizações avançassem e crescessem.

Era como a senhorita da boate o descreveu. Agora que eu e as crianças estávamos aqui, nossa missão estava clara, convocar alguns elementais.

De acordo com a teoria que eu, na verdade, o Grande Sábio criou, Ifrit se fundiu com o corpo de Shizu para evitar o colapso de seu corpo causado pelo descontrole de energia mágica. Um elemental de alto nível como Ifrit conseguiria manter uma enorme quantidade de magículas sob controle; se eu pudesse fazer com que alguns desses se fundissem com as crianças, o problema deveria ser resolvido.

Felizmente, eu tenho a habilidade única Divergência, que me permite separar e sintetizar coisas. Eu não tinha certeza de como o processo de fusão funcionava, mas espero que eu possa juntar a alma e o espírito e ver o que acontece. Se o Lorde Demônio Leon pudesse fazer isso, provavelmente eu também conseguiria.

O único problema era como os elementais se sentiam a respeito disso. Poucos desses espíritos tinham vontade própria. Possuir uma já era o suficiente para considerá-lo um elemental de alto nível.

Na aldeia da anfitriã, dizia-se que havia dois lugares para fazer pactos com espíritos. Um era o altar da praça principal, onde os cidadãos locais realizavam seus rituais de pacto. Nenhum elemental de alto nível jamais foi encontrado lá. Se você quisesse encontrar um deles, precisava ir para outro lugar.

Esses espíritos geralmente eram complicados de lidar, já que nunca te aceitariam a não ser que você passasse por uma prova de sua preferência. Esses pactos só poderiam ser firmados em um lugar chamado de Habitação dos Espíritos.

A questão era: Treyni e a anfitriã estavam falando sobre o mesmo lugar? Como disse a anfitriã, todos que se aventuraram a procurar pela Habitação dos Espíritos jamais retornaram. No entanto, os rumores sobre isso continuaram circulando, o que ela achou estranho. Eles o consideravam sendo como uma espécie de labirinto que se ramificava no subsolo, ou no céu, com a própria Habitação sendo encontrada apenas em seu fim.

Apenas a “entrada” era visível no Parque Natural Urgr; uma porta simples bloqueada por uma grande pedra, como se estivesse conectada a outra dimensão. Estávamos aqui para achar alguns espíritos de alto nível e isso significava que tínhamos que seguir por esse caminho.

Passamos uma noite descansando, nos preparando. Eu não tinha certeza se poderia usar o Portal de Distorção para escapar de qualquer coisa que tivesse além daquela porta. Tive a sensação de que não seria possível, mas apenas no caso, desenhei um círculo mágico no chão em um canto do parque que dificilmente alguém conseguiria ver. Seria bom se funcionasse.

Eu olhei para as crianças.

— Vocês estão prontos? Depois de entrarmos talvez não sejamos capazes de voltar. Estão preparados para isso?

Todos eles acenaram rapidamente para mim.

— Claro!

— Ficaremos bem.

E assim foi, todos me responderam a mesma coisa. Ótimo. Pelo menos eles não estão com medo. Parece que eles têm sido mais amigáveis comigo, confiando muito mais em mim ultimamente. Aquela pequena caça ao dragão de antes deve ter sido a causa.

Com aquilo eu ganhei a confiança deles. Era a hora de ir.

Não havia nenhuma informação sobre o local em nenhum dos livros que digitalizei em minha mente na biblioteca.

Infelizmente, eu não tinha ideia de quais monstros poderiam estar espreitando do outro lado. Foi descrito como um teste, então deve ser muito perigoso. Mas como é que ninguém retornou? Não faz sentido, afinal existem outros elementaristas por aí além de Shizu, capazes de assumir o controle sobre espíritos de alto nível. Eu não consegui entrar em contato com nenhum deles, mas Yuuki tinha dito isso para mim, então deve ser verdade.

