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Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 38 – Monólogo

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O ar está saturado pelos aromas fortes de cravo e laranja, acentuado levemente por canela. Ele penetra pelo meu nariz até chegar ao meu cérebro enquanto bebo do meu copo descartável. Deixo o líquido espalhar-se pela minha língua, então engulo. A doçura toma conta.

Pego-me olhando para as árvores de repente. Talvez os meus olhos estejam buscando a cor verde. Estou exausto.

Parece adequado demais para a discussão sobre uma missão que poderia afetar o destino do mundo inteiro ser realizada em uma sala de reuniões como essa. Está tão silencioso que até consigo ouvir o som das partículas de pó, e há computadores para todos os lados.

Dragon Demon RPG, hein?

Esse é o nome do jogo lançado em versão beta por um desenvolvedor desconhecido. O plano dele parecia ser lançá-lo em acesso antecipado para arrecadar fundos antes de lançar uma campanha de marketing de grande escala. Apesar do método de vendas estúpido, o jogo tornou-se bastante popular no Japão.

O mundo nunca viu um vírus de computador tão grande antes.

Começou a ganhar o controle dos consoles e computadores dos clientes ao usar seu poder de processamento coletivo para dominar por completo a maior rede de criptomoeda com uma velocidade extrema e sofisticada. Este foi, provavelmente, o trabalho de uma I.A. designada para atacar sistemas. Isso lhe deu controle sobre as máquinas de mineração do mundo, aumentando seu poder de processamento até que, no fim, tivessem múltiplas I.As sob sua influência. E o que fazer com o maior poder de processamento da história, você pergunta?

Ela fez isso aqui. O mundo de fantasia mostrado na tela do tablet; o mapa deste continente. À primeira vista, parece um mapa do jogo, mas é completamente diferente. Isso é realidade, não ficção. É uma cena de crime, assim como um campo de batalha. Um mundo que existe em um espaço diferente do nosso. Em outras palavras, um mundo paralelo. Imiscuir-se em um fenômeno tão absurdo e tentar ganhar poderes demoníacos… Apenas um criminoso tão temível, que nem mesmo Deus o assusta, pensaria em algo assim.

Talvez eu devesse chamar isso de um grande esquema para enganar até mesmo Deus.

Seja quem for, chama a si mesmo de Deus Demônio. Criou os vampiros, estranhas espécies monstruosas, e deu-lhes a tarefa barbara de exterminar as espécies nativas. É difícil descrever o quão terrível realmente é. O objetivo supremo dele é ameaçar a ordem mundial… Algo que nosso país não pode tolerar.

Vejo azul. Do jardim do Departamento de Defesa dos Estados Unidos olho para o céu, formando um pentágono azul. Também vejo nuvens brancas. Azul e Branco. Lindo. São as mesmas que as cores nacionais dos elfos.

Os elfos. Eles são uma das espécies nativas que interviram nessa crise com o poder total de sua república, sem contar que possuem uma pele clara. De fato, são promotores sinceros da justiça. Armas e magia são diferentes, é claro, mas o foco deles em batalhas de longa distância deixa as coisas mais convenientes. Eles também são um povo bonito.

Uni-los e educá-los há de me dar a melhor chance de sucesso em minha missão. Com a rede digital da Terra infectada, qualquer outra coisa acabaria sendo apenas temporária. É tarde demais para ter esperança por qualquer resultado do espalhamento da “versão de luxo”, a qual abriga o antivírus.

Suspeito que o Deus Demônio se espreita em alguma parte da Europa Oriental. Essa é a informação que eu obtive depois de analisar seus padrões de sinais sonoros — isso sim foi difícil. O antigo bloco comunista… Dependendo de como as coisas  seguirem, há um risco real de um certo botão ser pressionado. Entretanto, por agora, a situação é tolerável. Ao imitar as estratégias do Deus Demônio, joguei os elfos e vampiros em uma disputa pela supremacia. Essa missão tem durado anos, mas enfim meus esforços estão sendo recompensados. Minha instabilidade de conexão também tem reduzido recentemente. Por isso, considerando que só preciso intervir uma vez a cada década, mais ou menos, no tempo deles, é de surpreender a facilidade que tem sido. Eu adoraria dar um banho de champagne no departamento de TI.

Espere, eles não estão no Ground Zero Café? Vou apenas erguer meu copo descartável em respeito a eles. Heh. Já está na hora do almoço, hein? Vamos usar a paz e o silêncio para focar no item preocupante agora.

