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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 02.3 – Convite do Rei Gazel

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Voltamos a conversar sobre os eventos recentes em nossos respectivos reinos, bem como o resultado das últimas pesquisas. Também ouvi sobre um evento planejado para o dia seguinte, no qual iríamos ante ao público e formalmente declararíamos relações amigáveis entre os nossos dois países.

Conforme a noite passava, o assunto mudou para o nosso uísque.

— Esta é uma bebida maravilhosa. Nunca provei nada tão forte antes. O que é isso, exatamente?

Agora tinha menos da metade do barril sobrando, o que eu provavelmente deveria ter esperado. Esta era uma bebida forte, e estávamos bebendo apenas com gelo, então um pouco de embriaguez naquele momento era inevitável.

— Se chama uísque. É feita destilando cerveja.

— Oh? O que é “destilar”?

— Bem, você é um pesquisador, então tenho certeza de que sabe que é o álcool em bebidas como essa que faz você se sentir bêbado. O álcool tem um ponto de ebulição menor do que a água, então se ferver um composto fermentado como a cerveja e recolher o vapor resultante, a bebida terá um alto teor alcoólico. Essa é a ação de destilar algo, basicamente.

Gazel acenou com a cabeça para a minha explicação.

— Entendo. Talvez aquele licor de alta qualidade feito por aquele estrangeiro tenha sido preparado da mesma forma.

— Um estrangeiro?!

Ooooh, isso soou como uma informação realmente útil. Eu adoraria conhecê-lo, se fôssemos do mesmo país.

— Sim. Na capital do Império, havia uma bebida criada por um estrangeiro que foi apresentada ao imperador. Parte dela foi posta à venda e, devido ao fornecimento limitado, está sendo negociada a preços exorbitantes. Parece que não pode ser feita em grandes quantidades; o mesmo se aplica a este uísque?

Ah, que azar. Eu queria dar uma olhada no Império Ocidental, mas eram um estado totalmente militarizado e controlavam suas fronteiras com rigor. Seria mais difícil fazer uma visita lá do que seria com as Nações Ocidentais. Além disso, eles ainda tinham uma força especializada e dedicada a matar monstros, sem levar em conta também os raros monstros lutadores no oeste, outra coisa com que eu teria que tomar cuidado. Não havia por que me apressar, melhor esperar pela oportunidade certa de conhecer este estrangeiro do Império.

Se eu tivesse que adivinhar, o estoque escasso era mais uma desculpa do que qualquer outra coisa. Talvez não tivessem instalações grandes o suficiente para a manufatura em massa, mas o dinheiro poderia muito bem cuidar desse problema. Provavelmente só restringiram a produção para valorizar o produto.

— Bem, este é um tipo de produto de luxo, então não podemos fazer em grandes quantidades. No entanto, não é um problema tecnológico, é mais um problema com a situação alimentar da minha nação. Lembra como sequer tínhamos cerveja para te oferecer na sua última visita? Finalmente terminamos de cultivar pequenas quantidades de trigo e cevada para isso. Vamos começar a fabricar cerveja para valer a partir do ano que vem, mas dependendo da quantidade de grãos colhidos, há um limite para o tanto que poderemos dedicar a uma destilação de alta qualidade como esta.

Então, como eu disse a eles, só poderíamos fazer o suficiente para nós mesmos.

— Ah, é mesmo? Realmente, nós também dependemos de Farmus ou do Império para grande parte da importação de alimentos.

— De fato. Nossa baixa autossuficiência alimentar é a única fraqueza do nosso reino.

