Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 02 – Cap. 05.1 – Despachando Piratas

Deixamos a capital em uma pequena aeronave e chegamos a um porto de aeronaves em uma ilha flutuante não muito distante. Os navios moviam-se atarefadamente de um lado para outro em todos os lugares que olhávamos. Isso me lembrou uma estação de trem ou um terminal de ônibus, menos os ônibus e trens reais. Fui esperar na área designada, onde havia deixado meu navio, o Parceiro, ancorado em modo de espera.

Luxion construiu ele mesmo o navio de setecentos metros. Parecia uma caixa como qualquer outro navio ancorado aqui, embora seu tamanho superior o destacasse. Por dentro, o design era simples, mas eficiente.

— Você realmente o tem esperando como eu pedi.

Luxion, escondido dentro da minha bagagem, respondeu.

— Foi uma tarefa simples para o Parceiro.

Ele baseou seu design e funcionalidade subjacentes na nave espacial onde residia seu corpo principal, que era comparativamente futurista. Bem, era uma nave espacial, depois de tudo. No entanto, não podia deixar ninguém na nave principal porque de jeito nenhum poderia mentir a respeito de sua óbvia tecnologia avançada. Todo mundo conhecia a história de como desenterrei um Item Perdido, algo que não poderíamos replicar com a tecnologia moderna.

Contudo, pedi a Luxion que criasse o Parceiro para que eu o usasse no lugar daquela nave. Não queria que ninguém descobrisse a verdade das capacidades de Luxion. Se o fizessem, alguém com toda certeza faria um grande esforço (também conhecido como me matar) para levá-lo. Portanto, era um navio de aparência regular.

Droga. Se não tivesse navegado no navio principal de Luxion para casa naquela primeira vez, ninguém saberia, e não teria que me dar a todo esse trabalho.

De qualquer forma, Luxion estava se gabando do Parceiro como um pai irritantemente orgulhoso, ou talvez como um artista iniciante. Ao que parece, se apegou. A I.A. sente esse tipo de conexão emocional?

— Mestre, você notou?

— Sim, eu os vi.

Lívia e Carla ficaram ao lado do Parceiro. Lívia assumiu a bagagem desta última. No momento em que me viram aproximando, Carla pegou suas malas de volta como se fingisse que as estava carregando o tempo todo. Ela pensou mesmo que eu não iria notar?

Mais importante, o que Lívia estava fazendo aqui? Ela parecia francamente deprimida com isso também. Será que sua tentativa de consertar as coisas com Angie não deu certo?

— Barão, aqui! — Carla me chamou com uma voz cantante.

Bem, isso me assustou um pouco.

— As meninas são assustadoras…

— Lembre-se: elas têm mais medo de você do que você delas. — disse Luxion.

— Tem certeza de que não está confundindo medo com ódio?

Quando alcancei as duas garotas, outro par de rostos familiares se aproximou. Vermelho e Roxo, ou seja, Greg e Brad. Greg Fou Seberg tinha um físico tonificado, adorava se gabar de sua força e cabelo cortado curto penteado para trás. Ele carregava uma lança em uma mão. Brad Fou Field apenas levava um olhar descontente em seu rosto.

— Guh.

— Por que diabos Bartfort está aqui?

Suas palavras maliciosas perfuraram meu coração frágil.

— Ei, olhe, é um casal de perdedores.

Zombei de volta. Os dois se aproximaram, olhares como adagas voltados para mim.

Sim, eles são horríveis. Cabelos de popstars, personalidades de bandidos comuns.

— Está procurando por uma briga, hein? — Greg rosnou.

— Importa-se de testar quem vai perder desta vez? — Brad ameaçou.

Recuei atrás de Lívia.

— Sim, sim, estou aqui por essas duas. Não tenho tempo para vocês, então saiam.

Para minha infelicidade, os dois não foram embora.

Greg coçou o topo da cabeça e Brad voltou o olhar para Carla.

— Se importa em explicar?

Carla parecia perturbada quando desviou o olhar. Um estratagema óbvio para esconder seus verdadeiros motivos, quaisquer que fossem. Não que sua duplicidade tenha sido uma surpresa para mim.

— Hm, uh, bem… Achei que seria mais eficiente se todos nós fossemos juntos no dirigível do barão para as terras da minha família.

