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Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 03 – Cap. 00 – Introdução

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O sol ocidental tinha ficado mais baixo que a linha do horizonte, tendo sua luz agora suprimida pelo fraco roxo do início da noite.

Em uma pradaria, longe do que uma vez foi uma estrada bem cuidada, uma sombra baixa movia-se pela grama que ia até a altura da cintura.

— Caramba… eu estaria lá em um piscar de olhos se pudesse voar.

A silhueta escura que reclamava para si mesma naquela grama era uma mulher.

— Voe, e eles vão me encontrar. Caminhe, e vão me encontrar também. A vida é uma droga às vezes, hein?

Ela prosseguiu com cautela, cuidando o caminho à frente enquanto permanecia o mais discreta possível.

Logo, viu um largo muro feito de tábuas de madeira cortadas de maneira irregular, o qual se estendia infinitamente em ambas direções.

— Minha nossa, alguém esteve trabalhando rápido. Faz pouco mais de um ano apenas, não?

A mulher chegou a uma parte daquele muro e viu cruzes feitas de cinco partes distintas unidas, pregadas de qualquer jeito.

Aquele era o emblema da Ordem Federativa dos Cinco Continentes, feitas com base na vista aérea do mundo em que vivia: um grande continente central emparelhado com um conjunto de quatro ilhas ao redor, cada uma se estendendo em uma direção cardinal.

Em certo momento, a Ordem Federativa ostentou o poder combinado de toda a raça humana, liderada pela Heroína Emília enquanto ela tentava resistir contra o Rei Demônio e sua força de demônios saqueadores.

Agora, no entanto, a Ordem tinha sido reinventada como uma organização de auxílio ao governo provisório do Continente Central, enquanto este lutava para se reconstruir durante o despertar de hordas de demônios que tinham acabado com a terra.

O muro que se estendia diante dela, enfeitado pelas cruzes que serviam como símbolo da Ordem, foi construído para evitar a entrada em um certo local.

Mesmo agora, à medida que a escuridão descia do céu, a presença arcana daquele “lugar” espalhava seu miasma escuro para cada canto da ilha, apesar de permanecer fora de vista atrás do muro.

O Castelo Demoníaco.

Era o domínio e fortaleza principal de Satan, o Rei Demônio, soberano das forças demoníacas que uma vez causaram alvoroço por toda Ente Isla. As histórias diziam que apenas três pessoas colocaram os olhos no castelo e sobreviveram para contar história: Emeralda Etuva, Albert Ende e Olba Meiyer, os três companheiros que a Heroína levou junto em sua missão.

Depois que Emília e Satan encontraram seu fim enquanto batalhavam, a Ordem Federativa movimentou uma operação de limpeza em grande escala para erradicar os exércitos demoníacos que restavam no Continente Central.

Com Satan e seu único general sobrevivente, Alciel, derrotados, as forças que uma vez levaram a raça humana à miséria incalculável tornaram-se, de repente, nada além de uma ralé sem rumo e inútil. Levou pouco mais de um ano para a ordem erradicar a maioria deles.

Mas ainda havia sobreviventes o suficiente no Continente Central para que ataques pequenos e outros incidentes fossem ocorrências comuns.

A Ordem Federativa dos Cinco Continentes decidiu que a última missão deles era destruir de vez o Castelo Demoníaco, o qual foi construído no território de Isla Centurum, a terra que uma vez foi o maior centro de comércio. Era uma cidade reluzente, a qual servia como núcleo central da civilização humana.

Apareceu em uma única noite acima da metrópole destruída e conquistada, e, ainda assim, projetava uma vasta e majestosa presença, muito maior do que o santuário sagrado de Sankt Ignoreido, no Continente do Oeste, ou do castelo de Sohtengai, que tinha vista para toda a capital do Continente do Leste.

Sua construção interna era tão vasta quanto era circinal. Rumores corriam o continente inteiro sobre o que poderia ser encontrado lá dentro… montanhas de ossos nas catacumbas abaixo ou o pobre Centurumni oferecido como sacrifício aos demônios; as almas manchadas que vagavam pelos terrenos à noite; os demônios sobreviventes que continuavam a habitar seus corredores escuros…

Ter um castelo tão assustador e estranho no centro do mundo era um pensamento horrível demais para se considerar e um golpe grave para a moral durante os esforços de recuperação do continente. Um pelotão de tamanho considerável de cavaleiros tinha invadido o lugar há pouco, prontos para prosseguir com o trabalho de demolição o mais rápido possível.

Mas graças a onda contínua de desastres bizarros e pragas desfigurantes que vitimou essas forças, sem contar a resistência obstinada dos demônios sitiados que permaneceram do lado de dentro, o projeto enfrentava atrasos intermináveis. O poder vazio pós-Rei Demônio do Continente Central também levou a um debate entre as quatro ilhas sobre quem deveria assumir a liderança na reconstrução. No fim, a Ordem construiu o muro acima mencionado ao redor do castelo para evitar a entrada, estacionou cavaleiros ao redor do perímetro e atrasou a demolição por tempo indefinido até que uma solução política pudesse ser tomada.

— Acho que posso chamar isso de sorte, no entanto. Se eles já tivessem detonado tudo, eu estaria ferrada agora.

A mulher ficou diante do muro.

Conferindo mais de uma vez para ter certeza de que não havia sentinelas por perto, saltou. Sem hesitar um momento sequer, ficou acima do muro de dez metros com um único salto.

O seu corpo brilhava fracamente enquanto arqueava no ar, emitindo o máximo de lux necessárias para a escuridão sombria.

