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Qualidea de um Traste e uma Moeda de Ouro – Capítulo 07

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Yuu

Nós escapamos juntos.

Reconheço que fizemos isso porque eu não tinha nenhuma roupa para vestir, mas foi a primeira vez que saí da escola tão cedo por vontade própria.

Desde que comecei a sair com o Haruma, passei por muitas coisas inéditas.

— Você é terrível, Haruma.

— Hum, poderia parar de fazer parecer que sou eu quem está levando você? Você é claramente aquela que está me arrastando… — Haruma riu para disfarçar seu constrangimento.

Ele prontamente caiu em silêncio quando chegamos à frente da minha casa.

— É talvez a primeira vez que entra na casa de alguém do sexo oposto? – Eu perguntei a ele um pouco maliciosamente.

Ele hesitou, tossiu e murmurou alguma resposta vaga. Achei meio engraçado, então ri. Uma coisa era esta ser minha primeira vez, mas o fato de ter sido a primeira vez para ele também evocou em mim um sentimento inexplicável.

Quando abri a porta da frente, Misa colocou a cabeça para fora da sala.

— C-Como você ficou tão molhada? Isso não é bom! – ela disse em pânico enquanto corria em nossa direção.

Embora tivéssemos secado um pouco durante o caminho da escola para casa, nossos cabelos e roupas ainda estavam um tanto úmidos. Gotas d’água caíam no chão, criando pequenas poças.

Misa prontamente saiu e voltou com uma toalha do banheiro.

— Fomos atacados por arruaceiros. É perigoso lá fora, então é realmente melhor se você não sair, Misa. — Eu funguei.

— Nossa, você não pode me enganar! — Misa estufou as bochechas como um anjo.

Então voltou seu olhar para Haruma como se o notasse pela primeira vez. Ela percebeu a existência dele mais rápido do que a maioria das pessoas— esse é o meu anjo para você.

Havia uma distância estranha entre eles, então eu fiquei lá com um ar majestoso.

— Ahem, Haruma. Esta é minha irmã mais nova, Misa. Ela é tão fofa quanto eu, não é?

— Sim, ela é fofa. — Haruma assentiu com firmeza.

Seu entusiasmo me deixou perplexa. Demora muito para me deixar perplexa. Será que ele tinha propensão a ser um lolicon? Que pessoa sem esperança.

— Misa, essa pessoa provavelmente não terá nada a ver com a sua vida depois disso. Certifique-se de observá-lo de perto para fins educacionais.

— Lá vai você de novo, mana! — Misa começou a rir, antes de olhar para Haruma com uma espécie de diversão. —Esse cara poderia ser o… da mana? Hehe?

— …Oh, por favor, Misa.

Ultimamente, minha irmã tinha uma tendência peculiar para mal-entendidos. Talvez fosse porque agora ela estava na idade de casar. Eu lentamente chamei Misa para mim.

— O que é issoooooo?

Assim que ela se aproximou de mim, parecendo intrigada, eu a segurei em um abraço. Água pingou do meu torso encharcado na Misa.

— Ecaaa! — Misa, encharcada, soltou um grito assustado. Então sua cabeça começou a tremer de uma maneira peculiar e ela olhou para mim com seu rosto adorável. — Você deveria apenas entrar no banho logo! Nossa!

— Você tem razão. Nesse caso, devemos tomar banho juntas?

— Ugh.

Eu bati na palma da minha mão, fazendo com que Haruma ao meu lado soltasse um soluço estranho. Nossos olhos se encontraram e, naquele instante, nós dois entendemos.

— O que essa tosse significa…? Minha irmã é quem está sugerindo isso.

— V-Você não precisa me dizer duas vezes. Na verdade, é tão mundano que fiquei nervoso.

— Mesmo assim, você reagiu muito. Estava esperando alguma coisa?

— Parei de esperar coisas de outras pessoas quando estava no segundo ano do ensino médio. Agora vá tomar seu banho logo.

 — Você parece um pouco confuso, querido. — Eu ri.

— Eiiii, você escuta quando as outras pessoas estão falando? Oh, e quem morreu e te fez chefe? Eu tenho que admitir que combina com você, no entanto!

Enquanto nós dois flertávamos, Misa soltou um espirro.

— Nossa — eu disse. — Sinto muito, mas terei que tomar banho primeiro. Por favor, sinta-se em casa na sala de estar.

— …Hmmm.

Haruma foi para a sala tremendo, tímido como um cordeiro. Chamei ele de volta e lhe entreguei  uma toalha.

— Certo, nosso banheiro tem duas portas: uma dá para o banheiro e a outra é um vestiário que leva ao banho. O caminho para o banheiro é o da mão que uso para segurar uma tigela de arroz, e o caminho para o vestiário é o da mão que uso para segurar os pauzinhos.

— Hmmm… ah, tudo bem.

— Não ouse fingir que cometeu um erro e espiar nós duas.

— Eu não vou.

— Você absolutamente não deve. É errado se eu disser. Você entende, não é? As coisas estão erradas se estiverem erradas. Isso é porque elas são muito erradas.

— O que pensa que eu sou…? Dachou1O Clube Dachou é um trio de comediantes japoneses conhecido por serem contrários.? — Haruma estalou a língua em irritação e fez uma careta abertamente.

Talvez ele fosse o tipo de garoto que gostava de se divertir. Pude ver claramente que estava feliz. Ele era supostamente um ano mais velho do que eu, mas para mim suas ações eram como as de um menino mais novo.

Eu sabia mais sobre ele agora do que quando nos conhecemos. Eu saberei mais sobre ele no futuro. Haruma ainda estava me mostrando novos lados de si mesmo.

Totalmente satisfeita, passei pelo banheiro e entrei no vestiário.

Yuu

Era uma tradição diária para Misa e eu tomarmos banho juntas— um ritual para nós.

Misa tem um corpo um tanto pequeno, mesmo para alguém de sua idade. Sua medula espinhal se destacava contra suas costas, e quando toquei suas costas magras e firmes com a palma da mão, pude sentir intensamente que essa menina ainda estava crescendo.

Ela precisava de mais carne em seus ossos, mas talvez seus genes a deixassem com opções bastante escassas.

Depois de enxaguar seu corpo, corri meus dedos por seu cabelo macio e flexível. Enquanto eu lavava seu cabelo—

— Mana, há algo sério que quero falar com você — Misa falou de repente em um tom manso.

— O que é…?

— Aquele cara com quem você estava, hum—

— Haruma Kusaoka.

— Certo, sobre Kusaoka. Há algo sobre o qual estou curiosa…

Isso era o Haruma para você. E pensar que mesmo a angelical Misa não conseguia se conter quando se tratava dele. Eu me perguntei se talvez eu devesse expulsá-lo de minha casa assim que tivesse terminado de recuperar minhas forças.

— Me responda sério. — Misa encolheu os ombros. — Mana, você está namorando o Kusaoka? — ela gargalhou desagradavelmente, como se esperasse algo.

— Ó meu Deus. Você realmente cresceu rápido… — Soltei um suspiro por reflexo.

— Vamos! Me fala!

— …Se um de nós se sentir assim e o outro não, não há nada que possa ser feito.

Por mais que Haruma me amasse, eu não conseguia realmente vê-lo como alguém do sexo oposto, então o amor dele era completamente unilateral. Por favor, não chore, Haruma!

