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O Mago da Morte – Vol. 2 – Cap. 36 – Treinamento espartano com apoio de elogios

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O período mais pacífico e próspero que o mundo de Lambda já experienciou, a era dos deuses. Aqueles que acabaram com ela foram o Rei Demônio Guduranis e os incontáveis deuses malignos que o seguiam.

Aquele que amaldiçoou a água, terra e mesmo o ar, os tornando em veneno que levava à ruína as criaturas vivas, o [Deus Maligno do Veneno Amaldiçoado].

Mestre do massacre, o qual não conhecia nada além de caça e competição, aquele que ensinou às pessoas o prazer dos banhos de sangue, o [Deus Maligno da Matança Ensandecida].

O ser que brincou com todas as formas de vida, que criou inúmeras bestas vis sintéticas, o [Deus Maligno da Distorção].

O mesmo que corrompeu as pessoas com imoralidades que nunca haviam existido em Lambda, o [Deus Maligno da Ganância1Koru: No inglês estava como “Evil God of Ruinous Greed”, mas já que Ganância da Ruina, Ganância Arruinada ficaria meio ruim, deixei apenas “Ganância”.].

O líder deles fora destruído pelos deuses e os campeões, mas ainda existiam muitos deuses malignos à espreita nesse mundo.

Um deles, [Deus Maligno da Distorção], tinha um deus subordinado, Hihiryushukaka, o [Deus Maligno do Júbilo]. Havia uma comunidade Vampira que seguia este deus maligno e recebia sua proteção divina.

Hihiryushukaka ensinou seus seguidores que brincar com a vida era o prazer supremo, uma maneira de se tornar um ser superior.

Se alguém implora por sua vida, brinque com ele, dê-lhe esperança e force-o a obedecer antes de finalmente empurrá-lo para o penhasco do desespero, ao tirar sua vida.

Se há insetos que desejam poder, dê-lhes um poder que não querem e que os leve à arruina, faça com que gritem em arrependimento ao perceberem que não precisam do poder.

Se tem orgulho de sua força, o prive dela. Arranque seus membros, esmague seus olhos e corte sua língua. O transformem em nada além de insetos capazes de rastejar pelo chão.

Apenas dessa forma pode se tornar um ser superior. Somente criando uma pilha dos fracos sob seus pés e pisando sobre eles o indivíduo pode alcançar a supremacia.

Os vampiros perderam Vida, sua [Deusa da Vida e Amor]. Para Hihiryushukaka, que defendia tais ensinamentos, convertê-los em seus seguidores pode ter sido um desses prazeres para ele também.

Uma centena de anos depois, aqueles que seguiam o [Deus Maligno do Júbilo] eram uma força proeminente entre os demais vampiros que começaram a seguir os deuses malignos.

Eram cerca de centenas de vampiros nobres, comandados pelos três puro sangue que possuíam um poder avassalador. Abaixo deles haviam incontáveis subordinados vampiros e humanos que desejavam pela vida eterna. Se fossem incluídos os mortos-vivos, monstros e mesmo os grupos de mercenários e bandidos que nem mesmo estavam cientes que servem como peões dos vampiros, seria tolice tentar contabilizar seus números.

A força militar era equivalente a de um país grande, e sua influência era tamanha que eles seriam capazes de manipular tais países.

— Portanto, o primeiro tópico da discussão é o Dhampir mencionado anteriormente. (Birkyne)

Quem falava era Birkyne, um dos três vampiros puro-sangue que comandava a comunidade. Sua aparência externa era a de um homem em torno dos seus trinta anos, com características delicadas que consistiam em linhas finas. Ele parecia alguém que poderia reunir filhos e filhas de famílias nobres para hospedar festas do chá e bailes.

— Dhampir? Ah, o que nasceu entre um dos seus subordinados e um dos guardas? (Vampira fêmea)

Quem o respondeu era uma mulher que parecia estar em seus vinte anos. Sua figura atrativa e feição bela seria o suficiente para conquistar qualquer homem caso sorrisse, mas eram ofuscados por um olhar aborrecido.

