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Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 03 – Cap. 04.3 – O Rei Demônio Sente a Dor da Perda

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— … aiai…

Emi se levantou, acordada pelo golpe duplo do sol da manhã e pelo aumento rápido da temperatura. Ela apertou os olhos diante das rachaduras e manchas de um teto desconhecido.

— …!! Uh…?

A repentina lembrança de uma noite relutante passada no Castelo Demoníaco inundou sua mente, fazendo-a tentar pular para cima.

— Opa…

A tentativa foi frustrada por Alas Ramus, dormindo pacificamente enquanto seu corpo estava sobre o de Emi.

Ela percebeu bem a tempo. Se tivesse disparado para cima como planejado, teria acordado Alas Ramus ao longo do caminho.

Com um suspiro de alívio, Emi ergueu a cabeça para olhar para Maou do outro lado.

Ele estava parecendo menos do que gracioso.

Aparentemente sucumbindo ao calor, ele jogou fora sua camiseta, roncando alto sob o sol da manhã. Emi estava quase esperando uma bolha de ranho entrar e sair de seu nariz a cada respiração.

— Nnnnh…

Devagar, Emi retirou o braço para não perturbar Alas Ramus. Pensou que qualquer toque poderia acordá-la, mas a menina permaneceu imóvel, parecendo profundamente adormecida.

O relógio na parede ainda não tinha passado das cinco da manhã. Era fácil ver como eles estavam mergulhados no verão.

Graças a dormir sobre um cobertor jogado no tatame, ela estava dolorida da cabeça aos pés. Esticando a cabeça e os ombros, Emi bocejou, pensando em como eles precisavam comprar pelo menos um futon para a criança.

Não se ouvia nada do quarto de Suzuno. Deviam estar dormindo. A principal preocupação no momento era se Chiho realmente acatou seu conselho e ficou em casa.

Dando a Alas Ramus um leve carinho em seu cabelo, Emi agarrou sua bolsa, tirou a garrafa de 5-Energia Sagrada β que trouxe e tomou em um gole.

Não havia como dizer quando Gabriel chegaria, nem se ele iria — o que esperava que não acontecesse —, mas se houvesse uma luta, ela precisava de toda a força que pudesse reunir.

Pois  Alas Ramus precisava de sua proteção. Definitivamente não era porque o Rei Demônio a havia convencido a fazê-lo.

— Isto é por Alas Ramus… por Alas Ramus… — murmurou o mantra para si mesma enquanto estremecia com o gosto de medicamento da dose de energia. — Melhor lavar meu rosto…

Emi deu um passo em direção à pia da cozinha.

— Bom dia, criança!

Até aquele momento, Emi havia falhado completamente em notar a outra presença no local.

— Gnhhh!!!

O homem, no ponto cego de Emi em frente à cozinha, colocou a mão sobre os lábios de Emi antes que ela pudesse reagir.

— Calma, calma, sem confusão! Eu não vou fazer nada de mal, belê?

— Mnh! Mrnngh!

Emi tentou chutar Maou para acordá-lo, mas ele estava fora do seu alcance por muito pouco.

— Ah, para! Os dois estão vivendo na terra dos sonhos… e vão ficar lá por um tempo ainda.

Emi olhou de volta para o dono da voz bajuladora, toda sua consciência focada nele.

— Oop, cuidado.

Então, quase fácil demais, o homem tirou a mão da boca de Emi e se afastou.

Dado o tamanho do apartamento, no entanto, não havia muito por onde fugir a não ser sair pela janela. Ele ainda estaria ao alcance da espada sagrada de Emi.

— Vocês, anjos, certamente esqueceram seus modos, hein? Raptando pessoas, colocando dispositivos de escuta nas malas das pessoas, invadindo os apartamentos dos outros sem permissão…

O homem riu com vontade com sua voz estridente e nada divina.

— Aww, mas este é o Castelo Demoníaco! Espero que eu consiga ser perdoado pelo menos nisso, hmm? Quer dizer, estamos falando da sede dos bandidos aqui!

— Você está aqui meio cedo, não é? Ou achou que não há problema em tirar essa garota só porque a data no calendário mudou? — A mão direita de Emi estava apontada diretamente para a garganta de Gabriel.

Em um piscar de olhos, a espada Cara-Metade apareceu em sua mão, a ponta apontada diretamente para o pescoço dele.

