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Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 01 – Cap. 00.3 – Prólogo

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Parte 3

 

Como o sol estava se pondo, voltei para casa.

Estava relutante em voltar e me lembrei de que vim a este banco para fugir, mas queria voltar antes que escurecesse.

Quando voltei para casa meu pai estava esperando lá.

Ele ficou parado na frente da entrada, esperando com uma pose intimidadora.

— Seu filho estúpido!

Golpeou-me na cabeça com seu grande punho e eu abri a porta da frente enquanto segurava minhas lágrimas.

Então havia minha mãe.

— Finalmente você voltou. Por que fugiu no dia em que a esposa finalmente apareceu?

Meu pai, “Barcus”, é um senhor feudal ── um barão.

Não muito tempo atrás, uma imagem sobre nobres apareceu de repente, uma imagem em que eles usavam roupas elegantes e deixou uma impressão mais mesquinha. No entanto, naquela imagem, eles eram gordos, enquanto meu pai era um gigante musculoso que tinha deixado crescer os pelos faciais. Seu traje era uma camisa, calça bege e botas, que não pareciam muito nobres.

Minha mãe era uma amante chamada “Luce” ── uma mulher de uma família de cavaleiros que serve a família Baltfault.

Ela não usava vestido, mas roupas que seriam usadas por uma garota da cidade ou da aldeia.

A “esposa” de que minha mãe estava falando era a esposa legal de meu pai.

— Eu, eu… Sinto muito.

Talvez sentindo que a aura ao meu redor era diferente do normal, meus pais mantiveram expressões complicadas enquanto me levavam para onde eu estava hospedado, não era uma mansão, mas um depósito.

Em seguida, uma mulher usando um vestido estava olhando da porta da frente que estava aberta.

Olhares frios foram enviados para mim, já que eu não deveria deixar a residência.

Com figuras em vestidos bordados com joias, o filho mais velho, “Lutart”, e a filha mais velha, “Merce”, estavam se contendo.

Apenas aqueles dois são filhos legítimos da esposa.

Atrás deles estavam homens altos e bem-arrumados, vestindo ternos. Com orelhas compridas, eles eram homens elfos que zombavam de nós.

— Meu Deus, essa criança sem educação não é diferente de uma besta.

Esta mulher, que estava parcialmente fechando os olhos e tinha o cabelo preso, emitia a imagem exata de uma garota nobre. Meu irmão e minha irmã usavam roupas valiosas, ao contrário de mim.

Minha mãe pedia desculpas enquanto meu pai me levava para o depósito.

Meu pai manteve uma expressão de perseverança até chegarmos ao depósito.

— … Reflita sobre suas ações. Você vai comer depois.

Quando concordei com o que ele disse, descobri que já havia um hóspede no depósito.

O segundo filho, “Nicks”.

Era meu irmão mais velho, que usava roupas iguais às minhas e estava lendo um livro à luz de uma lanterna. Meu pai e eu olhamos para ele com surpresa.

— Você também é estúpido. Apenas aguente e essas pessoas irão embora.

Quando meu pai viu meu irmão voltar sua visão para o livro, ele o acertou na cabeça.

— Nicks, ajude Leon com os estudos.

Meu irmão fez uma cara que parecia se opor fortemente a isso, porém abriu espaço na mesa.

Assim que me sentei, fui avisado.

— Se dormir, vou te bater.

Vendo que balancei a cabeça, meu pai saiu para voltar à residência.

Agora que éramos apenas nós dois, meu irmão me entregou um livro para ler.

Abri o livro, que tinha sido lido tantas vezes que estava ficando esfarrapado e tinha rabiscos aqui ou ali.

Estava dentro do depósito.

Enquanto afugentava os insetos que se reuniam ao redor da luz, eu li.

Tive uma sensação um tanto estranha.

Minha cabeça estava cheia dessa linguagem que não reconhecia. É óbvio que essa linguagem é diferente do que está escrito neste livro que seguro. Na verdade, acho que essa linguagem é mais fácil.

Como estava preocupado com essas coisas, parecia que meu irmão pensava que esbarrei em palavras que não conseguia ler.

— Pense um pouco por um momento. Se realmente não sabe, então vou te dizer o que é.

O tempo passou silenciosamente.

Os insetos persistentes e irritantes se reuniam em torno da luz.

— Hey, irmão?

Meu irmão ficou um pouco surpreso por eu ter falado.

— Irmão? Você não me chamou assim de manhã?1O protagonista estava usando Aniki, Nicks observou que ele estava usando agora o termo Nii-san.