— Ohhh, entendo… — Misa parecia desapontada. — Eu achei que seria bom se ele fosse seu namorado…

— Nossa, ele te interessa tanto?

— Não, de forma alguma. Mas achei que você gostasse desse tipo, mana.

Esta minha irmã mais nova acha que tenho gostos incomuns? Que insulto.

Enquanto ela traçava a toalha do banheiro com a ponta de seus minúsculos pés, Misa falou baixinho.

—Sabe, mana. Você sempre me diz que devo pensar em mim. Acho que você também deveria pensar em si mesma às vezes.

— …Eu faço mais coisas sozinha do que você pensa, Misa.

— Eu acho que sim. Me pergunto sobre isso. Você é muito boa em esconder seus próprios sentimentos, mana. Você é uma pessoa muito legal. — Misa olhou para mim de onde estava sentada ao meu lado. — Não importa o que digam, você é um anjo, mana! — ela insistiu.

Eu podia sentir meu nariz ficando mais pontudo. Que peculiar. Foi por causa do shampoo? Eu engano os outros ensaboando shampoo.

— Há algo errado, mana? Seu estômago dói?

— …Oh não, eu só me senti um pouco com fome, só isso. Vamos fazer uma refeição luxuosa.

— Sim! — Misa riu.

Corri meus dedos por seu cabelo repetidamente. Resisti à minha vontade de abraçá-la; Devo resistir em vez disso.

Devo ter resistido tanto que apertei demais o frasco, porque acabou o shampoo. Eu me perguntei se eu tinha garrafas suficientes para substituí-lo.

Haruma

Eu simplesmente não consigo me sentir confortável dentro da casa de outra pessoa. É ainda pior quando pertence a uma garota.

Por um tempo, fiquei vagando pela sala de estar como um urso desorientado que havia descido uma montanha, mas encontrei um lugarzinho agradável para sentar. Certificando-me de não pisar no tapete, sentei-me no chão em um canto com as pernas cruzadas, o tempo todo me remexendo e olhando em volta sem descanso…

Me perguntei se a razão pela qual eu não conseguia ficar confortável era por causa do cheiro, que era diferente do meu quarto. Minha claustrofobia e olfato animalesco aumentaram meu tempo de reação, e meu olhar varreu a sala em busca da fonte de meu desconforto.

Sobre a mesa estava um jogo americano floral, e o sofá macio e de penas estava cheio de almofadas e pelúcias. Em cima da arca de madeira, havia a fragrância do ambiente. Embora o estranho na fragrância fosse que para mim cheirava a massa frita.

Enquanto me enxugava com uma toalha e permanecia imóvel no local, comecei a me acostumar com o cheiro cítrico. Finalmente, respirei fundo, momento em que toda a tensão em meu corpo escoou para fora de mim.

Assim que meu nervosismo diminuiu, pude sentir o quanto estava congelando… Me perguntei se deveria ir ao banheiro. Sim, quero dizer, seria ruim fazer xixi na casa de outra pessoa. Er, seria ruim na minha própria casa também.

Eu me levantei rapidamente e fui para o banheiro. Lá dentro, havia duas portas. Lembrando as palavras da Chigusa, virei a maçaneta esquerda.

Bem na minha frente, Chigusa, que estava pelada, olhou por cima do ombro para mim.

“…”

“…”

Parecia que ela tinha acabado de sair do banho, porque gotículas de água apareceram em sua pele ruborizada e levemente rosada. Elas davam a ilusão de cintilantes, quase como lantejoulas, e seu cabelo preto molhado era simplesmente cativante. À medida que cada gota caía com um plop, elas traçavam seu corpo, enfatizando suas curvas femininas.

Era como uma cena lendária de uma pintura, exceto que era mais artística do que uma obra de arte. Instintivamente, até mesmo a visão dessa beleza primordial com um frasco de shampoo me parecia uma virgem pura segurando um jarro de água.

Fiquei chocado e pasmo— ou você pode dizer que uma certa parte de mim foi movida. Enquanto eu estava lá em silêncio, meus olhos se encontraram com os da Chigusa.

Chigusa não gritou nem se escondeu; ela apenas piscou e então olhou vagamente para seu próprio corpo como se fosse algum tipo de objeto estranho.

No momento seguinte, pude ver que ela ficou vermelha como uma fruta madura, desde a nuca (pelo menos, o que eu podia ver através de seu cabelo) até a ponta das orelhas.

Depois disso, voltei à terra e fechei a porta bem devagar em retirada. Não pude compreender o que tinha visto… O que diabos foi isso? Outra ilusão?!

Eu dei um passo para longe da porta… Ok, respire fundo. Como diabos isso aconteceu?

Fingi segurar os pauzinhos com a mão direita e rapidamente fiz o formato de uma tigela com a esquerda. Isso não faz sentido nenhum, mas tenho a sensação de que a forma que você faz com a palma da mão é menor e mais rasa do que as tigelas que usa normalmente… Eu poderia jurar que tinha visto uma tigela desse tamanho muito recentemente.

Só para confirmar, abri a outra porta e lá estava o banheiro.

POR QUÊ?! POR QUE UM TOALETE?! Segurei minha cabeça em confusão. POR QUEEEEEEEEEÊ?! NÃOOOOOOOOOOOO! Fiz uma impressão de Tatsuya Fujiwara ao abrir a porta2Tatsuya Fujiwara é um ator popular, conhecido por seus papéis exagerados, incluindo Light do filme Live Action de Death Note e Shuya de Battle Royale..

Eu tinha sido enganado por minhas lembranças do que acabara de ver.

Quando olhei para trás, o rosto da Chigusa apareceu atrás de mim.

Sua vermelhidão de antes havia desaparecido e a cor de suas bochechas estava completamente de volta ao normal. Abaixo de seu rosto, eu podia ver seus ombros e braços nus, junto com a borda de seu peito.

— Sobre o almoço, Misa disse que quer comer carne — ela disse descuidadamente, e então fechou a porta com um sorriso como Mona Lisa na galeria de arte à noite.

— …O-Ok — eu respondi, olhando para a porta vagamente por um tempo.

Só quando o cheiro restante de seu shampoo e esfoliante corporal Sabon foi embora, eu finalmente me levantei.

Estava claro como o dia que por trás daquele sorriso dela havia uma intenção ameaçadora. Já que ela havia mencionado o almoço, eu podia adivinhar o que queria de mim. Tudo se resumiu ao tempo.

Carne, sim, carne. Certo. Enquanto repetia a ordem para mim mesmo, fui para Seijou Ishii, ainda ensopado3Seijou Ishii é uma rede de supermercados popular..

 

Yuu

— Carne, carne, yay para carne!

Misa estava batendo na borda da mesa ao ritmo de algum tipo de música marcial. Ratatatat. A visão dela balançando a cabeça repetidamente enquanto olhava para a montanha de rosbife com olhos brilhantes era totalmente adorável, assim como uma banda de brinquedo. Não devo escrever uma proposta para incluir minha irmã mais nova, um anjo digno de fé, no panteão das pinturas religiosas?

— Tudo bem, eu tenho que começar com o ponzu4Ponzu é uma espécie de molho japonês à base de frutas cítricas.! Você poderia passar o ponzu?

— Haruma, Misa quer que você passe o ponzu.

— …Ok.

