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Outer Ragna Outer Ragna – Vol 01 – Capítulo 21 – A Guerreira Dragão Está Irritada e Aliviada pela Fúria, Orgulho e Negócio dos Humanos

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Sou uma Apóstola. Uma Apóstola do Deus dos Humanos.

Portanto, devo enfrentar Apóstolos de outros credos. Estas são as regras.


-Guerreira Dragão Fleilyu III-

 

— Pronta, Fleilyu? Ouça com atenção e tente entender. — Lady Sakiel está de pé na cama, pequena, porém régia. Eu jamais perderia uma palavra sequer que ela dissesse. No chão estou sentada e pronta, totalmente preparada para ouvir suas palavras. — Elfos, humanos e vampiros são criaturas preciosas, sem exceção. Somos os únicos no continente com cultura mágica restando, afinal.

Sua voz é adorável, mas as palavras, confusas. O que ela está tentando dizer?

— Na verdade, havia muitas criaturas no ápice aqui, neste grande território. Você já ouviu as histórias, não é mesmo? Nas florestas viviam os elfos e insetóides; nas planícies, humanos e centauros; nas montanhas, anões e duendes; no mar, tritões e… não entendo esse, mas eram os dorodoro.

Ah, então é lição sobre mitologia? Lembro de ouvir sobre eles nas histórias para crianças quando era jovem. Não faziam sentido e me ajudavam a pegar no sono com facilidade.

— Infelizmente, devido a desastres naturais e guerras… e teve também uma época em que a terra ficou coberta de gelo… as raças morreram uma a uma, como pétalas caindo de uma flor.

Agora eu me lembro. Mitos eram misteriosos e, além disso, serviam para nos deixar assustados à noite. Coisas como um rei demônio ressurgindo das profundezas da terra para começar uma guerra com Deus, ou como todos os elfos entraram em hibernação. Mas, no fim, elas falam sobre a glória dos elfos. É natural. Elfos são de uma raça amada por Deus. Exterminamos os pagãos malignos, aniquilamos nossos inimigos antigos, os anões, e estabelecemos a ordem e a justiça no mundo inteiro.

— Todos os chamam de macacos, mas uma das raças que sobreviveu a essa história turbulenta foi a humana. Eles têm uma longa história, assim como nós, elfos, e são uma tribo preciosa.

Entendo. Então é por isso que Lady Sakiel se certifica de os chamar de humanos.

— Você quer valorizar a raridade deles e também respeitar sua história e linhagem… é isso?

— Hmm… é difícil explicar, mas suponho que seja mais ou menos isso. De qualquer forma, quero me dar bem com os humanos.

— Entendido. Eles lutaram bravamente contra os vampiros, por isso tenho certeza de que o Segundo Comandante Arcsem compreende a utilidade deles. O Conselho também ordenou que usássemos essa terra como ponto de apoio estratégico.

— Estratégia… isso de novo?

Oh, como Lady Sakiel é trágica. Forçada a permanecer nesta terra bárbara sem qualquer esperança por reforços… Se fossem apenas ordens normais, eu teria enfrentado-as. Mas ordens dadas em nome do oráculo devem ser obedecidas sem questionamento.

— Eu odeio guerras…

— Compreendo, mas nossos oponentes são os violentos vampiros. Se não lutarmos, eles irão dominar esta terra. Se não vencermos, a ordem verdadeira não poderá ser restaurada.

— Nós todos não podemos nos dar bem?

— Com todo o devido respeito, sugiro que se abstenha de falar mais. Se é do Massacre da Folha de que duvida com relação à ampla política da república, peço que tome cuidado.

Contanto que o meu vento ensurdeça qualquer ouvido desobediente, não haverá problemas. Ainda assim, Lady Sakiel é um imã de riscos. Sua gentileza pode levar a imprudências inesperadas, às vezes.

— Ugh… Fleilyu!

