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Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 40 – O Capitão Junta-se ao Banquete de Seu Amigo/Dez Mil Sinos Faz o Seu Melhor

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Não estamos sozinhos.

Temos companheiros aos nossos lados e costas. Juntos, olhamos em frente.

-Capitão Zakkow I-

Ganharei a vida como um guerreiro. Foi isso que decidi em meu décimo quinto inverno, e, por quase quarenta anos, vivi firme e imperturbado. Não tenho família; não quero uma. A vontade morreu ao ver tantos amigos perderem a vida no campo de batalha. Faz muito tempo desde a última vez que franzi a testa. Tinha certeza de que tinha congelado no mesmo lugar.

— C-Capitão! Capitão Zakkow! Veja! É tão fofo!

— Eles são mesmo muito leves quando os segura. Mas suas patas traseiras são grossas!

— Essas orelhas pontudas e nariz que se contorce… eles são tão fofos! Veja, Capitão!

Que saco. Como eu deveria reagir em um momento como esse? Esses caras, que até pouco tempo atrás estavam frenéticos em busca de vingança, agora estão brincando com coelhos como se fossem crianças na escola. Nem mesmo sei se deveria estar feliz ou repreendê-los.

— Certo, tenham cuidado com os chifres deles. — aviso. Percebo que isso é algo chato de se dizer, mas não consigo resistir à vontade. Os coelhos de combate tomam conta das fazendas e se alimentam, quietos. Parece que agora são familiares de Deus e irão lutar ao lado de nós, humanos.

Entretanto, eles ainda são monstros. Ontem estavam em busca do sangue humano. Não vi nenhum no ataque à Expansão Infernal, mas eles com certeza fizeram parte do ataque à Fronteira. Sequer preciso conferir as manchetes publicadas no jornal. Todo mundo ficou sabendo de alguém que foi estripado por aqueles chifres afiados.

— Por que essa cara amarrada, Capitão?

— Padre Felipo!

— Pode ficar tranquilo. Vim apenas para checá-los, também.

A cerca nem mesmo estala com o peso de dois homenzarrões inclinando-se sobre ela em ambos os lados, o que mostrava que são fortes. Os carpinteiros do sul são habilidosos e trabalham rápido. Todas as nossas pessoas importantes e melhores suprimentos vieram do sul. Esse cara, também, com certeza, vem de lá; de algum lugar com poder político.

Padre Felipo, o sacerdote da Fronteira. Ele esteve administrando o governo local sozinho. O outro homem é o Capitão da Fronteira, Agias, um guerreiro que confia grandemente na visão do Padre Felipo. Esse sacerdote gosta de falar, e a forma com que usa as palavras deixa óbvio de que possui origem nobre. Ele pode ter vindo de uma família extremamente poderosa. A bravura e vontade que demonstrou em batalha há pouco tempo foram, no mínimo, extraordinárias. Ele não é um simples erudito ou sacerdote.

— Hm, familiares são criaturas estranhas… Tinha o pressentimento de que isso pudesse acontecer, por isso comecei a fazer preparações, mas…

— É impressionante, de fato, que tenha considerado a possibilidade de nos aliarmos a monstros. — comento eu.

— De acordo com o livro sagrado, “Deus é todo poderoso, e Ele irá enviar um Apóstolo. Até os monstros hão de obedecê-lo.” — recita ele.

— Deus, Apóstolos, familiares… é como se tudo isso saísse direto de uma lenda.

— Até o dado momento, estivemos trabalhando apenas com a afirmação de boatos. Era o trabalho do clérigo fazer com que as pessoas acreditassem, e essas palavras não eram mais do que consolos temporários para aqueles que tinham fé. Entretanto, agora tudo veio a ser verdade. Já vivemos em uma lenda. — diz ele, alegre.

 Pensei que todos os membros da igreja eram pessoas boas que mentiam, mas esse cara era o completo oposto. Ele é uma pessoa terrível e honesta.

— Uma lenda… é impossível descrever com lógica e palavras o quão emocionante é. — Ele sorri largamente. É quase infeccioso. — Além disso, quem teria imaginado que essas criaturas seriam tão distintas!

Verdade, coelhos de combate são fáceis de se diferenciar. Até mesmo eu sou capaz de ver as diferenças. Aquele cinza tem olhos afiados e um comportamento imparcial, enquanto o marrom tem um rosto de filhote e é rechonchudo. O que está perto dele é fêmea, acredito eu. Esse aqui deve ser honrado de verdade. Posso ver essas coisas com apenas um olhar. Normalmente, nunca teria sido capaz de distingui-los. Pode-se dizer que são os resultados da benção de Deus e deixar por isso mesmo, mas… parece um pouco diferente. Meu peito está quente. Por que será?

— Pois eles… são nossos aliados. — murmuro.

— De fato. Sim, isso está absolutamente correto. Lorde Willow disse a mesma coisa sobre os cavalos.

— Compreendo. Então, talvez, possamos ser amigos no campo de batalha.

Quando falei, percebo que os coelhos não estão dando a mínima para nós, nem podem nos dar um aperto de mão. Sequer podemos ter uma simples conversa. Mas eu acredito. Somos iguais, eles e nós. Atraídos pelo “calor” desta terra, nós dois fomos trazidos para cá pela mesma energia.

— Somos seres diferentes. Naturalmente, tudo sobre nós é diferente.

— Mas podemos coexistir. — comento.

— De fato. Contanto que respeitem um ao outro, tenho certeza de que podemos viver juntos. Podemos aproveitar a prosperidade. Não precisamos ser os mesmos; precisamos apenas aceitar as diferenças entre nós e cultivar a harmonia.

— Fala isso de maneira racional?

