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Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 01.8 – O Rei Demônio Perde o Trabalho, Então a Casa

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Os andaimes já estavam montados na frente do MgRonald, com uma lona anti-poeira cobrindo a maior parte do exterior. Maou ouviu uma voz chamando por ele ao se aproximar.

— Maou! Você está se sentindo bem?

Chiho disse que estava lá para agendar turnos para a segunda quinzena de agosto, uma vez que a reforma estivesse concluída. Mas ela demonstrou muito mais preocupação com Maou, cujo desmaio em sua sala de estar na noite passada seria, sem dúvida, uma história de família compartilhada nas mesas de festas nos próximos anos.

— Sim. Obrigado novamente, por ontem à noite. Foi apenas meio… bem. Tá tudo bem. Bem como vinho.

A imagem da sua senhoria fazendo a dança do ventre passou pela sua mente. Ele se sentiu tonto por um momento.

Chiho olhou para ele, pensativa, mas se absteve de falar mais. A partir de amanhã, afinal, ele estaria trabalhando em um local distante, em algum lugar que ela nunca veria.

— O-o que foi, Chi?

Maou sentiu essa mudança repentina na atmosfera. Chiho balançou a cabeça fracamente.

O constrangimento continuou enquanto seguiam lado a lado, na esperança que Kisaki os ajudasse.

— Ah, você encontrou um lugar bom, hein?

Kisaki assentiu com sua aprovação firme enquanto Maou explicava que estaria trabalhando em uma cabana à beira-mar em Chiba, que sua senhoria havia indicado.

— Então você vai voltar, certo?

— Hã?

A pergunta inesperada fez Maou hesitar.

— Bem, você não vai viajar de Sasazuka para Choshi todos os dias, vai? Eu não sabia se você tinha um lugar lá , ou você estava planejando se mudar

Kisaki estudou o formulário de solicitação de turno manuscrito que Chiho lhe deu, com o olhar distante de Maou.

— Você é livre para trabalhar onde quiser, é claro. Mas eu te ensinei ao ponto de você ser praticamente meu braço direito por aqui. Seria uma pena deixar você ir.

Ela estava sorrindo, embora categoricamente. Mas nunca contava uma piada, a menos que quisesse que as pessoas rissem, e não mentia. O que disse agora era sua opinião honesta sobre ele.

— Vou ficar lá só um pouco. Definitivamente vou voltar.

Maou sabia disso também. Isso ficou evidente na força repentina por trás de sua voz.

A convicção em suas palavras até iluminou ligeiramente o coração de Chiho.

Kisaki deixou escapar um sorriso de satisfação e finalmente olhou Maou nos olhos.

— Perfeito. Eu não esqueci como você falou sobre ser um funcionário permanente de sucesso aqui algum dia. Seu desempenho até agora me diz que você definitivamente não estava mentindo. Isso eu posso ver.

— Eu meio que estraguei tudo, no entanto…

— Ah, qual é. Você tem sido um empregado modelo aqui desde o início. Ver você cometer esse tipo de erro às vezes me lembra que você é humano, sabe? É fofo. Faça quantos quiser, quero dizer… contanto que possa compensá-los. Porque essa experiência vai ajudá-lo eventualmente. Confie em mim.

Ser chamado de “humano” deu a Maou emoções mistas. Kisaki, felizmente inconsciente disso, deu outro sorriso.

— Além disso, é isso que você ganha por ignorar um aviso importante e possivelmente afetar nossos negócios. É melhor você trabalhar mais do que nunca quando estivermos abertos, ok?

Maou, sentindo Kisaki dar um tapinha em seu ombro, sentiu algo quente borbulhando debaixo de seus olhos.

— E eu sei que você está fora por duas semanas, Chi, mas tente não se matar quando voltar, ok? Eu sei que você gosta de trabalhar com Marko, mas você deveria passar o verão com algo além de trabalhar um pouco. Enquanto você ainda é jovem, se quiser seguir meu conselho.

— Sra. Kisaki!!

A leve reprovação de Kisaki deu a Chiho a impressão de que sua chefe sabia que não havia desistido de fugir com Maou.

Foi o suficiente para deixar Maou fora de si também. Ela desviou o olhar quando Kisaki sorriu calorosamente para os dois jovens adultos cheios de hormônios na frente dela.

Mudou de assunto.

— A propósito, Chi, vi que você não pediu para ser transferida nem nada. Não me diga que você vai fugir para Choshi comigo, hein? Porque Marko vai para lá, se você não sabia.

Os olhos de Chiho rolaram em suas órbitas.

— Uh, você, eu, um, isso.

