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Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 73 – O Cavaleiro Vê e Reconfirma a Realidade de uma Batalha Final

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Posso ser arrebatado por um raio. Posso ser arrastado para o fundo do mar.

Mas vou continuar subindo. Repetidamente, enquanto as chamas de Deus residirem dentro de mim.

-Cavaleiro Agias IV-

Está chovendo. É cortante e frio, talvez porque a chuva foi trazida com o vento do norte. O estrondo de gotas em minha capa é terrivelmente semelhante a uma marcha de cavalaria. Pode-se até dizer que estamos sitiados por esta chuva repentina. Torna cinza a cena de destroços ao nosso redor e transforma a poeira da batalha em lama, mas não tira os cheiros de sangue, morte e cinzas.

Passos. Alguém está subindo as escadas de pedra. Uma oração está rabiscada em seu chapéu, que os protege da chuva.

— Aí está você, Lorde Willow.

— Padre.

É o padre Felipo. Ele está encharcado.

— Ho-hoh! O portão leste ainda está em boas condições, pelo que vejo. Não admira que os simpatizantes elfos tenham feito disso sua base.

— Hmm… Há mais armas aqui em comparação com outros lugares. O capitão deve ter feito um bom trabalho aqui.

— Esplêndido. E, no entanto, é irônico que um acampamento armado para uma guerra civil seja útil para nós.

Junto à parede do portão, por baixo dos tapetes encharcados, estão reservas de lanças. Até ontem, estavam apontados para a cidade; isso era o quão ruim tinha ficado aqui.

— Irônico… sim.

— Esta batalha foi cheia de ironia. A maior parte do território dos nobres pró-vampiros fica a oeste. Em outras palavras, eles foram os primeiros a serem destruídos durante a invasão dos vampiros. Talvez essa fosse a esperança deles o tempo todo.

Ele sorri, mas há dor em suas palavras. A chuva consegue esconder qualquer som de ranger de dentes. Ele está pensando em todos os nobres que ele conheceu uma vez que estavam aqui? Ou ele está considerando os muitos, muitos plebeus que não viu? Ele pode até estar pensando em sua família, que ainda está desaparecida. Afinal, as pessoas não podem existir sozinhas neste mundo.

— O Bando Luz da Estrela, orquestradores desta invasão, foram destruídos pelo próprio demônio que eles reverenciavam… A irmã do rei também foi esmagada por seus pés.

Seu tom está cheio de amargura. Segundo Jashan, son Peine, o líder do Bando Luz da Estrela era um colega do seminário. Como um grande aluno com tanta paixão por ideais acabou assim? A irmã do rei, Inkja, também não nasceu uma porca do mal. Este mundo é muito frio e miserável para alguém viver no caminho reto e estreito, na minha opinião.

— Eu sinto o mal… não é? — Ouço o som úmido, mas duro de um punho se apertando. — Aquela batalha foi um banho de sangue para os invasores. Os vampiros e até mesmo seu apóstolo, Montanha Desmoronada, foram transformados em cinzas para invocar os demônios… que também desapareceram na fumaça, nem mesmo deixando ossos para trás. — Sua voz está tremendo de raiva e medo enquanto ele fala. — Não há salvação alguma? É como se eles tivessem sido abandonados e feitos em sacrifícios.

Suas palavras cortam profundamente. Esses devem ser os verdadeiros sentimentos de Felipo Valkie Millennium, o homem que nasceu da realeza, mas se tornou sacerdote.

— Isso faz você se perguntar qual era o propósito desta batalha. — ele se pergunta em lamentação.

— Sim, verdade. O propósito dos vampiros… seu objetivo uma vez que a batalha terminar, eu não consigo ver. Não tenho dúvidas de que eles desejam nos eliminar, e ainda…

— Talvez eles desejem a destruição mútua. — Eu o ouço engolir. Então ele não pensou nisso, hein? Então, ele não é um militar. — Em nossas muitas batalhas, senti que isso não pode simplesmente ser resolvido quando os vampiros tiverem domínio sobre o continente. Podemos ter subestimado as palavras ‘batalha final’.

