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O Começo Depois do Fim – Cap. 84 – Uma Escala Maior

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POV ARTHUR LEYWIN

— Finalmente. Agora temos um pouco de privacidade para conversar pacificamente. 

Uma voz soou em meu ouvido. Assim que falou, o espaço ao nosso redor começou a se entortar. O tremor de Sylvie tornou-se tão forte que não consegui mantê-la empoleirada na minha cabeça e tive que segurá-la firmemente em meus braços. 

De repente, em meio ao caos que estava se formando ao nosso redor, estávamos em uma sala branca e vazia. Podia me sentir boquiaberto, mas nem mesmo as palavras para expressar minha confusão saíram. Sem ser capaz de reunir até mesmo uma voz para praguejar de surpresa, apenas esperei preguiçosamente. 

Neste cubo branco, era apenas eu, uma Sylvie trêmula, e a fonte do par de olhos salpicados muito familiares. No momento em que meus olhos foram capazes de se ajustar ao brilho repentino, pude ver o gato respirando fundo. 

— Haa… 

Ele acabou de suspirar para mim? Enquanto continuava a ajoelhar e agarrava meu vínculo, o gato que eu tinha visto em “Poções e Elixires de Windsom” começou a balançar a cabeça para mim depois de um tempo.

Era realmente o mesmo gato que vi naquele dia… o gato peculiarmente atraente estava sentado em uma postura equilibrada, sua cauda balançando hipnoticamente enquanto seus olhos se fixavam nos meus. À medida que o olhar do gato pesava em mim, comecei a me sentir como uma espécie de matéria-prima sendo avaliada por um comerciante veterano que estava decidindo se me compraria ou não. 

Saí do meu torpor e comecei a procurar o velho. Quando estava prestes a dizer algo em voz alta, o gato começou a brilhar em uma luz branca dourada que se espalhou por todo o corpo. Interrompido, apenas mantive minha boca fechada e esperei que as surpresas acabassem. Por alguma razão, senti que não importa o que fizesse neste momento, não conseguia parar o que estava para acontecer. Foi uma reação instintiva que, por algum motivo, não pude ignorar. Embora a aura e o comportamento desse gato fossem pesados e opressivos, sabia que ele não queria me machucar; caso contrário, já estaria morto. A luz branco-dourada começou a mudar de forma e a aumentar, mudando da forma de um gato para a de uma pessoa. 

*Kiiiing* 

Como se fosse feito de vidro, o brilho cintilante em forma humana se estilhaçou em fragmentos de luz, revelando alguém que não pude reconhecer. 

— Saudações. Pode me chamar de Windsom. 

O homem fungou depreciativamente. O homem que se transformou de um gato falava com uma elegância que combinava com sua aparência. No topo de seu rosto esculpido tinha seu cabelo loiro platinado curto que estava cuidadosamente penteado para o lado. Seus olhos fundos, que não haviam mudado desde quando era um gato, quase pareciam tocar suas sobrancelhas permanentemente franzidas. Havia um senso de nobreza em seu olhar enquanto continuava a se fixar em mim. Embora nem corpulento nem musculoso, seus ombros quadrados, por baixo de um uniforme tipo militar que de alguma forma conjurou depois de se transformar, me disseram que era um guerreiro… um lutador como eu. Seus lábios finos se apertaram quando soltou outro suspiro de desaprovação pelo nariz afilado. Olhando para Sylvie e eu, falou novamente. 

— Achei que essa forma seria mais apropriada para a nossa conversa. 

Anunciou o homem com naturalidade. Abri minha boca para dizer algo, mas me segurei. Se ele apenas revelou que era Windsom, então e o velho que roubou meu dinheiro? Pensei que ele era originalmente o dono da loja de elixir, era apenas minha própria suposição incorreta. Então quem era o velho? Atendente de Windsom? Me recompondo, deixei Sylvie no chão e me levantei. Tirando o pó das minhas roupas, respondi: 

— Antes de continuarmos, gostaria de confirmar algumas coisas. 

— … 

Windsom inclinou a cabeça para o lado, desconcertado pelo meu tom repentino e incisivo. 

— Já que você me atraiu aqui por um motivo e com Tessia como isca, é seguro presumir que ela está bem? 

Perguntei, tirando a bola de mármore brilhante do meu anel dimensional. Depois de uma pequena pausa, respondeu, balançando a cabeça. 

— Sim, sua princesinha elfa está bem. Já havia tomado as medidas de precaução antes de você vir para cá. Ela deve estar se recuperando até certo ponto com seu avô de volta ao reino dos elfos. 

— Isso, por outro lado.

Windsom apontou para o mármore em minha mão 

— É para você guardar. 

Foi a minha vez de ficar surpreso com sua resposta inesperada. 

— Para mim? — perguntei. 

— Sim. Você sabe como é difícil adquirir uma pérola elixir dessa qualidade? No entanto, foi desperdiçado com sua pequena amante. Na verdade, era muito forte para ela, por isso tive que desperdiçar outro elixir precioso para evitar que seu corpo… bem, explodisse. 

Ele deixou escapar outro suspiro profundo enquanto me olhava com a arrogância de um nobre discutindo política com um caipira ignorante. 

— Desculpe? Explodir? 

Gaguejei, prestes a refutar, enquanto dava alguns passos em minha direção, ele interrompeu: 

— Bem, suponho que sem ele, ela já estaria morta, então não foi um desperdício completo. Ainda, não dê esse fora e reserve um tempo para absorver a pérola elixir com o seu vínculo. Isso vai ajudar um pouco no seu treinamento. 

