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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 04.3 – O Reino de Blumund

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Este nobre bem influente era um homem chamado Veryard, um barão. Ele morava em uma mansão tranquila e despretensiosa no meio de um bairro cheio de prédios chiques; aparentemente, era um nobre de muito baixo escalão para ter um domínio inteiro para governar. Sendo assim, passava seus dias trabalhando em sua casa, castelo, ou seja, o que aquilo fosse.

— Deixa eu te dizer algo, e prometa que não vai contar isso a ele, mas o homem praticamente vive e respira o trabalho.

Essa era a avaliação de Fuze, e eu pretendia manter minha promessa. Aparentemente, seria um problema para a guilda e a nobreza se as pessoas descobrissem que eles tinham conexões secretas uns com os outros.

Então, segui Fuze até a mansão. Passamos pelos jardins da frente, atraentes e bem cuidados, antes de entrar no saguão, onde um velho que se encaixava muito com o estereótipo de mordomo nos cumprimentou. As criadas ficavam de cada lado da câmara, com as cabeças perfeitamente inclinadas. Esta era a casa de um nobre de baixo escalão? Eu temia que essa reunião fosse muito mais formal do que eu havia planejado.

Fui para um maid café uma vez em meu antigo mundo, mas essas eram criadas de verdade. De alguma forma, me comoveu profundamente. Engraçado é que foi preciso eu ser levado para outro mundo para descobrir esse ar de elegância, esse comportamento gracioso. Elas serem de fato verdadeiras criadas me faziam sentir diferente. Vê-las me causou o estranho efeito de acalmar meus nervos.

Revigorado, segui o mordomo pelo corredor. Ele nos levou a uma sala do outro lado e parou em frente a uma porta ornamentada. Quando ele bateu na porta, o clima ficou tenso por um momento.

— Entre — disse alguém do outro lado.

Achei esse um procedimento bem chato, mas como alguém que navegou com sucesso na etiqueta do palácio do Reino do Anões, estava preparado para qualquer coisa. Tudo o que não sabia sobre formalidades e cortesias, poderia superar puramente com atitude.

Entrando, fui saudado por um cavalheiro de aparência muito intelectual, com olhos estreitos, parecendo de descendência asiática. Ele definitivamente correspondia à descrição que Fuze me deu.

— Muito obrigado por ter vindo — disse ele antes que eu pudesse falar algo. — Sou o Barão Veryard, um dos ministros do Reino de Blumund.

— Agradeço a você também. Meu nome é Rimuru Tempest e, como imagino que saiba, sou um slime. Não sou muito versado na etiqueta deste país, então peço desculpas antecipadamente se eu for de alguma forma desrespeitoso.

Apertamos a mão um do outro. Uma ação que me lembrou muito da minha antiga vida.

— Oh, não há necessidade de se preocupar com assuntos tão enfadonhos. Sinta-se à vontade para conversar comigo como faria com qualquer outra pessoa.

O Barão devia ter percebido quão preocupado eu estava com isso. Ele me mostrou onde se sentar, tendo muito cuidado para nunca baixar a guarda perto de mim. Um negociador astuto, sem dúvidas.

— Ora! — disse quando uma criada chegou com um pouco de chá. Tomando um gole logo após. — Nós temos muito tempo. Vamos começar.

Fuze, meu colega testemunha, endireitou a postura. Segui seu exemplo, me preparando para ouvir.

 

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Nossas negociações com Veryard continuaram noite adentro. Focada em dois tópicos:

  • Um acordo de segurança conjunto entre Tempest e Blumund;
  • Permissão mútua para viajar livremente dentro de cada uma de nossas nações.

Primeiro pedido do negócio: o Reino de Blumund, francamente, não era muito grande. Era uma nação relativamente fraca, que tinha problemas até para lidar com os monstros que a saqueavam. Seu relacionamento com a guilda resolveu parcialmente o problema, mas o governo, sozinho, simplesmente não estava à altura da tarefa.

