Dark?

Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 02 – Cap. 02.1 – Uma Confissão de Amor

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— Senhor Leon! Isso é inaceitável. Se você deseja dominar a arte do chá, deve estar ciente de como é horrível incomodar uma dama! Este não é o comportamento de um cavalheiro.

— Sinto muito, Mestre. Mas eu… Eu…!

Todos os clientes já haviam deixado a cafeteria há muito tempo. Agora, como Angie havia procurado meu Mestre, o único som era ele me dando um sermão. Posso fingir escutar e ignorar qualquer um, exceto ele. As palavras do meu Mestre cortam profundamente. Não posso desafiá-lo.

Afinal, meu mestre era mais do que um simples professor em alguma escola. Era meu mestre na arte do chá.

O Mestre colocou a mão com gentileza em meu ombro.

— Sei que deve ter sido difícil. Uma verdadeira prova. Ainda assim, não deve desistir, o caminho de um verdadeiro cavalheiro está à sua frente e sua busca para dominar o chá continuará também.

— Sim, você está completamente certo, Mestre!

O caminho para se tornar um cavalheiro é íngreme e traiçoeiro, porém…

Ouvi um suspiro. Olhei para trás para ver a rainha colapsada em uma das mesas redondas, parecendo exausta. Angie se sentou ao seu lado.

Eu já tinha vestido um conjunto de roupas limpas, Daniel e Raymond saíram para convidar algumas pessoas para que pudéssemos festejar mais tarde. Quanto àquelas “clientes” repugnantes, fugiram depois de receber o perdão da rainha, contudo ainda me lembro de seus rostos aterrorizados. Não me permitirei esquecer.

— Parece que terminou. Você se importa se eu tiver uma palavra contigo a seguir? — disse a rainha.

O Mestre endireitou sua postura, alisando seu terno.

— Vou preparar-lhe um chá, então. Senhor Leon, espero que não se importe se pegar suas peças emprestadas.

— Claro que não. Por favor, vá em frente.

Meu jogo de chá e folhas de chá ficariam muito felizes em serem agraciados com o uso do meu Mestre.

Agora, estou mais preocupado com o rosto irado da rainha.

— Leon, acredito que estou com raiva.

Caí de joelhos e bati as duas mãos no chão, prostrando-me.

— Sabia que você estaria. Entendo com perfeição. Por favor, poupe minha família! Não me importo com o que aconteça comigo, mas, por favor, deixe-os em paz!

Minha teatralidade claramente a afetou.

— O que? N-Não, está me entendendo mal. Não foi o que quis dizer. Angie, ajuda!

A rainha se virou para olhar para Angie em busca de ajuda, o que deixou claro que não estava de fato zangada comigo. Se a rainha estivesse genuinamente irritada, me expulsaria do reino.

No entanto, ainda queria provocá-la um pouco.

Para minha infelicidade, Angie percebeu que eu estava fazendo um show.

— Sua Majestade, Leon está brincando com você. Ele pode perceber que não é tão sério.

— Eh? — Mylene olhou para mim.

Coloquei minha língua para fora.

— Tee hee!

Ela lançou um olhar gelado para mim. Estava tornando mais difícil limpar minha barra em seus olhos.

— Pensar que esperava algo mais de você. Deveria saber.

— Eu sinto muitíssimo!

Desta vez minhas desculpas foram sinceras.

Apesar das circunstâncias, me senti abençoado por ter a oportunidade de beber o chá do Mestre novamente. A fragrância poderosa caiu sobre mim por trás como uma onda violenta. Ele estava usando as mesmas folhas de chá que eu, contudo a diferença entre nossas preparações era como a noite e o dia. Até o cheiro era mais potente.

A experiência do Mestre é incomparável.

— Vossa Majestade, posso perguntar por que…

— Chega. — Meu mestre começou quando ela interrompeu.

— Se eu não tomar cuidado, alguém encontrará motivo para me provocar de novo, então serei franca. Leon, vim aqui para resolver minhas queixas com você. Esta não é uma punição oficial. Estes são meus sentimentos pessoais.

Imaginei isso.

Qualquer que fosse o meu raciocínio, ainda teria batido no filho dela até virar uma polpa. Uma mãe não poderia perdoar tão fácil esse tipo de coisa.

No jogo, a Rainha Mylene atuou como antagonista. Não surpreendentemente, se alinhou contra a protagonista devido ao seu relacionamento próximo com Angie. O que fazia sentido. Embora achasse que era um clichê cansativo para jogos voltados para mulheres — fazer a sogra ser rancorosa com a nora. Não que a rainha Mylene pudesse evitar; seria difícil aceitar que seu filho se apaixonasse por uma plebeia. Sua oposição fazia todo o sentido, contudo as demandas do gênero a pintavam como a vilã que tentava separar os personagens principais.

Achei um absurdo. Essa rainha perfeitamente lógica tinha que ser a mulher má? Vamos lá.