O vestido que revela muito do seu busto e deixava suas costas expostas era extravagante, mas de mal gosto. Mais do que perecer uma nobre dama, era mais como uma prostituta de alta classe pela qual uma família nobre pagaria.

— Ambos mãe e filho estão trabalhando duro no meu castelo com suas costas coladas, se movendo com oito membros. (Vampira)

— Ternecia, isso não é de uma centena de anos atrás? (Birkyne)

— Então você está falando sobre o que veio do homem-fera? Você não matou aquele? Junto com seu clã inteiro. (Vampira)

— Esse outro foi há quinhentos anos atrás. (Birkyne)

Ternecia, engajando-se em seu ato de comédia há dois com Birkyne, era outro dos vampiros puro-sangue.

Era a terceira mais poderosa dessa comunidade, e reconhecida como a vampira mais forte.

— O Dhampir a qual me refiro é o que nasceu no território do Gubamons, entre um dos subordinados com uma posição muito baixa e uma elfa negra. (Birkyne)

— Ah, aquele do Gubamon-jiisan! Agora que você o mencionou, algo assim aconteceu lá, não é? Então onde está o vovô Gubamon? Eu não vi ele por aqui. (Ternecia)

Birkyne e Ternercia falaram um terceiro nome, Gubamon. Ele era o último dos puro-sangue.

Mas mesmo que Ternecia o procurasse, ela não podia vê-lo.

— L-lorde Gubamon se ausentou hoje, pois está ocupado com outros assuntos… (Vampiro)

O vampiro nobre de rosto pálido que falou era provavelmente um dos seguidores de Gubamon. Ele tremia incontrolavelmente, incapaz de suportar o olhar de Ternecia.

— O que você disse? Ele está ausente hoje também? Não estive presente em apenas nove de dez reuniões, mas esse velhote2Jiisan já perdeu vinte! Apresse-se e traga aquele velho trapaceiro aqui! (Ternecia)

— Por favor, me perdoe. Lorde Gubamon está lidando com alguns assuntos, e ele me pediu para pedir desculpas a vocês em seu nome, Ternecia-sama e Birkyne-sama. (Seguidor do Gubamon)

— Pare de inventar desculpas! Quer virar material para uma das minhas criações? (Ternecia)

Ternecia olhou como se fosse perfurar o vampiro trêmulo com suas presas a qualquer momento. Birkyne e os outros vampiros nobres riram com a visão.

Mesmo seus próprios irmãos não mereciam sua compaixão.

— Vamos deixar assim. Nós já recebemos um relatório sobre os detalhes, veja. (Birkyne)

Diferente dos subordinados vampiros, vampiros nobres criados levavam uma quantidade considerável de esforço, e mesmo que fosse muito comum ver disputas entre a facção Gubamon e a Ternecia, isso poderia levar ao fim da comunidade.

Portanto, Birkyne aproveitou o espetáculo por um tempo antes de parar.

— Então é isso? (Ternecia)

— Sim. Como sabe, Valen foi executado por um dos subordinados de Gubamon. O corpo foi disposto de uma maneira que nunca voltará de volta à vida. E eu ouvi que aqueles fanáticos religiosos em Amid queimaram a elfa negra em uma estaca. (Birkyne)

— Wow, considerando que aquele velho de merda não tem nada em sua cabeça exceto preencher sua coleção, seus subordinados performam muito bem, não é? Então o que ocorreu com o Dhampir? (Ternecia)

— Aparentemente, ele conseguiu escapar. (Birkyne)

— Huh?! (Ternecia)

Quando a feição de Ternecia torceu de surpresa, Birkyne riu de canto e continuou a sua explicação com um olhar contente no rosto.

— Ele nunca foi encontrado, mas ele ainda era um bebe em idade de amamentação, acreditávamos que ele não seria capaz de sobreviver por si próprio e foi deixado sozinho. Eu não sei como ele fez isso, mas como uma criança com nem mesmo três anos de idade, ele aparentemente reuniu várias centenas de Ghouls sob seu controle. E quando os humanos despacharam uma grande força de exterminação atrás dele, ao que tudo indica, liderou os Ghouls na travessia da Montanha Limite antes que pudessem alcançá-los. O que ele fez e como fez é um mistério completo. (Birkyne)

Conforme Birkyne falava,  não apenas Ternecia, mas todos os outros vampiros tiveram todos os tipos de reações.