Sendo assim, após tatear para descobrir sua localização, o reino decidiu subcontratar o controle de monstros para a Guilda Livre em troca de um aumento no financiamento, permitindo que o governo se concentrasse principalmente na coleta de inteligência. Possibilitando que detectassem perigos rapidamente e pensassem em maneiras de lidar com eles, evitando desastres em potencial.

Felizmente, essa estratégia os impediu de ter que lidar com grandes ameaças até o momento, mas, como disse o Barão, não existiam muitas medidas de proteção, então também esperavam construir uma relação de cooperação com minha nação. E era só isso; a promessa de que, caso uma das nações estivessem em perigo, a outra forneceria o máximo de ajuda possível. Isso incluía apoiar os aventureiros que trabalhavam na Floresta de Jura, mas não implicava nada demais, era apenas um acordo de que forneceríamos suprimentos para eles em nossa cidade.

Até aí, como uma forma de ajudar os membros da Guilda Livre, Fuze já havia me pedido anteriormente. Prover acomodações e materiais para as pessoas que trabalham na floresta os ajudaria a cobrir uma área maior da região, o que naturalmente significava que seriam capazes de lidar com mais ameaças. Também resultava em um laço de confiança entre nós e eles, algo que eu apreciava.

Então, alegremente concordei com essa proposta, mas…

— Claro, tenho certeza de que ficarão felizes em pagar um preço justo pelo que você fornecer. Talvez você poderia usar as pousadas em nossa cidade como referência do quanto cobrar…

— Calma aí, espere um pouco, Barão — interrompeu Fuze. — As acomodações na cidade do Senhor Rimuru estão facilmente no mesmo nível que as pousadas de alta qualidade daqui. Comparado com o que é normal aqui, eu consideraria justo cobrar ainda mais.

— É mesmo? Bem…

— Sendo honesto, eu chamaria o que eles ofereceram como algo mais parecido com um spa do que uma pousada.

— Tudo bem. Podemos pensar nisso mais tarde, no entanto, em termos de manutenção de armas e armaduras…

— É, de novo, senhor, as oficinas dele são supervisionadas pelo Senhor Kaijin e seu confidente, Garm, dois dos mais talentosos metalúrgicos de toda a raça anã. Você realmente pediria a eles para cuidarem desse trabalho de manutenção?

Eles realmente trabalham lá? Há alguma coisa que possam nos vender, então, que…?

— Receio que não, Barão. Lá, vi uma grande quantidade de armamentos que não vi em nenhum outro lugar. Estou falando de produtos de altíssima qualidade, coisas que nunca vi, nem nas melhores forjas de Englesia. Eu estava muito intimidado para perguntar se estavam à venda, mas, pela minha estimativa, apenas aventureiros de rank B para cima poderiam ter uma chance com aquilo. Isso com certeza faz qualquer um rir, não é?

Fuze definitivamente estava fazendo um bom trabalho em derrubar as sugestões do Barão. E ele tinha razão. A pousada que ficamos naquela vila agrícola não era lá aquelas coisas. A hospedagem no ramo da guilda da cidade não era ruim, mas pecava em pequenos detalhes como banheiros vestuários, nossa cidade certamente oferecia mais conforto.

E as armas que Fuze mencionou não estavam à venda, eram só amostras de testes. Nesse ponto, tínhamos um suprimento constante de diversas matérias-primas. Gabil estava matando monstros nas cavernas, Gobta e sua equipe estavam fazendo o mesmo na floresta e transportando qualquer coisa útil de volta para a cidade. Ocasionalmente davam sorte e conseguiam itens de monstros de alto nível, nos permitindo criar armas ainda melhores. Alguns produtos bons, e eu tenho certeza de que encontrar um comprador não seria difícil, mas não estavam à venda. Seria necessário primeiro fortalecer nosso próprio poder.

O que significava que era hora de eu me comprometer um pouco.

— Tudo bem. Vou construir uma longa casa geminada para fins básicos de hospedagem. E quanto às armas, eu poderia fazer com que nossos artesãos contratassem aprendizes para construí-las. Eles devem ser capazes de lidar com a manutenção básica de armas em um ou dois meses, eu acho.

