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O Começo Depois do Fim – Cap. 91 – O Começo

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POV ARTHUR LEYWIN

 

Suas palavras ecoaram em meus ouvidos como um gongo gigante que tocava no início de cada ano. Eles dizem que as pessoas com os sorrisos mais largos escondem a maior dor em seus corações. Mudei meu olhar para o Virion adormecido e me lembrei das vezes em que brincava com seu sorriso atrevido. Não tinha ideia da dor pela qual ele havia passado… me senti como um adolescente que pensava que o mundo o odiava. Ignorava o fato de que havia outras pessoas que poderiam ter sofrido de dores mais profundas do que eu. Nenhuma palavra saiu da minha boca depois do que Rinia disse, apenas focando no leve tremor dos meus dedos.

— A razão de eu trazer isso à tona não é para provocar pena ou tristeza em você. Digo isso para que você perceba a gravidade do que estou prestes a informá-lo a seguir.

Havia uma forte convicção em sua voz que me fez olhar para cima. A anciã Rinia fez uma pausa, como se preparasse o coração antes de falar.

— Usei meus poderes para olhar intencionalmente para o seu futuro, Arthur.

Afinal, o que ela acabou de me dizer pesou ainda mais em mim.

— O que? Por… por quê?

Foi tudo o que consegui gaguejar antes de Sylvie caminhar sonolenta em minha direção e pular no meu colo, adormecendo novamente, deixando nós dois com uma sobrancelha levantada.

— Parece que seu vínculo é imune às ervas que dei a ela. — Ela riu.

— Sim, ela provavelmente adormeceu naturalmente.

Respondi com um meio sorriso.

— Bem, continuando, mesmo antes do dia em que te conheci quando você era criança, eu já tinha vislumbres do seu futuro; nunca o suficiente para fazer sentido, mas era estranho ter tantas visões de uma pessoa específica. Isso nunca aconteceu antes.

Rinia se mexeu na cadeira.

— Como você já deve estar ciente, Arthur, as coisas estão mudando neste continente. Dicathen está passando por uma nova era. Já experimentamos o início disso com a junção dos três reinos e a revelação das Seis Lanças, mas isso é apenas o começo. Através de todas essas mudanças que vão acontecer, você sempre parece estar no centro delas de alguma forma, Arthur.

A idosa Adivinha fixou os olhos nos meus.

— Então vir para este esconderijo remoto…

Comecei a dizer. Ela apenas me deu um leve aceno de cabeça.

— Com o conhecimento que ganhei olhando para o futuro… seu futuro, parece que fiz alguns inimigos.

— O que exatamente você aprendeu olhando para o meu futuro? — perguntei.

— Aqui está a parte complicada. Contar muito do que vi pode afetar até mesmo os resultados que você deseja. Por outro lado, contar-lhe muito pouco derrota o ponto de eu olhar para o futuro a fim de encontrar um resultado melhor. — suspirou.

— Como você se sente, Rinia? Você acabou de desistir de um pouco da sua vida para ver o meu futuro… você está bem?

Não pude deixar de franzir a testa.

— Eu vou ficar bem. Eu já vivi o suficiente, de qualquer maneira. Poderia muito bem usar um pouco para ajudar o futuro.

Rinia acenou com a mão com desdém.

— Eu odeio soar como uma velha cartomante alertando o herói para ter cuidado e outros tipos de conselhos genéricos que pode ouvir de qualquer pessoa, mas me dói dizer que eu só posso fazer isso.

Poderia dizer que ela estava tentando amenizar a situação para aliviar minha culpa.

— Arthur…

O tom de Rinia ficou séria, quase como se um presságio estivesse vindo.

— Você enfrentará muitas dificuldades. Qualquer que seja o futuro que você decidir, ele permanecerá constante. Você terá inimigos e obstruções em seu caminho, mas através de tudo isso, o que posso deixar com você, é que você precisa ter uma âncora, um objetivo final. O que você deseja realizar na sua vida? Isso será o que determinará o seu caminho.

Isso soou mais como um discurso motivacional do que uma profecia, mas como se ela tivesse lido minha mente, Rinia continuou.

— Fique atento, Arthur. Eu vou deixar você com essas duas coisas. Primeiro, as pessoas fazem coisas ruins por bons motivos, então não as tome apenas pelo que elas fazem superficialmente e mantenha sua mente atenta. Segundo, muitas vezes, o inimigo mais assustador não é o que está no trono, liderando as forças, mas o soldado abandonado que não tem nada a perder; para isso, fique atento e não tenha excesso de confiança.

A voz de Rinia se tornou um sussurro suave enquanto me avisava, deixando um silêncio desconfortável na sala.

— Lamento não poder dizer mais nada, mas tudo o que posso dizer é para seguir e confiar nos seus instintos. Você é um sujeito particularmente inteligente e sei que fará as escolhas certas, mas às vezes, a escolha certa nem sempre é a melhor escolha.