É verdade que, no final, a Rainha Mylene aceitou a protagonista depois que esta foi reconhecida como a Santa. Neste mundo, a Santa era uma figura espiritual de extrema importância. Apesar de o jogo ter ficado devendo bastante os detalhes. Ainda assim, o poder da protagonista impressionou, ainda mais quando o exerceu como a Santa.

Ops, me desviei um pouco do assunto.

De qualquer forma, que queixas a rainha traria à tona?

— Por favor, vá em frente, estou ouvindo. — Eu disse.

— Muito bem. Em primeiro lugar, permita-me pedir desculpas em nome de Julius. Você não deveria ter que obedecer ao egoísmo dele.

Nunca sonhei que começaria com um pedido de desculpas. Terrivelmente educada para uma suposta líder dos vilões.

— Como sua mãe, tenho dificuldade em entender como as coisas podem ter chegado a esse ponto. Pode soar terrível para eu dizê-lo, mas poderíamos ter lidado com este assunto se Julius apenas tomasse a filha de um visconde como sua amante. Todavia, no palácio, sua atitude para com as meninas sempre foi tão rude, que nunca me ocorreu que pudesse ficar obcecado por uma.

Sua Majestade olhou para mim.

Seus olhos azuis claros ameaçaram me engolir.

Agora espere um minuto. Essa mulher é maravilhosa.

Sua inocência atrapalhada de um momento atrás tornava ainda mais difícil acreditar que estava na casa dos trinta. Na verdade… Ela era totalmente adorável.

— Contudo, ainda não posso tolerar seu comportamento naquela arena. Seu estilo de luta zomba da honra. Como um nobre, deveria ter encontrado uma abordagem mais amigável, não?

Sim, claro, mas a principal razão de tê-lo feito assim foi para liberar todo o meu estresse reprimido. De fato não me importei em ser “amigável”.

Franzi meus lábios e humildemente olhei para Lívia e Angie, esperando que uma das duas pudesse vir em meu auxílio. Para minha infelicidade, nenhuma das duas prestou atenção em mim. Eu temia que elas ainda estivessem remoendo o que a filha do conde havia dito antes. Sequer me notaram tentando fazer contato visual.

Em vez disso, virei-me para Luxion em busca de ajuda – rezando desesperado em minha cabeça para que me respondesse. – Por sorte, sua voz eletrônica chegou até meus ouvidos um segundo depois.

— Ela espera que você encontre uma abordagem mais amigável? Que tolice. Será que não percebe que tipo de pessoa você é?

Para meu azar, meu parceiro é um idiota.

Sua desculpa triste e inútil de uma I.A.! Você deveria ser mais legal comigo.

Mylene me viu olhando para Angie e Lívia, e pareceu confundir meu silêncio com outra coisa, sorrindo provocativamente.

— Oh, é disso que se trata? Ah, tão jovem.

Não faço ideia do que estava falando. Bem, seja o que for, me beneficia. Melhor manter minha boca fechada.

— Leon, tenho certeza que já sabe disso, mas há vários inimigos no palácio. As pessoas tinham grandes expectativas para Julius. Sem mencionar os filhos dos outros grandes lordes. Já pensou cuidadosamente sobre o seu futuro? — disse a rainha.

Dane-se o palácio, ela já viu quantas pessoas me odeiam nesta escola? Sendo sincero, por que coisas terríveis acontecem a uma pessoa tão moral e honesta como eu?

— Claro que sim.

Menti, fingindo que tinha alguma ideia do que estava acontecendo na política. Na verdade, contava com o pai de Angie para me manter seguro. Não tenho planos de mostrar meu rosto no palácio e nenhum interesse em subir no mundo. Eu com certeza não quero me envolver com nenhuma pessoa daquele mundo. Eles podem me rebaixar por tudo que fiz.

E aquelas pessoas que alimentaram essas grandes expectativas em Julius? Juízes de caráter ruim, até o último. Quer dizer, sério. O cara provou sua inutilidade no segundo em que desistiu de Angie por Marie. Ele não tinha nada para ser o príncipe herdeiro.

— Você é muito poderoso — continuou a rainha.

— Se Julius pudesse ter alguém como você ao seu lado, talvez não tivesse ido tanto pelo caminho errado.

Me pergunto sobre isso. No mínimo, teria sido capaz de afastar Marie. Então talvez pudesse ter encontrado algum outro motivo no jogo para levá-lo em direção a Lívia. Claro, fazendo isso, teria feito de Angie minha inimiga. Ugh. Não importa a estratégia que perseguisse, se era a escolha “certa” no jogo ou a escolha certa na realidade, tudo se transformaria em uma grande dor de cabeça.

Infelizmente, me aproximar do príncipe parecia ainda mais doloroso do que a posição em que estava atolado agora. Não que houvesse qualquer ponto em tecer hipóteses.

— Não acho que o resultado teria mudado mesmo se o tivesse feito — disse por fim.