Sentado em frente a Misa estava Haruma, que recentemente havia saído do banho. Ele cheirava a nosso shampoo. Ele era como uma espécie de gato ou cachorro marcando seu próprio cheiro. Ele me entregou o tempero da mesa, que passei para a Misa.

— Muito obrigado, Kusaoka!

— Haruma, Misa está expressando seus agradecimentos.

— …Hum, só para você saber, eu sou japonês, então entendo a língua japonesa. Você não precisa interpretar para mim, sabe? — Haruma coçou a cabeça e expressou sua insatisfação com total impertinência. Ele deve saber seu lugar. Em um sistema feudal, existem relacionamentos onde as mensagens são transmitidas via proxy.

— Eu sinto muito. A mana é tímida com as pessoas, então às vezes ela fica esquisita.

— Haruma, Misa sentiu um olhar desagradável, então ela preferiria que você não se aproximasse dela.

— Você está falhando em toda aquela política diplomática de não impor suas próprias opiniões sobre a mensagem…

Haruma disse algo muito claro e perspicaz, mas nosso relacionamento não era particularmente global dessa maneira. Isso era simplesmente gerenciamento de crise. Eu não queria que minha adorável irmã fosse exposta às presas de uma fera.

Eu dividi o rosbife entre os três pratos e distribuí uma tigela de arroz e os hashis para cada um de nós. Misa segurou o arroz com a mão esquerda enquanto eu segurava com a direita; éramos uma imagem espelhada uma da outra.

— Oh, então você é canhota… — Haruma murmurou para si mesmo, olhando para este nosso arranjo como se tivesse chegado a algum tipo de entendimento.

— O que tem isso?

— Oh, nada. — Ele olhou para o lado, como se estivesse exausto.

Não me importo se outra pessoa é destra ou canhota, mas talvez ele tenha feito questão de descobrir essa informação por causa de seu amor por mim. Meu Deus, esses meninos adolescentes são impulsionados descaradamente por seus desejos carnais, mesmo em plena luz do dia.

— Isso me lembra, você gosta desse tipo de carne, não é?

— Eu que escolhi, então sim.

— Achei que os meninos fossem atraídos por carne gordurosa.

— Quando eles são jovens, eu acho.

— Mas você é diferente, Haruma.

— Hmm, acho que sim.

— Quando se trata do que você toca e olha, prefere quando não é muito grande. Você não parecia ter muito interesse na professora Kuriu. — Alisei minha blusa amassada e sorri de forma cativante.

Quando pensei dessa forma, senti como se pudesse perdoar esta besta hoje por uma vida inteira de ações. Como sou benevolente.

— Se é isso que você pensa… Bem, tanto faz. — Haruma sorriu resignadamente.

— …Eu realmente não entendo, mas parece que vocês dois se reconciliaram! — Misa olhou para nós e sorriu com felicidade genuína.

E então—

— Vamos comer!

Nós três começamos a festejar com uma refeição pacífica, todos sorrindo.

Haruma

Tal como pensei, a carne sem gordura extra é perfeita e suprema. É bom comer carne gordurosa de vez em quando, mas sabe como o curry é bom e tudo, ainda que o osechi seja uma iguaria uma vez por ano5Osechi refere-se aos alimentos tradicionais do ano novo japonês.? Eu me sinto da mesma forma aqui.

Enquanto nossos estômagos digeriam o rosbife caseiro das lindas irmãs, nós três soltamos suspiros de satisfação.

Naquele momento, Misa saltou de pé um tanto vigorosamente.

— Vou lavar a louça hoje!

— Tudo bem então, eu vou te ajudar…

Quando Chigusa também se levantou, Misa a deteve com a mão. Então ela fez uma pose entusiasmada, evidentemente cheia de motivação.

— Você não precisa! Deixe para mim! Eu amo limpar e lavar a louça!

— Oh, sério? Então suponho que pode fazer as honras. Ah, mas você ainda não tem permissão para limpar aquela coisa suja ali, ok?

Siiiiim, o dedo da Joana estava apontado diretamente para mim… E espera, o que ela quis dizer com ainda? Não me diga que ela ainda estava brava com aquela coisa do vestiário.

Quer ela tenha entendido ou não as palavras da Chigusa, Misa acenou com a cabeça com uma expressão envergonhada no rosto e andou em direção à pia. Enquanto eu observava a Misa, que usava um pijama sair, um pensamento repentino me ocorreu.

— Oh sim, Misa está tendo problemas na escola? – Eu perguntei.

Tínhamos faltado às aulas e fugido da escola, expulsos do paraíso, mas, de qualquer forma, me incomodava que Misa ainda estivesse em casa.

 — Misa tem uma constituição fraca, então ela tira um dia de folga da escola sempre que está se sentindo mal. — Chigusa suspirou.

— Ohh… certo.

Olhando para trás, eu me lembro de tê-la visto na enfermaria. Também tive a sensação de que a Amane havia mencionado algo sobre ela. Tive a impressão de ter dito algo intrusivo, então não sabia o que falar.

Enquanto isso, Chigusa deu uma risadinha.

— Não se preocupe. Procurei um lugar onde ela pudesse descansar e cuidar de seus problemas médicos e alcancei meu objetivo. Se eu cuidar do dinheiro, não há problema — disse ela com naturalidade. Ela riu como se tudo fosse extremamente óbvio.

— …É mesmo?

— É isso mesmo. Você se apaixonou por mim de novo? Iria até os confins da terra por mim?

— Não.

Chigusa calou a boca, desapontada. Mesmo assim, ela nunca havia pronunciado uma palavra sobre nada disso até agora. Se ela transformasse isso em uma desculpa, faria com que as pessoas a desprezassem por pena.

Se alguém soubesse desse fato, é claro que pensaria nela dessa forma. Que ela deve ter dado tudo pelo bem de sua irmã mais nova, ou que deve ter razões convincentes para fazer o que fez, ou que não queria usar sua irmã como pretexto, ou que tinha algo que queria proteger, mesmo que isso significasse sacrificar outra coisa ao longo do caminho.

— Se minha situação fosse de conhecimento geral, não há dúvida de que sua afeição por mim aumentaria. Que situação. Que tipo de garota bonita eu me tornaria? — Chigusa brincava com os cabelos timidamente. Pode ter sido uma tentativa genuína de encobrir suas emoções. Ou talvez fosse apenas sua autopsicopatia genuína.

Mas sejamos claros— eu não me importo com isso. Não me interessa.

Suas circunstâncias ou motivos não eram nem um pouco importantes para mim. Não é como se eu me sentisse obrigado a ajudá-la se soubesse sobre sua vida familiar ou história de fundo. Isso tudo era apenas ruído de fundo para mim.

É que a Chigusa tinha um rosto fofo. Sua fofura era o suficiente para que eu fizesse qualquer coisa por ela. Essa é a única razão pela qual eu tomaria qualquer atitude.

Essa, meus amigos, é a verdadeira ambição de um homem, seu verdadeiro valor.

Como eu podia sentir um pouco de orgulho por meu credo aumentar, olhei para o rosto da Chigusa. Naquele momento, ela remexeu em alguma coisa embaixo da mesa e trouxe para fora.

— E com isso, apresento-lhe o Ajudante de Kamon!