Eu estava um pouco preocupado se eu e Ranga seríamos capazes de manter as crianças em segurança. Se parecesse impossível, eu pretendia recuar e pedir ajuda a Benimaru e aos outros ogros magos… assumindo, é claro, que poderíamos sair com tal facilidade.

De qualquer forma, extremamente determinado agarrei a maçaneta da porta. Devagar, com cuidado, entrei. Era estranho, o sol não deveria ser capaz de entrar, mas toda a área estava banhada por uma luz fraca. Eu deixei as crianças darem uma olhada, mas era claro o suficiente para manter as coisas visíveis sem precisar usar o Sentido Mágico. Nada ruim no ar também.

Ao meu sinal, todos os cinco entraram. Tínhamos acabado de dar nossos primeiros passos no labirinto.

 

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No momento em que todos nós entramos, a porta se fechou. Eu imediatamente tentei usar o Portal de Distorção.

Exatamente como eu pensei, falhou em ativar. Suponho que este labirinto ou o que quer seja, tenha sido construído de forma que magia espacial não funcione nele. O Movimento das Sombras de Ranga também não funcionou, então eu tinha certeza disso.

Melhor desistir de fugir por enquanto e focarmos em passarmos na provação. Seguimos para dentro. Não era exatamente um labirinto, estava mais para um único corredor. Nada em que você realmente consegue se perder, pensei enquanto avançávamos cuidadosamente.

Que bom que meu cérebro tem uma função de mapa.

Parecia ser o único caminho, mas estava cheio de armadilhas projetadas para te fazer ir para o caminho errado. Tente voltar e a luz mudará de posição para esconder o caminho que trilhava anteriormente nas sombras. Mesmo se seguisse apenas em frente, um caminho que parecia completamente plano estaria escondendo caminhos ramificados no ponto cego da luz.

Na verdade, com certeza era um labirinto; um que um humano com senso de direção normal não seria capaz de atravessar. Você pode nem mesmo ser capaz de voltar por falar nisso. O local foi montado de forma bem assustadora mesmo.

Só então:

(Oh deus, deus, deus…)

(Ele percebeu, ele percebeu)

(Oh, meu, meu, meu, meu, meu…)

(Tee-hee-hee-hee-hee!)

De repente, vozes ecoaram em minha mente. Uma telepatia poderosa, será?

(Você nos aborrece, convidado!)

(Fiquem com mais medo por nós!)

(Fiquem com mais medo por nós)

Eles balbuciavam para mim. Eu vi Kenya e Ryota olharem em volta vidrados; todos podiam ouvir as mesmas vozes, sem dúvida. Chloe segurou minha roupa, se recusando a soltar. Alice estava agindo destemidamente, mas ela também estava ficando perto de mim.

Gail empunhou sua espada, procurando manter todos seguros. Seu trabalho como o mais velho, suponho. Era a espada que dei a ele, do tamanho de uma criança que pedi a Kurobe forjar para mim. Pequena, mas feita puramente de magiaço e capaz de mudar de forma para combinar com as técnicas do usuário. Eu esperava que ele não precisasse usá-la, mas…

(Bom, Bom!)

(Fiquem com mais medo!)

(Isso mesmo, isso mesmo! Se não fosse assim, seria chato!)

Hmm. Agora eu sei de onde isso está vindo. Toda essa conversa egoísta estava me dando nos nervos.

— Ei, vocês moram aqui? São elementais? Estamos aqui em uma missão. Precisamos falar com alguns elementais de alto nível. Se não se importarem, poderiam nos guiar em vez de ficar nos atrapalhando?

Achei melhor tentar, vai que dá em algo. Como eles vão responder a isso?

(Ah-há-há-há-há-há-há!!)

(Eh-he-he-he-he-he-he!)

(Que coisa engraçada se dizer!)

(Interessante. Mais do que surpreso)

(Bom, bom!)

(Me deixe dizer a ele.)

(Mas, mas-)

(Antes disso!!)