Poderíamos construir a casa geminada ao expandir o edifício que emprestamos aos homens de Yohm. No entanto, esses novos artesãos eram uma questão mais complexa. Kurobe estava trabalhando duro, construindo armas para todos na nação. Kaijin estava ajudando a criar outras, usando sua habilidade única, Pesquisador, para copiá-las, mas Kurobe não tinha nenhuma habilidade do tipo Grande Sábio, então era um processo demorado. Não tanto quanto forjar todas elas, mas…

Eu não poderia deixar ele ser o único trabalhando tão arduamente, então já havia contratado alguns jovens entusiasmados para serem seus aprendizes. Eles eram talentosos e não demoraria muito para que se tornassem artesãos por conta própria.

É por isso que fiz aquela oferta ao Barão, que foi claramente bem aceita. Concordei em discutir os detalhes com Rigurd e os anciãos, para que pudéssemos decidir sobre isso mais tarde.

Agora, falar sobre as permissões de viagem. Essa era uma questão um pouco complicada.

Quando pedi o apoio de Fuze, prometi remover as tarifas alfandegárias para quaisquer mercadores pertencentes à Guilda Livre. Isso significava que eu precisaria cobrar de vendedores afiliados ao próprio Reino de Blumund. Era inerentemente injusto, mas eu não podia anular minha promessa anterior; pelo menos não nos próximos anos.

Você poderia até dizer “Qual é o problema? Por que não dispensar as taxas dos comerciantes de Blumund também?” Isso era algo que eu absolutamente não podia permitir que acontecesse. Não poderia simplesmente desperdiçar nossos direitos como nação soberana sem receber nada em troca. Também impugnaria quaisquer lucros que os comerciantes afiliados à guilda pudessem conseguir, o que seria rude com Fuze.

Sendo assim, mesmo quando a escuridão aparecia lá fora, as conversas entre mim, Fuze e o Barão caíam cada vez mais em um impasse. Todos nós estávamos trabalhando com certo risco, o que sem dúvida contribuiu para como as coisas esquentaram. No fim das contas, foi Veryard quem fez a primeira proposta.

— Tudo bem. Para nosso reino, as questões mais importantes estão relacionadas ao nosso acordo de segurança. Para as tarifas, vamos estabelecer um determinado período de carência, durante o qual nosso governo cobrirá todas as taxas incorridas por nossos comerciantes.

Então decidimos seguir com isso. Todos os mercadores foram autorizados a entrar e sair de Tempest gratuitamente, sem importar com quem trabalhavam. Sempre que instituíssemos formalmente as taxas alfandegárias, nos reuniríamos mais uma vez para decidir novamente.

Como confirmei durante nossas discussões, Veryard estava totalmente ciente da importância de Tempest. Ele entendeu isso de forma até mais completa do que eu. Viajar para o Reino dos Anões via Tempest, ao invés do Reino de Farmus, seria mais barato e seguro para eles. As rodovias ainda não estavam prontas, mas uma vez que estivessem, e tivéssemos um tráfego regular indo e vindo, a diferença seria, sem dúvidas, gritante. E quando tudo estivesse no lugar, aquelas rodovias seriam de grande uso, mesmo que Tempest se aproveitasse disso e cobrasse um pouco mais nas fronteiras.

— Espero — disse o Barão com um sorriso —, que nós dois estejamos em termos benéficos um com o outro até lá.

 

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Depois de confirmar nossas responsabilidades em ambas as questões, passei o dia seguinte examinando casualmente os mercados de capitais. Também parei na filial da guilda novamente para buscar meus documentos de identidade. A mulher do balcão estava me olhando de cima a baixo, mas não tive tempo para convidá-la a um encontro.

Kabal e seus amigos me guiaram o tempo todo, permitindo que eu me divertisse muito sem me perder demais. Também tínhamos todos os suprimentos de que precisávamos para nossa jornada.

Então chegou o terceiro dia, o da cúpula real. Se pudéssemos conseguir que um tratado fosse assinado, isso marcaria um segundo selo de aprovação para nossa nação, depois do de Dwargon. Uma nação de monstros, sendo reconhecida formalmente por uma nação de humanos. As implicações eram enormes. O que significava que podíamos interagir em paz e até mesmo de forma amigável com pessoas comuns.