— Espere, espere! Quer dizer, eu não disse que queria conversar sobre isso ontem? Porque está me criticando tanto agora?!

— Alas Ramus ou não, você queria minha espada sagrada, não é? Se alguém está tentando me impedir de atingir meu objetivo, não hesitarei em acabar com ele.

— Oh, você é uma estraga-prazeres. As mulheres hoje em dia são tããão egoístas, não são? Não é de se admirar que tantas pessoas não estejam mais se casando. Vocês são assustadoras!

Seja devido à sua personalidade desequilibrada ou à confiança natural que vinha de ser um arcanjo, a espada sagrada não era suficiente para fazer Gabriel recuar.

— Ah, e só para estarmos falando sobre o mesmo assunto aqui, não é como se eu tivesse lançado um feitiço ou colocasse uma barreira para evitar que o Rei Demônio e o pessoal da casa ao lado acordassem, belê?

— O que quer dizer com isso?

— Bem, e estou apenas supondo aqui, mas vocês provavelmente não dormiram muito na noite passada, estou certo? O pessoal da porta ao lado ficou acordado a noite toda vigiando vocês, eu acho, mas todos eles desmaiaram há cerca de uma hora. Além disso, você estava totalmente apagada também, certo? Quer dizer, desde que entrei aqui, esquentei a caixa de bento que comprei na loja de conveniência, comi, fui ao banheiro e fiz uma pequena corrida matinal no quintal da frente, mas vocês estavam dormindo como pedras, devo dizer. Tipo, não era como se eu esperasse um tapete vermelho, mas qual é!

— …

Pensando bem, Maou trabalhou até meia-noite da noite anterior, e acabou sendo acordado por Alas Ramus no início da manhã.

— E como alguém que se orgulha de ser o arcanjo mais cavalheiresco do Paraíso, eu nunca atacaria uma família enquanto estivessem dormindo. Então pensei em esperar até você ou o Rei Demônio acordar. Poderíamos conversar um pouco mais e talvez eu pudesse ajudá-la a ver a luz desta vez, belê? Então, hã, poderia guardar essa lâmina por um segundo?

Com olhos suplicantes, Gabriel beliscou a ponta da espada com dois dedos, tentando afastá-la. Emi se manteve firme.

Nem este mundo nem o de cima precisavam de um arcanjo tão disposto a cair em vícios mortais como cozinhar no micro-ondas e correr ao redor do quarteirão.

— Ei, sabe, ao contrário do seu amigo Sariel, eu não tenho nenhuma defesa natural contra o poder sagrado, então… você sabe, sério, eu gostaria de resolver isso como adultos

— Como se você tivesse o direito de dizer isso.

— Uhm?

— Você provavelmente está com aqueles capangas de ontem cercando o apartamento agora, não é? O Regimento Celestial ou algo assim?

A pergunta forte de Emi inquietou visivelmente Gabriel.

— Agora escute, mocinha, eu não tenho interesse em machucar ninguém, belê? Eu só quero pegar o que estou querendo, então saia. Mas me dê um tempo! O Rei Demônio estava pronto para lutar bem na cozinha ontem. Então, tudo bem, sim, eu os tenho de vigia. Ooh, mas escute, nós tivemos que gastar uma tonelada de energia apenas para me fazer passar por um Portal, então eles estão meio cansados agora, sabe? E, uau, vai ser ainda pior quando tivermos aquela garota conosco no caminho de volta. Então, vamos lá, seja um anjinho e ouça um para variar, belê?

— …!

— Aaaghh! Você acabou de cutucar meu pomo de adão com aquela coisa de propósito, não é?! Para uma Heroína, você é muito boa em aterrorizar as pessoas, sabia disso? Aiiii!

A ponta que Emi empurrou silenciosamente para frente fez contato com seu pescoço. Não penetrou na pele, mas Gabriel pelo menos agiu como se o deixasse em pânico.

O clamor foi suficiente para finalmente fazer o resto do apartamento se mexer.

— Ngh, pare de fazer tanto barulho… Caramba, ainda são apenas cinco… Ei, ou, qual é!!

Não importa quanto sono ele tenha perdido na noite anterior, isso seria o suficiente para acordar qualquer um.

Maou foi saudado com a visão de Emi enfrentando um homem desconhecido, a Cara-Metade de prontidão, em seu apartamento já apertado.

— Ooohh… Papaiiiii?

