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Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 01 – Cap. 03.7 – O Rei Demônio e a Heroína Permanecem Fortes em Sasazuka

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Ergh, me sinto mal… Qual o significado disso tudo? Por que parou do nada?

— Não me pergunte issooooo! Deve ser algum tipo de barreira mágica!

— Quem está lá?

— Me parece que é a Emília…

— E quem está enterrado naquela pilha?

— Seria o Olba.

— E aqueles outros?

— Sei láááá…

Ao descobrir o plano da Igreja, Albert Ende, artista marcial e amigo de Emília, e Emeralda Etuva, alquimista da corte do império de Santo Aile do Continente Oeste, imediatamente entraram em ação. Eles perseguiram a trilha de Lúcifer e Olba através do Portal e escolheram este exato momento para chegar em Sasazuka.

— Quê, como assim, você é o Satan? Aquele Satan?

O homem de pele morena tinha cerca de trinta anos e era mais alto do que Ashiya. Ele tinha cabeça e barba branca, mas o que mais se destacava eram os seus olhos dourados. E Albert, com os braços ainda cruzados, olhava direto para o Rei Demônio. O seu casaco de couro leve foi feito para acentuar a musculatura do seu corpo, fazendo-o parecer um lutador profissional encarando um aluno do fundamental.

— E você é o general dele, Alciel? Séééério?

Emeralda era ainda mais baixinha, e os seu cabelo curto e azul-esverdeado voava ao vendo enquanto os seus olhos, de cor verde-claro, encaravam Ashiya. O seu manto clerical era semelhante ao de Olba, mas, ao invés do design simples de arcebispo, ela preferia um arranjo mais chamativo de vermelho e laranja, com o símbolo nacional de Santo Aile costurado com linha dourada nas costas.

Nenhum deles parecia estar armado.

— Isso mesmo. Morram de medo!

Maou tentou o máximo que pôde para atuar, confiante de que estes intrusos não tivessem intenção de lutar.

— Oh, pare de ser tão bobooooo!

Mas a maneira com que Emeralda o ignorou fez com que ficasse desmotivado.

— Bem, isso não resolve tudo, Emer? Não tenho muita força sobrando… Não tinha planejado derrotar o Rei Demônio de maneira rápida e tal.

— Sabeeeee, eu aconselharia que não dissesse isso na frente do inimigo…

— Sério? Pois é, foi mal aí!

Albert mostrou os dentes brancos e riu com as mãos atrás da cabeça.

Chiho permanecia em silêncio desde a chegada deles, mas a risada alta fez com que percebesse algo de súbito. Ela lançou um dedo acusatório na direção do homem gigante.

— M-Maou! Foi essa a voz! Aquela que falou dentro do meu cérebro!

— Hm? Ei, mocinha, você captou o meu elo mental?

A conversa já tinha descarrilhado; o perigo era que tudo caísse de um desfiladeiro agora. Então Emi interviu.

— Ouçam! Por favor, pessoal. Sei que está tudo um pouco confuso aqui, então vamos nos acalmar um pouco e conversar sobre uma coisa de cada vez. Acho melhor voltarmos ao seu apartamento, Alciel. Não podemos ficar conversando no meio de todo este entulho.

— Ridículo! Eu jamais convidaria o grupo da Heroína para ir até o Castelo Demoníaco!

Maou interviu antes que Ashiya pudesse continuar gritando com Emi e ordenasse algo.

— Nah, ela tem razão. É uma emergência, Ashiya, precisamos ser flexíveis. Estou ficando um pouco cansado por deixar essa barreira de pé. Além disso, não seria uma boa ideia gastar todo o meu novo poder numa luta contra esses caras.

Ashiya assentiu, com pesar. Para ele, Maou estava fazendo sentido novamente.

— Mas e quanto a Olba, que ainda está debaixo de todo esse entulho?

— Deixe-o aí. Ele causou aquela onda de assaltos com Lúcifer, né? A polícia vai identificá-lo e prendê-lo logo.

Era verdade. Dentro das regras da sociedade japonesa, Olba e Lúcifer eram criminosos. Nem Emi, aquela que foi traída por Olba, nem os demônios, os seus inimigos originais, tinham motivos para lhe mostrar misericórdia.

— Você ainda se lembra onde que fica, certo, Emi? Pode ir na frente. Leve a Chi e esses caras com você.

 Maou jogou a chave do apartamento para Emi.

— Hein?

— Vou voltar depois que limpar toda essa bagunça.

— Você não vai voltar à Ente Isla, vai?

