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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 02.2 – Convite do Rei Gazel

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Seguimos pela larga rua enquanto Kaido nos guiava até o palácio. Ele não se juntaria a nós lá dentro.

— Até daqui a pouco, irmão.

— Ok! Te vejo depois.

Os dois irmãos se despediram e Kaido me saudou antes de partir. Assumindo a liderança de Kaido estava Dolph, capitão dos Cavaleiros Pégasos, vestido com seu traje mais extravagante. Ele estava vestindo um uniforme de oficial civil, mas provavelmente era tudo fachada. Os Cavaleiros que ele liderava eram uma equipe especial que reportavam diretamente ao rei, e se eu não o reconhecesse pela roupa, definitivamente reconheceria pelos olhos penetrantes.

— É bom vê-lo novamente, Senhor Rimuru. Fico feliz em te ver com boa saúde — disse ele em saudação, com um sorriso suavizando seu rosto pétreo.

— Digo o mesmo para você, Senhor Dolph. Obrigado por me convidar hoje.

— Senhor? Ah ha ha! Não precisa me chamar assim! Estou aqui apenas para guiá-lo até Sua Majestade. Mas, antes disso…

Dolph fez um sinal para os seus homens. A maioria pareciam ser burocratas, mas eu localizei alguns Cavaleiros Pégasos entre eles.

— Minhas desculpas, mas posso pedir para guardar suas armas durante sua visita?

— Ah, com certeza.

Balancei a cabeça enquanto entregava a ele a espada reta pendurada no meu quadril. Ele aceitou educadamente e a colocou em uma caixa de armazenamento. Shuna entregou a ele um leque dobrável feito de magiaço1Magiaço é o material extraído do Núcleo Mágico bruto. A quantidade de magiaço que pode ser extraída do núcleo é de apenas 3~5%., que eu não tinha certeza se era uma arma em si, embora com certeza não fosse um leque normal.

Shion também removeu sua espada longa, mas em vez de entregá-la, apenas olhou para o funcionário que a atendia.

— Esta é a Goriki-maru. Isso é extremamente valioso, trate rudemente e irá pagar caro — disse ela, dando à arma um olhar terno em vez de acariciá-la contra seu rosto. Depois de dizer tudo que queria, entregou.

Quão importante isso é para ela? Fiquei pensando. Nossa, dando um nome e tudo mais, com certeza ama bastante. O funcionário se esforçou para segurar firmemente a espada. Se ele a tivesse deixado cair, Shion enlouqueceria. Achei que ele era um Cavaleiro Pégaso disfarçado, porque uma pessoa não conseguiria carregar aquela coisa por aí.

A entrega das armas foi bem tranquila para nós, mas não foi assim para os hob-goblins. Gobta e sua equipe usavam armaduras e, por isso, tiveram que ser escoltados para fora da câmara para se trocarem.

— Vejo vocês mais tarde.

— Entendido, senhor!

Gobta não entraria na sala de recepção do rei, de qualquer maneira. Nosso contingente de guarda estaria esperando na frente, na sala ao lado. Seríamos apenas nós e os atendentes do rei lá, e eu estava de acordo com isso. Fiquei muito feliz por terem deixado Shuna e Shion entrarem como funcionárias do meu governo. Shion era a minha secretária, mas a maneira como ela parecia e agia era extremamente militarizada. Se decidissem que só eu poderia entrar, eu sabia que ela gritaria e demandaria um monte de coisas. Ainda bem que os anões tinham a mente aberta para isso.

Uma vez que tudo estava resolvido, Dolph nos acompanhou até o interior do palácio real. Fomos diretos para a masmorra que visitei da última vez, então usei meu tempo para ficar embasbacado enquanto avançávamos. Sentido Mágico era conveniente para momentos como este. Isso me possibilitou olhar em volta sem ter que girar minha cabeça por todo o lugar, permitindo-me manter um (espero) ar de autoridade real ao longo do caminho.