— E você não pode usar o teletransporte mágico para enviar comida a longas distâncias, ao contrário de armas e armaduras. Você é forçado a depender de intermediários, como mercadores. É parcialmente por causa disso que nos tornamos uma cidade de livre comércio bem-sucedida, mas…

Hmm. Interessante, sua nação foi construída do zero, focada em autodefesa, mas produzir safras em larga escala não deve ser muito fácil em cavernas subterrâneas. Não era como se não recebessem luz solar, mas também não era adequado para a produção de alimentos. É por isso que decidiram superar esse obstáculo aprimorando sua tecnologia e incentivando a comercialização. Ser uma cidade de livre comércio estimula a parada de mais comerciantes, fortalece os laços econômicos com outros países e a torna um bem mais valioso para o mundo como um todo, daí o porquê de o Reino dos Anões ser uma força tão grande no mundo, atualmente. Eu adoraria aprender com isso e construir nossos próprios laços econômicos.

Mas algo mais sobre esse assunto me chamou a atenção.

— Ei, posso fazer uma pergunta?

— Hm?

— Quando você disse que não dá para usar magia para transportar comida…?

— Ah, sim, sobre isso…

Dolph explicou tudo no lugar do Rei Gazel. Como ele disse, a magia de teletransporte não era a solução para tudo; usá-la para transportar matéria orgânica poderia transformá-las, devido a todas as magículas às quais seriam expostas. Coisas como casacos de pele poderiam perder um pouco da qualidade, mas a comida seria transformada em algo totalmente incomestível. Gobta falou para mim que o Reino dos Anões tinha escritórios responsáveis pelo transporte; eu tinha esperanças de poder conseguir um pouco de ajuda para ver se poderiam ajudar com nossa própria logística. Ouvir sobre esse problema parecia um grande revés.

— Mas você pode transportar pessoas o dia todo com magia de teletransporte — acrescentei. Dolph e Vaughn rapidamente abordaram esse ponto.

— Exatamente. Jaine nos disse que o teletransporte funciona em princípios e níveis totalmente diferentes de consumo de força mágica. Ela mencionou isso durante uma conferência militar onde discutíamos métodos mais eficazes de transporte de tropas.

— Ha ha ha! Achei que seria ótimo se pudéssemos teletransportar uma divisão do exército diretamente para a retaguarda inimiga com magia. Mas, aparentemente, outra nação tentou isso uma vez e acabou matando vários milhares de soldados em um piscar de olhos. Era para ser uma manobra tática de última hora, mas acabou varrendo a nação do mapa.

— Calma aí! — berrou o Rei Gazel. —Você está bêbado? Essa é uma informação militar confidencial…!

— Ah! Eu… eu peço desculpas, Vossa Majestade!

— Sim, não deveria ter deixado escapar.

— Desculpe, desculpe. Esqueça isso.

— Normalmente, eu o colocaria em corte marcial por causa disso. Sinceramente…

As palavras do rei foram pesadas, mas seu comportamento não indicava que estava com raiva. Dolph e Vaughn, reconhecendo isso, apenas sorriram e se desculparam.

— Entendo, porém — arrisquei acrescentar —, suponho que teremos de construir nossas rotas comerciais à moda antiga. Também estamos nos encaminhando para conseguir importar frutas.

— Oh? Alguém além de nós tentou formar laços com você?

— Mais ou menos. Não é um reino de humanos, de qualquer forma.

— O que? Qual é o país, então?

— Até o momento apenas enviamos delegações, mas é o Reino Animal da…

— Não! Eurazania?!

— Ridículo! Aquele Mestre das Feras autoritário, interagindo pacificamente com outras nações?!

— Acho muito, muito difícil de acreditar…

Isso foi mais chocante do que eu esperava. Fiquei um pouco orgulhoso por surpreendê-los tanto assim. Dei um sorriso a eles, desfrutando disso.

— Oh, acredite! Tive a chance de me aproximar do Lorde Demônio Carillon. Ele meio que me devia um favor, então sugeri que formássemos alguns laços comerciais e ele concordou de bom grado. Então, enviamos delegações uns para os outros.

— Então, não apenas Millim, mas também com o Mestre das Feras, você…? Se isso for mentira, então você é o maior farsante do século. Mas…

— Não me parece uma.

— Se for assim, então Tempest repentinamente se tornou mais importante do que nunca. Você pode dominar o centro do comércio mundial em pouco tempo!