Não, Emi! Os seus parceiros iriam me perseguir logo depois que eu o fizesse. Só vai para lá, entendeu?

Os olhos de Emi estavam repletos de suspeitas, mas ela, no entanto, gesticulou para Chiho e os outros conforme começava a andar.

— E o que está rolando agora? Vocês estão se dando bem agora ou o quê?

— A Heroína Emília fez amizade com o Rei Demônio! Minha nossaaaa, as surpresas nunca terminam!

— Eu discordo completamente disso, e só disso, entendeu? Vamos logo.

Por um momento, Emi se virou na direção de Maou antes de seguir em um beco de Sasazuka com o seu grupo heroico.

Ashiya os observou partir, então, disse:

— E o que você planeja, Vossa Majestade Demoníaca?

Maou apontou para a Via Expressa de Shuto.

— Não podemos simplesmente deixar isso assim. Ashiya, Lúcifer, me ajudem.

Ashiya hesitou por um momento, mas suspirou e mostrou um sorriso resignado no rosto. Lúcifer, por outro lado, ficou chocado.

— Você… não quer dizer…

— Mm-hmm. Sei que acabei de recuperar os meus poderes, mas…

— Mas… se fizer isso…!

— Que seja. O meu soberano tomou a sua decisão, e eu estou disposto a segui-lo.

— Pode pelo menos me dizer o que possuiu vocês? Tipo, você e o seu soberano?

— Não posso. Eu mesmo acho difícil de acreditar.

— Vocês dois poderiam me fazer o favor de parar com o papo furado?

— Mil desculpas, Vossa Majestade Demoníaca. Deixe-me ajudá-lo.

Depois de pegar a mão de Ashiya, Maou começou a falar com uma fraca euforia na voz.

— Como lorde dos demônios, devo assumir a responsabilidade pelas ações dos meus soldados. Seja em Ente Isla ou na Corporação do MgRonald, isso vale para tudo. Eu governo tudo o que vejo, e o fardo de um governador é pesado.

Maou sorria enquanto observava Sasazuka, agora destruída.

Ver o Vila Rosa Sasazuka foi o suficiente para fazer com que Emeralda e Albert empalidecessem. Mesmo para alguém que chegara à Terra há cerca de meia hora, essa estrutura estava longe de aparecer na imaginação de alguém ao ouvir as palavras “o Castelo Demoníaco”.

— Hmmm… Emília?

— Sei o que você está pensando, Emeralda, mas aquele quarto ali, logo depois das escadas… é o Castelo Demoníaco, o lar do próprio Satan. Isso no Japão, é claro.

— Aquele quarto? Só aquele?

— Aham. Todos os outros estão vazios.

Os dois recém-chegados ficaram em silêncio por um tempo. De repente, Emeralda bateu as mãos ao perceber algo.

— Ah! É claaaaro! Eles disfarçaram o exterior para que se parecesse com um casebre aos pedaços, mas, no momento em que você entra, é transportado par outra dimensão, a qual se estende infinitamente—

— Nope. Cem pés quadrados. Eu acho que é a metade do tamanho do barraco da montanha em que você vive, Albert. Também não tem chuveiro.

— Vish. Bem, isso é decepcionante.

— E ele ainda se chama de Rei Demôôôônio?

Os dois precisaram se esforçar para falar.

— Oh, não sei. Se me perguntar, diria que esse apartamento é a cara do Maou, então…

A observação de Chiho foi, à sua própria maneira, ainda mais cruel.

— Vocês vão ver o que nós queremos dizer no momento em que entrarem. Vamos.

Com cuidado, Emi subiu as escadas, das quais jogou o seu corpo naquela manhã.

Ao girar a maçaneta redonda, o grupo foi recebido por cheiros familiares da vida dentro de um aposento bem-usado. Desta vez, Emeralda e Albert não souberam o que dizer.

Chiho, ao perceber a sacola de papel com a lata de biscoitos de arroz que derrubou mais cedo, se aproximou para pegá-la. Virou-se na direção de Emeralda e Albert e limpou a poeira da sacola.

— Hm, então, no Japão, é costume tirarmos os sapatos antes de entrar na casa de outra pessoa. Vocês podem fazer isso aqui…

Enquanto falava, removia os sapatos em frente à sala, a qual tinha o tamanho de uma gaiola para hamster. Emi seguiu o que ela fez, assim como Emeralda e Albert, removendo as botas. Quatro pares de calçados foram o suficiente para ocupar completamente o espaço diante da porta.