Haviam alguns com meias-risadas, achando que isso era algum tipo de piada.

Outros aturdidos em silêncio.

Alguns ainda estavam confusos, pensando se entenderam algo errado.

— Você só pode estar brincando comigo! (Ternecia)

A única que respondeu foi Ternecia.

— Então você está dizendo que alguém deixou ele ir pensando que morreria, e impotentemente assistiu enquanto esse Dhampir reunia centenas de seguidores e cruzava a Montanha Limite?! O que caralhos ele estava pensando?! Não, ele tem um cérebro para começo de conversa?! Matem-no, agora! (Ternecia)

Ternecia mostrou as presas, estarrecida. Ele não temia o Dhampir. Simplesmente compreendia que os vampiros comandavam o mundo das sombras por centenas de anos por conta da proteção divina dos Deuses Malignos, além de se prepararem para as batalhas de uma maneira que ganhavam antes mesmo de lutar.

Ela não sentiria essa sensação de perigo diante de um mero Dhampir ou humano. Contudo, havia vampiros puro-sangue residindo além da Montanha Limite. Seres iguais a eles.

Eles quase não exibiram movimentos durante a última centena de anos, mas se eles começassem a se mover, era certo que a comunidade de vampiros local teria sua existência ameaçada.

— Ela está certa Birkyne-sama, por favor execute o responsável imediatamente e traga o Dhampir para nós! (Vampiro)

— Não, deixe isso comigo, Carmine! (Outro vampiro)

— Eu farei o meu melhor para alcançar suas expectativas, Birkyne-sama e Ternecia-sama! (Ainda outro vampiro)

Os vampiros viram isso como uma oportunidade de somar algumas conquistas a seus históricos, ergueram a mão um por um mesmo que ninguém tivesse pedido pela ajuda deles. Era impossível para um vampiro nobre se tornar um puro-sangue através de conquistas, mas se Hihiryushukaka os reconhecerem, poderiam receber a sua [Proteção Divina].

Se eles conseguirem sua proteção divina, cresceriam um ou dois passos acima dos outros vampiros nobres, em poder e privilégio.

— Não, não, eu estou pensando em ainda fazer com que a pessoa que falhou trabalhe para lidar com esse assunto. (Birkyne)

— O que?! Quer dizer que está com pena de alguém que já falhou duas vezes? É certo que acontecerá uma terceira! (Ternecia)

— Bem, eu também penso o mesmo, mas estou impressionado pelo seu entusiasmo. Ah sim, permitam-me introduzir ele a todos. (Birkyne)

Com essas palavras, Birkyne gentilmente levantou sua mão, delgada e branca.

Com um som sibilante, um homem coberto de sangue caiu no chão de algum lugar.

— Permitam-me lhes apresentar, esse é o subordinado de Gabumon, Sercrent Ozba-kun. (Birkyne)

Com um sorriso, Birkyne ergueu sua mão e introduziu o homem… O vampiro nobre que mantinha conexões com Earl Thomas Palpapek, atualmente gemia baixo.

Sua aparência poderia ser resumida em uma palavra: Medonha. Todos os dedos de ambas as mãos haviam sido perfurados por espetos de prata, suas pernas estavam cobertas de marcas de queimaduras como se ele tivesse sido assado em chamas e a carne de suas costas estava coberta de inúmeras protuberâncias.

Uma dessas protuberâncias parecia explodir. Um rato sem pele ou pêlo saiu de dentro dela e começou a comer a pele próxima do subordinado, no momento em que comeu a quantidade equivalente ao tamanho de seu corpo, empurrou a cabeça para o buraco que tinha criado e voltou sob a pele de Sercrent.

Essa era uma das maldições do Hihiryushukaka.

— Per…doe…me… Isso… Eu vou… definitivamente… (Sercrent)

Quando Sercrent reuniu suas forças e olhou para cima, os vampiros olhando para ele engasgaram. Não havia rosto.

Seus olhos foram arrancados, seu nariz cortado, suas bochechas escavadas e seus lábios rasgados em pedaços. A cabeça dele era como um crânio coberto de sangue.