— Então, Rimuru, o que você pretende negociar?

Apesar da surpresa, o Rei Gazel e seus subordinados optaram por acreditar em mim. Suponho que analisaram os acontecimentos e decidiram que devia ser verdade. Os olhos de Gazel estavam de volta ao “modo rei”, procurando maneiras de sua nação se beneficiar com isso. Eu estava preparado para esse caso.

— Bem, eles têm um bom suprimento de frutas e outros produtos de luxo, condizentes com o país movido a magia que são, suponho. Muito diferente de uma nação como a nossa, ainda lutando para se alimentar. Só há frutas das florestas para manter nossos próprios pratos cheios. Se conseguirmos que essa negociação seja um sucesso, seremos capazes de destinar uma parte para a nossa fabricação de bebidas.

— Ah! Frutas? Você consegue destilá-las também?

— Claro que conseguimos. Shuna?

— Sim, Senhor Rimuru?

Bem na hora, Shuna ofereceu uma garrafa diferente, esta estava cheia com nosso escasso estoque secreto de conhaque de maçã.

— Experimente.

Ela distribuiu copos novos para todos – suas elegantes mãos enchendo cada um deles até a metade com um líquido transparente. Shion tinha ficado em silêncio por um tempo, totalmente focada em beber. Fiquei um pouco preocupado com ela.

— Hohh! Que mistura de cheiros doce é essa?

O cheiro era mais espesso e suave do que o uísque de antes. O rei Gazel imediatamente ficou apaixonado por ele, deixando apenas algumas gotas caírem sobre sua língua para prová-lo antes de continuar.

— Não consigo acreditar. É ainda melhor do que aquela bebida do Império que mencionei…

Ele bebeu um pouco daquilo?! Resisti à vontade de perguntar. Ao contrário da bebida do meu outro mundo, eu tinha as habilidades de Analisar e Avaliar do Sábio para me ajudar a criar o melhor processo de destilação possível. Depois de destilada, foi envelhecida em barris feitos da madeira das árvores mágicas colhidas na vila dos entes, garantindo que todas as melhores características dos ingredientes originais fossem amadurecidas ao máximo. Em outras palavras, manter os sabores latentes, ao mesmo tempo que transmitia os aromas do próprio barril, assim criando uma harmonia perfeita que só aprofundava o sabor final.

O resultado foi este licor transparente, o envelhecimento não deu um tom âmbar semelhante ao do uísque; o processo fez com que permanecesse cristalino. Embora o âmbar desse uma aparência mais chique ao licor, isso era meramente uma questão de preferência pessoal. Este tinha um gosto muito melhor. Se eu tivesse começado do zero, teria que passar anos vasculhando e selecionando os melhores ingredientes. Em vez disso, depender das minhas habilidades mágicas parecia um pouco como trapaça, mas ninguém poderia dizer que o produto final saiu ruim.

— Espero que suas negociações com ele tenham sucesso — sussurrou o Rei Gazel para mim. Eu conseguia perceber uma onda de emoções por trás dessa declaração. Dolph e Vaughn concordaram, animados, todos deviam ter gostado muito daquele conhaque.

De repente, Shion se levantou.

— Não precisa se preocupar com isso! — gritou ela. — Senhor Rimuru com certeza resolverá nossos problemas. Hoje em dia já temos um monte de comidas deliciosas diferentes em nossas mesas. Ter uma boa bebida acompanhando é apenas uma questão de tempo! — Ela falou enquanto esvaziava o copo, logo voltando a se sentar e caindo em um sono agradável e prazeroso.

— …

Fiquei completamente sem palavras. “Agora você vai me fazer lidar com tudo  isso?” Eu queria gritar isso para ela, mas ela já estava longe, na terra dos sonhos. É sempre você não é, Shion? Nossa. Ainda assim, foi estranho. Sempre que Shion depositava sua confiança em mim, eu sentia que poderia fazer qualquer coisa. Eu reclamo e faço birra sobre isso, mas sempre tento realizar os desejos dela.

