Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 02 – Cap. 05.7 – Despachando Piratas

Dentro de Arroganz, verifiquei meus arredores.

— Inutilizamos todas as unidades inimigas?

O corpo portátil de Luxion estava dentro da armadura comigo, empoleirado em um pedestal vermelho-sangue, seu único olho voltado para mim.

— Sim. Os dois navios já desligaram seus motores. Mesmo que tentem resistir, não será um problema. Precisamos apenas afundá-los — disse.

— Idiota, não faça isso. Vamos levá-los para casa e vendê-los.

As armaduras de nossos inimigos eram de má qualidade, porém seus navios teriam um preço justo. E estava ansioso pela recompensa por suas tripulações. Eu tinha resolvido levá-los vivos, o que era muito melhor do que deixá-los continuar seu reinado de terror.

— Se não me engano, não seria mais conveniente derrubá-los? — Luxion perguntou — Suspeito que eles serão um problema se tentarmos levá-los de volta conosco.

— Olhe aqui, eu não fui mentalmente construído para encontrar alegria no abate irracional. E se vou usar você na batalha, tenho que ser criterioso.

— Mestre… — meu companheiro robô começou, sua voz eletrônica ainda mais fria do que o normal. — Você tem certeza de que deseja ter tanta cautela mesmo que isso signifique falhar em seu objetivo?

A implicação era clara: se mostrar misericórdia aos inimigos, voltarão para assombrá-lo.

Sim, mas eles vão literalmente me assombrar se eu matá-los, idiota! Gemi.

— É por esse exato motivo que não gosto de ser arrastado para esse tipo de confusão.

Não gostava de ter que tomar essa decisão. Uma coisa era lutar por minha própria vontade, onde aceitava de todo o coração as repercussões, mesmo que fizesse o possível para evitá-las. Outra questão era lutar sob as ordens de outra pessoa. De qualquer forma, decidir matar ou não um homem não era meu problema.

Sério, por que isso está acontecendo?

Só queria manter uma distância adequada entre mim e os personagens principais para que pudesse viver em paz. Contudo, há muito perdi minha chance de deixar Lívia e os outros por conta própria. E sabia que era minha incapacidade de me comprometer que continuava me colocando nessas situações problemáticas.

Mesmo agora, optei pela abordagem morna: capturar os meus oponentes vivos. Por quanto tempo poderei continuar andando nessa linha tênue?

— De qualquer forma… — continuei. — Não bastaria um tiro de advertência? Por que teve que arrebentá-los com uma saraivada completa?

— Eles tentaram derrubar o Parceiro. Eu me recusei a permitir isso.

Esse cara realmente não tem jeito para julgar os humanos. Para uma I.A., Luxion, pode na verdade guardar rancor.

Se era algo fantástico ou terrível estava em debate, no entanto pensar a respeito não me levaria a lugar nenhum, esse jogo otome nunca aderiu à sua própria lógica. E, além do mais, Luxion era meu parceiro, então poderia ser inconsistente em assuntos como esses, se quisesse. Se fosse mais realista, agora, eu viveria no terror absoluto do dia em que ele se revoltasse contra mim.

Mas do jeito que ele é? Está perfeito.