A coisa mais cruel sobre tudo isso foi que nenhuma das coisas que lhe foram infligidas, incluindo a maldição, foram fatais. Os vampiros nobres possuíam uma incrível vitalidade e capacidade regenerativa, eles não morreriam mesmo depois de terem feito isso com eles.

Mesmo os vampiros nobres que transcenderam os limites da mortalidade não eram nada além de brinquedos para Birkyne. Conforme foram lembrados desse fato, os outros vampiros se calaram.

Os ratos feitos de carne continuaram a consumir os tecidos do Sercrent conforme eles regeneravam. Ternecia levantou de seu acento, se aproximou e chutou-o no rosto com toda força.

— Geuh! (Sercrent)

— Birkyne, o que você planeja que esse bastardo meio-morto faça? Ele não deve nem mesmo ser capaz de matar uma única larva. (Ternecia)

Ozba agonizava depois que sua mandíbula foi esmagada pelo chute da Ternecia. Na verdade, ele parecia mais um criminoso lamentável no corredor da morte aguardando a execução do que um assassino.

— Com todo respeito, eu diria que a Ternecia-sama está correta, acredito que seria impossível para essa pessoa cruzar a Montanha Limite, localizar o alvo, atravessar centenas de ghouls e eliminar o Dampiro. (Vampira)

Essa observação foi feita por uma vampira que compartilhava da opinião de Ternecia. Os outros vampiros pareciam concordar também.

Embora existam diferenças entre os indivíduos, vampiros eram uma raça poderosa. Se levasse apenas os puro-sangue em consideração, não seria exagero dizer que eles eram a raça mais forte dentre todas as raças que a Vida criou.

Eles poderiam matar dragões com facilidade, um vampiro puro poderia destruir uma nação inteira por conta própria. Os únicos capazes de se opor a eles seriam um grupo de aventureiros de classe A ou superior, equipados com itens mágicos de classe lendária.

Contudo, Sercrent era um vampiro nobre, um ser considerado inferior a um puro-sangue. Mesmo assim, ele seria um grande problema para cavaleiros ou aventureiros, mas haviam diversos monstros em seu nível na área da Montanha Limite.

Qualquer um que tentasse cruzá-la pelo ar encontraria monstros habitantes de ninhos do diabo no céu… Os Demônios do Céu. Considerado um desafio pelo domínio dos céus, seria deixado em pedaços.

Mas rastejar pela superfície íngreme da montanha como um humano levaria tempo, e ainda não haveria garantias de que conseguiria passar por essa jornada com segurança.

Monstros transbordavam dos desconhecidos ninhos do diabo e masmorras inexploradas, que estariam prontos para devorar qualquer forasteiro.

A fim de evitar isso, seria necessário reunir centenas de guerreiros fortes o suficiente para ignorar monstros e capazes de lutar enquanto escalam os penhascos íngremes, e eles teriam que viajar em grande grupo enquanto intimidam os monstros nos arredores para impedir que eles atacassem.

Não importa o quanto alguém pensasse nisso, era impossível. A menos que um deus e seus seguidores agissem diretamente, ou algum tipo de truque incrível fosse usado, isso não poderia ser feito.

Não somente ele teria que cruzar a montanha, mas teria que seguir os rastros do Dampiro, escorregar por entre centenas de Ghouls que sobreviveram a jornada e matar o Dhampiro. Se Sercrent pudesse pelo menos completar aquela missão, os vampiros ali não se importariam menos se ele vivesse ou morresse, mas seria problemático se isso acontecesse antes dele completar o serviço.

— Não tem problema, Sercrent-kun disse que ele mesmo iria longe o suficiente para arriscar sua vida para completar a missão. Não estou certo, Sercrent-kun? (Birkyne)

— Ch-iiim. Deiche icho… deiche om migo! (Sercrent)

Sercrent respondeu a pergunta imediatamente, com sua língua destruída e mandíbula quebrada. Os outros vampiros ficaram impressionados dele ainda conseguir ouvir mesmo sem ouvidos.