Assim, seguimos o longo corredor antes de chegarmos a uma grande porta de aparência ostentosa.

— Sua Majestade, Rimuru — gritou um dos guardas quando a abriu por dentro —, soberano da Federação de Jura Tempest!

— Siga-me — disse uma subordinada anã enquanto se aproximava. — Rei Gazel está esperando por você.

Este foi o fim das funções de Dolph, então ele me saudou e se posicionou ao lado da porta. Tudo era muito formal para mim. Havia tantas pequenas regras que eu não tive a chance de aprender que fiquei ansioso com a possibilidade de fazer alguma coisa errada.

— Que bom ver você de novo, Rimuru!

Mas eu não deveria ter me preocupado, porque uma vez que Gazel falou comigo, as coisas começaram a progredir tão rápido que não tive tempo para pensar.

Me sentei em uma cadeira que me foi oferecida, de frente para o rei, enquanto Shuna fazia uma saudação formal. Eu ainda podia sentir o nervosismo quando ela entregou a um funcionário real uma lista dos presentes que havíamos trazido. Cara, a Shuna é demais!

Eu não tinha absolutamente nenhuma ideia do que deveria estar fazendo ali, então apenas permaneci sentado, sorrindo, como combinamos antes. “Apenas fique relaxado, no controle” sugeriu ela, “e eu encontrarei uma maneira de cuidar do resto”.

Eu confiava nela para fazer isso, então continuei sentado, tentando parecer o mais elegante e calmo possível. Shuna estava fazendo todo o trabalho pesado, com certeza era uma princesa ogra, e demonstrou uma imponência e dignidade que eu não pude deixar de admirar.

As trocas iniciais pareciam durar uma eternidade, mas, na verdade, não duraram muito. Eu estava muito fora de mim para prestar atenção ao que estava sendo dito. Imaginei que o Grande Sábio estava memorizando tudo automaticamente para mim, então depois poderia entender tudo.

Logo, Shuna e os funcionários encerraram as discussões. Parecia que estavam preparando um jantar real em nossa homenagem nesta noite. Disseram que leva vários dias para se preparar esse tipo de evento; eu estava feliz por não estarmos atrasados.

Tínhamos algum tempo antes do anoitecer, e aproveitaram a oportunidade para nos mostrar nossos quartos, imaginando que estaríamos cansados da viagem. Só então me atrevi a soltar um suspiro de alívio.

— Oh, cara, eu estava uma pilha de nervos.

— Hee hee hee hee! Sério? Você me parecia muito respeitável, Senhor Rimuru.

— Oh, com certeza, era uma figura maravilhosa na câmera real. Fiquei admirada.

— No entanto, acredito que Shion poderia receber mais instruções de como se portar como uma secretária…

— Hee hee! Nossa, Shuna, pegando pesado nas brincadeiras, né?

— Eu não estava brincando…

Ouvir Shuna e Shion agirem como sempre me ajudou a me acalmar um pouco.

— Sim, bem, estou feliz que estejam nos tratando como realeza e tudo mais, mas eu realmente espero não ter que passar por isso novamente.

— Temo que você terá que se acostumar com isso, Senhor Rimuru. Não tenho dúvida que mais situações como essas chegarão no futuro.

— Talvez, sim. Conforme você constrói seu poder político e militar, pequenas questões como essas serão inevitáveis.

Espere um segundo, Shion. Eu não estava pensando nisso como algum tipo de dominação mundial; não sei de onde ela tirou essa ideia. Se possível, eu só queria me dar bem com os meus vizinhos.

— Hm, só para esclarecer, eu não estou tentando dominar o mundo, sabe?

— O quê? Você não está…?

A surpresa óbvia da Shion foi um choque para mim.

— Isso foi o que ele disse desde o início — comentou Shuna com um suspiro. Pelo menos ninguém mais estava trabalhando com essa suposição.

Nossas brincadeiras continuaram assim até a hora do banquete.