Alas Ramus acordou logo depois, enquanto Maou lutava para entender esses eventos repentinos.

— Gabriel… Você não precisava vir tão cedo, sabe…

— Ooh, ei, dorminhoco! Sinto muito por te chamar desse jeito, belê? Minha agenda para hoje está lotada, só para constar.

Maou pegou Alas Ramus, colocando-a atrás dele. Mas com tão pouco poder demoníaco remanescente, e seu inimigo já tão perto dele, a batalha estava praticamente terminada antes de começar.

— V-Você não deveria estar brandindo uma espada assim, sabe. Não perto da pequenina! Vai ser uma má influência! Então, coloque-a de lado, belê?

Gabriel, no entanto, estava com o entusiasmo de sempre.

O fato de ele estar disposto a enfraquecer seu próprio Regimento Celestial para vir parecia indicar confiança suprema. Com um nome como Gabriel o apoiando, parecia certo que este homem não era o idiota frívolo e desmiolado que parecia ser.

— Não é como se eu estivesse aqui procurando uma luta contra o Paraíso ou os anjos. Mas eles continuam vindo atrás de mim, sabe? É por isso que tenho que lutar contra eles.

— Nossa! Essa é uma lógica ruim demais para se argumentar. — Gabriel encolheu os ombros em desespero, o rosto amargo.

— Show de bola, bem, espero que você não se importe se eu falar primeiro, então… Ooh, mas certifique-se de que essa ponta não atinja meu pomo de adão de novo, belê? Sabe, se eu pudesse oferecer um acordo aqui, no mínimo, se eu pudesse voltar para casa com a espada sagrada ou aquela garota, então eu não teria reclamação alguma. Vou explicar tudo para você, e estou falando sério. Mas, depois disso, vou lhe dar duas opções. Vai entregar ou não?

Gabriel manteve a compostura enquanto falava, as mãos balançando para sustentar seu ponto.

— Eu sou o guarda de Yesod, uma Sephirah da Árvore de Sephirot que forma a fundação do mundo. E o Yesod foi roubado há muito tempo, belê? E como se isso não bastasse, o ladrão dividiu a Sephirah Yesod em um monte de fragmentos e os jogou por todo o lugar. E você sabe, Emilia, a espada Cara-Metade em sua mão e aquela garota atrás do Rei Demônio nasceram desses fragmentos. E… e, sabe, ter coisas assim fora do Paraíso por muito tempo é uma notícia muito, muito ruim!

— Minha espada… um fragmento de Yesod?

Gabriel ergueu um dedo no ar, alegremente continuando como se estivesse discutindo algo que leu no noticiário daquela manhã.

— Pode apostar, moça! Você não viu? O cristal roxo embutido nela?

Ele usou o dedo e os olhos para apontar para o cabo da espada de Emi.

O cabo da Cara-Metade estava gravado com um símbolo de asa, o centro da qual era decorado com uma joia que brilhava em roxo. Emi presumiu que fosse apenas uma peça não essencial do trabalho de design.

— A Cara-Metade é um negócio muito perigoso, sabe? Alta prioridade para voltar por nós. Mas então você, Satan, sabe, antes de invadir Ente Isla, não tínhamos ideia de onde diabos você estava! Eu tenho andado por aí por séculos, pegando um fragmento aqui, um fragmento ali, mas eu simplesmente a maior dificuldade do mundo para encontrar os fragmentos de onde a garota e aquela espada vieram, belê? E, sabe, eu estava tentando manter essa busca em segredo porque não queria que nenhum dos grandões soubesse que eu falhei, se você sabe o que quero dizer, mas saindo sozinho o tempo todo para procurar… bem, vamos apenas dizer que levantou algumas sobrancelhas. As pessoas pensaram que eu estava conspirando contra os deuses, você acredita nisso? Então Sariel descobriu o que eu realmente estava fazendo primeiro. Quase fui expulso da ilha, se você sabe onde quero chegar! Hahaha!

Claro que Gabriel era o tipo de anjo que ria de suas próprias piadas. Os olhares frios que o cercavam não eram nada com que se preocupasse.

— O que é tão perigoso? Precisamos da espada sagrada para derrotar o Rei Demônio. Não há nada de perigoso nisso.

— Meio que é para mim… — Maou foi ignorado.