Outro caminho iluminado apareceu no corredor à nossa frente. Aparentemente, estavam nos convidando. Precisávamos continuar. Prosseguindo através dele, nos encontramos em uma grande câmara aberta que abrigava uma grande estátua, um gigante de aço pairando sobre nós.

(Deixe-me explicar as regras do julgamento!!)

Uma voz telepática ressoou. Logo após, os olhos da estátua gigante brilharam em vermelho. Por que diabos todos os monstros assustadores têm olhos brilhando em vermelho desse jeito? Não sei por que esse pensamento passou por minha mente, mas só veio.

— Ó, calma lá. Por julgamento, você quer dizer que tenho que vencer essa coisa?

(Aham!)

(Sim!)

(Entendeu rápido!)

Bem, isso é fácil.

— Quer que eu faça?

— Não, Ranga. Eu faço isso. Você os proteja.

Eu dei um passo à frente. Era o meu trabalho lidar com o pior. E se tivéssemos que correr, eu queria que Ranga estivesse em seu 100%.

(Hmm? Hmm? Hmmmm?)

(Indo sozinho?)

(Confiança demais só traz desgraça!)

Eles estavam preocupados comigo? Eu definitivamente não estava muito ansioso.

Usei Analisar e Avalir na estátua à minha frente e quase me engasguei.

Caralho. Um golem, construído com magiaço da cabeça aos pés, com energia mágica o suficiente para colocá-lo acima do rank A. Mais forte do que o Dragão do Céu que derrotei antes. Tinha quase três metros de altura, parecia enorme e imponente; acho que deve pesar mais de trinta toneladas. Simplesmente cair em cima de mim me colocaria em uma situação difícil. Eu tinha Resistência a Ataques Corpo a Corpo, mas não ajudaria muito se eu fosse esmagado como uma panqueca.

Enquanto eu me esforçava para descobrir o que fazer, a estátua estremeceu. Eu imediatamente acelerei meu processo de pensamento para seguir seus movimentos. Era ágil e rápido, como um mestre espadachim. Com aquela velocidade e tamanho, era um inimigo incrivelmente poderoso. Só de esbarrar em mim faria eu parecer a vítima de um acidente de trânsito grave.

Você chama isso de teste?

E-ei! Ei! Olhe para esse cara! Este não é um teste nem fodendo! Você está querendo é me matar!

Os elementais explodiram em gargalhadas.

(Tee-hee-hee-hee-hee!)

(Sim, sim, exatamente!)

(Acha que pode vencer?)

Eles realmente eram elementais? Porque eles pareciam totalmente maus para mim. Além disso… essa atitude, me tratando como um bebê. Estava começando a me irritar para valer. Tipo… muito.

Eu estava com tanta raiva que isso me fez ficar muito sério sobre esse teste; algo raro de acontecer comigo. Hoo garoto. Não posso me descontrolar. Preciso manter minha dignidade na frente das crianças. Nunca fiquei zangado com muita coisa, e eles sabiam disso. Eu era um modelo para eles e precisava mostrar que perder a calma era algo ruim.

Beleza. Respire profundamente. Eu mantive minha postura e tentei parecer o mais normal possível enquanto assumia uma posição de batalha. Não tem porque enlouquecer aqui. Só não deixar isso me atingir que ficarei bem. A estátua é muito rápida, mas eu sou muito mais veloz. Sou um cara que pode até quebrar a barreira do som, até.

 Mas apenas correr o tempo todo não seria o suficiente para ganhar dele… Tive a sensação de que o Trovão Negro não funcionaria nisso. Afinal, ele era feito de aço. A eletricidade seria redirecionada para o solo. Alguns feitiços dos livros de magia que li pareciam ter potencial, mas eram em grande escala então não eram adequados. Lâmina D’água e bolas de fogo mágicas também não seriam o bastante para atravessar a armadura da estátua. Atacá-lo com uma espada seria inútil; minha lâmina perderia o fio muito antes de eu conseguir cortá-lo. Ela poderia até ser quebrada, o que seria uma merda.