O acordo de segurança realmente não ofereceu muitos benefícios a Tempest. Na verdade, tinha muitas desvantagens. Mas a receita em potencial que ganharíamos com esse acordo de viagens era enorme e, como era mútuo, também permitia que monstros viajassem para cidades humanas, o que era um passo muito importante. Eu queria trabalhar em termos amigáveis com a humanidade e estava esperançoso de que poderíamos conseguir algo concreto durante este tempo.

Fiquei muito animado quando demos início ao encontro. Lá, no palácio, fui saudado pelo rei, um sujeito de aparência gentil com um rosto redondo e uma figura ligeiramente rechonchuda, e pela rainha, cuja enorme beleza criava um desequilíbrio chocante.

Fuze estava lá para servir de testemunha terceirizada, já estava muito familiarizado com todos os assuntos governamentais, mas ter um terceiro envolvido nisso implicava um senso de justiça para as nações vizinhas, e, de qualquer forma, Fuze não iria tagarelar sobre os nossos maiores segredos. Ele parecia desconfortável ao usar uma vestimenta formal, e estar na forma humana por todo esse tempo também estava ficando um pouco opressor para mim. É difícil para nós dois, mas é melhor aguentarmos por enquanto.

A cúpula transcorreu sem contratempos e, assim que vários ministros concluíram seus relatórios ao rei, estava tudo acabado.

Estou ansioso para trabalhar com você no futuro, Senhor Rimuru — disse o rei na sala de recepção enquanto apertava minhas mãos.

Ele era muito mais sociável do que eu pensava; senti uma afeição natural por ele. Mas também foi nessa sala que descobri que o Barão Veryard nos enganou.

— Bem — disse o rei —, se algum tipo de força vier da floresta e ameaçar nos invadir, vamos começar a nos apoiar imediatamente! E nós, é claro, também ficaríamos felizes em trabalhar com você!

Sorrindo com sua esposa, o rei saiu da sala assim que percebi o que ele queria dizer com isso. Eu não queria mais nem dizer adeus para ele. Algum tipo de força…? Que colocação estranha. Não parecia que ele estava falando de monstros.

Eu estava tão focado na ameaça dos monstros que não percebi que havia outros perigos lá fora. Olhe bem para a localização de Farmus, bem ao lado dela. Se uma nova rota comercial fosse aberta para o Reino dos Anões, poderiam ver Tempest e Blumund sob uma luz negativa. E não acaba por aí! O Império do Oriente também! Justo eles, a única superpotência deste mundo, não é?

Merda, fui enganado!!

Não precisava ser um gênio para ver que uma invasão de algum país estrangeiro seria um perigo para Blumund. Nossa, eu só queria gritar. Se alguma coisa parece ser boa demais para ser verdade, é porque ela realmente é! Assim, lembrei do sorriso do Barão Veryard. Ele mesmo disse: “As questões mais importantes estão relacionadas ao nosso acordo de segurança.” A receita da alfândega seria apenas um trocado em comparação com todo o orçamento de defesa de uma nação.

O que Blumund realmente temia era que uma potência estrangeira a invadisse pela floresta. O Império do Oriente provavelmente os mantinha em alerta constante e eles queriam um baluarte de defesa. No entanto, não mentiram para mim, se alguma vez estivéssemos em perigo, aposto que iriam nos ajudar, afinal o acordo era mútuo.

Eles me pegaram de jeito dessa vez.

O barão escolheu esse momento para se dirigir a mim.

— Você notou? Sua mente certamente funciona mais rápido do que eu imaginava. No entanto, o tratado já foi assinado. Espero que continuemos a ter um relacionamento frutífero.

Ele me deu o sorriso mais satisfeito que já vi. Sem dúvidas desempenhou suas funções perfeitamente. Um velho nobre astuto que achava que me enganar era tão fácil quanto tirar doce de criança. Pfft. Ah, bem, não posso mais fazer muito sobre isso…

Mas, apesar de tudo isso, eu me sentia estranhamente sereno. Foi mais frustração com minha superficialidade e admiração por meu oponente do que qualquer coisa. Tomei isso como um aprendizado. Se o Império decidir agir, deixarei para pensar neste assunto na hora.