A equipe de Gobta estaria em outra sala, comendo separadamente, e depois de se encontrar com o Rei Gazel, Kaijin, Garm e os outros anões pediram permissão para visitar seus antigos locais de trabalho; sem dúvida, estavam visitando amigos e familiares. Portanto, estávamos apenas eu, Shuna e Shion presentes com o rei. Eu estava um pouco nervoso com a companhia de Shion, mas o jantar terminou sem intercorrências.

— Agora — perguntou Gazel suavemente —, você tem um pouco de tempo livre depois do jantar?

Balancei a cabeça.

— Bom — disse ele.

Eventos como esse não eram lugar para uma conversa franca. Eram todos acompanhados de um monte de gentilezas trocadas de um lado para o outro. Seria difícil falar a verdade com todos os elogios e discursos indiretos que a atmosfera exigia. Ninguém queria falar e prometer o que não deveria, isso naturalmente limitava um pouco os tópicos de discussão. No meu caso, também, estava tão focado nos maneirismos do Rei Gazel e em minhas próprias maneiras à mesa que não havia espaço em meu cérebro para pensar em nada disso. O rei devia ter notado, e foi por isso que ofereceu um tempo a mais para conversarmos confidencialmente.

Quando fomos para outro cômodo, finalmente fui capaz de relaxar.

— A comida estava boa — disse Shuna —, mas com certeza não tive muito tempo para saboreá-la.

— Oh, não? Fiquei bastante satisfeita! Prepararam tantas coisas diferentes…

— Acho que Shion poderia aprender algumas maneiras. Ela deveria seguir seu exemplo.

— Oh, talvez, mas acho que não tem problema. Com boas maneiras, contanto que não esteja ofendendo alguém, isso realmente não importa.

Afinal, a etiqueta muda a cada situação. Algo completamente errado em um cenário poderia ser completamente aceitável em outro. Eu não via a necessidade de tentar memorizar tudo. Um ótimo exemplo é que em Tempest, onde ainda estamos nos esforçando para melhorar nossa situação alimentar, é considerado falta de educação deixar qualquer parte da comida sobrando. Essa foi uma regra que eu instaurei, sem dúvida devido à minha experiência como japonês, mas que se aplicava apenas a nós, não ao resto do mundo. Esse tipo de coisa muda de nação para nação. Outros países viam a virtude em fornecer a experiência mais extravagante possível para os visitantes; ouvi dizer que, em alguns, deixar um pouco de comida sobrando era visto como um gesto simpático, um símbolo de que você foi tão bem cuidado que não poderia comer mais nada. Algumas pessoas também faziam isso na minha vida anterior, por isso me pareceu bastante aceitável.

Felizmente, o Reino dos Anões era parecido com Tempest nesse aspecto. Vester havia me ensinado isso de antemão, e descobri que o conselho que ele deu foi certeiro. Suas instruções cobriam de tudo, desde cumprimentos educados a maneiras adequadas na corte real. Mesmo assim, fiquei tão ansioso com a presença do rei que quase sempre copiava tudo o que ele fazia. Felizmente, essa experiência deixaria a próxima vez mais confortável. Shion também estava igual, mas ambos nos comportamos acima do esperado para nós, então não houve problema.

Mas nós certamente acabamos por devorar tudo pela frente.

— Estava tudo tão bom — disse Shion. — Simplesmente não consegui evitar…

— Ahh, não precisa se preocupar. Tenho certeza de que os cozinheiros prefeririam isso a ver qualquer sobra.

— Você está mimando muito ela — disse Shuna com um olhar alegre.

Depois de mais alguns minutos:

— Sinto muito por te fazer esperar.

O Rei Gazel chegou pronto para uma discussão honesta sobre as questões mais importantes que nossos dois países enfrentavam.

 

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O rei e eu estávamos sentados em duas cadeiras acolchoadas, frente a frente. Vaughn e Dolph ficaram de guarda atrás dele, Shion estava atrás de mim e Shuna foi buscar algumas bebidas.