Sua resposta era compreensível o suficiente. As olhadas para Maou no meio do caminho deixaram tudo mais claro.

— Bem…eu sempre quis ir lá…não apenas por causa de Maou ou qualquer coisa…

— Oh?

— Algum de vocês já ouviu falar da linha da Ferrovia Elétrica Choshi?

Maou tinha, é claro, dado que ele foi o primeiro a falar sobre isso ontem à noite. Os olhos de Kisaki se voltaram para cima por um momento enquanto buscava em sua memória.

— Linha Elétrica de Choshi… Oh, não é aquela linha local que estava prestes a falir, mas um dos trabalhadores vendeu um monte de biscoitos de gergelim ou algo assim para mantê-lo funcionando?

— Isso mesmo, esse. Eu li um artigo de notícias sobre como uma menina do ensino médio em Choshi, da mesma idade que eu, estava envolvida com a produção dos doces que vendiam. Era como, uau, aqui está essa garota da minha idade tentando ajudar a companhia ferroviária e sua cidade natal, então eu pensei que gostaria de ver como é algum dia.

Kisaki e Maou trocaram olhares enquanto Chiho começou seu discurso inspirado.

— Você sempre foi do tipo séria, não foi?

Sua chefe soltou um suspiro que poderia ser facilmente interpretado como uma risada nas condições certas.

— Hã?

— Ah, nada. Estou impressionada com a sua curiosidade, só isso. Apenas certifique-se de obter a permissão de seus pais primeiro, tudo bem? É uma longa viagem de campo.

Na mente de Kisaki era apenas senso comum, mas foi o suficiente para pegar o coração ligeiramente aliviado de Chiho e envolvê-lo na escuridão mais uma vez.

— Certo. Certamente.

Chiho tentou soar o mais alegre que pôde em resposta. Mas não tinha certeza se Kisaki ouviu dessa maneira.

Então, depois de mais algumas gentilezas, Maou e Chiho saíram do MgRonald juntos.

— …

Lá estavam eles, demonstravam o significado de ser “lobotomizado” para os transeuntes da rua, até que Sariel veio correndo na direção deles, no caminho para entregar o buquê de rosas do dia.

— Oh, Sariel…

Apenas recentemente Chiho começou a se livrar de seu ódio fisiológico por Sariel. Ele parou ao ouvi-la e seguiu em direção ao par, com seu Olho Maligno dos Caídos, presenteado pelo paraíso, bem aberto e cintilante.

—Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooooooooooouuuuuuuuuuuuhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!

— GAHH!

O pequeno Sariel agarrou Maou com força pelo colarinho, quase o derrubando no chão.

— Qual é o significado disso, que tipo de esquema maligno você tem em mente, por que o restaurante da minha eterna deusa está fechando? Desembucha imediatamente! Seu monstro conivente, me diga onde você escondeu minha deusa ou então eu vou incinerá-lo com o pathos puro que flui de cada poro do meu corpo!!

Sariel, à sua maneira, estava se provando tão desatento quanto Maou. Ele não deve ter visto o aviso na janela que Kisaki alegou que postara.

— Ou-ou-ou! Sai pra lá com essas rosas! Os espinhos…!

O buquê de rosas atravessou o nariz de Maou.

— Você se esqueceu do nobre ato de altruísmo que cometi quando me recusei a cooperar com Gabriel? Seu demônio pútrido! E se você estava fechando esse recinto, por que ninguém me disse nada? Se eu ao menos soubesse… poderia ter reunido minha coragem e minhas finanças para fazer a confissão mais importante de toda a minha vida!!

Maou estava pronto para alfinetar Sariel sobre o que suas finanças conseguiriam, ou quão eficaz ele achava que qualquer tipo de confissão seria, mas os espinhos iriam penetrar sua pele em breve. Chiho teve a gentileza de reagir primeiro.

— S-Sariel, espere um segundo! O que você quer dizer com cooperar com Gabriel?!

— Ah?

Chiho colocou a mão em volta de um dos braços que Sariel tinha no colarinho de Maou. Imediatamente

— Pfft! Nunca recuso o convite de uma mulher bonita. Gostaria de se juntar a mim dentro do Sentucky para desfrutar do nosso novíssimo Twister de Frango Tandoori com um pouco de chá gelado?

Agora era a mão de Chiho em seu aperto, enquanto Sariel se ajoelhava para beijá-la. Não era bem a reação que ela pretendia. Mas já tinha passado pelo inferno antes. Sua própria vida foi ameaçada. E muito pouco disso fazia sentido para ela. Esse nível relativamente benigno de assédio sexual não a incomodaria mais.