No entanto, isso me ensinou uma coisa: eu não podia baixar a guarda perto de seres humanos. Monstros eram inesperadamente diretos com tudo, o que criava uma fraqueza grande o suficiente para que os humanos e suas astúcias se aproveitassem. Jurei para mim mesmo que pensaria nas coisas com mais profundidade e cuidado ao negociar com eles deste momento em diante.

 

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Mas não é divertido só ficar sentado e ser tratado como um idiota. Ainda tenho uma boa oportunidade de me envolver em alguma discussão que será muito mais benéfica para o meu lado. Peguei uma Poção Superior do bolso e coloquei na mesa.

— E o que é isso?

— Com nosso tratado em vigor — falei —, posso te pedir um favor?

— Hohhh, um favor? Bem, como seu parceiro diplomático eu dificilmente poderia me recusar a ouvi-lo.

O Barão me deu outro sorriso perfeito. Ele definitivamente era um profissional nisso.

— Esta é uma poção de cura que fizemos em nossa cidade. Eu estava pensando se poderíamos vendê-la em seu mercado…

— O quê?! A poção que Kabal trouxe há algum tempo? Era esta a “especialidade” à qual estava se referindo antes?

Foi Fuze, em vez de Veryard, quem se atentou a essa proposta.

— Oh, hm, sim. Eu dei um pouco para ele, não é? — Eu dei a Kabal um pouco do remédio que criei, o equivalente a uma Poção Completa. — Mas essa é um pouco diferente daquela. Não tão potente, mas juro que é um produto muito melhor do que qualquer coisa que você encontrará à venda. O que você recebeu antes era um medicamento raro, mas algo que podemos fabricar talvez a cada dois dias. Enquanto isso, esse daqui podemos fabricar com mais facilidade, então pensei em colocá-lo no mercado. A única diferença real entre esse e aquele, Fuze, é que esse não consegue regenerar membros perdidos.

Eu quis dizer isso como se fosse uma bomba, me certificando de reduzir nossas supostas capacidades de produção. Minha estratégia foi um sucesso.

— Regenerar membros perdidos? — indagou o Barão de volta. — Você quer dizer que, se perder um membro em uma batalha ou em um acidente, a sua poção pode criar um completamente do nada?

— Não “cresce”, literalmente, é mais parecido com… tipo, ele reúne as magículas do ar para criar um substituto, podemos deixar assim? Mas, com o tempo, uma vez que o sangue comece a circular através dele, e o metabolismo do seu corpo volte ao normal, ele vai se parecer exatamente como o antigo membro.

— Que absurdo!

Agora, o Barão normalmente calmo e controlado, parecia estar em pânico. Parece que dessa vez fui eu que o peguei. Era exatamente por isso que falava a Kaijin para ficar quieto sobre isso.

— Se o que diz for verdade, isso equivale à magia sagrada, o segredo exclusivo da Santa Igreja Ocidental! Na verdade, o próprio feitiço sagrado, Regeneração, é o resultado de um pacto com os espíritos acima de nós! Um milagre divino! Apenas os bispos ou aqueles de posição superior são capazes de controlá-los!

Ele parou por um momento, recuperando a compostura, então olhou ao redor. Sua situação atraiu alguma atenção, mas ninguém ouviu nossa conversa. No momento que percebeu isso, disse:

— Vamos discutir isso em outro lugar.

E começou a andar. Fuze e eu não víamos problemas nisso, então acabamos voltando para o escritório do Barão mais uma vez. No momento em que Fuze e Varyard entraram na mansão, eles se entreolharam e suspiraram.

— Ai ai — suspirou o Barão —, o que fazemos com isso?

— Tudo bem para você se avaliarmos seu valor? — perguntou Fuze.

— Vá em frente.

Ele entoou um feitiço para avaliar o conteúdo da poção.