Ele estava agindo muito mais informal do que antes, o que era um alívio. Assim seria muito mais fácil conversar sobre essas coisas. Agradeci o banquete e ele me respondeu com uma gargalhada.

— Ha ha ha ha! Você provavelmente estava tão nervoso que mal conseguia sentir o gosto do que estava comendo, não é? Deixe-me dizer uma coisa: a diplomacia é apenas um grande blefe. Se você agir assim, não reclame se as pessoas acharem que têm o direito de te atropelar.

— Você diz isso, mas Vester me deu seu selo pessoal de aprovação.

— Hmph. Por mais nervoso que ele seja, tenho certeza de que estava simplesmente pegando leve com o mestre que serve.

O rei estava me criticando muito, mas isso só me deixou mais confortável.

— Bem, farei melhor da próxima vez.

— Heh heh heh… Também fico muito mais confortável empunhando uma espada do que ficando nesse tipo de negociação.

Como ele disse, Gazel desejava nada mais do que a liberdade de vagar livremente e sem rumo pela terra. Talvez pudesse, se seu pai não tivesse morrido de forma tão inesperada. Mas antes que a atmosfera ficasse sombria, ele mudou de assunto.

— Então, vamos ao que interessa?

Eu concordei.

— Certamente. Em primeiro lugar, obrigado por perdoar Kaijin e os outros. Sei que eles também apreciaram muito esse gesto.

— Hah! Essa foi a melhor maneira de ganhar a aprovação dos membros do meu gabinete. Eu planejava perdoá-los desde o início. Além disso, com alguém tão estranho quanto você envolvido, eu não queria que você perambulasse pelo meu reino tão livremente — admitiu ele timidamente com um sorriso.

— Uau, essa é uma maneira muito cruel de me descrever. Claro, eu pensaria o mesmo, mas…

— Pensaria?

Nós nos encaramos e sorrimos.

— Realmente foi uma decisão difícil para mim, sabe. Expulsar Kaijin e Garm foi de partir o coração. Pelo menos estou feliz de essa ter provado ser a resposta correta.

— Sim, eles realmente estão trabalhando duro para mim. Temos um constante estoque de armaduras graças a Garm, e Dold e Mildo são de grande ajuda em nossos esforços de construção. E Kajin está lidando com todos os tipos de coisas que eu não conseguia, agora somos capazes de funcionar como um grupo organizado.

— É mesmo…? Bem, então talvez tudo isso tenha sido para o melhor. Achei que seria mais adequado para eles praticarem suas habilidades em um ambiente mais livre, em vez de labutar na obscuridade daqui. Falando nisso, como está Vester? Ele não veio com você?

— Bem, eu o convidei, mas ele recusou. Ele estava todo “Oh, agradeço o convite, mas nunca poderia mostrar meu rosto ao Rei Gazel antes de oferecer a ele alguma realização concreta!”, e assim por diante. Se você me perguntasse, acho que ele só queria ficar focado em sua pesquisa.

— Ha ha ha ha! Esse é o Vester que eu conheço. Então agora ele tem um ambiente onde pode colocar sua genialidade para trabalhar, hein? Isso é muito bom de ouvir — disse o rei com um sorriso.

No fundo, ele deve ter realmente se preocupado com sua antiga equipe. Não era algo que pudesse expressar publicamente, o que sem dúvida o levou a todos os tipos de dilemas. Eu era do mesmo jeito.

Shuna voltou com bebidas assim que terminei de agradecer. Ela trouxe um pouco do uísque que testei com o Yohm anteriormente.

— Fique à vontade.

— Hmm, esta é… uma das criações de Dold?

Gazel pegou seu copo maravilhado. Tinha uma aparência quase cristalina e emitia um brilho pálido à luz. O vidro tinha um padrão intrincado e não precisava ser um especialista para reconhecer seu valor. Esta também era uma magimenta com uma inscrição mágica infundida sob a arte para aplicar um efeito de antídoto em qualquer coisa que fosse derramada dentro. Precisaria ser um usuário mágico para acionar essa função, mas…

— Ah, isso tem um antídoto mágico inscrito? Muito engenhoso.