Não posso olhar. Permaneça atenta, mas encare o chão. Caso contrário, é provável que eu proclame: “deixe tudo comigo”. Resista. Aguente. Imagine algo que odeia. Algo que eu odeie… os vampiros. Criaturas obscuras que devem ser exterminadas.

Isso me faz lembrar… Na sua história de agora há pouco, Lady Sakiel não mencionou os vampiros.

— Lady Sakiel, posso lhe fazer uma pergunta?

— Hm? O que foi?

— Como se explica os vampiros? Ouvi dizer que apareceram abruptamente há cerca de trezentos anos, por volta da época em que nasci.

São uma espécie miserável e amaldiçoada que caça as espécies no topo, as quais ela citou com orgulho. São violentos, luxuriosos e inimigos naturais dos elfos. Acho difícil acreditar que sejam “preciosos”.

— Eles são… Hm? Fleilyu?

Houve um distúrbio no vento. Soldados? Já estão aqui, então.

— Perdoe-me. Parece que os seus humanos chegaram.

— Ohh! É chegada a hora! Então? Está tudo preparado?

— Como você comandou.

— Ótimo, maravilha! Vamos logo!

— Lady Sakiel, deixe-me recebê-los primeiro. Talvez você deva aparecer depois disso…

— Não, eu vou. Eles vieram para visitar a mim, então como posso deixar de lhes dar as boas-vindas?

Ela salta de uma maneira adorável. Oh, e veja como está dando passinhos curtos! Ser capaz de ver essas coisas é uma das vantagens de ser guarda dela. Não, eu não posso me distrair. Ultimamente, tenho me perdido em pensamentos com maior facilidade. É um efeito colateral abençoado e inesperado ao ter o direito de servir a todas as necessidades de Lady Sakiel. Só precisa de um pouco de preparação mental para lidar com as dificuldades, mas o resto deixa a minha cabeça toda doida.

— Ótimo, ótimo! O chá e os lanchinhos estão todos prontos.

A sala de chá preparada na cobertura está preenchida de coisas doces que Lady Sakiel adora. Só posso esperar que os humanos sejam capazes de apreciar isso.

— Mesmo assim… não tem guardas demais aqui?

— Não mesmo. — Minha segurança é perfeita. Cinco gaviões de vento circulam no céu acima de nós. Dez magos de vento e dez de água estão estacionados em todos os terraços vizinhos, cada um deles acompanhado por um leopardo prateado. E também estou aqui agora.

— Entendo… Você não acha que eles podem considerar isso uma ofensa?

— Considerando sua situação, a segurança pode ser considerada baixa.

— Mas…

Há uma ameaça. Qual era o seu nome mesmo…? A garota de cabelos negros que rompeu a magia élfica. Os humanos fofocam sobre ela e a chamam de coisas de baixa classe, como “Assassina de Cinquenta Vampiros”, mas isso claramente é um exagero. Depois de ver o que restou do campo de batalha, eles devem estar espichando a verdade. Os vampiros que atacavam do sul foram pegos por um ataque surpresa dos humanos, muito provavelmente, o que os jogou em um estado de caos e fez com que matassem uns aos outros. Isso também explicaria o Raio disparado de uma direção inexplicável.

— Ohh! Obrigada por virem! Meu nome é Sakiel!

— … Kuroi!

— Kuroi, hein? Mm, um bom nome.

Não só se recusa a dizer o seu nome primeiro, como também apenas assente levemente com a cabeça? Sério, humanos são tão… Pelo menos ela veio desarmada. Faz sentido, é claro. Duas pessoas estão acompanhando-a, as quais parecem um oficial militar e um oficial civil.

— É uma honra conhecê-la. Sou Ange, da Empresa Flor Carmesim, recentemente nomeada Mestra da Moeda nessa terra. Espero que possamos nos dar bem.

— Mm! Não espere ter problemas da minha parte!

O oficial civil é uma mulher de meia-idade. Seu físico não é lá grandes coisas, mas sinto um leve traço de magia nela.

— Também é uma honra para mim conhecê-la. Sou Marius, irmão mais jovem do representante interino. Vim para servir como procurador dela.