— Eu estou pouco me fodendo sobre força de vontade dele ou motivação. O que estou tentando dizer é que não confio na sua habilidade. (Ternecia)

— O que você está dizendo é completamente razoável, Ternecia. É por isso que eu estou pensando em despachar um dos meus amores para isso. (Birkyne)

— Huh? Uma de suas prostitutas? (Ternecia)

Os vampiros começaram a murmurar. Seus rostos expressavam um medo incontrolável e desgosto.

Os vampiros eram geralmente muito orgulhosos, eles nunca fariam um esforço para elevar alguém do mesmo nível acima de si mesmos.

A razão pela qual os vampiros subordinados e nobres formavam uma hierarquia era porque os que estavam na parte inferior da hierarquia seriam tratados como escravos. (AQUI)

Pelo menos, essa era uma verdade para os vampiros que seguiam deuses malignos.

Birkyne gostava muito de assistir a este processo hierárquico. Era um hobby para ele3Dilsinxyz: eu pensei que era mulher, fui tapeado. Koru: kkkkk., mesmo coisas como tortura não eram nada além de passatempos casuais em comparação a isso.

Os vampiros que ele transformasse seriam colocados para competir e lutar uns contra os outros. Onde se destruiriam e extrairiam sangue mutuamente. Ele garantiria um favor aos vitoriosos e severas punições aos derrotados.

Ele estava dizendo que mandaria um de seus amantes… um de seus guarda-costas trabalhar com Sercrent.

— Eleanora, você fará isso por mim, não é? (Birkyne)

Uma bela mulher com um cabelo vermelho que chegava até sua cintura surgiu da sombra de Birkyne. Se ela fosse em um baile, fidalgos experientes em flertar exauririam seus vocabulários para louvar sua beleza do fundo de seus corações.

— Sim, deixe isso comigo. (Eleanora)

— Fufu, tenha certeza de se juntar a Sercrent-kun e os outros. Inclusive, as ruínas de Talosheim são próximas, portanto seria de grande ajuda se coletasse os ossos do Rei da Espada Borkus, se eles ainda estiverem por lá. Me garantiria um segundo favor de Gubamon. (Birkyne)

— Certamente, meu amado lorde. (Eleanora)

Eleanora. Como ela era a mais jovem dentre as subordinadas de Birkyne, apenas tendo se tornado uma vampira nobre há alguns anos, ela era uma mulher talentosa que havia se estabelecido entre as melhores. Era esperado que em algumas centenas de anos, ela se tornasse um dos seguidores mais poderosos do [Deus Maligno do Júbilo] além dos próprios vampiros puro-sangue.

Mesmo Ternecia havia matado vários de seus próprios subordinados por irritação com o fato de que eles nunca chegariam ao seu nível.

— Hmph, tome cuidado para não baixar sua guarda e passar por uma experiência dolorosa. (Ternecia)

Seria ainda melhor se Eleanora e o Dhampiro matassem um ao outro. Quando Ternecia falou aquelas palavras, que escondiam seus verdadeiros pensamentos, a discussão sobre este tópico chegou a o fim.

O que seguiu foi uma reunião comum com os mesmos assuntos de sempre… Como as guildas ocultas nas sombras estavam se saindo; os movimentos recentes da igreja de Amid; como o conflito para se tornar o herdeiro da família Hartner estava se intensificando; troca de informações que ajudaria os vampiros a passarem o tempo durante longas noites; relatórios sobre o status de diversos projetos e etc. Finalmente, candidatos a subordinados foram apresentados. Uma vez que eles foram reconhecidos, passaram pelo processo de transformação em vampiros e então a reunião foi encerrada.

Haviam quatro masmorras em ninhos do diabo perto de Talosheim.

Eles eram Vale de Garan, Caverna Aquática de Doran, Savana do Sub-Dragão de Borkus e Montanha da Vida Caída de Barigen. Todas eram masmorras que imitavam ambientes naturais, mas os materiais obtidos delas tinham sustentado a prosperidade de Talosheim.

Vandalieu decidiu limpar aquela com menor dificuldade dentre elas, a masmorra classe-D, Vale de Garan.