O rei notou em um instante. Então, o ativou.

— Você pode usar isso para verificar se há veneno — falei —, mas eu sou um monstro, então por ter muita resistência a veneno acabo por não usar muito.

Era verdade. O álcool não é exatamente venenoso, mas pode muito bem levar a experiências desagradáveis. Algumas pessoas tinham problemas para digerir, levando a uma intoxicação aguda por álcool, se não tomassem cuidado. Eu duvidava que os anões tivessem problemas com isso, mas por via das dúvidas, decidi me precaver.

Gazel levou o copo aos lábios. O cheiro o fez ficar surpreso.

— Hoh! Um aroma muito elegante.

Ele levou alguns minutos para cheirá-lo. Eu, por outro lado, tomei um gole de uma só vez. Podia sentir algo quente queimar minha garganta enquanto imaginava minha cabeça pegando fogo. Infelizmente, essa sensação durou um mero instante.

Relatório. Resistência ao veneno… bem-sucedida.

Não tenha sucesso nisso, cara! O álcool não é veneno. Por que o Grande Sábio não entende isso? Eu fiz essa adorável indulgência para mim mesmo, e não consigo nem aproveitar. Foi muito deprimente, mas eu teria que me contentar em apenas ver os outros apreciarem a bebida. Nada é mais triste do que um licor requintado com o qual nem consegue se embebedar.

— Ora, ora, ora!

Me observando tomar um gole, o Rei Gazel experimentou a bebida. Tenho certeza de que as sensações que passaram por sua boca, garganta e estômago foram como nada que ele tivesse experimentado antes. Mas ele era um anão, nunca iria fraquejar como Yohm fez.

— Gosto disso — falou ele antes de pedir outro copo a Shuna.

Dolph assistia atrás dele, sem dúvida com um pouco de inveja. Ele provavelmente tomou um gole antes para testar se havia veneno, então sabia o gosto. Vaughn, que foi deixado fora da festa, simplesmente deu a seu senhor um olhar perplexo.

— Também gostaria de um pouco? — ofereceu Shuna, lendo a atmosfera.

— Ah, sim! Só um copo, então.

Dolph avidamente aceitou o copo, como se tivesse esperado pela oferta por toda a sua vida.

— Pode não ser certo beber durante o serviço de guarda — declarou Vaughn enquanto pegava o seu —, mas para nós, uma boa bebida não nos afeta em nada.

Eles tomaram seus respectivos goles.

— Mm, mmmmmmmm?!

Vaughn não conseguiu esconder sua reação à queimação do álcool.

— Não precisa ser modesto. — O rei riu com um sorriso diabólico. — Somos os únicos aqui. Vamos beber juntos, como fazíamos no passado!

— V-Vossa Majestade, não tenho certeza se devemos…

— Tudo bem! Vamos!

Apesar de suas feições grisalhas e desgastadas por batalhas, Vaughn não perdeu tempo gritando enquanto se sentava à direita de Gazel e empurrava seu copo em direção a Shuna.

— Se é isso que Vossa Majestade deseja, é isso que Vossa Majestade terá. Vamos lá!

O rei deu outra risada enquanto batia nas costas de Vaughn, fazendo-o estremecer e tossir um pouco.

— Wah ha ha ha! O que deu em você hoje, Vaughn? Está tão aberto a sugestões, para variar!

— Ahh, chega de bobagem! Temos um pelotão de elite de prontidão além daquela porta. Não há nada com o que se preocupar. Além disso… duvido que esses nossos visitantes possam nos fazer algum mal. Eles não conseguiriam nada com isso. Se pretendessem, teriam agido da última vez que bebemos juntos — disse Vaughn, tomando outro gole.