— Eu prefiro muito mais a minha barraca da montanha do que esse lugar aqui. Nem mesmo tem lugar para colocar armadilhas.

— Esqueça as armadilhas. Sequer há espaço para o mínimo necessário de mobília. Sintam-se livres para se sentarem onde quiserem, eu acho.

O grupo sentou-se no piso de tatame, mas ninguém parecia estar confortável.

— Hm… é… vou preparar um chá!

Chiho, de repente, pensou em ir até o balcão da cozinha, mas Emi a parou.

— Chiho, nem se estresse. Eles não têm bules nem xícaras. A geladeira e as prateleiras estão todas vazias também. Não faço ideia de como eles conseguem viver.

— Oh…? — Chiho, ao lado da pia, virou-se na direção de Emi. O olhar em seu rosto parecia mais descrença do que surpresa.

— Como você sabe disso tudo, Yusa?

— Oh, é, há alguns dias, eu acabei fi—

Emi parou no meio da frase, pois percebeu a enorme mancada que cometeu. Chiho não era idiota. Ela sabia qual o significado de uma mulher conhecer a cozinha de um homem por completo. O seu grande conhecimento sobre o interior do Castelo Demoníaco também deixou Emeralda e Albert com suspeitas.

— No outro dia, você… o quê, Yusa?

— Hm… bem, foi um total acidente, mas…

A Heroína estava prestes a prosseguir com sua desculpa nada heroica, mas foi interrompida.

— Hmm?

— Oooh!

Albert e Emeralda reagiram simultaneamente. Não foi para chamar a atenção de Emi, pois ela mesma percebeu o que havia chamado a atenção dos dois.

— Hmm… algo de errado…?

Albert e Emeralda olharam entre si, não respondendo à pergunta de Chiho.

 — O que acaboooou de acontecer?

— Uma avassaladora onda de poder mágico, se não me engano. Ei, Emília, tem certeza que devemos confiar no Rei Demônio e nos outros?

— Eu… acho.

A tensão na voz dela era óbvia.

A força mágica que os três captaram era de escala gigantesca. Parecia a onda explosiva de uma enorme bomba no centro da estação de trem de Sasazuka passando pelo teto do apartamento e indo ainda mais longe. Foi uma explosão avassaladora de magia, a qual nem mesmo Emi sentiu durante a última batalha.

— Vocês… estão escondendo algo de mim?

Chiho, sem perceber o que estava acontecendo, sentiu-se ainda mais de lado depois que sua pergunta foi ignorada. Mas a quantidade pura e impalpável de magia era praticamente impossível de passar despercebida.

Maou disse que não faria nada. Acreditar nele seria mesmo a coisa certa a se fazer? Aquela afinidade estranha que parecia ter com o Japão e o seu povo até agora era apenas uma mentira? Uma onda de nervosismo cruzou a mente de Emi, até que foi interrompida de súbito.

— Yo! Emi, abre aí! Já voltamos!

Emi ficou tensa quando ouviu a batida — ou chute, para ser mais exato — na porta. Todos, exceto Chiho, trocaram olhares e, então, encararam a porta.

— Devo abri-la? — Emeralda encostou-se na porta.

— Tipo, aqui já é a casa dele, né?

— Sim, mas é a casa do Reeeeei Demônio. Sem contar aquele choque estranho de maaaagia…

— Pfft. Do que precisamos ter medo? Um Rei Demônio que vive nesse chiqueirão? Além disso, se aquela era a magia dele, impossível ter alguma coisa sobrando ainda. Eu poderia dar uma surra nele em um piscar de olhos.

— Oh, valeu mesmo, Albert! Vamos ver se vai continuar falando isso depois que abrir a porcaria da porta!

Do outro lado, Maou gritou com eles. Apenas alguns pedaços finos de madeira compensada os separava, mas eles ainda não conseguiam detectar um traço sequer de magia.

— “Abrir a porta”, hmm? Você e qual exééército?

— … …

Emi conseguia sentir o cansaço tomando conta dela quanto a discussão deles continuava. Talvez estivesse pensando demais nas coisas mesmo.

— Abra logo! Ou eu vou chamar a senhoria, caso não o faça!

— Abra a porta para ele, Albert.

Relutante, Albert se levantou.

— Por quê? O que é uma “senhoria”? É um monstro poderoso ou…?

Maou respondeu à pergunta do outro lado à medida em que Albert abria a porta.

— Ohhh, aham, ela é forte pra caramba. Se tentar enfrentá-la, apenas um olhar será o suficiente para esmagar a sua alma.