Tipo, na moral? Um pedaço gigante de magiaço ambulante? Me dá um tempo. Um golem feito do material mais duro do planeta se movendo com agilidade… Tem tão poucos pontos fracos que eu nem sabia por onde começar.

Só consigo pensar em uma coisa. Usar fogo. Queimar aquela coisa. Queimá-la, mas mantando as chamas sob controle para reduzir qualquer dano colateral.

— Ei, se vocês vão se desculpar comigo, é melhor fazer isso logo. Se não fizerem, vou destruir essa coisa. Estão de boa com isso?

(Ah-ha-ha-ha-ha-há!)

(Isso é engraçado. Muito engraçado.)

(Ooh, um menino crescido e forte!)

(Bom, bom. Muito bom!)

(Vamos ver se realmente consegue!)

Ah, que isso. Eu sou um adulto. Estou bem. Não vou deixar um bando de pirralhos telepáticos me tirar do sério. Tenho certeza de que a forma como as veias na minha testa parecia que iam explodir era apenas a minha imaginação. Não tinha nenhuma veia.

Olhando pelo lado bom, pelo menos eu consegui a permissão deles. Sayonara, golem. Eu adoraria levar você para casa e te usar como um brinquedo… er, digo, como pesquisa.

“Fio Demoníaco”

 Era uma habilidade muito usada por Soei, mas eu já estava bem hábil com ela depois de treinar regularmente ao longo do tempo. Além disso, meu Fio de Aço Pegajoso ficou muito mais forte, muito mais do que antes. Foi fácil enrolar em torno da estátua e impedi-lo de se mover.

(Não é possível!)

(Não consigo acreditar)

(O Colosso Elemental?)

Então, uma escuridão de ébano cobriu a estátua. Ignorando os elementais surpresos, lancei uma Chama do Inferno nele. Também era uma habilidade de outra pessoa que dominei, dessa vez de Benimaru. Focando minha concentração o máximo possível, diminuí o alcance das chamas para o menor possível. Se eu estivesse tentando lançar uma Chama do Inferno normal eu não precisaria de tanto foco, mas para definir um tamanho específico era necessário o controle total sobre uma grande quantidade de magículas.

Um domo de cerca de três metros de raio, um tamanho tão compacto que nem mesmo Benimaru poderia conjurar, cobria a estátua. Mesmo eu não conseguiria sozinho, só era possível com a ajuda do Grande Sábio. Houve um forte som de uma explosão, e quando o domo escuro desapareceu, não restou mais nada.

De acordo com o cálculo do Grande Sábio, a temperatura dentro do domo excedeu várias centenas de graus, o suficiente para criar um inferno de fogo que carbonizava tudo em um instante. Mesmo meu próprio Cancelamento de Temperatura seria inútil contra isso.

Era a habilidade ofensiva mais forte existente, uma que ninguém poderia resistir. Não é muito útil contra monstros enormes como Charybdis, mas em situações específicas quebrava o galho. Sua principal fraqueza era a facilidade de ser evitada; leva tanto tempo para ser criada que o alvo poderia simplesmente fugir. Não dá para lançar uma magia com uma fraqueza inerente como esta, ou então seus oponentes descobririam facilmente como lidar com ela.

Claro, restringir os movimentos do meu inimigo com antecedência resolveu esse problema rapidinho. Porém, mesmo assim, essa era uma das habilidades de ataque que eu dificilmente mostrarei a alguém.

(Não!!)

(Não acredito….)

(Em um ataque…?!)

Algumas mensagens bem perturbadas soavam em meu cérebro. Parecia que eles tinham confiança absoluta naquele golem. Não dava para culpá-los. Todas as crianças estavam com as bocas no chão também; deve ter sido um grande choque. Era por isso que eu não queria mostrar a eles, mas tudo bem.

Esses elementais encheram o meu saco por tempo o suficiente. Espero que estejam prontos para mim agora. Hora de dar uma lição neles.

 


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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