— Vou contar sobre isso para a Sra. Kisaki.

Saiu ainda mais frio do que pretendia, com a decepção de não poder se juntar a Maou em Chiba agarrada junto na fala.

Sariel, em resposta, exibiu uma expressão que habilmente combinava esperança e desespero em um rosto.

— Mhh… Eu, eu espero que você não faça nada tão drástico… Mas minha deusa ainda está lá dentro?!

Você não precisava de uma faca para matar Sariel. Tudo que você precisava era a palavra “Kisaki”.

— Se você quer saber, então me conte o que perguntei. O que você quis dizer quando disse que se recusou a cooperar com Gabriel?

— Ermm, isso foi, eu…

Sariel não conseguiu formular uma resposta. As palavras aparentemente escaparam dele, e claro como o dia, estava arrependido.

Maou observou admirado, enquanto Chiho o tinha na palma de sua mão com maestria.

— Você ficou muito mais forte, Chi…

Era uma visão profundamente comovente. Maou havia alterado profundamente a vida de alguém próximo a ele, de várias formas.

— Diga-me isso, e eu vou te contar sobre o MgRonald. Mas se não contar, vou ligar para a srta. Kisaki e dizer a ela que o sr. Sariel tentou me agredir.

— Bem, Gabriel fez uma visita ao Sentucky outro dia. Queria que eu o ajudasse a recuperar a espada sagrada de Emília e o fragmento Yesod, então conversamos por um tempo.

Uma palavra ou duas de Chiho foi o suficiente para Sariel derramar tudo o que estava tão hesitante há um momento. Zero hesitação.

— E você está bem com isso?

Maou mudou a vida desse anjo também, agora que pensava sobre isso. Não que se importasse.

Até agora, Sariel ainda estava de joelhos, segurando a mão de Chiho. Os olhares dos clientes que passavam não o incomodavam nem um pouco. Ele provavelmente estava destinado a esse tipo de vida, não importa onde acabasse.

— Em primeiro lugar, a razão pela qual eu desci  para buscar a espada de Emilia, foi por Gabriel ter falhado na sua missão. Mas eu não sabia que Yesod estava quebrado em tantos fragmentos minúsculos, ou que um deles assumiu a forma daquela criança. E também não me importei. Minha deusa é tudo que ocupa minha mente hoje em dia. O que uma espada tem a ver comigo? Ele não voltou desde então.

O termo deusa estava começando a ralar na mente de Maou, mas, resumindo, Sariel estava tão apaixonado por Kisaki a essa altura que ele não se importava mais com seus deveres celestiais. Isso colocava suas qualificações como um arcanjo em questionamento.

Ele não esperava mais nada de Sariel, mas Maou ainda achava a história um pouco estranha.

— Espere um segundo. “Tantos fragmentos minúsculos”? Então você sabia que Yesod havia fragmentado, pelo menos?

— …eehh.

Sariel rosnou. Outro deslize da língua. Ele ousou olhar para Chiho.

 — Você sabia disso, não?

 — …Sim, sabia.

Chiho não lhe ofereceu espaço para negociações. Sariel baixou a cabeça decepcionado.

— Recebi o dever de recuperar a espada sagrada de Emilia porque era um dos fragmentos que absolutamente conhecíamos a localização.

Apesar de tê-la conhecido pelo menos uma vez, Sariel não notou inicialmente que a própria Alas Ramus era um fragmento de Yesod.

Ele tinha uma suspeita de que sua armadura, o Tecido do Dissipador, recentemente evoluído após sua fusão com Alas Ramus, tinha algo a ver com o Yesod, mas aparentemente nem mesmo os céus tinham uma compreensão completa de como os fragmentos estavam evoluindo e se transformando.

— Acho que Gabriel também não colocou as mãos na espada, não é? É por isso que ele veio e pediu minha ajuda com o fragmento de Yesod. Eu disse a ele: “Sem tempo irmão.” Vocês me devem uma agora, não é? Eu os salvei de ter outra ameaça celestial em seu caminho.

Sariel conseguiu ser condescendente com Maou enquanto abria a boca.

Mas revelou muita coisa. Gabriel não apenas não lamentou todo o caminho de volta para o céu, ele não estava desistindo de Alas Ramus.

Derrotar Sariel e Gabriel em sucessão, desde que o paraíso estivesse preocupado, não mudava nada. Isso só significava que eles não tinham muita mão de obra para impor sua vontade.

E isso significava que Maou ainda permanecia na defensiva. Não havia como dizer quando, onde ou como seu oponente atacaria, e isso o preocupava.

— …?