Chigusa estava dando tapinhas em um frasco de vidro gigante com um rótulo de “cofrinho” colado nele. Dentro, havia moedas e um maço de notas e, para completar, havia uma carteira inteira junto com todo o resto.

— Er, por Kamon, você não quer dizer Tatsuo6Uma referência a Tatsuo Kamon, um popular cantor e compositor.? E ei, não é minha carteira?!

Então Chigusa foi quem confiscou meu dinheiro por causa de sua irmã mais nova… Isso pode fazê-la parecer Gon, a Raposinha, mas seus métodos não eram exatamente louváveis7Gon, a Raposinha, é uma história infantil japonesa. Gon rouba coisas e dá para outras pessoas, acreditando ingenuamente que está ajudando pessoas, e acaba sendo baleado no final..

Peguei minha carteira, que Chigusa havia confiscado em algum momento enquanto eu estava no banho, apenas para que ela a escondesse como se fosse seu bebê.

— Este é um recurso que descobri em minha propriedade privada, então, evidentemente, os direitos de propriedade pertencem a mim. Minhas posses pertencem a mim, e seus bens são meus.

— Seria bom se você pudesse me ver como algo diferente de propriedade.

Non! Dinheiro faz o mundo girar! Dinheiro! Harasho!

— Eu acho que você quer dizer Hamasho8Hamasho é o apelido de Shogo Hamada. Ele lançou uma música chamada “Money” em 1984.

Por que essa garota gostava tanto desses artistas antigos? E, já que estamos nessa, segurar alguém e pegar seu dinheiro também é muito antiquado.

— Haruma, deposite! Deposite, por favor!

— Espere até terça. Além disso, todas as minhas moedas perdidas estão na minha carteira, então não tenho um centavo comigo. Sem mencionar que não posso nem ir para casa se você não devolver minha carteira.

— … Isso é um problema — disse Chigusa depois de um pensamento profundo. Então, com uma expressão genuinamente dolorida, ela relutantemente puxou uma nota amassada de 1000 ienes do pote. Suas mãos tremiam como se ela realmente não quisesse entregar…

Er, basta devolver minha carteira logo.

Lentamente, muito lentamente, a mão de Chigusa se moveu a uma taxa de cinco milímetros por segundo, e bem quando eu estava prestes a pegar o dinheiro, a mesa começou a vibrar.

— Uau! O que foi is–! — Por um momento, Chigusa estremeceu e depois se acalmou. — Ah, Misa, você recebeu uma mensagem. Seu celular acabou de tocar — ela gritou para Misa enquanto colocava a nota de 1000 ienes de volta na jarra como se nada tivesse acontecido.

— Mana, você pode olhar para mim?

— Claro.

Ao ouvir a resposta baixa de Misa à distância, Chigusa colocou a jarra de vidro cuidadosamente de volta sob a mesa e estendeu a mão para o celular dela. Er, você poderia, por favor, devolver minha carteira logo?

— O que diabos…?

Quando ela olhou para o telefone celular, os olhos da Chigusa se arregalaram. Então ela me mostrou o que estava na tela.

Haruma

Olá.

Como está sua saúde atualmente?

Eu pesquisei o assunto sobre o qual estava falando na enfermaria outro dia e encontrei um ou dois candidatos possíveis. Se você estiver interessada, por que não dá uma olhada enquanto estiver na área? Eu suspeito que precise passar a noite, então, por favor, prepare muitas roupas íntimas para o caso. Não precisa se preocupar com dinheiro.

Ultimamente, tem havido rumores estranhos circulando (ou seja, garotas desaparecendo à noite), então, por razões de segurança, irei buscá-la no meu carro.

Vamos falar sobre os detalhes da nossa reunião de novo amanhã, Misa.

Acredito que sua irmã ficará encantada quando você for capaz de fazer muitas coisas sozinha. Vamos manter isso em segredo por enquanto, para que possamos dar a ela uma boa surpresa.

Yuu

O nome da Professora Kuriu estava no campo do remetente. Eu só poderia imaginar uma pessoa que pudesse ser. A professora da sala de aula do Haruma, que entrevistamos outro dia na escola.

— …Esquisito…

— Que peculiar…

Houve silêncio por um tempo, e então Haruma e eu olhamos para os rostos um do outro e assentimos. Antes mesmo que as palavras saíssem de nossas bocas, pudemos ver o que o outro estava pensando. Nós, que superamos muitas dificuldades apoiando-nos um no outro, nos entendíamos melhor do que ninguém.

Abrimos nossas bocas ao mesmo tempo.

— A Encruzilhada Aleatória

— Minha amada Misa.

Nós divergimos desde o início.

Eu fiz uma expressão chocada e traída, apenas para Haruma responder com algo totalmente sem sentido.

— Vamos lá, ela mencionou a Encruzilhada Aleatória! Ela disse: ‘Alguém está espalhando os boatos’, mas ela está claramente fazendo isso sozinha! — Esse lixo não tinha nada a ver com o assunto principal em questão, então não estava aqui nem ali…

Mais importante, o fato de que a professora Kuriu estava convidando a minha amada Misa foi um desenvolvimento surpreendente. Eu me perguntei quando elas entraram em contato uma com a outra.

— Er, acho que ela apenas cuida demais dos outros — disse Haruma.

— Existe mesmo um professor assim hoje em dia? Esse tipo de professor apaixonado que cuida dos alunos fora da sala de aula foi capturado e eliminado no século passado.

Isso não é tudo. Eu fiz uma expressão dura.

— É estranho que ela esconda uma coisa tão importante de mim. Se ela vai se envolver com algo que significa o mundo inteiro para mim, então deveria passar por uma verificação provisória comigo primeiro, não estou certa?

— O que você está dizendo é completamente anormal, mas a lógica está correta, pelo menos. — Haruma cruzou os braços e bateu em sua testa. — Ok, então se o que está dizendo é verdade, então o que a professora Kuriu está procurando? Por que ela levaria sua irmã mais nova e deixaria você sem saber?

— Ela parece saber que a Misa não tem dinheiro…

Apertamos os olhos com força para a tela LCD. Uma palavra veio à tona.

— Roupa íntima…

Roupas íntimas? Haruma repetiu, ao que lhe expliquei, o assunto do negócio de roupa íntima. Era um rival no domínio do financiamento.

— Não sei o que a professora Kuriu está tramando, mas talvez tenhamos chegado perto da verdade daquela noite.

— Não foi você quem disse que a professora Kuriu definitivamente não estava tramando algo?

— Psicologicamente falando, Haruma.

— Hmm?

— Proclamar em voz alta os erros sutis de outra pessoa parece ser uma expressão de desejo sexual: ‘Eu quero conquistar essa pessoa!’

Sendo a garota frágil que sou, eu abracei meus ombros com medo, sobre o qual Haruma soltou algum tipo de rugido bestial.

Talvez ele estivesse em conflito entre a razão humana e seus instintos bestiais.

Pronto, pronto. Eu acariciei sua cabeça com a bondade em meu coração. A sensação áspera de seu cabelo cada vez mais me parecia o de uma besta. Ele parecia ter perdido a carteira, então se eu o deixasse entrar em meu amplo jardim, o deixaria correr livre.

— Misa é uma garota inocente, então suponho que ela acenaria com a cabeça para qualquer coisa que um professor dissesse. Não há tempo a perder! Haruma, meu animal de estimação, vamos nos apressar e fazer uma investigação!