— Oh? Bem, independente disso, tenho outro motivo para vir aqui hoje. Algo que gostaria que me ajudasse.

— O que seria?

Ela se endireitou.

— Desde que me casei com um membro da família real Holfort, sendo do exterior, nunca tive a oportunidade de frequentar esta academia. Espero fazer minhas próprias memórias. Se importaria em me ajudar, Leon? Sempre fui curiosa sobre este lugar; todas as mulheres que conheço sempre falam sobre a academia com tanto carinho. Admito que tenho inveja.

Esta mulher de trinta anos, casada, com um sorriso malicioso queria que eu a ajudasse a ter memórias na academia?

Em minha vida anterior, poderia ter respondido: Aprenda um pouco de respeito próprio, sua velha morcega, mas isso era diferente.

Levantei-me e peguei suas mãos.

Ah, e que mãos lindas.

— Hã?

Ela me olhou boquiaberta.

— Senhorita Mylene, ficaria feliz em honrar seu pedido… Por favor, case comigo!

Suas bochechas ficaram vermelhas.

Lívia e Angie pularam de suas cadeiras.

— Leon, o que diabos está fazendo?

— V-Você…! Você está falando com a rainha!

Até o Mestre pareceu chocado com a proposta repentina. Tive que me dar um tapinha nas costas por conseguir romper aquele exterior cavalheiresco.

Eu sou o rei do mundo!

— Senhor Leon. Se isso foi uma piada, não é muito engraçada — disse meu mestre.

Sim, sim, mas pense por um minuto: Por que qualquer um de nós foi para esta escola? Estudar? Não! Esta academia existe dentro de um jogo otome. Nós, alunos, temos apenas um objetivo, que é um noivado! Em outras palavras, se a rainha Mylene quer fazer memórias, deve ser a isso que está se referindo.

A rainha queria que alguém confessasse seus sentimentos para ela.

Minhas habilidades de dedução são de primeira classe. Contemplem meu brilho!

Além do mais, com toda a seriedade, a rainha Mylene seria uma parceira de casamento perfeita. “Ela já teve filhos”, você diz? Ei, prova que é fértil! Os nobres precisavam de uma mulher que pudesse produzir um herdeiro, então isso a tornava perfeita para mim. “Ela não é virgem”, você diz? A maioria das meninas dessa escola também não. As virgens eram uma mera invenção da cultura, de qualquer maneira, não tinham um valor significativo. “E a idade?”, você diz? Quem se importa. Ficaria com uma adorável e equilibrada senhorita de trinta e poucos anos muito antes de uma fera adolescente destreinada! Prefiro me casar com um humano do que com um monstro.

Graças a caça à parceira, entendi muito bem como era inútil nutrir fantasias sobre mulheres. Se tivesse que escolher entre as garotas da academia e a Srta. Mylene, não hesitaria em escolher a última!

Espere, espere. Fiz a proposta como uma piada, mas quanto mais penso a respeito, mais ela fica perfeita para mim… sabe, além da diferença em nosso status.

— Gosto de você! Não, eu te amo!

Minha boca se moveu antes que pudesse considerar minhas palavras.

— N-Não sei o que dizer. Tenho filhos… e um marido. Além disso, sou muito mais velha.

Suas bochechas coraram e seus olhos se encheram de lágrimas de vergonha.

— Isso não importa para mim. Você é radiante. Mesmo que já tenha uma família, ainda te amo… guh?

Algo grande e plano bateu na parte de trás da minha cabeça.

Quem ousa? Vou mandá-los voando!

Me virei para encontrar o príncipe Julius, seu rosto contraído de raiva. Seu terno estava desgrenhado, os botões abertos para revelar seu peito. Até seu cabelo estava desarrumado. Ele parecia exausto e segurava uma bandeja com as mãos trêmulas.

— Oh, uh, Vossa Alteza — deixei minha voz escapar.

Julius ergueu a bandeja de novo.

— Você tem coragem de tentar seduzir minha mãe. É uma pena que não posso cortá-lo aqui mesmo!

Oh, o príncipe está realmente bravo. Acho que estou dando em cima de sua mãe bem na sua frente.

Senhorita Mylene parecia perplexa.

— E-Espere um momento, Julius. Não é isso que está…

— Mãe, chega! Solte a mão dele neste instante! Bartfort, solte-a, agora!

— Não quero — bufei.

A paciência de Julius acabou e seu punho voou, colidiu e me fez cambalear pelo ar.

— Leon!

Sua Majestade chorou consternada. Ela saltou da cadeira em minha direção, mas o príncipe Julius agarrou seu pulso e a arrastou para fora da cafeteria.

— Por favor, mãe, controle-se. Minha sala fica bem ao lado. Vou ouvir o que tem a dizer lá. Honestamente, por que está aqui na academia?

Enquanto os observava sair, me perguntei se a rainha estava saindo com as boas lembranças que esperava.

 


 

Tradução: Demiurgo

Revisão: william.kennedy

QC: Bravo

 

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