Isso foi o suficiente para fazer as preocupações de Dolph irem embora ou apenas fazê-lo desistir por completo. De qualquer maneira, ele se sentou à esquerda do Rei Gazel.

— Me dê um pouco, então! — disse, mostrando um copo vazio para Shuna.

Eu não tenho certeza exatamente de quando ele o esvaziou, mas acho que foi muito tentador resistir.

Depois de desfrutarmos um pouco da bebida:

— Então, Rimuru! Antes de ficar muito embriagado, eu queria te perguntar: Aquela arma mágica que você usou para derrotar Charybdis; o que era aquilo, exatamente? Me disseram que você usou uma força diferente de qualquer coisa vista antes, mais poderosa do que até mesmo o mais temível dos ataques mágicos de nível tático.

— Ah… aquilo…

É, aquilo. Eu já expliquei para eles, mas ninguém acreditou em mim. Aquele ataque poderoso da Lorde Demônio Millim, aquele que indiretamente levou a esta visita de estado. Ah, bem, vamos tentar contar a verdade mais uma vez.

— Hmm… Bem, ninguém acreditou quando eu disse, sabe. Acho que você não entendeu muito bem o que eu falei, Dolph…

— Eu não entendi?

— Não. Aquela não era uma arma secreta nossa nem nada do tipo. Era apenas o poder da Lorde Demônio Millim.

— Ah, Senhor Rimuru, você com suas piadas de novo…

— Bem, ouça-o, Dolph. — Vaughn acariciou os pelos do queixo. — Estou bastante curioso sobre essa questão. Como comandante-chefe de nossos exércitos, se cem Cavaleiros Pégasos trabalhando em conjunto não conseguiram derrubá-lo, a única opção restante é a magia de nível tático. A abordagem mais eficaz seria neutralizar as defesas mágicas e causar dano constantemente, sem dar um momento de descanso para se curar. Mas a própria Jaine me disse que acha que nem mesmo um ataque mágico de nível nuclear poderia derrotar ameaças como Charybdis. Os níveis de poder necessários quebrariam as próprias regras da magia, levando a problemas de transferência de calor ou algo assim, admito que os detalhes exatos estão além da minha compreensão, mas, em suma, a magia não funcionaria, não é? Então, imagino que nem as armas mágicas funcionariam, certo?

Jaine era a arquimaga do Reino dos Anões, uma especialista em todo o tipo de magias e alguém inteligente o suficiente para notar que suas habilidades não funcionavam em Charybdis. Neste mundo, a magia ganha energia por meio de magículas, partículas únicas que flutuam na atmosfera. Charybdis tinha o poder de Interferência Mágica, permitindo que dissipasse as magículas e tornasse a magia inútil. Eu só descobri isso porque eu mesmo possuo essa habilidade.

Digamos, por exemplo, que um ataque de bola de fogo funcione aquecendo as magículas no ar e direcionando essa bola de calor em direção ao seu alvo. Se eu puder dissipar as magículas ao meu redor, isso reduz drasticamente a taxa de transferência desse calor pelo ar. É possível cancelar ataques baseados em corte, congelamento, e relâmpago de formas semelhantes. É uma habilidade realmente muito útil.

Se quisesse superá-la, teria que ser por meio de algo além de magículas. Em vez de mirar diretamente em Charybdis, talvez pudéssemos ter desencadeado uma onda de choque que aquecesse o ar e a enviasse em direção a ele. Talvez com isso poderíamos ter causado mais danos.

Estávamos lidando com uma situação muito problemática naquela hora, então estávamos muito focados na luta para perceber isso. Era tarde demais para discutir sobre aquilo, mas qual realmente foi o ataque de Millim?

Entendido. Duas possibilidades estão disponíveis. Ou a Interferência Mágica foi obliterada por uma força ainda maior, ou algum ataque mais simples sem magículas foi usado. Devido a erros de coleta de dados, o ataque exato não pode ser identificado. No entanto, há uma grande chance de que a primeira possibilidade esteja correta.