— Bem — desabafei —, se é isso que Shion espera de mim, acho que farei o meu melhor.

 

 

 

 

— Hee hee! Ouvir isso é reconfortante — disse Gazel. — Não esperava nada menos de um aluno de Hakuro como você, Rimuru. Espero que você seja generoso quando a hora chegar.

Hakuro não tem nada a ver com isso, cara. E eu sei que concordei prontamente, mas o Reino das Feras da Eurazania não era exatamente nosso vizinho. Talvez pudéssemos fazer um novo caminho, mas uma estrada pavimentada estava fora de questão por um tempo.

— Primeiro precisamos construir algum tipo de via de transporte.

— Ah, sobre isso… O trabalho árduo que sua equipe tem feito é nada menos que surpreendente. Trabalham várias vezes mais rápido do que o melhor dos nossos corpos de engenheiros, e vê-los construindo uma estrada é tão impressionante que me arrepia.

— Sim, também estou muito admirado.

— Mas tem certeza de que está contente com isso? Não estamos fornecendo suporte algum. Eu não esperava que você construísse uma rodovia tão boa para nós…

— Ei, não se preocupe com isso. Foi o que prometemos. E, na verdade, tenho outra oferta, se estiver disposto a pensar nisso daqui para frente…

Mostrei a ele um sorriso satisfeito.

Passo um, deixe seu parceiro de negócios de bom humor. Passo dois, prossiga para o problema principal. Tudo de acordo com o plano. Agora era a hora de vendermos nossas Poções Inferiores ao rei e procurar por um ou dois médicos. Esses eram meus dois maiores objetivos. O resultado: um sucesso completo, já que ele me prometeu que iria pensar em ambas as ofertas.

 

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Passada a noite, era o grande dia do nosso pacto amistoso de relações entre nossos dois países.

Eu me sentia bem, é claro, mas o Rei Gazel parecia totalmente afetado devido a todo aquele uísque que bebeu. Dolph, por outro lado, estava parecendo um pouco enjoado, e ouvi que Vaughn ainda estava dormindo em seu quarto. Ele não era um paladino almirante na força de Dwargon? Ele poderia se safar dessa? Criticar como eles fazem as coisas em países estrangeiros não era minha função, mas isso era um pouco estranho.

Gazel sussurrou para mim continuar sorrindo, então continuei. A cerimônia começou e prosseguia, e enquanto eu estava nervoso o tempo todo, nada de terrível aconteceu. Não antes do final, quando era esperado que eu dissesse algumas palavras.

Fiquei repetindo o discurso em minha cabeça antes de chegar a minha vez. Rigurd e Kaijin me deram um feedback antes de eu sair, então, após várias reescritas, eu o memorizei. Consigo fazer isso! Vamos arrasar!

Após alguns minutos, o Rei Gazel terminou. Eu estava na minha forma de slime, e Shion me ergueu aos céus em frente ao púlpito.

— Hmm, olá pessoal. Eu sou Rimuru Tempest, lorde e governante da Federação de Jura Tempest, ou apenas Tempest, para abreviar. Sendo honesto, sou, como podem ver, um slime, e na verdade nasci recentemente. Depois de muitos acontecimentos e reviravoltas, vim a conhecer e promover um relacionamento próximo com Yohm, o campeão. Quando o lorde orc ameaçou conquistar a Floresta de Jura, nós dois trabalhamos juntos para derrotá-lo. Aqui, nesta terra maravilhosa chamada de Reino Armado de Dwargon, homens e monstros trabalham juntos para criar o que é verdadeiramente uma coexistência ideal e próspera. É um objetivo que desejo perseguir para nós mesmos, enquanto tentamos construir uma nação na Floresta de Jura que sirva como uma ponte entre as raças de humanos e monstros. O Rei Gazel aprovou o meu sonho, algo pelo que não posso nem agradecer o suficiente. No futuro, quero manter o relacionamento mutuamente benéfico que temos. Para isso, precisaremos da ajuda de cada um de vocês. Há muitos monstros em minha nação, inclusive eu. Na verdade, seria justo nos considerarmos uma terra de monstros. No entanto, no nosso interior, não somos diferentes de nenhum de vocês. Em vez de nos temer como monstros, espero que nos aceitem como novos amigos. Juro a vocês que tudo que eu disse é a verdade nua e crua e, com isso, concluo meu discurso.