Os vampiros são bestas enlouquecidas que buscam apenas a guerra. Apesar disso, nossos confrontos anteriores foram altamente calculados, como evidenciado por seu ciclo entre o ataque e a defesa, o que significa que compartilhamos o instinto que todas as criaturas vivas têm de autopreservação.

No entanto, após a batalha no forte, esse instinto desapareceu. Tudo o que eles fazem é atacar sem pensar. Deve ser por isso que o General Bandkan escolheu a estratégia impossível que escolheu.

— Os vampiros estão mortos, soldados vazios agora. Pode-se até chamar isso de suicídio em massa. — acrescenta.

A chuva continua a cair, esfriando o ar. Isso está causando problemas para os cidadãos que enviamos para o forte? Aqueles que escolheram ficar aqui estão aquecidos o suficiente? As mãos de nossos soldados ainda são flexíveis o suficiente para segurar suas espadas? Esmagado e afogado pela chuva, o fogo do nosso espírito de luta é…

— Você só pode estar brincando. — Aquecido. Sua voz está cheia disso, e aquece minhas bochechas. — Isso é ridículo… Destruição mútua? Essa é a fonte de seus ataques enlouquecidos? Sim, faz sentido. Sim, não vou negar que podemos tê-los subestimado. Mas se isso for verdade, então… Então… Que nojo! Ah, não há salvação?! — Ele está praticamente cuspindo fogo agora, sua voz troveja no céu cinzento. — Cada uma de nossas vidas é preciosa! Tão preciosa quanto a terra e o céu! As histórias que precedem nossos nascimentos, as sementes da cultura que aparecem em nossas vidas, são todas milagres! Se não foram, como você explica as bênçãos divinas?

Plural, hein? Não pense que perdi essa parte de teologia.

— Nossa revolução não é destruir as outras espécies! — ele continua. — O que buscamos é um mundo onde a humanidade possa se orgulhar de si mesma e ser respeitada pelas demais espécies! Ou seja, um caminho para o respeito mútuo!

Revolução. Nós nos levantamos porque buscamos um mundo onde os humanos pudessem viver com orgulho. Entendemos que nosso desejo exigiria luta, e assim ganhamos o poder de lutar cara a cara com as outras espécies. Uma revolta da adversidade, uma negação da tirania. Não é a vingança que buscamos, mas para mostrar nossa vontade firme.

— Nossa guerra deve ser orgulhosa! Ladrões, bárbaros e tolos que gostam de destruição são contra quem devemos lutar! Se não… Se não… Por quê? Por que devemos sofrer igualmente?

O vento está uivando. O interior da minha capa e chapéu está ensopado além do reparo, então eu os deixo e fecho os olhos. Enquanto isso, o padre continua a gritar furiosamente:

— Como devemos aceitar a morte do nosso povo?!

Todos estão morrendo: o rei, o príncipe, o arcebispo, meu pai, meu irmão, meus velhos amigos da Casa Willow, General Bandkan, os soldados do forte, os homens que cavalgaram ao meu lado para a batalha, meus irmãos que lutaram sob a mesma bandeira… e Ange, que compartilhou nossa vontade. Incontáveis ficaram feridos. O sofrimento se espalhou por toda a terra. Nosso moral está enfraquecendo, nossos corações estão entorpecidos, e nossos corpos pesados… Está frio. Tudo está distorcido. Inevitavelmente, meus olhos a procuram.

Lady Kuroi, por favor, abra seus olhos.

Ela não mostra sinais de lesão, mas está em um sono muito profundo… há três dias.

— Mesmo assim, nossa única opção é lutar. — eu afirmo.