— Hmm… eu realmente não consigo dizer a diferença entre essa e aquela que o grupo de Kabal estava carregando — disse Fuze coçando a cabeça. — Também testamos aquela outra poção, mas nunca imaginei que pudesse substituir membros inteiros. Disseram que era equivalente a medicina mágica ou magia sagrada, mas eu certamente não esperava o mesmo desempenho do feitiço Regeneração…

Quando ouvi isso, duvidei que ele quisesse dizer que testaram em alguém que acabou de ter o braço decepado. Não era o tipo de coisa para a qual se ofereceriam como voluntários. Se eu não mencionasse os limites da Poção Superior, duvido que ele notaria a diferença.

— Você tem mais daquelas?

— Tenho outra.

Eles deviam ter usado o resto para seus testes.

— Traga aqui imediatamente.

Fuze acenou com a cabeça.

— A única maneira de provar isso — murmurou enquanto enviava uma mensagem mágica pelo éter —, é com Thegis.

Meu ex-examinador de teste foi para onde estávamos em um momento, com um pequeno cofre debaixo do braço.

— Qual o significado disso, Fuze? — berrou ele ao entrar, mas logo ficou em silêncio ao perceber que Veryard e eu estávamos lá.

— Quero que prometa — disse o Barão, — que manterá tudo o que ver e ouvir nesta sala em segredo.

Ele se descreveu como um pequeno burocrata deste reino, mas a dignidade e presença que exalava eram o suficiente para colocar até mesmo um príncipe em seu lugar.

— Eu prometo, senhor — respondeu Thegis apressadamente com um aceno confuso enquanto o barão pegava o cofre dele.

— Então, o item é esse…?

Ele tirou o conteúdo, uma das poções que eu tinha feito, e a observou minuciosamente.

— Eu tenho um pouco de conhecimento de magia, mas esta brilha de verdade, isso eu consigo dizer. Definitivamente sinto que esse não é um medicamento comum. Vamos testar a poção que você tem primeiro, Fuze.

Para a minha grande surpresa, ele pretendia que Thegis removesse sua prótese de perna e testasse os efeitos da poção nela. Será que funcionaria em uma ferida tão antiga? Seria interessante de ver, na verdade.

Seguindo suas instruções, tentamos primeiro a Poção Superior no ferimento. Como esperado, não houve mudanças. Em seguida, minha poção artesanal. No momento em que a borrifamos, uma luz muito branca e brilhante cobriu o local, transformando-se em uma perna diante de nossos olhos. Provou, de uma vez por todas, que a idade de ferida não importava. Talvez uma Poção Completa pudesse ler informações de DNA do corpo ou algo assim para funcionar desse jeito. Fosse o que fosse, com certeza não era simples, mas, de qualquer forma, significava que eu tinha um medicamento que superava quase tudo que a ciência moderna de meu antigo mundo pudesse apresentar.

— Que…?! Minha… minha perna…?!

— Isso… isso é incrível…

— Meu deus. Você esteve guardando outro grande segredo, hein?

Os três me lançaram olhares de surpresa. Deixei rolar, principalmente para me vingar um pouco mais de Veryard, mas isso só serviu para prejudicar ainda mais a minha postura, talvez até a minha calma. Realmente, é por isso que dizem que quem fala demais se ferra. Eu esperava obter uma nova vantagem em nossas negociações, mas as coisas ficaram muito maiores do que isso.

 

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No final, concordamos em dizer que a perna de Thegis foi curada por um misterioso bispo de túnica que precisava de dinheiro para o resgate de um rei. Thegis com certeza não estava reclamando, isso o deixou sair de trás de sua mesa na filial e voltar às aventuras. Ele agradeceu profusamente a todos nós e disse que seguiria com a nossa historinha.

No que diz respeito ao meu discurso de vendas, Blumund concordou em comprar uma determinada quantidade de Poções Superiores regularmente. Eles também selecionariam certos comerciantes para espalhar notícias sobre este medicamento para as nações ocidentais. Ainda não estávamos produzindo grandes quantidades, então, esperançosamente, poderiam impedir o crescimento da clientela por algum tempo. Se os aventureiros começassem a ouvir as histórias e a visitar Blumund para descobrir mais, isso ajudaria a tornar Tempest ainda mais conhecida.