Tentei me corrigir com pressa, contudo meu irmão parecia ter visto através de mim.

— Está naquele período em que tenta parecer mais velho? Bem, não importa particularmente para mim. Deixando isso de lado, há algo que você não entende?

Neguei com minha cabeça.

O que estava mais curioso era sobre o nosso tratamento.

Não estava incomodado com isso até agora, entretanto as dúvidas estavam surgindo uma por uma.

Entendo que o filho mais velho é um tesouro, porém por que somos os únicos levados para um depósito? Existem irmãs mais velhas e mais novas além de nós.

No entanto, essas irmãs não estão no depósito, embora sejam filhas ilegítimas como nós.

— Por que somos os únicos no depósito?

Meu irmão resmungou para si mesmo, dizendo — Disseram que só seria até ontem…, —  depois pôs de lado o livro e olhou para o teto.

— É porque a esposa nos odeia.

— É porque somos filhos da nossa mãe?

Meu irmão colocou as mãos atrás da cabeça e encostou as costas na cadeira.

— Você acha que há alguma outra razão além disso? Embora sejam filhas de uma amante, parece que ela hesita em mandar as meninas para o depósito, mas é assim como nós, meninos, somos tratados.

A partir daí, meu irmão explicou a situação da casa de uma maneira desinteressada.

Em vez de falar comigo sobre, parecia mais que estava reclamando disso para mim, o irmão mais novo de três.

Parece que meu irmão, de sete anos, tinha muito do que reclamar.

A família Baltfault é uma família que possui uma ilha flutuante como território.

No entanto, antes era uma casa de cavaleiros classificada como semi-barão. Não nobres genuínos, se não mais ou menos em uma posição social de senhor feudal.

Parecia que eles eram uma família que vivia relativamente tranquila para uma casa de cavaleiros.

Com o passar dos meses e anos, eles perceberam que acabaram se tornando uma família com guerreiros como subordinados. Cavaleiros apareceram, querendo servi-los, fazendo com que a escala de sua situação ficasse maior.

À medida que seu território progredia, os campos e a necessidade de trabalho aumentavam ── e isso significava que a população que eles precisavam sustentar aumentava. A extensão de seu território fez com que alcançassem o status de uma família de barões.

… Então é assim que as coisas chegaram nesse ponto.

Investigadores do “Reino Holfault” vem ao nosso território.

Ao que indica é coisa da época do meu avô, mas parece que investigadores vieram antes para julgar se o alcance de nosso território era digno de ser para uma família de barões. Em seguida, eles começaram a falar sobre o processo de ascensão à posição nobre, porém meu avô o ignorou rapidamente, ao que parece. De qualquer forma, tornar-se barão não foi algo intencional.

Ali, algum conhecimento de memórias recordadas correu para minha cabeça.

A ascensão no status não deveria ser uma coisa que vale a pena desfrutar? Além disso, é realmente tão simples decidir sobre isso com base na escala do território? Para algo como subir de status, não é necessário ter mais conquistas, como feitos militares ou algo assim, sejam realizados? Essas eram as perguntas que eu tinha.

— É ruim subir na classificação?

Parece que meu irmão não sabe disso, contudo pude sentir que meu pai não está feliz por sua expressão.

— Houve reclamações acerca de quão problemático seria em curto prazo, e como alguns queriam ser uma família de barões por meio de contribuições apropriadas para que se tornassem um. É por isso que não temos muito dinheiro.

O reino quer ganhos que correspondam ao nosso status familiar.

Uma parte das memórias evocadas vêm à mente.

Uma casa que mal chegava ao ponto de ser uma família nobre, e uma casa nobre com muita liberdade de manobra.

A família com margem de manobra não tem problemas, mas a outra família tem dificuldade em fazer contribuições. Portanto, apesar de nosso território ser suficiente para uma família de barões, parece que somos chamados de uma família silenciosa de barões.

De qualquer forma, nos tornamos uma família de barões que são senhores feudais do campo em uma ilha isolada.

Desejando se comportar de maneira condizente com o status de sua família, o pai casou-se com uma mulher com status elevado.

No entanto, a mulher que ele chama de esposa normalmente não está neste território.

O filho mais velho e a filha mais velha também vem aqui de tempos em tempos.

— Pai… Papai e sua esposa são casados, certo? Por que ela não fica aqui?