— O que você acabou de dizer? Por que está me acariciando?

Por precaução, excluí a mensagem de texto e me levantei com firmeza.

— Misa, tenho que fazer alguma coisa lá fora um pouco! Se eu voltar tarde, poderia ir para a cama antes de mim?

— Certo. Vou ficar em casa, para que vocês dois possam aproveitar o seu doce tempo juntos. — Sua voz despreocupada soou da cozinha.

Eu balancei a cabeça e olhei por cima do ombro para Haruma. Ele deveria estar ansioso para ir, mas por alguma razão ele parecia terrivelmente subjugado.

Mesmo assim, reuni minha coragem e gentilmente fiz uma pergunta a ele.

— Eu tenho tempo livre depois disso. — Eu pausei. — Haruma, você tem tempo livre?

Haruma

— Eu tenho tempo livre depois disso. — Ela fez uma pausa. — Haruma, você tem tempo livre?

Chigusa me fez uma pergunta muito parecida com a da Chigusa de uma maneira nada parecida com a da Chigusa. Mas foi diferente daquele dia. Em vez de segurar um alarme pessoal, ela estava segurando minha manga.

Foi a primeira vez que Yuu Chigusa expressou um desejo genuíno, um desejo puro que parecia uma oração.

E então respondi com palavras nojentas, mas com uma voz gentil que nenhuma escória jamais usaria.

— …Parece que tenho? — Eu disse.

Chigusa levou a mão à boca e riu, acenando com a cabeça.

Com aquela breve conversa trocada apenas por sorrisos, saímos de casa juntos.

A lua iluminada em vermelho olhou para nós por de trás das nuvens. As nuvens nebulosas mudaram de forma enquanto se afastavam para o leste. No oeste, o brilho da noite estava se espalhando implacavelmente, e era difícil dizer se o sol estava se pondo. No entanto, o vermelhão mudou de escarlate para carmesim e rosa.

A mistura de vários tons e cores saiu tão assustadoramente bela.

Meus olhos voaram para a garota caminhando ao meu lado.

Seu cabelo preto brilhava sob a luz do sol poente, e suas bochechas de porcelana branca estavam tingidas de rosa como se ela tivesse passado blush.

Como de costume, Chigusa andou no seu próprio ritmo, sem se importar em dizer a ninguém para onde estava indo. Eu chamei ela por trás.

— Então, uh, para onde estamos indo?

— Vamos falar com a professora Kuriu, Haruma — disse Chigusa, virando-se como se estivesse dançando valsa, o que fez a ponta de sua saia balançar levemente.

Quando finalmente chegamos à estação mais próxima, Chigusa foi direto para a máquina de ingressos. Então as pessoas ainda usam essas relíquias antigas, hein…?

Chigusa parecia ter adivinhado o que eu estava pensando pela minha expressão, porque ela falou duramente.

— Não posso confiar nesse cartão IC. Não sei quanto dinheiro está sendo tirado de mim. (NT: Cartão IC é um cartão eletrônico recarregável usado em transportes públicos no Japão.)

—Oh, ok… Bem, eu uso um cartão, mas… — Enfiei a mão no bolso de trás, e percebi que minha carteira não estava lá. — Oh.

Quando olhei para Chigusa, ela levemente suspirou em desespero. Então todo o seu rosto se iluminou com um sorriso quando ela puxou uma longa carteira preta.

— Meu Deus, Haruma, você está tão indefeso. Eu vou te emprestar um, tudo bem?

— Você sabe que é minha carteira…

Essa cadela agiota psicopata. Eu me perguntei se estaria tudo bem se eu batesse nela pra valer aqui e agora.

Haruma

De Tóquio, pegamos o trem e descemos no sertão de Saitama, conforme disse Chigusa. O solo cheirava fortemente a grama espessa e verde. A montanha cobria a área com uma sombra escura, mas o caminho que partia da frente da estação brilhava com a luz do entardecer e o brilho nebuloso dos postes de luz antigos.

Caminhamos um pouco depois de descer na estação. Quando olhei para trás, não consegui mais ver os prédios baixos e, quando olhei na minha frente, a terra estava cheia de arrozais.

No caminho sinuoso atrás das residências particulares, sapos coaxavam naquela área nebulosa entre os campos. Eu não pude ver uma faísca de incerteza nos passos da Chigusa. Finalmente, depois de passar por um aglomerado de casas, encontramos uma casa que estava separada de todas as outras.

Quando Chigusa foi até a casa e verificou a placa de identificação, estava escrito Kuriu.

— …Você com certeza conhece o caminho por aqui — eu disse, meio surpreso e também meio intrigado.

Chigusa inclinou a cabeça interrogativamente.

— Será que nem todo mundo sabe onde a professora mora?

— Não, eles não sabem. Esta não é a era Showa…

Nos velhos tempos, professores e alunos conheciam as informações pessoais uns dos outros, aparentemente. Não seria comum hoje em dia andar com uma folha de papel com o número de telefone e o endereço de todos escritos nela.

Tentamos tocar a campainha da porta da residência Kuriu, mas não houve resposta. Circulamos o perímetro, mas não conseguimos ver nada que se parecesse com luzes, mesmo quando olhamos para as janelas no primeiro e no segundo andar. Era hora do pôr do sol agora, então deveria haver pelo menos uma luz acesa…

— Parece que ela não está em casa. Isso é mais conveniente para nós, no entanto. — Chigusa tentou girar a maçaneta, mas estava trancada, como era de se esperar. — Urk…

Chigusa resmungou de frustração e tentou a mesma coisa de novo, como o coelho em Alice no País das Maravilhas. “Oh céus! Oh céus! Eu me atrasarei!”

Bem, não era como se eu não pudesse entender sua irritação.

Dependendo da situação, é quase certo que ficaria irritado se alguma pessoa suspeita ficar secando a Amane.

Er, não que eu tenha um complexo por ela ou algo assim.

Olhei em volta para me situar sobre este lugar e, em seguida, suspeitei.

— Esta casa fica bem longe das outras. Também não há tráfego.

— De fato. Haruma, se você se infiltrasse na casa e gritasse por socorro com toda força, ninguém notaria.

 — Idiota. Mesmo se estivesse com minha classe em uma cidade grande, ninguém me notaria se eu pedisse ajuda. — Suspirei.

— Acho que é só porque todos eles estão tentando cortar suas conexões com você, Haruma…

Chigusa deu um bom argumento, mas decidi ignorá-la. As pessoas usam argumentos sólidos quando tentam culpar os outros, não para ouvir.

— Caramba, ninguém vai notar se não houver ninguém por perto. — Eu parei. — Ok, devo jogar uma pedra na janela?

Quer dizer, vamos, aqui era Saitama. Quase ninguém morava por aqui, então fazer um barulho enorme não era grande coisa! Se houvesse algum tipo de barulho, eles provavelmente seriam uns otários e diriam: “O vento com certeza está mais forte hoje, que bom!”. A mesma ação seria perigosa se estivéssemos na extensa metrópole de Chiba.

Enquanto eu procurava por uma pedra de tamanho conveniente, os olhos da Chigusa encontraram os meus.

— Hm? O que está fazendo? Se você jogar uma pedra, acreditando que o diálogo é inútil, isso não o torna um selvagem que vagou por aqui desde a Idade da Pedra?