Seria provavelmente tão difícil quanto a masmorra que ele entrou na Nação-Escudo Mirg (Ou era o que Vandalieu pensava), mas esse era um local de treinamento para os aventureiros inexperientes de Talosheim.

Nela, halita(sal) e pedra poderiam ser obtidos. Halita em particular foi muito importante. Desde que Talosheim estava localizada em uma área envolta de montanha, não teria se desenvolvido em nada maior do que uma pequena vila sem esse sal.

Vandalieu estava atualmente no primeiro andar do Vale de Garan. Os membros que estavam com ele eram o grupo habitual, com exceção da Basdia substituindo Sam.

— Gyih! Gah!

Ele estava em um combate 1 vs 1 com um soldado goblin, que usava uma lança curta.

Apesar de que os movimentos do goblin fossem pobres aos olhos de Basdia, havia um certo grau de técnica ao atacar Vandalieu repetitivamente.

— … (Vandalieu)

Vandalieu usava artes marciais com algum nível de técnica para repelir as estocadas e tentar contra-atacar com suas garras.

— Gyagyah!

Seu ataque foi evitado e a lança seguiu em direção a ele mais uma vez.

Essa troca bruta continuou. Embora pudesse causar ansiedade de se ver caso alguém lembrasse de que era uma batalha entre uma criança de três anos e um monstro, caso alguém pensasse nisso como um guerreiro lutando contra outro, causaria sono aos espectadores.

Haviam dezenas de cadáveres de soldados goblins ao redor deles. Quem tinha feito isso não era… Vandalieu, mas homem esqueleto, Basdia e os outros.

Eles exterminaram um grupo inteiro de soldados goblins, exceto por um, para permitir que Vandalieu cuidasse dele.

— Como o Bocchan é talentoso com combate desarmado? (Saria)

Saria fez a Basdia esta pergunta enquanto limpava o sangue de sua alabarda, ela respondeu — Eu não sei como colocar isso.

— Eu disse para Van antes, que ele tinha aptidão para isso. Tanto que me deixou animada. Mas eu sinto como se fosse errado chamar isso de talento. (Basdia)

— Umm, então isso significa que ele não tem talento? (Saria)

— Ele tem uma memória melhor que a minha, então ele provavelmente vai me ultrapassar logo, não é, Nee-san? (Rita)

Saria pensou sobre as palavras de Basdia. Como Rita disse, tinha a impressão de que Vandalieu tem uma boa memória.

No momento elas eram mortas-vivas feitas com partes de armaduras. Mas quando estavam vivas tinham sido empregadas, e embora usassem vassoura para limpeza, nunca empunharam alabardas, espadas ou tentaram atingir monstros com arco e flecha.

Portanto, elas foram dependentes do aumento de atributos obtidos da transformação em monstro para empunhar suas armas. Elas tinham recebido instruções do Vigaro, que as disse que seus movimentos eram iguais aos de iniciantes e que deviam fazer uso do fato de que mortos-vivos não precisam dormir ou descansar, e treinar a noite toda, todo dia. Dessa forma, elas finalmente aprenderam suas habilidades.

Para elas parecia que Vandalieu aprendia rápido as coisas em comparação. Ele dormia de noite e a cada semana, em seu dia de folga, ele apenas fazia uma hora de prática.

Vandalieu recebia os contra-ataques do soldado goblin e sofreu ferimentos, mas não tinha muito o que fazer. Diferente de Saria e Rita que eram revestidas por armadura, Vandalieu tinha um corpo de carne.

— Van não hesita, não teme e não parece ser impaciente no momento. (Basdia)

— Jyuuh? Isso não é algo bom? (Homem Esqueleto)

Homem Esqueleto examinava o corpo do Goblin com a ponta de sua espada para ver se teria uma pedra mágica. Em resposta a sua pergunta, Basdia respondeu — Você está correto.

— É algo bom. Vigaro se irritou comigo diversas vezes, ele me dizia para não fechar meus olhos, não ter medo e não ser impaciente. (Basdia)

Basdia calmamente relembrou os tempos em que ainda era uma amadora. Agora ela era uma Ghoul guerreira ranque 4, mas, é claro, isso não significava que ela era forte desde o início.