Por enquanto, eu só queria construir um nome confiável para nós mesmos. Apresentá-lo como um remédio feito por monstros não parecia uma boa propaganda para mim, mas uma vez que as pessoas vissem o que essas belezinhas podiam fazer por si mesmas, duvidei que esse preconceito as impediria de se tornarem clientes regulares. No momento, a prioridade era colocá-los em nossas mãos para verem quão útil as poções eram, tudo pessoalmente.

Então, agora tínhamos outra base regular de compra. Um bom primeiro passo, pensei. Eu realmente não queria ser hostil com os seres humanos; teria que me esforçar mais para conseguir construir relacionamentos amigáveis ​​com as outras nações humanas do mundo.

Era hora de dizer adeus a Fuze.

— Espero que você tome cuidado no caminho, Senhor Rimuru.

— Estou te dizendo, vou ficar bem. Apenas certifique-se de que ninguém entre naquela sala, certo?

— Não há nada para se preocupar. Você só pode acessá-la por meio do meu escritório, a câmara do gerente da filial.

Isso foi um alívio. Eu tinha um círculo de teletransporte de magiaço instalado “naquela sala”, com cerca de um metro de largura. Quando mostrei a Fuze, ele ficou todo animado.

— Teletransporte, sério mesmo …? — Ele ficou maravilhado. — Mas, então, acho que depois de tudo que aconteceu, nada deveria me surpreender mais, Senhor Rimuru…

Configurei o círculo para que as pessoas pudessem visitar Tempest sempre que quisessem. Tínhamos concordado com as bases do tratado, mas ainda não havíamos designado nenhum comerciante e, além disso, eu precisaria de uma maneira mais fácil de chegar ao Reino de Englesia. Portanto, pedi um quarto de Fuze emprestado para usar como um Portal de Distorção.

A propósito, devo ressaltar que uma vez que o Grande Sábio analisou a magia elemental do Portal de Distorção, ele organizou as coisas para que eu pudesse gerenciar vários pontos de entrada e saída de uma vez. Eu ainda precisava de um círculo mágico físico em cada local, mas agora podiam abrir caminhos para várias saídas de uma vez, o que era extremamente conveniente. No entanto, precisávamos ter certeza de que ninguém conseguiria roubar esses portais de magiaço… Esperançosamente, algum dia poderíamos encontrar uma maneira de eliminar essa preocupação. Não que eu contaria para esses caras se eu conseguisse.

Enquanto eu sonhava com futuros avanços na tecnologia de teletransporte, Fuze também estava se despedindo de Kabal.

— E vocês, mantenham o Senhor Rimuru seguro, certo, Kabal?

— Claro!

— Vejo que entendeu!

— A estrada para Englesia é bem segura. Vai ser muito tranquilo, não se preocupe!

— Não fiquem tão desleixados! — berrou Thegis novamente. — Estou disposto a perdoar seu comportamento, contanto que você mantenha o Senhor Rimuru em segurança. Não vou permitir que vocês fujam de seus deveres!

Sua nova perna o havia revigorado de várias maneiras. Ele voltou a ser tão forte quanto costumava ser, e sua presença parecia maior do que nunca. Mas ele não se aventuraria ainda, parece que concordou em se tornar o mago do palácio para o reino, embora ainda faria os testes de guilda até que encontrassem um substituto. Isso foi sugestão do Barão, sem dúvida, ele não queria manter ninguém que conhecesse seus segredos muito longe do seu alcance.

Então, eu tinha meus documentos da guilda, junto com um novo cliente. E não apenas isso, havia construído relações formais com uma das nações ocidentais, embora pequena. Não deixei a desejar em nada em termos de realizações quando deixei o Reino de Blumund para trás. Um bom começo, eu senti.

Em seguida, estava o Reino da Englesia, onde ficava a sede da Guilda Livre. Eu ainda tinha aquelas crianças dos meus sonhos em mente e queria reunir informações sobre Hinata Sakaguchi. Mas, antes disso, precisava tentar encontrar o mestre da guilda Yuuki Kagurazaka primeiro. Eu tinha meus documentos e uma carta de indicação, então acho que não teria nenhum problema.

Hora de voltar para a estrada.


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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