— Eu não quero ouvir isso de você, droga. É inevitável; a porta está trancada. Além disso, dizem que quando estiverem em Roma, faça como os romanos.

— Haruma, o que diabos você acha de Saitama…?

Acho que é a terceira prefeitura de Kanto. Kanto do Norte? Nunca ouvi falar disso. É diferente de Tohoku do Sul? Eu, um cara sórdido que nasceu e foi criado em Tóquio, gosto muito da cidade de Tóquio. Não gosto de como Kanagawa finge ser mais na moda do que Tóquio, embora a única cidade que vale a pena mencionar seja Yokohama. Por falar nisso, Chiba atribui “Tóquio” a tantas coisas diferentes que você não pode deixar de respeitar Tóquio e vê-la de maneira respeitável. Eu não sei nada sobre Saitama. O que tenho a ganhar com isso? Manju?

Enquanto procurava por outra pedra, perdido em pensamentos, Chigusa soltou um suspiro exagerado de irritação. Ela enfiou a mão no bolso e fez um som triunfante ao puxar uma chave de fenda junto com algum outro tipo de engenhoca.

— Você pode simplesmente fazer assim, Haruma. Se eu usar esta chave de fenda mágica e essa varinha mágica… nossa, simplesmente assim!

Chigusa enfiou a chave de fenda e a engenhoca fina no buraco da fechadura e começou a sacudir elas.

— Isso não é um crime…?

— É mágica.

— Entendo, então é mágica…

Por fim, a porta se abriu com um clique forte. Abre-te, sésamo… Foi assim que essa garota subiu no telhado da escola…? Entendi! Milagres e magia são reais!

—Agora, devemos prosseguir?

Chigusa calmamente apontou para a porta.

Yuu

Assim que entramos na entrada da frente, nossos corpos travaram.

A luz dos postes passou pela porta, revelando um mar de sapatos. Botas, sapatilha, chinelos, tênis, saltos, tênis de ginástica…

Uma quantidade incomum de sapatos estava espalhada pela estreita entrada. Uma centopéia morava aqui? Será que a forma humana da professora Kuriu era algum tipo de truque? Sempre pensei que suas proporções eram muito diferentes das dos humanos normais. Não seria surpresa se ela não fosse humana.

— Que diabos é isso…?

Haruma fez uma careta ao puxar a porta da caixa de sapatos, fazendo com que mais um ou dois sapatos caíssem no chão.

— …Havia a esposa de um presidente filipino que colecionava sapatos. Marcos… Reverendo Marcos X?

— Perto demais. Haruma, aconselho você a não tocar descuidadamente nesses sapatos com as mãos nuas — o repreendi em um tom abafado enquanto colocava algumas luvas de algodão gastas.

Quando corri meus olhos para os sapatos do Haruma, eles pareciam ser um novo modelo do início do verão. A julgar pela forma como ele comprou seus sapatos de uma grande fabricante, pude ver que ele não tinha necessariamente uma namorada. Pensei um pouco no assunto, peguei os sapatos e apontei para o corredor.

— A polícia é bastante rígida atualmente, então é melhor você ficar de vigia.

— …Então, qual é a sua ocupação, posso saber? Será que você tem interesse em algo diferente de ser uma agiota, senhora? — Haruma contou uma piada, embora agora não fosse a hora para isso.

Assim que a porta foi fechada, as luzes se apagaram. Um silêncio tenso voltou à sala.

Nas profundezas do corredor, onde era impossível ver um centímetro à frente, uma escuridão densa e alucinante permeou. Um medo primitivo gravado profundamente em meu próprio ser pairava no fundo.

— Haruma, sua mão.

— Hm?

— Lanterna. Canivete suíço. Gaze. Clorofórmio. Arma de choque.

Eu estendi minha mão várias vezes, mas não recebi nada que pedi. Haruma estava apenas parado.

— …Se você não trouxe uma única ferramenta mágica, para que veio? Você não tem noção de si mesmo como mágico?

— M-M-M-M-M-M-MÁGICO? Claro, eu uso magia. Não me subestime.

— Hmm? Haruma, às vezes você se assusta com as coisas mais estranhas… Há algo que você acha desagradável na magia?

— …Não se preocupe. Foi apenas uma referência9Ele cita Final Fantasy VI, especificamente a cena em que Edgar e Locke veem Terra usando magia pela primeira vez..

— Eu não entendo muito bem, mas não desanime. Há muito tempo antes de você completar trinta anos e isso e aquilo acontece10De acordo com um certo meme japonês da internet, as pessoas que permanecem virgens depois dos 30 anos se tornam magos..

— Você realmente não entende, não é?

Sussurramos um para o outro enquanto iluminávamos cuidadosamente nossos pés com nossos aplicativos de smartphone. Contamos com isso para avançar furtivamente.

Observação, eu sei que furtividade é importante, mas e a parte de avançar? A ideia de nós dois aspirantes a mágicos chegando na escuridão parecia muito com assédio sexual, Haruma.

Vou sacar uma nota de sua carteira e substituir por um recibo. Oink.

Silenciosamente, abrimos e fechamos cada porta, observando o layout da casa. A cozinha, o banheiro, a lavanderia e então nos concentramos na área úmida à direita, enquanto a parede à esquerda se estendia ainda mais.

Pela aparência externa da casa, alguém poderia pensar que o lado direito teria mais espaço, mas não consegui detectar uma passagem no lado esquerdo que tornasse mais fácil ir e vir. Lembrava uma divisória gigante de um submarino ou a jaula pintada de uma prisão.

— …

Até pensei ter ouvido uma voz soluçando do outro lado da parede. Claro, para mim era o som de um salgueiro balançando ou algo parecido.

Eu não acredito em tolices não científicas, como lendas urbanas ou ocultismo, então não tinha nem um pouco de medo de fantasmas.

— Já que chegamos até aqui, podemos muito bem andar um atrás do outro.

— Hã? Por quê?

Porque estou cansada de ser igual a ele, entende? Haruma estava à frente enquanto eu ficava atrás dele. A vanguarda e a retaguarda. Um cavalo e um cavaleiro. Uma bala e um líder de gangue. Uma cauda e um lagarto. Esse tipo de coisas.

— Hum, é difícil andar…

Infelizmente, Haruma franziu a testa como se tivesse medo do escuro, então pressionei meu corpo contra suas costas. Eu puxei a manga de sua camisa com tanta força que ele poderia nunca mais ser capaz de usá-la novamente, e eu estava determinada a nunca soltá-la, não importa o que acontecesse. Bom, isso deve deixar Haruma à vontade. Meu Deus, ele era um gato tão assustado. Vai ficar tudo bem, meu querido. Pronto, pronto.

— Pare.

— Eeeeek–?!

De repente, uma mão surgiu na frente dos meus olhos. Fiquei tão surpresa que minha alma saiu de dentro de mim. Quando um grito escapou de meus lábios, uma grande mão segurou minha boca. Quando protestei, a mão cobriu minha boca ainda mais, me calando. Então, era verdade que humanos são mais assustadores do que fantasmas. Eu me rendi a ele, completamente perdida.

— …Lá.

Haruma estava empurrando o queixo para o corredor na porta à direita.

Será que alguém estava lá? Eu podia ouvir notas graves passando por uma pequena brecha na porta. Ou era o som do meu coração? Eu não pude notar a diferença. Tive que me apressar e acalmar meu coração. Também tive que voltar à vida e parar a pessoa ao meu lado.