— Ohh! Irmãos, né? Ouvi dizer que isso significa que seus rostos são semelhantes!

Esse homem bonito é um oficial comissionado. Posso ver pela forma que se porta.

— Você é muito bem versada. Me dizem que meus irmãos puxaram o nosso pai. Eu, o mais jovem, puxei mais a minha mãe.

— Hoh! Humanos possuem mistérios tão profundos.

— As semelhanças podem percorrer até a árvore genealógica. As pessoas dizem que eu sou a cara da minha bisavó.

— Isso é possível? Então, talvez, seus parentes também se parecem com pessoas que viveram há milhares ou dezenas de milhares de anos atrás!

A garota Kuroi está em silêncio e não mostra expressão alguma, mas seus companheiros são amigáveis. Entretanto, não consigo entender. Eu estava esperando o representante, o sacerdote que serve como negociador e o mago de fogo junto com ela.

— Venham, sentem-se! Tenho alguns lanchinhos deliciosos.

— Apreciamos sua hospitalidade. Entretanto, a Guerreira Dragão parece desconfiar de nós.

— … Tenho algumas preocupações com relação à segurança e etiqueta.

— F-Fleilyu!

— Entendo. Permita-me explicar.

Concordo, pedindo que o fizesse. Odeio fazer a Lady Sakiel esperar, mas preciso compreender a situação.

— Os três que vocês convidaram, por motivos particulares, decidiram recuar. — Ele sorri enquanto dá suas desculpas. Em momento algum mostrou sentir vergonha.

— Primeiro, Padre Felipo foi proibido de se aproximar desse lugar pelo seu Segundo Comandante. Algo sobre tentar evitar quaisquer negociações desnecessárias.

Mas que droga, Segundo Comandante Arcsem. Isso sim é o que chamo de desnecessário.

— Então, infelizmente, o Feiticeiro da Fronteira, Odysson estão um pouco doente. Ele adotou um método bastante especial para o treinamento do Exército Incendiário… Hehe.. pfft!

O quê? Ele parece estar se divertindo com algo. Sei que aquele homem foi mandado para treinar aqueles que podiam invocar fogo para serem magos. Acredito que esteja indo bem. Se está, então também é uma ameaça. Mas, de acordo com nossos relatórios investigativos, eles estão praticando “rituais estranhos, bizarros e supersticiosos”. Se bem me lembro, foram forçados a equilibrar vasos de óleo na cabeça enquanto assumiam poses de galhos dobrados e a correr em ziguezague por um trajeto de telhas cercadas por brasas…

Idiotice. Práticas com o mínimo de civilização, de fato. Pelo que parece, humanos sequer conhecem técnicas de meditação.

— Meu irmão, Agias, não está aqui no momento. Monstros atacaram diversas aldeias nas proximidades, e ele se dirigiu para o local a fim de acabar com eles.

Monstros, hein? Um peão favorito dos elfos e vampiros. Essa história é verídica, talvez. Havia tantos soldados indo e vindo ultimamente que é difícil saber a diferença entre os exercícios de treinamento deles e batalhas, mas ainda me lembro de uma coisa: alguns dias atrás, setecentos cavaleiros partiram e não voltaram ainda.

— Onde os monstros apareceram?

— No sudoeste, assim como no noroeste.

Eu sabia. Nenhum desses locais é ponto estratégico dos elfos. Se assumirmos que não são encontros randômicos, deve ser trabalho dos vampiros. Com tantas batalhas acontecendo nas linhas de frente recentemente, não tem como nosso exército ter dado a volta nas linhas inimigas e armado isso.

— Assim como no leste.

Não! É impossível! Mesmo que exista alguma operação irregular que eu não esteja sabendo, deveria haver consideração por nós, pelo menos. Eles não arriscariam uma batalha que pudesse envolver Lady Sakiel.

— É possível que esses relatórios estejam errados ou sejam falsos. Nos tornamos uma base de esperança e confiança para nosso povo.