Por ela ter nascido em um perigoso Ninho do Diabo, ela passou e superou um duro treinamento.

Os ghouls não tinham nenhum exercício militar ou nada do gênero, ao invés disso, usavam o treinamento estilo espartano, com ênfase na prática, fazendo os inexperientes lutarem contra monstros fracos, como goblins, que foram capturados vivos.

Mas mesmo assim, batalhas reais e treinamento eram coisas diferentes.

Quando alguém enfrenta um oponente que realmente tem a intenção de matá-lo, eles imaginam se esse ataque será o suficiente, o que pode acontecer se errar, e isso nos causa hesitação.

Expostos ao olhar repleto de sede de sangue e ataques de seu inimigo, eles temem ser feridos ou mortos.

Incapazes de mostrar a própria habilidade em combate real como faziam durante o treinamento, eles ficam impacientes.

— É assim que é? (Saria)

— Ah, eu posso entender a parte da impaciência. (Rita)

— Sim, eu não entendo sobre hesitação e medo, mas compreendo a impaciência. (Saria)

Contudo, parecia que os mortos-vivos não tinham muita simpatia por eles. Suas emoções eram diferentes de criaturas vivas, então já era esperado.

— Mas Van não tem nada disso. (Basdia)

Vandalieu atacava sem hesitação, recebia os ataques sem medo da dor e contra-atacava pacientemente.

Basdia perguntou-lhe se estava simplesmente a escondendo com sua falta de expressão, mas parecia que ele realmente não sentia hesitação ou qualquer outra coisa.

— A pior coisa que pode acontecer é eu me ferir. Eu não vou morrer por algo assim de qualquer forma. (Vandalieu)

Vandalieu mantinha a magia [Senso de Perigo: Morte] constantemente ativa, então ele podia sentir como possivelmente ele morreria. A sede de sangue de seus inimigos era apenas outro perigo.

Parecia que ele também era capaz de ignorar a dor. Ele não estava entorpecendo seus sentidos, mas sim, atrasando-os.

— Eu passei por coisas de longe muito mais dolorosas em minhas outras vidas. (Vandalieu)

Era como se ele tivesse aprendido uma maneira de retirar a sua atenção da dor nas suas vidas passadas. Somado com sua habilidade de regeneração em alta velocidade que tinha como um Dhampiro e a magia sem atributos, [Aprimoramento de Poder de Cura].

E por isso ele sabia que ele simplesmente sentiria uma pequena dor mesmo se ele falhasse, ele não sentia impaciência. Mesmo se seus dedos ou pernas fossem cortados, ele simplesmente teria que pegá-los e encaixá-los de novo. Mas isso seria problemático para seus olhos, então ele era cuidadoso em relação a isso.

— Esse é o porquê dele fazer esse tipo de coisa. (Basdia)

Quando Basdia disse isso, a lança curta do soldado goblin perfurou o braço de Vandalieu.

— Aah! (Saria)

— Wah, Jovem mestre! (Rita)

— GRRR?! (Lobo Esqueleto)

Rita e os demais entraram em pânico, mas Vandalieu manteve a compostura. Isso era apenas esperado, ele havia usado seu braço com um escudo contra um ataque que ele tinha decidido que não poderia desviar.

O Soldado Goblin sorriu e tentou puxar sua lança para fora, mas essa foi a causa de sua queda.

— Fuh! (Vandalieu)

Com a força que parecia impossível para um garoto de 3 anos de idade, Vandalieu moveu seu braço ainda perfurado pela lança e quebrou a postura do soldado goblin.

— Gyagihih?! (Goblin)

E então, quando o Soldado Goblin caiu para a frente, ele escavou as costas do Soldado Goblin com suas garras. Com sangue jorrando de sua ferida e sua boca, o Soldado Goblin se tornou mais um cadáver no chão.

— Fuh… uma falha. (Vandalieu)

Com essas palavras, Vandalieu puxou a lança de seu braço, conjurou [Esterilização] e curou a ferida.