Eu podia ouvir o som do Haruma engolindo em seco.

De todas as coisas, ele se preparou para entrar na sala quase sem hesitação. Sem uma arma de choque ou clorofórmio, era como se estivesse se levantando contra seus inimigos como uma centopeia humana em uma prisão.

Tudo isso era certamente peculiar. Ele não possuía milagres nem magia. Se algo acontecesse ao corpo do Haruma, o que eu faria? Eu não gostaria disso. Não seria capaz de lidar com isso se perdesse ele. Ele deve ter, pelo menos, um contrato de terceiros com um caixa de seguros.

— Eu encontrei o interruptor. Vou ligar.

— Espera, espera, espera, espera, espera, espera, espera!

Quando meu interruptor de pânico ligou, as luzes elétricas também.

Dentro havia uma sala grande o suficiente para acomodar seis tatames. Havia papel de parede e carpete com tema de marfim, bem como um guarda-roupa combinando e o contorno vago de uma penteadeira. Bem no centro da sala havia um aparador de ébano e uma cama… espere, uma cama?

A cama não era feita de madeira. Também não estava ligada a canos.

Não havia nem colchão ou colcha; era simplesmente feita de tecido.

Curta, cheio de babados, de contração fácil, frágil, precisando desesperadamente de conserto e, certamente, não visto normalmente em um lugar como este— era uma pilha de roupas íntimas normais. O grande volume de sutiãs e calcinhas formava uma pequena montanha.

E estendido no meio de tudo isso estava a professora Kuriu. A professora, que estava dormindo profundamente, parecia ter sido tocada pela luz, porque ela esfregou os olhos repetidamente com o pano de um sutiã próximo.

Então, finalmente, ela abriu os olhos lentamente.

— Mmm, quem é? Shia…? Eu não disse para você não invadir eu—

No momento em que os olhos da professora Kuriu caíram sobre nós, sua boca e os olhos se arregalaram em um flash, e eu pude ver sua garganta apertando.

Além disso, pude ver que, em vez de uma touca, ela estava vestindo uma calcinha.

O que diabos?

Haruma

O que diabos…?

A visão chocante da outrora atraente professora Kuriu fez meus olhos arderem. Isso não era uma metáfora; algo estava piscando diante dos meus olhos continuamente.

Quando finalmente olhei para a fonte da luz, ela vinha de uma câmera de smartphone segurada por uma pessoa sorrindo em alegria absoluta: Yuu Chigusa… O que diabos?

Eu não era o único pensando nisso. A expressão da professora Kuriu também estava marcada pelo desespero.

— Professora Kuriu, você poderia se explicar em detalhes? — Chigusa disse enquanto apontava para o chão. Presumivelmente para o que estava lá em uma pilha.

— Er, uh, Chigusa. Isso é, hum…

A professora Kuriu, que rastejou para fora da montanha de roupas íntimas, tentou retrucar com palavras que não eram na verdade palavras, mas Chigusa continuou sorrindo, sem se dar ao trabalho de ouvir. Com uma expressão verdadeiramente encantada, ela continuou tirando fotos com seu smartphone. Que sorriso maligno…

Kuriu latiu como uma foca e obedientemente se sentou. Ela já estava à beira das lágrimas.

— Antes de começarmos, posso tirar essa calcinha da sua cabeça? — Disse Chigusa.

Enquanto ela enxugava as lágrimas de seus olhos,  a professora Kuriu lentamente tirou a calcinha de sua cabeça e a dobrou cuidadosamente. Depois de examiná-las com os próprios olhos, Chigusa simplesmente pegou o smartphone mais uma vez.

— Você entende a situação, não é? — Então, lentamente, ela disse: — Agora, então, você poderia se explicar?

— Eu não fiz nada de errado… Isso é apenas, hum…

Longe de abrir a boca sob a ameaça de evidências fotográficas,  a professora Kuriu perdeu o ponto.

Chigusa suspirou e apontou para o chão.

— Então que tal essa montanha de roupas íntimas? Elas não pertencem a você, certo? Só de vista, posso dizer que nenhuma delas parece corresponder ao seu tamanho, professora.

— Esta é, hum, uma transação justa. Artigos de consideração. Essas garotas pagam muito bem e hum…

— Você mencionou a Shia um pouco antes, mas Shia não estava desaparecida? Por que mencionar o nome dela? E também, como você explica o grande número de sapatos? Qual é a razão por trás da estrutura incomum desta casa? Qual é a senha do seu cofre?

O interrogatório da Chigusa foi implacável. Ela desencadeou um monte de perguntas em rápida sucessão, tão intermináveis que tive a sensação de que ela escorregou em uma pergunta completamente não relacionada!

— Se está falando sobre a Shia e as outras… elas estão lá.

Os ombros da professora Kuriu caíram de repente como se ela tivesse visto a foto, e ela apontou para o outro lado da parede.

Então ela finalmente cedeu, hein…? O poder da intimidação realmente era algo a ser temido. O fato da Chigusa continuar pressionando-a sobre cada pequeno detalhe fez com que a professora Kuriu respondesse em um tom moderado.

Mas havia uma coisa com a qual eu não estava satisfeito.

— …Hum, por que você foi tão longe?

— É uma questão simples. A professora Kuriu adora roupas íntimas de garotas bonitas. Ela é igual a você, Haruma.

Eu quis fazer essa pergunta para a professora Kuriu, mas Chigusa foi quem me respondeu. Ela balançou um dedo em seus lábios enquanto anunciava a resposta correta… Quer dizer, bem, eu definitivamente não gostava de calcinhas!

A professora Kuriu estava meramente balançando a cabeça fracamente como uma boneca cujo fio foi cortado. Ela já estava calma e alegre; ela até parecia bastante lamentável. A atitude da Chigusa pode ter sido a mesma.

— Por que nunca disse nada para mim…? Se você tivesse me contado o quanto está sofrendo, eu teria feito qualquer coisa por você, professora!

A voz da Chigusa enquanto falava com a professora era de alguma forma gentil. Sua voz também estava se tornando apaixonada e comovente.

— É constrangedor e me sinto muito desconfortável com isso, mas posso ter vendido várias roupas íntimas! Dependendo do preço, posso até ter criado um mercado exclusivo de suprimentos estáveis em plena operação!

— Er, não é disso que se trata…

Por que isso soou como uma proposta para uma empresa iniciante? Ela olhou na direção da professora Kuriu, na esperança de convencê-la, na esperança de dar-lhe uma conversa estimulante, na esperança de que suas palavras a alcançassem. A professora, por sua vez, estava sorrindo meio envergonhada.

— Desculpe, isso está fora de questão. Você não é meu tipo, Chigusa…

— Perdão?! — Chigusa gritou histericamente.

— Hum, professora, não é disso que se trata…

— De fato. Não é disso que se trata. Eu não tenho absolutamente nenhuma compreensão da história ou hobbies da Kuriu. Não tem significado — disse Chigusa, bufando. Uau, então ao perceber que a professora Kuriu não gostava de sua aparência, Chigusa falou sem honorífico… E essa é a Joana!

Chigusa falou levemente em tom de brincadeira, mas uma sombra tomou conta do rosto da professora Kuriu enquanto ela ouvia silenciosamente essas palavras.