 

Esse foi o palpite do Sábio. Do jeito que analisou as coisas, a presença daquela matéria de natureza desconhecida indicou que o segundo cenário era improvável. Além disso, logicamente falando, era totalmente possível para alguém com a força e energia mágica de Millim simplesmente dominar Charybdis em uma luta de queda de braço mágica.

Dolph encolheu os ombros.

— Na verdade, a magia era totalmente inútil. Mas atribuir tudo isso à Lorde Demônio Millim pareceu uma desculpa muito convincente para mim. No entanto, se você tinha uma arma até então desconhecida e gostaria de mantê-la em segredo, me pareceu algo mais provável.

Ele estava mais disposto a acreditar que tínhamos uma bomba secreta tirada sabe-se lá de onde, do que acreditar no fato de que Millim realmente estava lá e derrotou Charybdis.

O Rei Gazel o lançou um olhar pensativo.

— Mas, Dolph, você acha isso possível? Mesmo se deixássemos nossa magia tática dez vezes mais poderosa, acha que teria sido o bastante para derrotá-lo? Estamos falando de um monstro que anulou a força onipotente de um espírito controlado por uma dríade de alto nível. Qualquer força mágica capaz de derrotá-lo estaria além de qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Mas de Millim, a própria princesa dragão, com certeza devemos esperar o inesperado.

Gazel, pelo menos, parecia familiarizado com ela. Eu nem sabia se o ataque de Millim foi mágico ou não, mas, de qualquer forma, obliterou Charybdis. O rei estava certo; isso estava além de qualquer coisa que eu pudesse imaginar.

— Então, você realmente acha que foi a Millim? — perguntou Vaughn, animado.

— Sim, bem… Isso explicaria uma série de coisas. Mas por que uma Lorde Demônio como ela estaria lá…? Eu não consigo dizer. Se você alega que Millim estava com você, poderia explicar exatamente o que levou a isso?

Agora o rei havia devolvido o argumento de volta para mim. Dolph e Vaughn seguiram seu olhar.

— Sim, bem… será uma longa história. Mas deixe-me começar com o que aconteceu depois que me despedi deste reino.

Contei a eles sobre tudo após minha expulsão sem cerimônias de Dwargon. O resto apenas ouvia, bebendo nosso álcool e comendo os petiscos em silêncio. Quando terminei, um terço do barril já tinha acabado. Isso foi realmente impressionante. Se fosse cerveja, o barril já estaria completamente seco, sem dúvida.

— Isso parece fazer sentido, mas…

— A ideia de domar aquela Lorde Demônio… Imagine!

— Na verdade, é até difícil de acreditar…, mas temos relatos de uma jovem tendo papel central na batalha…

Os três se entreolharam, trocando suas próprias opiniões.

— Hmph! — Shion bufou ao lado deles. — O Senhor Rimuru nunca mentiria para ninguém!

Suponho que ela deve ter provado algumas das bebidas no barril com o resto deles. Shuna era a única na sala responsável por manter nossos copos cheios e nossos estômagos com algo para acompanhar todo o licor. Isso certamente a manteve de pé. Eu gostaria que Shion pudesse aprender um pouco com o exemplo dela. Enquanto eu pensava nisso, o rei Gazel e seus homens tiraram suas conclusões.

— Acredito em sua história, Rimuru.

— Me desculpo por desconfiar de você. É que foi bastante difícil processar tudo isso…

— Wah ha ha ha! Você é realmente misterioso, Rimuru! Fazendo amizade com a Lorde Demônio mais antiga da terra, e em tão pouco tempo!

Eles estavam finalmente vendo as coisas do meu jeito. O que era melhor para mim, suponho, mas, de qualquer forma, fiquei feliz por estarmos na mesma página. Achei que era o fim das discussões sérias da noite, mas eu estava errado; nossa conferência de cúpula disfarçada de festa privada estava apenas começando.

 


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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