Emi sabia que Maou não estava mentindo por completo. E, agora que parou para pensar nisso, o que a Shiba, a senhoria, esteve fazendo desde que eles detectaram o alvoroço de Lúcifer e saíram correndo pela porta?

Aquela madame agia como se já soubesse do segredo deles.

Conforme Emi pensava nisso, Albert abria a porta. Maou, desajeitado, cambaleou para dentro, apoiando o manco e apagado Ashiya e Lúcifer em seus braços.

— Saia da minha frente. Esses dois são pesados.

Maou arrastou os seus companheiros para dentro, jogando-os no piso de tatame. Chiho ofegou levemente quando percebeu que Ashiya parecia estar inconsciente.

— Ah… uh… o que aconteceu com ele?

— Oh, não foi grande coisa, eu só espremi toda a energia dele, e ele quase morreu, tipo isso. — Com um enorme suspiro, Maou se sentou e olhou para Albert e Emeralda. — Bem, eu acho que todos nós já nos conhecemos agora. O que vocês estão fazendo aqui? A julgar pelo que parece, não é para me matar, pelo menos.

— Na verdade, não. Fato é que nem era a nossa intenção de nos encontramos com você. Só viemos para ajudar a Emília. — Albert deu de ombros, e os seus olhos se viraram para Emi.

— Olba não foi o único. Toda a Igreeeeja estava envolvida. — Emeralda estava séria enquanto falava, mostrando um rosto franzido e com os punhos cerrados.

— O quê!?

— Os arcebispos da Igreja nos forçaram a ficar do lado deles. Tinham nos capturado e colocado espiões para nos observar dia e noite. Só para você ficar sabendo, deu muito trabalho para conseguirmos escapar.

— Eles garantiram a nossa seguraaaaança, contanto que não fizéssemos nada contra eles. Queriam que eu me retirasse da corte da vida no Impééério. Esse era todo o medo que tinham, pelo que parecia, da Heroína e salvadoras deles buscando poder político.

A triste história era de grande entretenimento para os ouvidos de Maou.

— Sim, é isso mesmo o que você consegue das pessoas que não levantam um dedo sequer para fazer alguma coisa. O mundo dos demônios gostaria de ter vocês lá. Um sistema todo baseado no mérito, desde os mais cargos mais baixos. Não querem se tornar os meus novos capangas?

Emeralda, com um rosto ainda franzido, mostrou a língua para aquela tentativa — que podia ser brincadeira ou real — de conseguir novos talentos.

Thpbbt! Eu jamais me tornaria capanga de alguém tããão falido assim.

Albert, enquanto isso, olhava para Maou da cabeça aos pés.

— Você não tem muitos músculos aí, rapaz. Qualquer um que quiser ser o meu líder precisa ser muito maior do que eu.

Ele flexionou o bíceps para eles em uma bravata inútil, demonstrando o músculo que, normalmente, apoiava suas palavras. Ele continuou fazendo várias outras poses para a admiração de Chiho.

— Então é só com isso que vocês se importam? Músculos e dinheiro?

A pergunta lamentável de Emi não teve resposta.

— Tudo bem, já chega de brincadeira. Então, Emi, queremos te avisar que o perigo estava prestes a chegar. E que também conseguimos seguir o rasto que você e o Rei Demônio deixaram até o Japão bem rápido.

— O problema, no entanto, é que se nós conseguimos isso, Olba e a Igreja também conseguem. Foi uma corrida para ver quem chegaria até você primeiiiiiro.

Emeralda e Albert encararam o vazio, lembrando-se dos desafios que enfrentaram para chegar até a Heroína deles.

— Nós dois disparamos vários raios sonares aleatórios. É bem provável que tenhamos causado muita destruição neste mundo, devo admitir. Tiveram muitos terremos e coisas do tipo?

Tudo até agora foi exatamente o que Maou tinha imaginado.

— Neste caso, Albert, por que eu ouvi a sua mensagem?

Albert, despreocupado, respondeu à pergunta de Chiho:

— Bem, o elo mental trabalha ao ligar a consciência entre as pessoas, então, aquele que envia pode diminuir a quantidade de pessoas que receberam as mensagens. Então, quando eu enviei uma, tentei dirigi-la a seres humanos que pensam apenas no Rei Maou durante o dia todo.

Tanto Emi quanto Chiho precisaram de um tempo para conseguir entender totalmente o que a resposta, que pareceu um tanto direta, significava.