A conversa com Rinia acabou, deixando-me com um gosto bastante ruim na boca, como se fica depois de tomar uma colherada de um tônico amargo. Útil e necessário, mas ainda assim amargo. Rinia acordou todo mundo logo depois, comigo fingindo que estava dormindo com eles também. Rinia deu uma desculpa porque acidentalmente misturou algumas ervas para relaxamento que eram muito mais fortes do que esperava. Ninguém pareceu se importar e continuamos com um almoço leve que Rinia preparou com plantas comestíveis e cogumelos. O gosto era bom, apesar da falta de carne, mas pela reação de Sylvie, tenho certeza de que ela discordaria. Já era bem tarde quando terminamos de comer e tivemos que seguir nosso caminho. Uma surpresa maior do que o fato de que a casa de Rinia estava no centro de um penhasco na montanha, foi o fato de que, através de uma porta e passagem secretas, ela tinha seu próprio portão de teletransporte.

Como os portões de teletransporte foram feitos nos tempos antigos, supostamente com a ajuda das divindades, ou Asuras, como agora sei, não foi possível fazer mais. Virion não ficou tão surpreso quanto todo mundo, inclusive eu, mas conhecendo os poderes de Rinia, eu só pude encolher os ombros e perceber que isso era algo dentro de suas habilidades. Depois de nos despedirmos, Tess e eu, junto com Sylvie, passamos pelo portão. Junto com a sensação de tontura que me restou após a travessia, fomos recebidos de volta aos limites da cidade de Xyrus por guardas que tinham suas lanças apontadas para nós. Depois de perceber que os viajantes desconhecidos eram adolescentes e estavam com o uniforme da Academia Xyrus, rapidamente baixaram suas armas.

— Nós pedimos desculpas. O portal de onde vocês estavam vindo foi lido como um portão desconhecido, então não sabíamos quem ou o que sairia do outro lado. É raro, mas houve momentos em que bestas de mana acidentalmente tropeçaram em um portão de teletransporte em algum lugar na Clareira das Feras.

Disse um dos guardas, que parecia ser o líder, embora seus olhos ainda nos observassem com um olhar estudioso.

— Está tudo bem. Viemos de uma das outras cidades de Elenoir e o guarda mencionou que de vez em quando estava tendo problemas com o portão.

Dei de ombros. Com um aceno de compreensão, os guardas nos deixaram ir e, como não havia carruagem esperando por nós, nós três caminhamos até a parada mais próxima e encontramos uma carruagem para nos levar. O sol já estava se pondo e eu podia ver a distorção das cores no céu, pois a Constelação Aurora logo estava chegando ao seu pico. Era muito mais fácil vê-la da cidade flutuante do que através das árvores densas de Elenoir.

— Uau, a Constelação Aurora fica realmente mais linda cada vez que você a vê.

Disse Tess com admiração.

— Kyu~

Disse Sylvie, enviando uma transmissão mental pra mim.

— O céu está colorido!

Sylvie também se sentou na beira da carruagem, sua pequena cabeça erguida em apreciação. Quando voltamos para a Mansão Helstea, Sylvie subiu correndo as escadas que levavam à porta e a arranhou. Enquanto Tess e eu a seguíamos, a porta se abriu, revelando uma pessoa que eu não esperava ver.

— Jasmine?!

Parei onde estava e engasguei.

— Faz tempo.

Minha mentora dos meus dias de Aventureiro respondeu, com o único sinal visível em seu rosto inexpressivo de que estava feliz em me ver, o leve sorriso que ela tinha. Antes que eu tivesse a chance de dizer mais alguma coisa, o resto dos Chifres Gêmeos veio, um por um, cada um com um grande sorriso no rosto ao me ver com uma garota que nunca tinham visto antes.

— Você cresceu.

Disse Durden com um sorriso caloroso em seu rosto largo e bronzeado.

— Olha quem temos aqui! Sr. Garanhão trazendo uma senhorita para casa.

Adam Krensh, o usuário de lança vagabundo de aparência selvagem murmurou, encostado na borda do batente da porta.

— Uau, olha quem se tornou mais homem.

Helen Shard, a arqueira, ainda tão carismática quanto antes, piscou para mim. Enquanto todos ficaram no topo da escada, esperando que subíssemos, Angela desceu as escadas sozinha e me pegou em um abraço de urso.

— Olha como você ficou fofo!!

Gritou enquanto acenava para mim, minhas pernas se arrastando indefesas nas escadas de cimento, já que ela era muito baixa para me levantar completamente do chão.

— Mmmfph mmmh!

Qualquer esperança de articular palavras falhou quando o abismo de seu seio bem dotado absorveu meu rosto.

— E-eu acho que você deveria soltar…

Ouvi Tess gaguejar enquanto puxava a lateral do meu uniforme.