Foi curto, mas coloquei o máximo de emoções que pude, esperando que atingisse os corações do povo de Dwargon. Eu estava tentando ser honesto; não era como se fosse capaz de falar um monte de besteiras em um discurso como este. Eu também não esqueci de casualmente ressaltar meu relacionamento com Yohm, que estava começando a se tornar uma lenda em seu próprio tempo.

Para mim o discurso foi muito bom…, mas depois o Rei Gazel ainda me deu uma grande bronca sobre isso. Falou que foi muito curto, muito modesto e tinha apelo emocional demais. Para ele, foi um zero quase perfeito, mas não é como se eu fosse receber um bom feedback de Gazel, como foi com Rigurd ou Kaijin. Vou deixar essa vez de lado e resolver as coisas mais seriamente da próxima.

Um líder era alguém que governava seu país; portanto não era aconselhável que se depreciasse em público, ao que parecia. Isso era ainda mais aplicável quando se dirigia a um público estrangeiro, uma vez que poderia fazer com que o considerassem fraco.

No entanto, o mais importante de tudo era governar uma nação sob o conceito de “Não seria bom se…?”, mas foi estritamente proibido. Como Gazel disse: “Não vou pedir que você não tenha grandes expectativas de seu povo. Mas se você falar assim, como poderia culpá-los se eles decidissem o trair mais tarde? Um líder é tratado como um líder porque ele lidera. Ele seria totalmente inadequado para o governo se não pudesse nem fazer o que fala. Acontecimentos verdadeiramente maravilhosos não virão simplesmente correndo até você.”

Suponho que esse conselho foi de coração; ele nunca precisaria dizer o contrário. Aceitei com o maior prazer. Eu tinha vivido totalmente fora do reino da política, mas agora tinha,de uma forma ou outra, me tornado o chefe de uma nação. Eu tive que parar de chorar sobre as coisas e começar a fazê-las.

De certa forma, construir esse tipo de relacionamento com o Rei Gazel, onde ele cuida de mim assim… eu poderia ter pedido por um golpe de sorte melhor? Eu queria aproveitar essa sorte o máximo possível, não importando o quanto dos nossos interesses pessoais estivessem envolvidos.

 

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Com o fim do discurso, não havia mais nenhum evento importante em Dwargon. Além de algumas reuniões casuais, eu dedicaria os próximos dias ao turismo e coisas do gênero.

Dolph estaria nos guiando. Ele chefiava os Cavaleiros Pégasos, mas esse trabalho era secreto; oficialmente, liderava os funcionários públicos que preenchiam a burocracia do governo, o que significava que era o assistente do Rei Gazel.

— Então há algum lugar que você queira ver? Terei o maior prazer em atender os seus pedidos com o melhor das minhas capacidades.

Eu não me segurei. Queria verificar todas as instalações de Dwargon que pudessem me ensinar algo para melhorar as condições de casa. Felizmente, Dolph organizou tudo e passamos vários dias visitando todos os locais mais famosos do Reino dos Anões. Oficinas de produção, instalações de transporte em larga escala, até mesmo instalações de purificação de ar em cavernas. Eu tinha certeza de que muito disso depois seria mais útil para nós, especialmente as instalações de ar e tal. Eu definitivamente queria conseguir algo assim para Vester e o resto da equipe conduzindo pesquisas no subsolo.

— Mas não é permitido que pessoas comuns entrem aqui, é? — perguntei a Dolph.

— Ha ha ha! Normalmente não, mas nós temos um acordo de compartilhamento de tecnologias. Você já sabe de coisas ainda mais secretas que isso; não adianta esconder mais nada.