— Sim, de fato. Vim aqui exatamente por causa das histórias que ouvi sobre esse lugar.

— Hoh, hoh! Aqui é tão popular assim? Eu posso entender!

— Lady Sakiel, deixe-me servir o chá.

— Não, deixe que eu faço. Sou a anfitriã, afinal.

A hospitalidade dela é desperdiçada com eles. Não, essa é apenas uma parte do coração gentil de Lady Sakiel. Os humanos deveriam chorar agradecendo.

— A convidada de honra é você, Kuroi. Beba.

— Não. Perdoe-me, mas irei beber primeiro.

Como se atreve a destruir as esperanças dela? Humanos são criaturas tão miseráveis.

— Tamanha arrogância… E não me refiro apenas à sua etiqueta.

— Oh, minha nossa. Quer falar sobre modos? O que eu sugeri é o mais correto.

— O que é “correto”? Vocês não oferecem o mínimo de agradecimento à hospitalidade sem precedentes de Sua Graça. Sintam vergonha.

— Hoh… Hospitalidade? Vergonha? Hohoho!

Ela riu de mim, uma elfa?

— Tudo isso vindo daqueles que, após nos ameaçarem, oferecem uma xícara de um possível veneno a nossa Lady Kuroi e a ordenam que beba? E ainda querem que nos sintamos alegres? Ora, é um ultraje. Quem será que não tem gratidão nem graça aqui?

O quê? O que ela acabou de dizer? Uma mera humana. Uma humana miserável se atreve a…

— De fato. É um perigo inesperado termos caído em um cerco tão pesado. — O oficial olha para os locais em que nossos voadores se escondem. Ele não pode os ter notado em tão pouco tempo, né? — Parece que estávamos corretos em virmos ao invés deles.

 — Uma decisão excelente, sem dúvidas. Não afetaria tanto assim o governo local caso não fôssemos capazes de voltar.

O que eles estão fazendo? Por que se ajoelham, puxam o colarinho e mostram o pescoço? O que eu deveria fazer com isso?

— Pedimos que levem nossas cabeças e, em troca, que o seu cintilante exército branco tenha piedade de nosso povo. Por favor, permita que Lady Kuroi saia viva. Ela é a esperança de nós todos.

O que está acontecendo? Como isso aconteceu? Argh, Lady Sakiel está olhando para mim com lágrimas nos olhos! Fui eu? Sério? Foi um mal-entendido meu que causou essa situação? Lady Sakiel estava tão animada por esta oportunidade, mas, assim como o concerto daquela outra vez, minha irreflexão acabou com tudo.

Bebe.

Morde, morde.

A garota Kuroi está bebendo o chá e mastigando o lanche. Todo mundo — eu, os humanos, os soldados — estamos perplexos. Apenas observamos enquanto ela come sem dar a mínima.

— Então? Está bom?

— Sim.

— A presença em suas costas… é o seu deus?

— Sim. Ele acabou de descender.

— Gostou do meu chá, talvez?

— Sim, é o que parece.

— Entendo… Fico feliz em ouvir isso.

Lady Sakiel e Kuroi conversam. A cena parece tão distante, como se estivesse oculta por um véu de névoa.

— Você e eu. Algum dia.

— É o destino dos Apóstolos, sim. Porém, ainda não.

— Sim. Deus encara o oeste, acredito eu.

— Mm. Comigo é o mesmo. É algo triste, em minha opinião…

Entendo. Então Kuroi é uma Apóstola humana.

Com uma mente calma, ouço o relatório urgente de um soldado humano. Monstros apareceram em grande número, vindo das montanhas em direção ao noroeste. A festa do chá foi adiada. Alguns minutos depois, o oficial militar galopou com mais quinhentos cavaleiros. Eu os observei partir à medida em que seus cavalos erguiam nuvens de poeira.

Agora sirvo em silêncio ao lado de Sua Graça, observando as maquinações dos humanos.

 


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Midnight

 

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