— O quê? — me voltei para Carla. — Está me dizendo para deixar esses babacas no meu navio?

Veias estalaram nas testas de Greg e Brad.

Acalme-se, acalme-se!

— Quem está chamando de babaca?

— Honestamente, a paciência!

— S-Sinto muito! — Carla se desculpou. — Eu deveria ter dito a vocês. Na verdade, pedi ajuda ao senhor Brad também.

A atenção de todos se voltou para Brad.

— Carla serve na casa da minha ex-noiva. — explicou este com relutância. — Então, quando fui solicitado para ajudá-la, concordei. Ela também prometeu uma recompensa e disse que esses piratas têm uma recompensa em suas cabeças. Achei que essa poderia ser uma maneira de ajudar Marie, então aceitei.

Sua resposta soou perfeitamente razoável… Estou brincando. Não, não, foi distorcido pra caralho. Não porque ele, um estudante, achou que poderia lutar contra alguns piratas aéreos. Não, era a lógica desse estúpido jogo otome em ação de novo, aquela que achava totalmente natural que os homens colocassem suas vidas em risco apenas para ganhar o afeto das mulheres. Lutar com sucesso contra piratas sem dúvida aumentaria o apelo de um cara no campus, mas apenas porque este mundo estava ferrado até o talo.

Greg bateu a ponta de sua amada lança contra o chão. Abrindo suas pernas, fazendo uma figura imponente.

— E depois que ele me contou o que estava fazendo, decidi que iria junto também.

E o que diabos espera conseguir com uma única lança?

Todos os personagens deste mundo podem estar com morte cerebral pelo quão bem pensam nas coisas.

— E os outros três? — perguntei. — Sabe, Preto, Verde e Azul.

— Pare de nos chamar assim! — Brad disparou. — Nossos amigos foram convocados por suas famílias. Marie tinha um recado para atender, então também não pôde vir. Sendo franco, mesmo que não estivesse ocupada, não a deixaria nos acompanhar. É muito perigoso. Então somos só nós dois.

— Esses caras são muito sérios. Sabem que só vão levar uma bronca voltando para casa, porém foram ainda assim. Também fui convocado, contudo acho que estou ocupado acompanhando Brad. Não posso confiar nele sozinho. — Greg riu.

— Silêncio, cérebro de músculos! Se fosse pela minha opinião, teria trazido Chris, não você.

— O que você disse?

Sim, definitivamente com morte cerebral. Dois idiotas não eram muito melhores do que um idiota com uma vara afiada. Nem sequer tinham armas decentes em posse. Nossos inimigos eram chamados de piratas aéreos porque tinham aeronaves. Como esses dois iriam lutar contra um navio? A magia de um cara? A lança de outro cara? Isso é algum tipo de piada? Falando sobre desamparo.

Na verdade, dado o renome que esses piratas conquistaram, é provável que todos tenham Armaduras. Greg e Brad não tinham a menor chance de ganhar uma luta sem uma armadura própria.

— D-De qualquer forma, vamos trabalhar juntos e derrotá-los, ok? — Carla nos acompanhou. — Vamos, Olivia, me apoie.

Lívia apenas olhou para os pés. Quando Carla percebeu que Olivia não estava respondendo, estalou a língua baixinho. Aposto que pensou que eu não a ouviria.

Isso me faz coçar a cabeça. Não tinha percebido que as coisas estavam tão ruins para Lívia. Preciso conversar com ela mais tarde.

— Por enquanto, entrem no navio, no entanto estou avisando, não tentem nada engraçado com o Parceiro. — os alertei.

Greg mostrou os dentes para mim.

— Ao contrário de você, não somos tão imaturos.

Bufei. Ficar irritado com um comentário improvisado era precisamente o que o tornava tão imaturo.

— Estou avisando porque você é uma criança.

— Quer ver?

— Não soaria tanto como uma criança gritando se não chorasse por cada coisinha. Idiota!

Agarrei a mão de Lívia e corri para o navio.

Greg e Brad seguiram atrás, junto com Carla. Também não perdi o sorriso dela, um que parecia dizer: Sucesso!

Ok, pensei, chegamos até aqui. O que Carla e sua mestra de marionetes esperam que aconteça a seguir?