Isso foi um alívio. Também mostrou exatamente o quanto Gazel confiava em mim.

Terminamos a maior parte do passeio nos próximos dias. Mas, é claro, havia um lugar no Reino dos Anões que eu nunca deixaria de ir. Isso mesmo, o Borboleta Noturna.

Ah, diversões da noite! Fui rudemente interrompido por um Vester muito agitado da última vez que fiz uma visita, mas dessa vez não precisaria me preocupar.

— Gobta.

— Sim, senhor!

— Tem certeza de que está totalmente preparado?

— Claro, senhor!

— Bem, então… nesse caso, devemos ir para o lugar que prometi a você?

— Ooh, finalmente, senhor! Mal posso esperar!

Nós sorrimos e rimos um do outro.

Gobta e eu havíamos discutido as coisas a serem preparadas. Eu iria dormir cedo, usar a Replicação para deixar uma versão de mim mesmo lá, depois voltar para me encontrar com Gobta para que pudéssemos ir ao clube juntos. Kaijin e os outros sabiam dos nossos planos e nos encontrariam lá. Não havia necessidade de se preocupar com visitantes indesejados, já que tínhamos reservado o lugar inteiro só para nós nesta noite. Eu estava cobrindo todas as despesas; estive economizando para isso e ainda tinha um pouco do ouro da última vez, então duvidei que ficaria duro.

Eu ia arrasar.

Digo, eu não estava esperando muito, mas Gobta e o resto da equipe estavam tão empolgados que não queria que nenhum problema aparecesse. Eu estava… acompanhando, é isso! Uma consciência adulta para o resto da tripulação. Convencido de que isso era verdade, esperei pela noite.

Quando a hora finalmente chegou, eu me esgueirei para fora do meu quarto, meu dublê já estava na cama e eu sabia o que Shuna e Shion estavam fazendo. Elas, é claro, eram os meus maiores obstáculos para aproveitar a minha noite. Shion estava envolvida em algum tipo de treinamento noturno com Dolph e Vaughn, com quem se deu bem, e, felizmente, a sessão foi programada para durar exatamente o mesmo tempo que a nossa reserva no Borboleta. Shuna, por sua vez, estava se reunindo com os cozinheiros do palácio para organizar o banquete de despedida da noite seguinte.

Deus realmente nos abençoou com o momento perfeito. Sem esta oportunidade, eu nunca teria um momento para mim. Não era de se admirar que eu estivesse tão ansioso pela noite.

— Gobta, você está aí? — sussurrei.

— Sim, senhor! Bem aqui, senhor! — sussurrou ele de volta.

Acenei para ele com a cabeça, trotando enquanto caminhávamos.

— Com certeza vai ser divertido, hein? — Gobta perguntou pela milionésima vez. Ele realmente estava ansioso por isso; me importunando para ir lá por muito tempo. Ele provavelmente não poderia estar mais feliz, como o seu enorme sorriso sugeria.

Com os preparativos totalmente concluídos, seguimos o familiar caminho para o clube sem nos perder. No momento em que abrimos a porta, fomos ansiosamente saudados.

— Oh! Olá! É o próprio grande slime! Ei, pessoal, ele está aqui!

— Boa noite!!

— Eeeeeee! Estive esperando por você faz muito tempo!

— Espere! Eu tenho que segurá-lo dessa vez!

— O que?! Desde quando temos uma regra dessas?

— Bem-vindo de volta! — gritou a proprietária. — Está tudo bem com você?

— Pode apostar, senhor! E como todos vocês estão?

Opa. Deixei o Gobta escapar um pouco.

— Ah, estamos bem! O resto dos seus amigos já estão aqui.

Tínhamos todo o lugar só para nós, então meus “amigos” significavam Kaijin e os anões. Fomos levados para dentro, nós os vimos no salão principal, cada um animado com uma companheira.

— Rimuru! Ei, chefe, este lugar é incrível!