— Bem, isso é o que vocês humanos dizem… Quer dizer, foi o que a Igreja disse, de qualquer maneira, quando pegaram aqueles fragmentos. E se eu te contasse por que eles são perigosos… bem, todo aquele tempo que passei procurando por eles seria desperdiçado, sabe? Não posso sair por aí fazendo isso!

— O que a Igreja disse…?

— Isso, e, caramba, moça, use sua cabeça! Tipo, você acha que pode simplesmente ir a uma loja grande e comprar espadas mágicas que afetam apenas demônios e Reis Demônio? O poder da Cara-Metade é amplificado pela força sagrada, belê? Assim como a magia do Luz de Ferro que seus cavaleiros da Igreja usam. A única diferença é a forma que assume! Pode procurar pelo universo inteiro, se quiser; não existe algo tão especial como uma arma antidemônio!

— Mas… esta espada me levou direto até o Rei Demônio dentro de sua fortaleza…

O brilho da espada sagrada de Emilia levou seu grupo de invasores pelo caminho correto até o Rei Demônio durante o ataque ao quartel-general de Ente Isla. Isso foi o que lhes permitiu navegar pelos corredores labirínticos do castelo tão rápido.

— Moça, eu não acho que estava levando você ao Rei Demônio, mas sim para onde aquela criança estava. — A resposta de Gabriel foi confusa. — Os fragmentos separados de Yesod foram atraídos um pelo outro. Era só isso! E graças a isso, tive que perder muito mais tempo correndo como uma galinha sem cabeça procurando, belê?

E depois que os fragmentos ressoaram uns com os outros, a Heroína mergulhou em sua batalha final contra o Rei Demônio. Uma batalha em que ela usou a força sagrada de sua espada para colocar o líder dos demônios de joelhos.

— Sabe, você provavelmente usou tanta força sagrada durante aquela luta que o fragmento daquela criança provavelmente parou de reagir a qualquer outra coisa por um tempo. E então você levou um pequeno ajudante para Lugar Algum, no Japão, então aquela trilha ficou fria para mim também, até que eu descobri onde diabos você estava. Eu também não tinha ideia de que o fragmento havia se tornado parte do hobby de jardinagem do Rei Demônio!

A última vez que Maou viu a árvore que brotou do cristal que lhe foi dado, ela recém começara a formar dois troncos serpenteando um ao outro. Apenas algumas folhas resistentes haviam brotado nela, e demoraria muito para que produzisse flores ou frutos.

Ele havia se esquecido completamente disso naquela época. Não esperava que aquele cristal valesse tanto assim. Para dizer a verdade, ficou impressionado que realmente tinha se transformado em algo.

Mas então, quando Maou se lembrou de tudo, Gabriel de repente agarrou a espada sagrada de Emi.

Surpresa, Emi tentou puxá-la de volta. A arma se recusava a ceder.

— Nuhuhuh! Isso me machucou em um nível de corte de papel, mas a menos que algo realmente bobo aconteça, essa espada sagrada não é suficiente para me vencer, não como as coisas estão.

Ele virou um olhar tranquilo para Maou.

— Então, estamos todos trabalhando na mesma frequência agora? Ótimo. Agora vamos agir como adultos aqui e ouvir o que estou pedindo, belê?

Em outras palavras, este foi seu aviso final. Seu objetivo era mostrar o que ele via como o resultado óbvio se Emi demonstrasse alguma hostilidade para com Gabriel neste momento.

Sem qualquer estoque de poder demoníaco apoiando-o, Maou não tinha absolutamente nenhuma chance de vitória. E essa conclusão não mudaria com a presença de Suzuno ou dos outros demônios.

O que significava que tinha apenas uma carta na manga.

Maou respirou fundo e olhou para Gabriel.

Emi e Gabriel ficaram tensos por um momento, esperando que Maou fizesse uma investida suicida em direção ao arcanjo.

— Hein?

— Ei, espere, o que está fazendo?! — Suas expectativas eram infundadas.

— Por favor.

Maou se prostrou no chão.

A personificação humana de Satan, o Rei Demônio que uma vez esteve no ápice de todos os demônios e ainda confessou publicamente sua ambição de conquistar o mundo, agora estava esfregando sua testa contra o chão na frente de um arcanjo.

— Por favor, não leve Alas Ramus embora.

A voz e o ato físico eram ambos sinceros.

— Papai…?

Alas Ramus, incapaz de entender o significado por trás do comportamento de Maou, girou sua cabeça entre Maou e Gabriel.