Emi se encaixaria nesse grupo, já que viajou até o Japão para matar o Rei Demônio. Mas acabou estando fora do alcance no momento em que a mensagem chegou até o Japão.

Mas… a Chiho?

— O qu…! Isso… Eu… é…

O seu rosto ficava mais vermelho a cada vez que gaguejava. Claro que pensava nele. O dia todo, ainda por cima.

Não precisava explicar o porquê, pois todos já tinham entendido. O problema era que alguém revelou aquilo antes que ela conseguisse. Além disso, Maou também estava ali.

— Oh, miiiiinha nossa! Que malandrinho você, hein, Rei Demônio?

Emeralda, ao escolher levar a insinuação a outro nível, fez com que o marcador de emoções no cérebro de Chiho fosse às alturas, fazendo com que piscasse e jorrasse fumaça.

— Ahh…

Com um gemido, Chiho desmaiou de vergonha, caindo no chão, logo ao lado de Ashiya e Lúcifer.

— Beleza! Então! O que vocês vão fazer agora?

Maou, sem saber como reagir, virou-se para o grupo da Heroína, os quais reagiam de formas diferentes e frenéticas. Se ele deixasse suas verdadeiras intenções à mostra também, seria uma vergonha para o resto da vida.

— Não me pergunte. Só viemos porque achamos que Olba e Lúcifer fariam algo com a Emília. Não estávamos contando com a presença do Rei Demônio aqui também.

— A ideia geral nossa era de levar Emília de volta para casa e ajudar Ente Isla a perceber quem devia reameeeeente estar liderando os esforços de recuperação…, mas…

Albert e Emeralda trocaram olhares entre si.

— …, mas a Igreja provavelmente colocou a nós todos na lista de procurado a essas horas.

— Sim, sem dúvida.

— Então, qual é, vocês estão ferrados mesmo?

— Não necessariamente. Lembre-se, ainda temos parte do reino dos céus ao nosso lado.

— É isso mesmo! E também conseguimos viajar pelo Portal sem gastar poder sagraaado algum por causa disso. — Emeralda pegou uma caneta de pena do seu manto.

Os olhos de Maou se arregalaram.

— Huh. Veja só. Essa não é a caneta que os anjos usam para desenhar as pontes de arco-íris para outros mundos?

— E-Ei! Você não pode simplesmente mostrar isso ao Rei Demônio!

Maou balançou a cabeça ao ouvir o aviso frenético de Emi.

— Habitantes do reino dos demônios não podem usar mesmo. Nem se preocupe tanto. É apenas um dispositivo para os céus, e apenas os anjos e as pessoas que reconhecidas por eles podem usá-la.

— Oh… Mas, espere aí, como você sabe disso?

— Eu ouvi sobre ela um tempo atrás. De quem é a pena que você usou na caneta? Não, deixa eu adivinhar. Laila, né?

— Ooh, muito bem.

— Não espere nenhuma recompeeeensa!

Albert e Emeralda concordaram.

— Hah! Aquela guria deu no pé com algo desse nível de novo? — Maou sorriu para si mesmo, como se lembrasse do passado distante.

— Ela está caminhando sobre gelo fino no céu, suponho. Não que eu saiba dos detalhes.

— Mas, honestamente, quem não iria querer agir se soubessem que a própria filha estava em periiiiigo?

Emi foi a única que piscou ao ouvir as palavras de Emeralda.

— Filha…?

— Hm? Espere, você não sabia, Emília?

— Sim, ela nos disse que é a sua mãe.

A mente de Emi ficou em branco por um momento.

— Eu… uou, sério?

Essa vai ser a sua reação, sério, Emi?

Os olhos dela ainda não estavam focados, sem conseguir aceitar muito bem a realidade.

— Bem, de qualquer forma, agora ela é toda sua. Como vai usá-la, você decide.

A caneta de pena parecia grande, sua pena era de um branco puro. Uma luz suave parecia envolvê-la, e um ponto menor de luminescência centrava-se na sua ponta. Ela também emitia um calor estranho em sua mão, semelhante à mesma sensação que teve durante o banho na casa da Rika.

O seu pai disse que ela saberia sobre a sua mãe algum dia. Isso foi lhe dito diversas vezes durante os seus dias como Guarda da Igreja. Ela sabia que era meio-anjo, e já que o seu pai era humano, a conclusão se tornava óbvia. Mas ela nunca imaginou que descobriria a verdade assim, ou que conseguira um pedaço físico dela tão rápido.

— Ah, é mesmo, também tenho uma mensagem dela.