— Por que está me olhando assim, Chiho Sasaki? Eu lhe dei a verdade completa e honesta.

— Ah. Bem, ótimo, então.

Chiho devolveu o olhar de Sariel. Como Maou, algo em seu rosto sugeria que algo não se encaixava para ela também.

— Sariel, como você tem tanta certeza de que “absolutamente sabia” a localização da…

Chiho foi interrompida pela voz atrás de si.

— Caramba, pessoal, vocês ainda estão aqui conversando um com o outro… com outro…?

Em um instante, o rosto de Sariel brilhou como uma lâmpada de mil watts.

Mas Maou e Chiho, congelados no lugar pela maneira sinistra como a voz parou, se viraram em puro horror.

Lá eles viram Kisaki, não em seu uniforme normal, mas em um terno cinza brilhante, cabelos soltos e uma grande bolsa de negócios pendurada sobre seu ombro.

E ela não estava olhando para Maou, ou Chiho, mas Sariel, ainda ajoelhado, com a mão ainda entrelaçada em torno da dela. Seus olhos estavam cheios de raiva suficientes até mesmo de parar um Rei Demônio.

— …O que você está fazendo com minha colaboradora, Mitsuki Sarue?

Sariel de alguma forma manteve um sorriso tímido diante do olhar fulminante.

Há um velho conto de fadas escandinavo sobre um espelho maligno, estilhaçado em fragmentos que penetravam os corações e olhos das pessoas, tornando-as suscetíveis às doces palavras da Rainha da Neve.

A principal diferença entre o pequeno Sariel e o menino naquele conto era que sua “Rainha da Neve” ao menos tinha um pingo de amor por ele.

— N-Não, eu, isso é uma espécie de negociação, sabe. Fui forçado a fazer isso em uma tentativa de determinar a localização da minha deusa…

— Estou disposta a aturar você desde que você seja um cliente pagante. Mas alguém podre o suficiente para por as mãos em uma colega menor de idade não é meu cliente! De agora em diante, você está banido da loja até a segunda ordem!

— Rrgghh?!?!

O arcanjo Sariel, poderoso o suficiente para anular a força onipotente da espada sagrada de Emília, foi congelado pela palavra de uma única mulher. Ele se despedaçou e, impotente, tilintou no chão.

— Vão andando, vocês dois. Marko, você estava com Chi o tempo todo! Por que você não fez algo sobre ele?

— Oh, hum, desculpe.

Maou se desculpou enquanto Chiho agitava suas mãos, olhando para os pedaços brilhantes de gelo que costumavam ser Sariel, enquanto derretiam no calor do verão e fluíam em direção à sarjeta na calçada.

— Va- vamos, Chi.

— Vamos? Ah Claro, um… Certo. Obrigado novamente, Sra. Kisaki.

Maou e Chiho trotaram apressadamente, pela Koshu-Kaido, ainda terrivelmente confusos sobre tudo.

— Eu, eu acho que talvez fomos piores com Sariel do que deveríamos…

— Ei, pense nisso como vingança por ter Suzuno te sequestrando, hein? Ele meio que mereceu. Estou surpreso que a Sra. Kisaki tenha lidado com esse cliente difícil até agora.

Apesar de cruel, a opinião deles era justificável.

— Mas você sabe, Maou…

— Sim.  Eu sei.

Não adiantava tentar extrair mais nada de Sariel. Porém Chiho não precisava dizer isso. Ficou na mente de Maou também.

Ele disse que a peça Yesod de Emilia “era um dos fragmentos que absolutamente conhecíamos a localização”.

Os céus deixaram Emi correr livremente no Japão com sua espada sagrada por mais de um ano. Como eles conseguiram a localização da espada, e a dela?

—…

— Bom. isso não importa. Se eles não estavam atrás de mim, então é problema de Emi, não meu.

Pensando friamente, era uma disputa entre Emi e o paraíso. Fora o primeiro ataque de Urushihara, Maou tinha quase zero participação. Não havia nada para pensar sobr…

— Você não se importa com o que acontece com Alas Ramus?

Chiho semicerrou os olhos ao perguntar, cortando habilmente seus pensamentos antes que pudesse ir além.

— Quero dizer, a espada de Yusa é praticamente a própria Alas Ramus agora, não é?

— Isso… Mas não posso lutar mais no Japão. Emi é muito mais forte do que eu, então por que eu tenho que fazer alguma coisa…?

— Não, o problema não é esse. Que tipo de pai não tenta proteger a filha? Você vai fazê-la chorar, sabe.

— Puxa, Chiho, de que lado você está?

A questão não era sarcástica. Maou estava inexoravelmente em conflito.