— Isso não é uma falha! O que nós faríamos se você morresse?! (Saria)

— Se eu me lembro, humanos morrem se perdem muito sangue, não morrem?! (Rita)

— Geeh?! Geeeeh? (Pássaro Esqueleto)

— Calma, eu não vou morrer. Desculpe, desculpe. (Vandalieu)

Vandalieu pediu desculpas, tentando acalmar Saria e os outros. Era por isso que Basdia se segurava ao observá-lo, e era difícil ficar com raiva dele também.

— Lamento. Não consegui completar meus ataques e perdi meu pé porque tropecei em um dos cadáveres no chão, então não pude evitar o ataque do meu inimigo. Usei o braço como escudo para evitar uma ferida mais grave. Da próxima vez, usarei minhas garras para desviar a lança ou derrotarei meu inimigo antes que isso aconteça. (Vandalieu)

Para Vandalieu, usar seu braço como escudo foi uma ação que ele tomou para evitar o pior resultado possível, algo que não poderia ser evitado. Mas mesmo assim, ele sabia que não era agradável para aqueles próximos a ele verem isso… e se ele fosse repreendido duramente, ele entraria em pânico.

— Bom, tenha certeza de ser mais cuidadoso na próxima. (Basdia)

E assim, depois que Basdia disse aquelas palavras, ela decidiu ensinar a ele o que ele deveria ter feito naquela situação.

Vandalieu estava ciente de sua própria falta de habilidade, então uma vez que ele ganhasse as habilidades que lhe estavam faltando, ele não precisaria mais fazer coisas tão imprudentes. Basdia pensou nisso, assim como Vigaro e Zadiris que ouviram sobre essas coisas dela.

Ninguém permitiria que seus próprios corpos fossem feridos por vontade própria. Até Vandalieu sentia a sensação de dor. Se houvesse uma maneira de sobreviver e vencer sem ser ferido, ele definitivamente escolheria um método que lhe permitisse evitar a dor.

Na verdade, Zadiris e Vigaro, que eram mais fortes do que ele, tinham lutado através de batalhas e foram forçados a fazer coisas absurdas e precipitadas para sobreviver de alguma forma. Zadiris, em particular, tinha se esforçado assim apenas para ser resgatada por Vandalieu.

— Então, Van. Eu vou ter que aumentar a sua habilidade rapidamente. Depois de um curto descanso, vamos passar para o próximo

Então Vandalieu teria que aprender algumas habilidades adequadas enquanto eles ainda estavam em um andar onde ele poderia se safar usando esforço.

— Esse ritmo não é um pouco rápido? (Vandalieu)

— Não. (Basdia)

— Então eu tenho permissão para usar magia? (Vandalieu)

— Você quer ficar mais forte, não é? De o seu melhor, Van~♪ (Basdia)

— No mínimo, posso fazer uma emboscada normal ou um ataque surpresa em vez de enfrentá-los de frente? (Vandalieu)

— Não vai aprender técnicas se você fizer isso, certo? Precisa lutar ~♪ (Basdia)

Não seria um bom treinamento para Vandalieu se ele usasse magia, e Vandalieu ainda não era habilidoso o suficiente para combinar magia e artes marciais enquanto lutava.

Fazendo uso de seus altos atributos, ele seria capaz de matar um Soldado Goblin em um golpe com um ataque surpresa, mas então ele não aprenderia as habilidades essenciais que precisava.

E acima de tudo, os homens precisavam ser fortes.

— Eu ouvi de Kachia que as esposas ajudam não apenas seus filhos, mas seus maridos também. Tenha certeza, Van. Eu vou cuidar bem de você~♪ (Basdia)

— … Y-yay… (Vandalieu)

Vandalieu foi quem pediu a ela para ensiná-lo combate desarmado, porque ele queria ser mais forte, e ele sabia que esse treinamento de combate quase real era uma maneira eficiente de aprender.

—  É isso ai Van, você consegue! (Basdia)

— Sim. (Vandalieu)

E o mais importante, Vandalieu era o tipo de pessoa facilmente afetada por elogios.

E assim, neste dia, Vandalieu derrotou dois soldados goblins, um kobold, dois mini lobos de agulha e um cavaleiro goblin por conta própria.

[Você adquiriu a habilidade de Combate Desarmado!]

 


 

Tradução: Koru

Revisão: Dilsinxyz

 

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