— Hum, olha, vou ter que te lembrar que sou um anjo, belê? E você é o Rei Demônio, da última vez que verifiquei. Se acha que vou desistir como fiz com aquela garota ontem, pode tentar à vontade, jovenzinho.

Houve um toque de irritação na resposta de Gabriel. Mas Maou estava esperando por isso.

— Não estou dizendo de graça, beleza? Você a deixa ficar e eu lhe entrego a minha cabeça. Isso não é um mau negócio.

— O quê?!

— Uou, uou, qual é! Pare de ser estúpido!

Isso foi o suficiente para confundir os dois.

— Você… Eu deveria derrotar você! Você não pode simplesmente jogar sua vida fora!

— Pare. Diga a todos os seus amigos quando voltar para casa que você se uniu a um arcanjo para me matar. Qual é o grande problema com isso?

— Tudo é um grande problema! Quem diabos iria querer se juntar a essas aberrações?! Eu preciso derrotá-lo com minhas próprias mãos, ou então não terá sentido!

— Por que importa o que você pensa sobre isso?! Devíamos estar preocupados com Alas Ramus!

— Uhm, vocês se importariam de não brigar como um casal por um momento?

— Não somos casados!

Não somos casados!!

— Uau, que jeito de me responder ao mesmo tempo…

Gabriel ficou pelo menos meio impressionado com o show.

— Mamãe, Papai, parem de brigar!!

Pela primeira vez nas últimas vinte e quatro horas, Gabriel e Alas Ramus concordaram em algo.

— Ei, uh, posso me intrometer com uma pergunta bem rápido? Por que você, o Rei Demônio, está tão preocupado com essa garota? Essa garota que você quase esqueceu até alguns dias atrás?!

— Porque eu me tornei “rei”. Porque me distraí com a ganância, assim como aquele demônio. Porque me esqueci das coisas que precisava valorizar!

Sua mente voltou àquele dia, quando as garras desceram sobre ele, dando-lhe uma visão da morte em meio ao céu vermelho e à terra seca.

— Esta menina é um símbolo de esperança. Um símbolo que peguei depois de ser arrancado da beira da morte. Depois de obter um novo suspiro de vida… Mas em algum momento ao longo do caminho, no caminho para me tornar o líder de todos os demônios, me esqueci disso.

Sadao Maou, que já foi um demônio humilde nem mesmo digno do nome de Satan, levantou-se e lentamente abraçou Alas Ramus.

— Papai… ai.

A garota se contorceu um pouco no abraço apertado de Maou.

— Você deixou essa garota em paz por centenas de anos até agora e nada de ruim aconteceu, certo? Então, por favor… não a leve a algum lugar que ela não queira estar. Vou apostar minha vida nisso.

— Sabe, não posso dizer que gosto dessa suposição de que vou fazer todas essas coisas ruins com ela, certo? Como tenho tentado lhe dizer, ela pertence ao Paraíso. É um fragmento de Yesod…

— Sei disso tudo!. Isso, e do Soberano Demônio Satan do passado!

Emi percebeu que o rosto de Gabriel endureceu no momento em que Maou disse isso.

O “Soberano Demônio Satan do passado” deve ter sido aquele de quem Maou estava falando na noite passada. Mas o que tinha a ver com Gabriel?

— É por isso que não posso deixá-la ir. Não quero deixá-la ir. Então, por favor… apenas…!

Maou caiu de joelhos, incapaz de terminar.

— Desculpa. Mudança de planos.

— Gah… nh…

Maou se contorceu de dor no chão. Era difícil para Emi saber, sua espada ainda contida pela força de Gabriel, mas parecia que ele não conseguia respirar.

— Sabe, eu realmente não tinha intenção de ir tão longe, mas isso é meio que cavar sua própria cova, belê? Tento ser um anjo bem-humorado quando posso, mas se é isso que você vai falar, sou meio que obrigado a agir.

— Graaaaahhhhh!!!

— R-Rei Demônio?

Gabriel olhou mais de perto, como se quisesse esclarecer o seu ponto. Ao fazer isso, o pescoço de Maou começou a se torcer para dentro, o suficiente para que Emi pudesse ver, como se estivesse sendo agarrado por uma mão invisível.

— Meu soberano! Meu soberano, o que foi?!

— Para trás, Alciel! Deixe-me derrubá-la com meu Luz de Ferro!

De repente, as vozes alarmadas de Suzuno e Ashiya soaram do corredor externo.