— Olha quem temos aqui! Você é a pequena elfa mais fofa!

Angela Rose me colocou no chão como um lixo descartável e pegou Tess, que soltou um grito de surpresa. Minha família logo apareceu e nos cumprimentou de braços abertos, com minha irmã, Eleanor, já tendo Sylvie em seus braços. Estava ansioso para conversar com os Chifres Gêmeos durante o jantar, já que não os via há mais de um ano, mas poderia dizer que Tess estava meio desconfortável com tudo isso. Já se sentia um pouco deslocada por estar na minha casa, mas com os convidados inesperados que nunca tinha visto antes, ela estava se sentindo ainda mais tensa e estranha.

Minha mãe e minha irmã tentaram fazê-la se sentir mais confortável, mas como também estava sendo estranha comigo por algum motivo, ela não aguentou.

— Você realmente vai voltar para a academia? — perguntei.

Tess tinha acabado de contar a todos, depois de se desculpar, que tinha que voltar para a academia primeiro para algum trabalho do Conselho Estudantil que estava muito atrasada.

— Eu perdi muitas aulas e o trabalho provavelmente acumulou até agora. Obrigada pessoal por sua hospitalidade e lamento não poder ficar mais tempo.

Tess fez uma breve reverência e seguiu atrás do motorista que veio buscá-la. Saí com ela, sem saber se deveria ir com ela ou não.

— Não se preocupe comigo! Devo admitir que foi um pouco desconfortável para mim, mas esse não é o principal motivo pelo qual estou voltando. Realmente estou atrasada no trabalho do Conselho Estudantil e me sinto mal porque até Lilia ainda está na academia. Não seria certo da minha parte ficar na casa dela relaxando, enquanto ela está trabalhando, certo?

Tess me deu um sorriso tranquilizador.

— Você está certa, mas eu só estou preocupado porque vovô disse que você ainda precisava descansar. Seu núcleo de mana ainda está um pouco instável, mesmo com o selo que Rinia deu a você antes de partirmos. Só me sinto mais confortável se estiver perto de você, caso algo aconteça.

Cocei minha cabeça, uma sensação bastante duvidosa coçando em mim.

— Não tenho nenhuma razão para usar magia na academia por enquanto. Além disso, você vai voltar para a academia amanhã. Acho que serei capaz de sobreviver até então.

Ela me deu uma piscadela brincalhona, destilando a estranheza anterior que ela tinha.

— Tudo bem, mas tenha cuidado.

Bati de leve em sua cabeça, recebendo em resposta um leve soco no estômago.

 

POV TESSIA ERALITH

— Uau.

Estava ficando cada vez mais difícil manter uma cara séria na frente de Arthur. Se eu ficasse e falasse com ele por mais tempo, acho que rosto queimaria como uma vela. Meu corpo parecia fora de sincronia por causa do meu núcleo de mana, e isso me afetou, como se alguém tivesse inclinado o mundo apenas ligeiramente o suficiente para me desequilibrar, mas eu não disse isso a Arthur, pois apenas se preocuparia demais. Depois de fechar meus olhos pelo que pareceram alguns segundos, eu já estava perto do portão da academia.

— Obrigada!

Disse para o motorista. Me deu um aceno amigável em resposta, tirando o chapéu, antes de dirigir de volta para a casa de Lilia. Logo depois de passar pela barreira e entrar no portão, a atmosfera parecia ter mudado drasticamente. Meu corpo ficou tenso imediatamente, como se sinalizando ao meu cérebro que havia perigo nas proximidades.

— Hoho! Você está aqui… SOZINHA? Pfft! Vai ser mais fácil do que pensei! Sim, vai ser!

A voz gutural me surpreendeu. Imediatamente virei minha cabeça em direção à fonte da voz.

— Lucas? Lucas Wykes?

Fiquei boquiaberta. Certamente era Lucas, mas algo estava errado… bem, muito dele estava errado. Sua pele era cinza, em primeiro lugar, e a forma como seu corpo tinha espasmos aleatórios o fazia parecer mais um monstro raivoso do que um estudante. Eu queria me mover, mas não consegui. A pressão e a sede de sangue que ele estava emitindo não me permitiam também. Tudo o que meu corpo pôde fazer em resposta foi tremer.

— Hehe… eu não posso acreditar que você está aqui sozinha, não, eu não posso! É bom ver você de novo, princesa! Linda como sempre, sim, você está!

Lucas se aproximou de mim com passos irregulares. Este não era mais o Lucas… A sensação que tive dele era mais uma besta de mana enlouquecida do que de seu ego egoísta costumeiro. Vendo a expressão no meu rosto, seu rosto se inclinou quando ele revelou um sorriso cheio de dentes.

— Por que você não brinca comigo até que Arthur chegue aqui?

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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