— Sim, obrigado por também me convidar hoje, Senhor Rimuru!

— Por que eu não teria, Kaido? Você tem me ajudado muito, pelo menos me deixe pagar isso para você. Iremos embora daqui em dois dias, e provavelmente você também não verá Kaijin com muita frequência depois disso. Então vamos relaxar e bater um papo, combinado?

— Parece bom para mim!

— Hah! O que você é, um louco? Um clube desses e você querendo bater um papo com outros caras? Pelo amor, temos todas essas belas damas aqui, vamos nos divertir também!

— Isso, Kaido! Kaijin está certo!

— Beleza. Esta noite trouxe alguns colares que fiz para vocês, senhoritas, como lembrança. Peguem os que gostarem mais!

— …!!

Era bom ver o Kaijin sendo ele mesmo. Os três irmãos também pareciam estar se divertindo bastante. Mas, ei, Dold, quando você fez esses colares para essas senhoritas? Está tentando conseguir uns pontos com elas? Eu não posso tirar meus olhos desse cara por um único momento.

— Ei! Não é justo! Você está tentando sair na frente da gente!

— O que? Este é um campo de batalha, cara. Só os fortes sobrevivem!

Foi uma maneira incrivelmente legal do Dold se defender da acusação, embora todos reajam de forma diferente. As mulheres pareciam ter gostado dos presentes, então as táticas dele com certeza foram superiores nesta noite.

No momento, eu estava sobre os joelhos da proprietária, com uma familiar sensação dos seus peitos me pressionando. Sim. É isso. É isso! É para isso que os homens vagam por extensas terras devastadas, por esse oásis, esse santuário fugaz.

Isso me encheu com uma emoção tão profunda que eu ofereci uma bebida a ela. O clube tinha todos os produtos que se esperava que um lugar como este tivesse, como cerveja, vinho, leite, frutas variadas, mas eu tinha uma leve suspeita de que estariam nos oferecendo seleções melhores, tais como uísque e conhaque.

— Ooh, o que é isso?

— Ah, uma nova bebida que estamos planejando produzir. Vamos oferecer um estoque ao Rei Gazel, mas também vamos deixar que vocês tenham um pouco, então ofereça aos seus clientes e veja o que eles acham. Eu adoraria ouvir qualquer comentário que você ouvir a respeito.

— Nossa! Tem certeza de que está tudo bem?

— Oh, sem problemas. Não conseguimos produzir muito, então não é o tipo de coisa que podemos aumentar a produção por dinheiro. Talvez você pudesse encher um copo disso para oferecer aos seus clientes e ver o quanto estão dispostos a pagar depois? Eu gostaria de fazer um teste de marketing.

— Bem, você não é um patife astuto, Senhor Slime! Eu não consigo acreditar que este é o mesmo slime que fez aquele discurso sério na praça principal!

A proprietária sorriu calorosamente e riu. Perceber que ela estava na plateia me encheu de vergonha. E eu ali pensando que ela estaria dormindo durante o dia, já que trabalha durante a noite.

— Sim, bem, aquilo… foi meio que uma atuação, sabe? Eu provavelmente parecia um completo amador, não é?

— Hee hee hee! Vamos só continuar com isso. — Ela riu da minha timidez. — Mas, sabe, eu realmente gostei! Você parecia muito sincero. Esse é o tipo de coisa que atrai as pessoas, eu acho. Nesse aspecto, você foi perfeito. Eu estava, tipo, “posso confiar completamente nesse slime!” E eu adoraria ver uma nação como essa, com pessoas e monstros vivendo em harmonia.

Isso me deixou feliz. Agora eu sabia que havia alguém por aí que levava meu discurso sincero a sério, e não apenas ria como se fosse uma ilusão.

— Bem, obrigado.

No entanto, eu só consegui responder assim.

A noite foi agradável para todos no clube. Gobta estava nervoso no início, mas todos começaram a incentivá-lo a fazer acrobacias para entretenimento. As senhoritas o tinham na palma da mão, mas ele parecia estar gostando disso, então eu não fiz nenhuma intervenção. Logo nosso horário reservado estaria acabando.

