Como estou certo de que os meus leitores sabem disso, royalties são uma parte importante do salário de um autor. Kojien, o dicionário mais autoritário da língua japonesa define o termo como o seguinte:
ROY-al-ties (subs.): Pagamentos recebidos por retentores de direitos autorais de uma editora ou outra entidade pelo uso de um trabalho de direitos autorais, normalmente provido em bases autorizadas dependendo do preço de venda ou circulação. — Kojien, 6ª edição, © 2008 Iwanami Shoten.
Não que seja pago para o autor em dinheiro, é claro. No Japão, o que acontece é que uma empresa compra algo chamado “selo de receita” para o pagamento acordado. Isso representa que a empresa deu uma compensação pelo trabalho, tudo para propósitos oficiais.
Esse sistema de selo de receita tem suas raízes em como o direito autoral e royalties costumavam a funcionar no Japão. Na realidade, a palavra japonesa para “royalties” é inzei, a qual significa, literalmente, “imposto de selo”.
Sabe, no Japão de antigamente, a última página de cada livro impresso incluía um selo oficial carimbado pelo autor. Os royalties pagos a ele seriam baseados no número de vendas de selos que o autor colocou em seu trabalho.
Este sistema morreu de vez nos tempos modernos, mas, se der uma olhada nos livros antigos que ocupam as prateleiras empoeiradas de sebos ou bibliotecas universitárias, será capaz de ver esses “selos de aprovação” oficiais.
Já que o sistema de recebimento de royalties baseado em selos oficiais era a norma para o sistema legal que permitia as editoras a lidar com os direitos autorais dos autores para propósitos de publicação até a era moderna, nós chamamos os royalties de “imposto de selo” em japonês.
Mas, considerando que o sistema é uma relíquia morta do passado, hoje em dia, no século vinte e um, por que ainda usamos um termo tão fora de modo como inzei?
Eu descobri no dia em que a minha primeira obra, Rei Demônio ao Trabalho!, foi à venda.
Eu estava na minha livraria local para conseguir dar uma olhada no meu livro alinhado nas prateleiras. Para minha enorme surpresa, passei direto por alguém com o primeiro volume em mãos enquanto ia até o caixa.
A grande maioria dos royalties que recebo por escrever Rei Demônio ao Trabalho! vem, é claro, do dinheiro gasto pelos meus leitores com cada compra que fazem.
Eu sabia disso, sim, mas foi quando vi aquele homem na livraria que realmente senti aquilo pela primeira vez.
Os royalties que me foram pagos em troca da expectativa dos leitores sobre o entretenimento que receberiam por lerem o meu trabalho foram o que me permitiram continuar nesse ramo.
Então, qual seria a melhor forma de usar esses royalties que me foram pagos por esses leitores leais?
Frequentemente falamos sobre como pessoas que trabalham para a burocracia do governo estão vivendo “à custa dos que pagam impostos”. Suponho que isso significa que escritores como eu estão vivendo “à custa dos leitores” então, sendo que os selos virtuais que carimbamos em cada volume é a única coisa que nos mantém vestidos.
Os “impostos” que recebo na forma de royalties dos meus leitores são o que me permitem investir com eficácia em novos projetos. Tenho o dever de usar esse dinheiro para compensar o favor dos meus leitores na forma do meu “trabalho”.
Entre todos os eventos importantes que ocorreram no Japão e no mundo enquanto eu escrevia este volume, passei grande parte do tempo preocupado sobre o que um futuro autor de ficção leve e de entretenimento deveria estar fazendo da vida. No fim, cheguei à conclusão de que reinvestir os “impostos” que recebi para produzir outro “trabalho” melhor e entreter mais dos meus leitores foi a escolha mais lógica.
Espero poder continuar trabalhando com este objetivo também — o de fazer esses leitores sorrirem.
Peço perdão por continuar falando irreverentemente sobre pegar a alma dos leitores, roubar seus impostos e assim por diante. Eu talvez devesse saber mais sobre o meu lugar.
Apesar do pensamento tremendamente rígido e egocêntrico que ocorreu neste volume, ainda está cheio de pessoas vivendo vidas frenéticas, animadas e divertidas. Enfim, eu gostaria de encerrar ao pedir desculpas no lugar do Rei Demônio para os meus fiéis leitores na Groenlândia por todos os comentários inapropriados que ele fez sobre seu país. Obrigado.
Nota da Tsundoku Traduções:
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Amazon: Volume 1
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