— Opaaaaa! Está um pouco agitado demais para o meu próprio bem, hein? Bem, não que isso signifique alguma coisa. Essa barreira não vai cair tão fácil!

Gabriel permaneceu imperturbável. Eles podiam ouvir o som de algo pesado batendo contra a porta, mas apesar de ser um apartamento de sessenta anos atrás, nem mesmo estalou.

E mesmo agora, Urushihara estava longe de ser ouvido. Ele provavelmente era o único residente que ainda estava dormindo.

— Heroína Emilia… só para ter certeza de que não vamos nos arrepender de nada mais tarde, vou cuidar do Rei Demônio, belê? Eu sei que você tem seus próprios problemas e outras coisas, mas ficarei feliz em passar uma revelação para a Igreja ou qualquer outra coisa sobre você receber as bênçãos de um arcanjo, blá blá blá, como o que o Rei Demônio disse. Isso lhe soa bem?

A situação era desesperadora.

Os demônios no apartamento estavam impotentes, o poder da espada sagrada estava preso.

— Isso soa bem para você, não é, Emilia?

Os olhos de Gabriel permaneceram em Maou enquanto ele falava, sua voz tão livre e sincera como se estivesse pedindo a alguém açúcar extra em seu café.

Esse era o tamanho da importância que dava ao mundo humano.

— Nada feito.

— Hmm?

— É a minha vez de contar uma história para essa garota. Se você a levar embora, acabarei quebrando minha promessa.

— Quêêêê?! Ah, qual é…

Suas palavras desmentiram decepção, mas seu tom mostrou uma falta de interesse singular na declaração de Emi.

A frustração de Emi aumentou.

— Eu não me importo com o que todos vocês, anjos estúpidos, estão lidando! Sou a única que vai acabar com o Rei Demônio Satan! Eu nunca daria a ninguém a honra!!

— Hum… você tem algo menos banal que poderia dizer agora…?

— Além disso, que tipo de suposto mocinho tiraria uma garota chorando de seu próprio pai?! Corte da Chama Celestial!

— Oh? Uou! Ai, ai, ai, ai! Caramba, isso é quente! Que merda é essa?

Emi infundiu a lâmina de sua espada sagrada com uma chama ardente.

Foi o suficiente para cortar o anjo caído Lucifer, mas agora nem mesmo chamuscou a palma da mão de Gabriel.

— Beleza, talvez não pareça que doeu, mas doeu, belê? Tipo, muito! Sabe, eu realmente não queria nada difícil com você, mas por que não pode ver as coisas do meu jeito aqui, hmm? Eu deveria ser o guardião desses fragmentos, sabe!

— Quem te perguntou?!

— Bem… ninguém me perguntou exatamente, mas este é o meu dever, e…

— …

— Gnh… haggh…

— Quem… foi agora?

Mesmo Gabriel, anteriormente respondendo à pergunta de Emi com um tom taciturno, de repente ficou sério.

— Estávamos brincando. Nos divertindo. Só isso!

Uma voz se ergueu dos pés de Emi, Gabriel e Maou:

— Market me contou. Vocês todos foram grandes mentirosos.

Seus braços e pernas eram minúsculos, seus olhos, pequenos botões, mas sua vontade era forte o suficiente para dominar o local.

— Ele disse que vocês eram mentirosos, mas deviam ser deuses mesmo!

Alas Ramus levemente levou a mão até Maou. Foi tudo o que foi preciso.

— Gahaa!! Koff… egghh…

— Hããããã?!

O aperto de Gabriel em Maou se afrouxou, deixando-o recuperar o fôlego enquanto começava a suar frio.

— Eu te odeio! Eu odeio todos vocês!

— Sério?

Alas Ramus cambaleou em direção a Gabriel enquanto falava.

— Você nos levou embora, nos manteve sozinhos… e…

Naquele momento, a marca roxa em forma de meia-lua se formou na testa de Alas Ramus quando seu vestido amarelo começou a brilhar tanto quanto o sol de verão.

— E agora você é mau com a Mamãe e o Papai! Isso é ruim!!!

— Yagh!

— Aaaahhh!!

Então ela emitiu um raio de luz dourada, fazendo com que Gabriel voasse contra a parede do Castelo Demoníaco.

A espada sagrada caiu de sua mão, libertando Emi.

— Alas…

— Espere aqui, Papai!