— Bem, em breve vai ser a hora de partir.

— Sim. Eu não gostaria de incomodar essas meninas a noite toda.

— Oh, você não é um incômodo!

— Aww, vocês já estão indo?

— Ha ha ha! Desculpe, senhorita! Eu prometo que voltaremos!

Eu estava relutando em ir; ainda assim, tinha que voltar. Meu dublê ainda estava lá, mas se elas descobrissem isso, eu estaria ferrado. Kaido havia limpado a casa em que Kaijin e os anões moravam, então iriam passar a noite lá. Ela estaria pronta para ser usada quando voltassem. Enquanto isso, Gobta e eu estávamos voltando para nossos quartos no palácio.

— Agora, ouçam, rapazes, se certifiquem de que ninguém os vejam no caminho de volta para casa, certo? O que aconteceu esta noite é nosso segredinho!

Não adiantava insistir mais no assunto, mas mesmo assim eu fiz isso. Apenas para ter certeza de que todos nós estávamos cientes de que não poderíamos ser descobertos. Mas, então, um dos hob-gobs sentados do outro lado da sala falou:

— Oh? Hm, a Senhorita Shuna me perguntou aonde eu estava indo, então eu contei tudo a ela, senhor, mas…

O quê?!

O resto do grupo olhou para ele. Gobta estava pálido e suando frio, e o resto de sua equipe não conseguiu esconder sua agitação.

— Ei, ei, ei, você contou tudo a ela?

— Sério?! Gobzo, o que você fez?!

 

 

 

 

— Isso, hm. Caramba.

— B-Bem, Chefe — disse Kaijin, já sóbrio feito pedra —, nós, hm, vamos para casa. Boa sorte hoje e, sabe, com a Shuna e as outras coisas…

Ele foi para a porta com os outros anões, nos deixando para pagar o pato.

— Gobtaaaaaaaaaaaaaa!! Que tipo de treinamento você tem dado a esses idiotas?!

— M-Me desculpe, senhor!

Com lágrimas nos olhos, Gobta se desculpou profundamente. Mas esse não era o tipo de problema que soluços poderiam resolver, e perder a paciência ajudaria ainda menos.

Então eu ouvi.

— Parece que você está se divertindo essa noite.

— Você demorou muito para voltar, viemos buscá-lo, Senhor Rimuru!

A voz fria de Shuna e a ressentida de Shion.

Está tudo acabado. Os anões se sentaram humildemente no chão, se preparando para o fim. Eles não conseguiram escapar a tempo.

Hora de desistir de toda resistência, suponho.

— N-Nós sentimos muito!!

— Hmm? Não há nada para se desculpar.

— Isso mesmo. Certamente não estamos zangadas por você não nos convidar!

Seu ódio dessa vez era profundo. E, assim, como talvez em muitas noites no Borboleta Noturna, a nossa terminou com gente chorando e se desculpando com as mulheres mais assustadoras do mundo.

 

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Gobzo, um dos Cavaleiros Goblins sob o comando de Gobta, colocou todos nós em uma fria. Eu achava que Gobta já era uma causa perdida, mas Gobzo era ainda pior. Melhor ficar de olho nele

No dia seguinte, depois de encerrar nosso último banquete de jantar, fui chamado à câmera real do Rei Gazel.

— Rimuru — disse ele, — decidi aceitar a sua oferta.

Ele me entregou uma pilha de documentos descrevendo uma possível transferência de equipe médica para a nossa cidade.

— Este é apenas um rascunho, então eu gostaria de saber o quanto você está disposto a aceitar, o mais rápido possível.

— Tudo bem. Vou levar isso para casa e discutir com a minha equipe.

Felizmente, para nós, ele parecia disposto a aceitar a minha proposta inicial. Foi uma ótima maneira de terminar nossa estadia em Dwargon, sem considerar nossa jornada.

 

 

 

 

 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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