— Isso é normal para mulheres em famílias de barões e acima. É bastante desagradável. Se eu conseguir uma esposa, então absolutamente quero uma que seja uma semi-baronesa ou inferior. Bem, uma mulher de alto status não pensaria nada de nós de qualquer maneira.

— Isso é normal?

— Você também deveria começar a estudar logo. Do contrário, não vai se casar no futuro, mesmo aos 20 anos. Se não puder se casar enquanto estiver na academia, é provável que seja o marido que sobrou de uma mulher que já passou da idade. Isso não é bom, verdade?

… Não consegui esconder minha surpresa.

Tem muitas coisas que quero perguntar, tipo sobre a academia e tal, no entanto… acima de tudo, quero perguntar sobre essa palavra, marido que sobrou. Não são as mulheres que têm de se casar com uma idade definida?

— H-Hey, irmão?

— Está tudo bem se você me chamar de irmão. Enfim, o que é?

— … Os homens geralmente são o centro da casa, certo? Ou melhor, o que quer dizer com ser forçado a ficar com uma mulher mais velha?

Meu irmão inclinou a cabeça.

— É como eu disse. Há mulheres que não são casadas, seus maridos fugiram delas ou não têm marido. Conseguem um amante apenas no nome para não perderem a reputação. Portanto, há muitas mulheres e mulheres idosas que aceitariam homens jovens como marido remanescente.

Meu irmão respondeu à minha pergunta de maneira terrivelmente firme.

— No geral, são os homens que estão na posição superior, certo?

Do meu conhecimento, lembro-me de maneira vaga que os homens em geral eram os responsáveis por esse tipo de situação. No entanto, parece que não é o caso.

— Se você olhar para o pai, saberá que as mulheres são as responsáveis. Também saberá que ele não pode se opor a essa idiot sua esposa.

Vendo como se corrigiu dizendo “esposa” em vez de “idiota”, parece que meu irmão a acha desagradável.

Tinha ido e ouvido algo ultrajante.

— Algo está estranho em você hoje.

Dei um sorriso amargo para as suspeitas do meu irmão enquanto voltava minha linha de visão de volta para o livro, eu estava estranhamente suando.

Que estranho… Este mundo é estranho.

Devido a esse estranho conhecimento que obtive, sinto uma sensação de desconforto.

Li meu livro em silêncio por um tempo. Então me lembrei das palavras de meu irmão.

Essas lembranças, de onde quer que tenham vindo, deixaram uma impressão muito forte.

— Academia… Reino Holfault? Depois, há os servos da esposa, que eram elfos? Hã? Poderia ser…?

Enquanto murmurava para mim mesmo, meu irmão queixou-se do barulho.

— O que foi?

— H-Hmm, aqueles caras de terno. Aqueles elfos eram amantes da esposa, certo?

Meu irmão tinha um olhar indiferente, porém ficou chocado.

— Não pergunte algo assim. Olhe, apenas estude.

Esses elfos, que fazem parte de uma sub-raça, são os amantes da esposa, ou mais precisamente, servos próximos que cuidam dela… Entendo isso. Ou melhor, lembro-me disso de forma bem clara.

Afundei na minha mesa.

… Este é o mundo daquele jogo otome.

As memórias turvas aos poucos se tornaram mais claras.

Quando isso aconteceu, percebi que aquele cenário terrivelmente frívolo era daquele jogo otome.

Meu irmão me deu um tapa na cabeça.

— Não adormeça! O que está acontecendo com você hoje? Bateu com a cabeça?

Levantei minha cabeça e olhei para meu irmão.

Coloquei um sorriso rígido, fazendo meu irmão recuar um pouco surpreso.

— O que foi?

— … Irmão, este mundo é ultrajante, não é?

— … A-Ah, é.

Meu irmão, perturbado com a resposta, voltou sua visão para o livro, como se quisesse fugir de mim.

Nunca tinha experimentado ser reencarnado em outro mundo.

Além disso, um mundo de espadas e magia… Contudo não me inteirei sobre esse mundo de jogo otome onde as mulheres são colocadas acima dos homens, ou algo parecido.

Segurei minha cabeça contra minhas duas mãos.

— Este mundo é o piiiiiiooor!

Meu irmão fez uma reclamação para mim.

— O que há com você? Cale a boca de uma vez!

Eu, Leon Fou Baltfault, sou um ex-japonês que reencarnou no mundo de um jogo otome.

… Queria reencarnar em um mundo mais normal.

Teria sido melhor do que um jogo otome… Me dê um tempo.

 

 


 

Tradução: Equipe Saturn Scan

Revisão: Equipe Saturn Scan

 

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