Assim que estabilizamos nossa conexão, “nuvens de interferência” frequentes começaram a aparecer. Eu deveria assumir que o Deus Demônio ganhou a habilidade de interferir sorrateiramente e criar interferência mais uma vez. A prova está em como tomou o controle de pequenos grupos de soldados para causar um caos nas linhas de frente. Vampiros não são capazes de pensar em táticas militares que necessitam de tomadas sábias de decisão e direção. Consegui atrasar as coisas ao colocar unidades sozinhas em cada área… Nunca, nem em meus sonhos mais loucos, pensei que isso levaria à destruição da unidade mais forte dos vampiros.

A Dourada. Ela era uma mestra da magia de relâmpago e terra; um recurso aterrorizante de combate. Eu não acreditei nos meus próprios olhos quando ela expulsou um Dragão sozinha. Depois que desisti de tentar administrar a nível micro nossa resistência, passei a focar em controlar várias coisas a nível macro para suprimir os ataques dela. Esse era o tamanho da ameaça que ela representava.

Mas quem teria imaginado que a Escudo mataria a Dourada? A Escudo, Sakiel, mestra da magia de vento; uma unidade útil apenas na defesa. Ela era tão imperfeita que não pude deixar de gritar para que se recompusesse, embora talvez tenha males que vêm para o bem.

Suspiro e tomo um gole da sidra quente. Foi um péssimo movimento por parte deles, ou um bom da minha? Não sei dizer. E por falar em confuso… os humanos. Não, vamos chamá-los de sub-humanos. São nativos que vivem na ponta sul do continente, espremendo-se lá. Eu tinha certeza de que era apenas questão de tempo até que fossem exterminados.

Mas por que começaram a juntar forças no norte do território deles?

Seria compreensível se estivessem se reunindo no forte ao sul, pois podia-se considerar que estavam temendo o resultado da guerra, mas estavam fazendo o completo oposto. O exército deles se movia para além do forte, em direção à Fronteira. Mesmo que acabassem lá, sem fazer nada, ainda poderia atiçar uma disputa territorial. Poderia isso ter acontecido devido à nossa guerra contra os vampiros? Essa reunião de soldados é uma tentativa desolada de tentarem brandir suas forças?

Não… não pode ser. Esses sub-humanos só prestam para assistir à nossa batalha enquanto tentam não morrer no processo. Na verdade, eu deveria estar focando nesse “tesouro da nossa espécie” que o ancião élfico identificou. Os sub-humanos devem ter algum tipo de laço ancestral como a Árvore Espiritual Élfica — algo capaz de criar eventos que podem ser chamados de “milagres” até mesmo em um mundo repleto de magia.

Milagres…

É apenas um milagre pelo fato de nunca ter acontecido. Se acontecesse, passaria a ser um mero fenômeno. Até mesmo essa Guerra no Mundo Paralelo em que nos encontramos e a derrota da soldada mais forte dos vampiros surgiram de fenômenos acumulados, nada mais. Devemos analisar, montar estratégias e tomar as melhores medidas possíveis.

Essa sensação de hesitação não vem do nada, entretanto. Odeio ter que admitir, mas sou forçado. Estou com medo de começar a ofensiva. Estou praticamente tremendo de pavor. Não importa quantas reuniões estratégicas façamos, no final, deve haver um herói que realmente age. O isolamento de uma sala de reuniões é um ambiente frio demais para refletir sobre os horrores desta Guerra no Mundo Paralelo. Recuperar-se de um mísero erro nosso leva cem anos no tempo deles. Agora que os vampiros perderam a unidade mais poderosa das três que possuem, os elfos deveriam dar início a uma campanha ofensiva total… mesmo assim…!

Engulo o último gole da minha sidra quente. Depois de amassar o copo descartável, arremesso-o na lixeira. Urgh, vou errar… espere, o vento está mudando sua trajetória… Sim! Ponto! O departamento de TI comemora, e eu aceno para eles.

Então volto para o meu local de trabalho solitário. É hora de dar um fim à Guerra no Mundo Paralelo. Tudo é pelo bem da ordem mundial. Pelo bem do nosso país, acima de tudo. Pelo bem das boas pessoas pelo mundo.

Giro os aros da minha cadeira de rodas de uma maneira formosa e alegre. Não importa se estou apenas fingindo, o elevador de cadeira de rodas está logo ali, afinal.


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Kana

 

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