— Uou! Espe…

Do lado de Maou, ainda incapaz de se levantar, a brilhante Alas Ramus voou em direção ao peito de Gabriel como uma bala.

— Grhhh!

Gritando como um sapo preso sob um caminhão de nove eixos, seu corpo foi lançado através da parede com Alas Ramus, voando para o ar.

— Uou! Alas Ramus! Passos Rápidos Celestiais!!

Deixando Maou para trás, Emi focalizou seu Tecido do Dissipador em suas pernas, dando-lhe uma onda instantânea de velocidade enquanto os perseguia.

— Emilia!

— Vossa Alteza Demoníaca!!

A partida inesperada de Gabriel deve ter removido a barreira da porta, pois Suzuno e Ashiya repentinamente passaram por ela, tirando as dobradiças enquanto o faziam.

Ao verem Maou caído e o buraco gigante na parede, os olhos de Ashiya queimaram com uma raiva ameaçadora.

— Maldiiiiiiita seeeeeeeja, Emilia! Que ato hediondo e desprezível de traição!!

Entre a forma como a mente de Ashiya funcionava e a cena com que foi apresentado, ninguém poderia culpá-lo por essa conclusão.

— Não… G-Gabriel… e Alas Ramus…

— O quê?! Ele está aqui?!

— Alas Ramus… ela está lutando. Vá… atrás dela… Kagff!

— Alas Ramus…?

— Lutando?

Ashiya e Suzuno, incapazes de entender a situação, puderam fazer pouco mais do que olhar para Maou e a parede.

— Suzuno, por favor, levante-me…

Suzuno acenou com a cabeça para o gemido de Maou. Porém…

— Pare, humano! Fique onde está, Rei Demônio Satan!!

— Não desafie a vontade de Lorde Gabriel!!

De repente, os quatro lacaios que Gabriel trouxera no dia anterior voaram para o lato, bloqueando o buraco que Alas Ramus havia feito na parede.

O Regimento Celestial carregava um par de asas brancas em suas costas.

— Ngh… Vocês não…

Mesmo que quisessem lutar, Suzuno era a única com capacidade para o fazer. E por mais fracos que Gabriel dissesse que eles eram, um contra quatro com um grupo que se autodenominava Regimento Celestial não parecia apresentar a melhor das probabilidades.

Não no começo.

— Heh. Vocês ao menos sabem com quem está falando?

Uma nova voz de repente fez os quatro anjos congelarem no lugar.

— Acham que um bando de capangas de Gabriel está em posição de me dizer para ficar aqui?

— Uh… Urushihara?

Urushihara, claramente acordando, encarou os quatro anjos enquanto se inclinava grogue contra a porta da frente.

— Saiam do nosso caminho.

Não havia nada de especial no pedido.

— …

Mas ainda assim foi o suficiente para fazer os quatro anjos humildemente limparem o caminho.

— Maou, Bell. Estão livres. Vão em frente. Vou me certificar de que eles não incomodem.

— O… o que é…?”

— Você esqueceu que tipo de anjo eu costumava ser, Ashiya? — Urushihara choramingou, irritado.

Lucifer foi um dos Grandes Generais Demônio que comandou as forças demoníacas de seu senhor. Mas em outra vida, narrada em muitas lendas e escrituras que recontam sua queda em desgraça, ele foi o anjo mais forte do Paraíso — aquele que se tornou tão poderoso que tentou usurpar o trono celestial para si mesmo.

— Antes de cair, eu era o líder dos arcanjos, lembra? E talvez eu não pudesse me safar com isso na frente de Gabriel, mas um bando de soldados lacaios do Regimento Celestial não são capazes de me desafiar.

Era difícil para os habitantes do Paraíso resistirem contra um anjo de nível superior, mesmo um caído.

Pode ter sido o caso, mas a visão do Regimento Celestial curvando-se para um anjo caído que dormia o dia todo e digitava em seu computador a noite toda colocou a qualidade dos recrutas do Regimento em sério questionamento.

— Credo. Você tem o pior hábito de realmente ser útil às vezes.

— Não precisa adicionar “às vezes”, Maou. Vai de uma vez, beleza?

— C-Certo! Vamos, Suzuno!

— Pois bem. Suba na cabeça do martelo! Segure firme!

Através do buraco que o arcanjo fez, Suzuno e Maou voaram na direção do céu da madrugada.

 


 

Tradução: Taiyo

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