— Não, de maneira sincera. O único laço político que realmente necessitamos é aquele com os elfos. Com esses pequeninos, devemos estar unidos pela honra, como companheiros que enfrentam os mesmos problemas.

Esse homem deve ser determinado por não ter louvado a Deus agora. É algo que a nossa liderança compartilha, especialmente Lady Kuroi, que é a personificação de nossa fé. Não fomos salvos das profundezas do desespero por Deus, não. Não somos Suas peças, Seus brinquedos. A irracionalidade da vida causou-nos uma dor sem fim e sofrimento; acabamos por nos acostumar a desistir. Mesmo assim, tínhamos nosso orgulho para sobrevivermos até agora.

Mas ninguém poderia viver jogado na miséria para sempre.

Deus nos deu o fogo para enfrentarmos nossos problemas e nos salvarmos com nossas próprias mãos. Ele nos deu esperança, para que assim pudéssemos seguir em frente. Tudo o que precisávamos era tomar uma decisão. Isso também vale para esses coelhos. É por isso que estamos aqui reunidos. Entendo. Somos companheiros; irmãos de armas.

— Aliás, fiquei sabendo que compartilhara um pouco do seu conhecimento com Lorde Willow referente à infantaria de guarnição. — comentou o padre.

— Sim. Vi-os em primeira mão, afinal.

— Sou o seu oficial comandante, e meu segundo em comando é o Capitão Jashan son Peine. Quanto a você, Zakkow, preciso da sua assistência em muitas coisas como capitão do esquadrão.

— Acredito que essa é a melhor forma de lutarmos, senhor.

União é tudo para uma infantaria. Sem ela, ninguém seria corajoso o suficiente para colocar os pés em um campo de batalha. Pelo fato de nossos companheiros estarem ao nosso lado, podemos enfrentar o medo. Derrubá-lo, pressioná-lo e acabar com ele.

— A melhor forma de lutarmos? Heh. A infantaria será fundida com os coelhos, assim como a cavalaria trabalha com os cavalos.

— Sim, isso me parece muito assegurador. — respondo.

— Devemos aprofundar a amizade entre nós.

— Com toda certeza.

— Então… você sabe o que deve ser feito, não é?

— Sim, senhor.

Não há como esconder a frouxidão presente em nossas bochechas, nem o agito de nossos dedos animados.

— Vamos entrar juntos nessa!

— Sim, senhor!

Eu também irei tocar aquela cauda fofa. É parte da nossa guerra, afinal.

-Sakiel, a Dez Mil Sinos I-

Bebo do meu chá debaixo do céu azul. O líquido quente e aromático desce pela minha garganta até chegar ao meu peito gelado.

— Lady Sakiel, aqueles… aqueles são…

— Sim. Eles aceitaram os coelhos de combate como familiares.

Não importa quantas vezes eu veja, sempre me impressiono pelo poder silencioso e transcendental de Deus. O único propósito de um monstro é exalar aquele fedor, um gás venenoso que mais parece uma mistura de ódio e podridão misturados… e, mesmo assim, uma brisa refrescante sopra sobre as lavouras. As leis da natureza foram distorcidas. Por bem ou por mal, o mundo está sendo alterado.

— Está com medo, Fleilyu?

— Para ser sincera, sinto um grande desconforto. — responde ela após uma pausa.

— Pelo fato de os humanos estarem ficando fortes?

— Sim. A força deles parece estar aumentando diante dos meus olhos. É quase como se não tivesse fim.

— Hm… Sua expressão diz que está pensando em uma maneira de enfrentá-los.

— Como posso não estar alarmada com o poder que acabou com a Dourada?

— Você tem razão. Foi um espetáculo dos grandes.

Aquele exército, o qual queimava de vermelho e preto… Magia de invocação que trouxe os mortos de volta para lutar nas linhas de frente sem parar… O que Kuroi mostrou ao mundo naquele dia foi o verdadeiro significado dos horrores da guerra.

É tão triste. A luta só aumenta em intensidade, mas é a minha crença de que as pessoas simplesmente querem se dar bem e sorrir juntas.

— Fleilyu, por favor, relate ao Conselho em detalhes. — ordeno.

— Sim, Vossa Graça.

— E, se me permitir adicionar algo mais, fale que a beleza do manto não diferencia o status social. Eu amaria ter um daqueles lobos negros como bicho de estimação também. Vivo, é claro. Não me mande nenhuma pele.

— I-Isso foi… — gagueja ela.

— E, com relação ao sucessor de Arcsem, por favor, insista para que enviem alguém de temperamento mais calmo. Não podemos permitir que a mesma coisa aconteça novamente.

— Claro. Estarei indo agora mesmo.

Então, como irá acabar? A única coisa que posso fazer é esperar que ela se saia bem. Até mesmo Fleilyu, que interagiu e aprendeu muito sobre os humanos, diz estar com medo deles. Só posso imaginar o que o Conselho deve estar sentindo apenas ao ouvir dos relatos. Rezo para que nenhum extremista entre em jogo.

A raiz do desconforto e medo é ignorância e mal-entendido, afinal. Além disso, não é mais relevante quem é o mais fraco e quem é o mais forte.

Os Deuses Dragão e Demônio têm lutado por trezentos anos, desde a época em que os vampiros apareceram. Neste mundo, é o seu estado mental o que mais importa. Caso contrário, a mera existência é apenas uma miséria.

Hm… Talvez eu devesse realizar outro concerto. Música para o povo. Farei com que Sinos de Água-viva e Gongos de Peixe-lua dancem no céu à medida que a fumaça do fogo do almoço ergue-se. Uma música brilhante, executada com uma atitude positiva e coração leve.

E assim as pessoas irão se lembrar que esse mundo é maravilhoso. Esse é o melhor que posso fazer.


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Midnight

 

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