Não podemos atrasar mais, devemos devolver o exército ao forte. Uma frente renovada e unida com os elfos é o requisito mínimo se quisermos formar um novo plano de ataque. É por isso…

— Não importa o nosso inimigo, vamos lutar contra eles agitando nossas bandeiras com orgulho.

A nação humana está destruída. Nosso território principal, assim como a frente ocidental, estão devastados, e com as Montanhas Escudo Sagrado destruídas, não temos defesa contra a invasão dos vampiros. O influxo de fedor certamente atrairá ainda mais monstros. Mas independentemente…

— Nós ganharemos. Nossas vontades unidas e infatigáveis, sairemos desta batalha final vitoriosos. Não importa quantos sacrifícios devam ser feitos, não podemos recuar. Para nós…

Eu mordo meus lábios congelados, engulo minhas lágrimas e continuo:

— Somos o último exército da humanidade.

É um fato assustador e óbvio. Neste ponto, não temos esperança de estabelecer trens de abastecimento. Acabaremos por nos autodestruir. Assim que nossas reservas forem consumidas…

Devemos nos apressar e resolver isso. Devemos lutar e vencer contra os vampiros, os demônios e o assustador Deus Demônio que os comanda.

Eu puxo minha lâmina suavemente e aponto para a chuva. A lâmina branca polida e temperada desvia a água e o frio. Dentro de sua borda afiada reside a bênção de Deus, milagrosamente clara. Além de sua ponta, algo translúcido sobe… Fumaça. E não apenas uma trilha. Eles estão todos acabados, golpeados pelo vento, mas ainda estão subindo. Eles permanecem e desaparecem, apenas para serem continuamente substituídos.

Na base de cada trilha de fumaça está a vida. Homens e mulheres, apesar dos horrores da guerra, vivem com orgulho. E ao lado deles, fogo, bem como orações.

— O que diabos vocês dois estão fazendo? Está chovendo.

— …Odysson.

Posso ver a exasperação em seu rosto enquanto ele nos encara por baixo do guarda-chuva. Limpo minha lâmina e a embainho.

— Padre, achei que você tivesse vindo dizer a ele que o banho estava pronto? Qual é o sentido de congelarmos até a morte juntos?

— Ah, você está certo! A vista me distraiu.

Um banho, hein? Outra parte da vida humana. Falando nisso, minhas mãos estão gritando de frio.

— Lembre-me, quem foi que disse que deveríamos nos aquecer em dias de chuva, hein?

— Sim, você está certo, certo… Odysson, você veio até aqui para dizer isso?

— Há mais uma coisa: Kuroi acordou.

— O que? Sério?!

— Ela está bem? Como ela está?

— Uau, calma! Por que você não vai ver por si mesmo? Ela está tomando sopa com Sira agora.

— Ah, então Sira está ao lado dela?

— Acho que o cheiro da sopa que ela estava tentando alimentar Kuroi a acordou.

Enquanto descemos a escada de pedra, eu removo minha capa e sorrio um pouco. Lá dentro, longe do vento e da chuva, os corredores são iluminados por tochas sem fim e cheios dos sons da vida. E bem no centro de todo o barulho está Kuroi. Tigelas e talheres tilintam, ela deve estar pedindo mais, embora Ange não esteja mais aqui para trazer seus pedidos.

Sentados ao redor de uma mesa, podemos conversar e compartilhar nossos pensamentos. Isso é bom. Assim é como deve ser. Momentos preciosos como estes são suficientes para nos tornar fortes, para nos dar a vontade de lutar com orgulho até o fim. Com a minha fé renovada, faço uma proclamação silenciosa:

Eu digo a você, Deus Demônio, mestre dos vampiros e incitador de demônios, avatar do medo e ameaça para o mundo inteiro, nos veremos em breve. E nós vamos derrotar você.

Mas, por enquanto, neste momento insubstituível, tenho que aquecer minhas mãos congeladas.


 

Tradução: Rlc

Revisão: Midnight

 

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