— Você tem razão. Ninguém, e quero dizer ninguém, me entende… Eu só queria fazer o que eu amo sem causar problemas a ninguém… Então eu espalhei a lenda urbana da Encruzilhada Aleatória e reuni as garotas neste paraíso… Eu só queria viver feliz com garotas puras e doces…

Ela começou murmurando suas palavras, mas logo acabou envolvendo cada palavra com uma forte emoção.

— Ninguém me entende! Nem as coisas que valorizo! Nem meu mundo!

Seu uivo de tristeza ecoou pela sala.

Ela tinha gostos e hobbies únicos ou, você poderia dizer, uma tendência para desvios sexuais. Esse tipo de coisa não seria aceito por todos. Quanto a mim, mal entendi uma única coisa que a professora estava dizendo. Vou ser franco. Ela era estranha.

Mesmo que ela se esforçasse muito para manter isso para si mesma, não havia ninguém que entenderia um problema não resolvido.

A sala voltou ao silêncio, mas Chigusa deu um passo firme à frente e respondeu com um tom claro.

— Eu entendo seus sentimentos, professora. Eu os entendo muito bem.

A professora Kuriu olhou para Chigusa ao ouvir essas palavras. Como se você entendesse! Como se você entendesse o que eu sinto! Não suporto ninguém que diga isso tão levianamente! Seu olhar era ressentido, até assassino.

E ainda assim Chigusa a olhou diretamente nos olhos. Sua atitude maliciosa de antes se foi, substituída por uma sinceridade genuína. Ela escolheu suas palavras com cuidado.

— O mundo é intolerante. É arrogante. É cruel. O mundo não reconhece pessoas que não agem de acordo com seu ponto de vista.

A expressão da professora Kuriu ficou perplexa com as palavras indiretas da Chigusa. No entanto, depois de tecer essas palavras convincentes, Chigusa nem esperava mais por uma resposta.

— O mundo não é bom conosco. Ele ri de nós, zomba de nós, nos nega. Ele nos afunda em escuridão e no fundo do mar. Neste mundo, nós, que nos desviamos apenas ligeiramente das convenções dos outros, estamos totalmente sozinhos.

Essa era a verdade do mundo como Chigusa via.

O mundo é intolerante.

Não permite a existência de subjetividade e apenas força a objetividade garganta abaixo. Todo mundo diz: “Você deveria ver as coisas de forma mais objetiva”, “Cresça logo” e “Pense nos sentimentos dos outros”.

Não reconhece erros, irregularidades e particularismos; apenas chama a maioria das opiniões subjetivas de postura objetiva.

Aqueles que o rejeitam são excluídos, rejeitados e perseguidos, e assim o mundo preserva a existência de objetividade até hoje. As belezas excepcionalmente talentosas e destacadas são uma força destrutiva. Sem qualquer senso de justiça, elas se dão a conhecer e esmagam a paz existente.

É por isso que o mundo os rejeita. Por reverenciar uma existência superior, eles caem fora do círculo da humanidade.

Ao humilhar e desprezar um tipo de mal muito inferior a si mesmo, o mundo se sente gratificado. Ao renunciar a toda esperança de compreensão mútua, o mundo aceita os outros.

E assim, mais do que qualquer outra pessoa, a herege Chigusa era um mártir neste mundo.

— Não há muito que nós, que fomos rejeitados pelo mundo, possamos fazer por você. — Chigusa interrompeu suas palavras e olhou por cima do ombro para mim.

Por um tempo, Chigusa e eu olhamos para os rostos um do outro em silêncio e acenamos com a cabeça. Juntos, abrimos nossas bocas e contamos uma história sobre o futuro do mundo. Sobre o mundo que tenho certeza que Chigusa e eu escolhemos para nós de agora em diante.

Abrimos nossas bocas ao mesmo tempo.

— Quando o mundo é assim, a única coisa que você pode fazer é concordar em discordar.

— Quando o mundo é assim, a única coisa que você pode fazer é queimar tudo.

Essa última parte saiu completamente fora do caminho.

— O que fez você chegar a essa conclusão…? — Eu olhei perplexo para Chigusa.

— B-Bem, sabe, eu geralmente estou certa. Então o mundo deve estar errado… — ela explicou em um tom confuso.

Foi genuinamente fofo ver suas bochechas corarem levemente enquanto ela acenava com as mãos, mas, infelizmente, isso não era uma boa explicação.

Enquanto nos observava brincando, a professora Kuriu abriu um sorriso pela primeira vez em muito tempo. Ela começou a rir tanto que agarrou o estômago, incapaz de segurá-lo.

Talvez na tentativa de esconder seu constrangimento, Chigusa tossiu várias vezes e abriu a boca.

— B-Bem, é verdade que este é um mundo sem valor, mas… não é algo para se jogar fora. Se você puder fechar os olhos para… bem, não vamos por aí, alguém por perto pode vir inesperadamente em sua ajuda.

Chigusa estava me olhando furtivamente. Eu dei um leve aceno de volta em sua direção.

Nossa. Chigusa fechou os olhos para as partes da minha aparência que eram… bem, não vamos por aí. Eu, por sua vez, abri meus olhos apenas para as aparências superficiais da Chigusa. Não havia necessidade de compensarmos as deficiências uns dos outros. Apenas estendemos a mão para as coisas que ansiamos e pressionamos nossos próprios botões egocêntricos.

— Você está certo… Você pode não combinar, mas realmente foi a melhor… — disse a professora Kuriu enquanto enxugava as pálpebras.

Haruma

Não há muito a dizer sobre o que aconteceu a seguir.

Shia e as outras estavam vivendo alegremente na mencionada sala misteriosa, assim como a professora testemunhou. Para ser honesto, embora parecesse sem dúvida que a professora Kuriu era uma pervertida que amava garotas jovens, ela era uma boa pervertida no que dizia respeito a pervertidos, e as garotas que confinou no luxo estavam em ótimas condições. Na verdade, algumas delas sabiam desde o início que viviam em um confinamento relativamente luxuoso.

O único problema que essas meninas sofreram foi que não conseguiram ficar com a roupa íntima que trouxeram.

Além disso, aquelas peças de roupa íntima foram guardadas dentro de um misterioso e enorme cofre junto com perfis detalhados das garotas confinadas, dinheiro e jóias preciosas.

— De acordo com os antigos, deve-se dar a César as coisas que são de César. Vamos devolver essas coisas à quem elas pertencem… — A carteira da Chigusa estava estufada. Cara, essa garota era absolutamente a pior.

Assim que tínhamos terminado de inspecionar quase todas as roupas íntimas que havíamos descoberto, Chigusa chamou a professora Kuriu.

— A propósito, parece que a Maria, que me deu um tapa na quarta-feira da semana retrasada, não tem um perfil.

— O que há com essa memória específica inútil…? Um gravador de disco rígido não salva nada da semana retrasada.

— Haruma, que anime você assiste toda semana…?

Por que ela se limitou apenas a anime? Mas era verdade. Eu resmunguei, mas Chigusa de repente perdeu o interesse por mim e se virou para a professora Kuriu.

— Então o que aconteceu com a Maria? — ela perguntou.

A professora Kuriu inclinou a cabeça, perplexa.

— Maria? Maria também está desaparecida?

 


 

Tradução: Ouroboros

Revisão: n2ny

 

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Cap. 07