Para além do muro, deparou-se com uma paisagem sem fim de gramados um tanto destruídos e florestas queimadas pela metade, fazendo com que o caminho complicado que usara até agora parecer uma avenida bem cuidada. Era um mundo tomado pela morte, sem um único pássaro noturno ou inseto chilreando.

Ela correu o mais rápido que pôde pela paisagem surreal, indo em direção ao centro do mundo.

Sem demora, uma sombra grande e escura tornou-se visível no ar acima.

Um vasto pináculo erguia-se mais alto do que qualquer outro castelo do mundo, como se ousasse chegar aos céus, uma lança na frente do covil de escuridão demoníaca que ofuscava a noite à frente. Mas a mulher parecia entediada enquanto olhava para cima.

— Mano, te falar que “já vi de tudo”. Nada de original nisso.

Sem demora, já estava no porto leste do Castelo Demoníaco, de frente para uma entrada grande o bastante para um gigante gelado passar sem bater a cabeça. Olhou para as enormes esculturas do portão, que representavam pássaros semelhantes a águias gigantes em um estado de pura ira, então entrou bruscamente no castelo.

Pelo vasto e abandonado corredor, caminhos se ramificavam como ninho de formigas, ligando todos os cantos do castelo. Sem hesitar por um momento sequer, escolheu um único caminho e adentrou.

A pedra roxa presa ao seu anelar na mão esquerda brilhou.

Uma vez, a Heroína Emília e seus companheiros seguiram a orientação da espada sagrada para chegar ao destino final, o andar mais alto, onde residia o nêmesis deles: a sala do trono do Rei Demônio.

Ela vagou por uma longa sucessão de corredores e terraços, tão retorcidos que um explorador comum perderia todo o sentido de cima ou baixo e esquerda ou direita ao longo do caminho.

Logo, uma lua cheia estava presente no alto, iluminando o Castelo Demoníaco e a mulher que corria por ele.

Não se sabia quanto tempo passou até o momento em que chegou à sala do trono sem mestre.

Para sua surpresa, era pouco decorado, mas as marcas da batalha da Heroína permaneciam frestas nas paredes e chão. Ela foi direto até o trono que costumava ser o símbolo de medo no coração de milhares.

Atrás dele, uma cortina estava pendurada.

— Ah…

E uma sala ficava atrás dela.

Justo como imaginava.

Havia um baú enorme, provavelmente utilizado para guardar vestimentas, com esculturas grotescas dignas aos olhos do Rei Demônio de outrora. Uma estante alta o suficiente para uma pessoa de altura normal não tivesse acesso total ficava contra a parede. Uma pena de algum pássaro grande e adulto estava sobre uma mesa adjacente que era mais alta do que a própria mulher.

— Não tem… nada aqui…

Não havia um único livro nas prateleiras. O baú, com a tampa bem aberta, só servia para acumular poeira, e já não tinha mais tinta no tinteiro do Rei Demônio.

Mas não foi trabalho dos invasores ou ladrões. Nunca teve algo ali, para começo de conversa.

— Onde será que você errou…

Murmurou para si mesma, triste, então atravessou a sala vazia, abriu uma enorme janela que dava para o pátio a fim de deixar o luar entrar.

Um terraço ficava além da janela sem vidro, voltada na direção sul.

— Achei!

O terraço abrigava algo que se assemelhava a um jardim caseiro, embora fosse muito maior. Várias árvores em vasos estavam alinhadas em filas preparadas com cuidado, banhadas pelo luar.

O galho de duas delas cresceram e se entrelaçaram com o tempo, criando uma única árvore e com uma aparência estranha.

— Queria que fossem um pouco mais cuidadosos, pelo menos. Isso aqui se destaca demais.

A mulher sorriu melancolicamente e ergueu a mão esquerda, de frente para aquela árvore estranha e entrelaçada.

A joia roxa em seu anel brilhava enquanto absorvia o luar. Então, a árvore começou a emitir uma luz fraca.

Logo, uma esfera brilhante surgiu entre sua mão e a árvore. A luz do anel apagou-se, e a árvore, tão viva e banhada em luz há pouco, desfez-se como uma pilha de cinzas.

— Você a criou bem. Ótimo.

Sorriu para a esfera flutuante de luz, não ligando mais para a árvore arruinada. De repente, seu olhar afiado virou-se em direção ao céu oriental.

— !!

No ar iluminado pelo luar, pontos cintilantes de luz flutuavam, organizados em uma fileira ordenada.

— Já perceberam, hein? Foi rápido. Devem estar desesperados, mas já era de se esperar.

Abraçando a esfera de luz, ela rapidamente voltou para a sala.

— Oh, bem. Se o pior acontecer, tenho uma ideia geral de onde ele está. É trabalho dele criá-la. É hora de cobrar a parte dele da dívida.

A esfera pulsava calorosamente, como se respondesse às suas palavras.

— Então a perseguição começa mais uma vez, né? Espero que tenha melhorado um pouco suas habilidades nos últimos séculos, Gabriel.

Havia um traço de euforia na voz dela enquanto disparava na direção da escuridão do Castelo Demoníaco.

A segunda lua que governava os céus de Ente Isla tinha acabado de aparecer no céu oriental, atrás de cinco cintilações que se flutuavam sobre o terraço.

Quando os cinco meteoros chegaram ao castelo, as luas — uma azul e uma vermelha — estavam alinhadas.

E, então, a fraca luz que envolvia a mulher enquanto ela se espreitava pelo castelo tornou-se uma memória distante.

 


 

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