— Da minha mãe…?

O coração de Emi acelerou. O sangue acumulou-se em seu rosto.

— Ela disse: “O seu pai foi um homem bom”.

Tanto Emi quanto Maou reviraram os olhos.

— Ela… ela não precisava ter me dito isso agora…

— É isso o que tem a dizer para a sua filha?

— Já fiz o que precisava fazer. A mensagem e a caneta de pena. Então…

Sentando-se, Albert confrontou Emi.

— Quando irá voltar?

— O quê…?

— Não estou pedindo por hoje ou algo do tipo. Eu imagino que ainda tenha coisas para resolver aqui. Mas se ficar por muito tempo aqui, a Igreja vai ter a razão sobre tudo. Quanto antes voltar, melhor, eu acredito.

Emi viu-se incapaz de responder.

— Eu…

— Sabeeeee, não tenho certeza se essa é uma conversa que deveríamos ter no Castelo Demoníaco…

Ao perceber que sua mente era um redemoinho de pensamentos estranhos naquele momento, Emi virou-se para Maou, sem conseguir se acalmar.

— Quando… quando você irá voltar?

— Hein?

Maou assou o nariz e jogou o lenço usado no cesto de lixo, mas acabou errando.

— Do que está falando? Eu não vou a lugar algum.

Isso fez os olhos dos três membros no aposento, que permaneciam atentos, ficarem maiores do que tigelas.

— Quê…?

— Tipo, mesmo que eu quisesse, não poderia agora.

— ???

Ao perceber os enormes pontos de interrogação sobre a cabeça de todo mundo, Maou riu.

— Quanto poder mágico vocês acham que eu usei para fazer a área do desastre voltar a ser como era antes? Sabiam que eu construí todo o Castelo Demoníaco de Ente Isla sozinho, né?

Emi, Emeralda e Albert ficaram de queixo caído diante do arco largo da Via Expressa de Shuto. A rua Koshu-Kaido e a estação de trem de Sasazuka estavam de volta ao normal, a falta de tráfego de um lado para o outro era a única coisa que faltava. Nenhum dano de batalha permanecia nos edifícios ali perto.

Dezenas e mais dezenas de veículos de emergência estavam parados, mas os paramédicos e policiais pareciam não ter ideia do porquê foram chamados até o local.

Poucos civis estavam por ali, sem dúvidas de que tinham sido pegos na luta anterior, mas ninguém morreu, ninguém se feriu, nem mesmo na área próxima da ponte de trilhos desabada, nem dentro dos prédios que foram explodidos por ataques perdidos.

Em outras palavras, tudo voltou a ser como era antes da batalha. A única diferença era as pessoas nas proximidades, que não se lembravam de nada das últimas horas, como se alguém tivesse os anestesiado sem que fossem avisados.

— Uh… é isso mesmo o que estou pensando, Emília?

— Eu acho.

— Esse homem é meeeesmo o Rei Demônio?

Devia ser.

O shopping que ficava de frente à estação de Sasazuka já estava voltado à sua agitação de sempre. Todos os pedestres ali perto mostravam uma careta estranha, como se tentassem usar a língua para tirar um pedaço de comida de entre os dentes.

— Então, se quiséssemos, poderíamos…?

Você teria feito isso?

Albert respondeu com silêncio.

— Quando alguém é conhecido por ser maligno o tempo todo, sabe… se ele começar a fazer coisas boas, é como se o passado dele tivesse sido limpo.

— Sim…

— Então eu achei que não havia como esses caras me atacarem.

— Sim…

— O que achou? Eu tinha tudo planejado.

— Assim, vamos conseguir voltar algum dia?

— Bem, ao trabalho! Ainda vou chegar a tempo se sair agora.

— Vossa Majestade Demoníaca…

— Oh, é mesmo, pode amarrar o Lúcifer para mim? Não quero que ele faça nada de estranho.

O anjo caído estava inconsciente, sem forças para fazer muita coisa durante um tempo. Ashiya, por outro lado, estava acordado, mas não teve forças o suficiente para parar Maou.

— Ei…! Chiiii… Chi, acorde? Vamos, você ainda tem um turno hoje!

Chiho recusou-se a sair com Emi — ou, para ser mais exato, com Albert. Ela se contorcia no piso de tatame, com o rosto contra o chão.

— Nnngh… Albert, você é um baita de um idiota…

Maou suspirou, e o seu rosto parecia muito incomodado.

— Ugh… É isso o que você ganha quando mexe com os Heróis.

 

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