— Eu só quero que todos que eu gosto sejam legais um com o outro. Eu meio desejo que nós fiquemos juntos. A longo prazo.

Houve um pouco de tristeza na resposta.

— …

— …O quê? tem algo errado?

Essa era a Chiho que uma vez queimou de ciúmes depois de confundir Emi com a ex do Maou. Ultimamente, porém… talvez ela estivesse agindo mais madura do que sua idade aparentava. Ou quiçá preocupada com a direção em que a vida de Maou, Alas Ramus e Emi estavam indo.

— Mmm, acho que posso falar sobre isso se você quiser… mas você está pronto para ouvir? Pois é meio pesado.

— Hã? Uh, claro.

— Bem, você me disse um tempo atrás que acreditava em mim, certo? Que você confiava em mim e tal. Mas… eu não posso continuar com isso da forma que estamos agora.

— Con-continuar com que?

— Quero dizer, eu não posso lutar do jeito que Yusa e Suzuno podem, e não é como se eu te conhecesse desde sempre como Ashiya. Apenas por coincidência aconteceu de eu estar perto de você, e então eu descobri a verdade. E mesmo que eu fique toda preocupada com Urushihara sendo preguiçoso e estragando tudo, não é como se pudéssemos ir para Chiba juntos.

Mesmo sob o chiar das cigarras, as quais infestavam as árvores que ladeavam a calçada, a voz de Chiho tinha o estranho poder de soar com clareza na mente de Maou.

— Então eu quero estudar mais e aprender sobre o mundo ao meu redor. E quando eu crescer, quero poder te ajudar quando você precisar. Você disse que confiava em mim, então eu quero responder a altura, sabe?

— …Sim

— E também, ainda não recebi uma resposta sua. Mas se tiver, eu quero que seja uma positiva. Então eu realmente quero tentar mais a partir de agora. Dessa forma, algum dia…

Sem aviso, Chiho se silenciou e cruzou os braços, o queixo e o peito erguidos enquanto soltava uma risada tão baixa e ansiosa quanto sua voz permitia.

— Eu posso me tornar uma Grande General Demônio em seu exército reformado e duelar contra Yusa pelo direito de ter você!

— Bfft!

Surpreso, Maou quase engasgou.

— Qual parte de nossa conversa fez de você um dos meus Grandes Generais Demônios?!

—  Ashiya prometeu que me recomendaria há algum tempo. Eu disse não na época, mas vai ser desse jeito, talvez eu devesse me inscrever afinal, huh?

Chiho estava agindo como se tivesse se voluntariado para concorrer ao conselho estudantil.

— Talvez seja apenas uma piada e tudo mais, mas se eu vou ganhar de Yusa, preciso ser mais madura. Preciso de armas para combatê-la no qual ela não possa usar contra mim. Eu quero ir para a faculdade, ampliar meus horizontes, e me tornar o tipo de mulher que você pode confiar. Aqui, e em Ente Isla.

A pura paixão por trás de seu desejo surpreendeu Maou. O calor de agosto deve tê-la deixado febril.

— Faculdade, hein…? Mas… Chi, você já tem sido uma grande ajuda para todos nós, sabe?

Chiho franziu a testa de insatisfação quando seus olhos encontraram os de Maou.

— Talvez “Maou” dependa de mim. Mas e o “Rei Demônio”? Tudo o que faço é sentar e esperar ser salva.

Maou observou o ágape dela.

— Eu quero ser alguém em quem você possa confiar com qualquer coisa. Quando quiser. Sempre que precisar.

Maou não havia notado na época, mas o que ele disse a Chiho depois de ser ensinado por Kisaki no outro dia deve tê-la encorajado como um raio de magia.

— Eu…

Ver tais sentimentos puros de um ser humano dificultava Maou encontrar uma resposta. Procurou por uma, mas, em vez disso, afundou-se no constrangimento.

— Oh, é o Ashiya!

Chiho, sempre pensativa, voltou sua atenção para outro lugar.

Ashiya acabou de sair da estação ferroviária de Sasazuka, carregando uma mala com rodas junto a ele. Maou sabia que eles estariam usando isso na viagem, embora não conseguisse adivinhar por que levou junto no trem… onde quer que ele tivesse ido.

Atraído pela voz de Chiho, se aproximou deles com o sopro fresco do vento.

— Boa tarde para você, meu suserano. Vejo que a Sra. Sasaki está lhe acompanhando?

— … Sim

Os olhos de Chiho focavam na mala que Ashiya trazia consigo.

 

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Tradução: Vinícius

Revisão: Bravo

 

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