Sylvie inclina a cabeça em confusão enquanto dá uma olhada no mármore em minha mão. Seu tremor pareceu parar depois que Windsom controlou a pressão que estava liberando. Balancei minha cabeça com isso. 

— Não deveria ser uma cortesia comum me dizer exatamente o que está acontecendo? Quem ou o que exatamente é você? Por que você me trouxe aqui? 

— Paciência realmente não é um forte seu, é? Muito bem, se eu fosse me apresentar de uma forma que fosse fácil para você compreender, soaria um pouco mais ou menos assim… eu vim da terra dos Asuras e sou o que vocês chamam de “uma divindade”. 

Os olhos de Windsom permanecem inabaláveis enquanto diz isso. 

— Divindades? As divindades que supostamente abençoaram as três raças com artefatos que basicamente permitiram que eles eventualmente usassem magia? 

— Sim, sim. 

Balançou a cabeça impacientemente. 

— Lembre-se de que o que estou prestes a contar data de séculos atrás, com qualquer forma de registros ou contas destruídas ou possivelmente nunca escritas. É do nosso interesse que as mantenhamos assim. A extensão do conhecimento que você tem reside no que o ex-rei dos elfos lhe disse. Uma divindade abençoando as três raças com um artefato que eventualmente permitiu às gerações futuras aprender o que vocês agora chamam de “magia”. Esse foi apenas o resultado do que havia acontecido antes; algo que ninguém nesta terra sabe.

Windsom continuou narrando com as costas retas como uma vareta, como se estivesse dando uma aula. Fiquei em silêncio, deixando-o continuar. 

— Como vocês descobriram recentemente, existe outro continente neste mundo. Os únicos dois pedaços de terra que compõem as duas extremidades deste mundo sempre existiram e foram protegidos e vigiados por nós. Nós, Asuras, somos e temos sido governados por uma doutrina, uma espécie de noblesse oblige se você colocar de forma simples, desde o início de nossa existência. Não devemos colocar a mão nas raças inferiores que habitam a terra abaixo, certificando-nos de agir apenas em momentos em que qualquer um dos dois continentes caia fora de equilíbrio. 

Ele soltou um suspiro ao virar as costas para nós. 

— Isso foi até descobrirmos que essa regra sagrada havia sido quebrada. 

O olhar que eu tinha em meu rosto deve ter revelado meus pensamentos porque Windsom respondeu. 

— Eu posso imaginar a infinidade de perguntas que você pode ter, mas a informação que estou compartilhando com você atualmente é apenas o que você precisa saber neste momento. Temos tempo, embora não muito, e falar demais agora só vai distraí-lo. 

Não muito tempo? Isso só vai me distrair? Ele me dizendo isso apenas inundou minha mente com ainda mais perguntas, mas apenas respirei fundo e sinalizei para ele continuar enquanto Sylvie ficava olhando para trás e para frente entre nós dois em confusão. Ele dá um aceno de volta e continua falando. 

— Apesar de como você pode se referir a nós como divindades, estamos longe de sermos deuses… ou melhor, estamos muito mais perto de você do que você pensa. Grande parte da economia em Dicathen e Alacrya foi originalmente imitada após os sistemas de minha terra Epheotus, a terra dos Asuras. Epheotus e Alacrya… 

— Claro, embora Epheotus não seja tão grande quanto os continentes da superfície, muito de como as engrenagens da sociedade funcionam é comparável. Epheotus já foi dividido em três facções que eram compostas por vários clãs em cada uma delas. Resumindo um pouco, o clã governante de cada facção tinha suas próprias nuances de ideais, que congregavam os outros clãs para se juntar a qualquer uma das três facções. Embora os ideais possam ter sido diferentes, cada clã de Asuras ainda mantinha o credo supremo de que não deveríamos colocar as mãos contra as raças menores. No entanto, depois que Agrona, o sucessor do clã Vritra, assumiu o poder, as coisas mudaram rapidamente. 

O nome Vritra soou em minha mente como um trovão. Vritra não era o nome do demônio de chifre negro, mas o nome de seu clã?

— Como é esse Agrona e o que aconteceu com o Clã Vritra? 

Inclinei-me para frente em antecipação. Eu poderia dizer que Windsom teve que parar um pouco para organizar seus pensamentos. 

— O clã Vritra sempre foi uma anomalia. É mais simples imaginá-los como uma espécie de cientistas. Embora sua magia inata seja única e versátil, ela nunca foi tão poderosa quanto as artes de mana dos outros clãs. No entanto, juntamente com suas mentes geniais e curiosidade insaciável, eles sempre foram um dos clãs centrais.

— Se eles sempre foram um dos clãs mais fortes, como as coisas se tornaram tão diferentes depois que o clã Vritra chegou ao poder? — perguntei. 

— Um clã sendo forte e um clã se tornando o líder de uma facção são duas coisas diferentes. Novamente, pense no clã Vritra como cientistas, como pesquisadores. O clã tinha muito pouco interesse em qualquer coisa além de obter conhecimento e visão sobre a utilização de mana. Como residentes da torre de marfim, eles eram buscadores de conhecimento isolados, que buscavam apenas o que ainda não podiam compreender; o chefe anterior do clã era ainda mais fervoroso em sua busca para superar o impossível. No entanto, Agrona… ele é diferente. Embora carismático e inteligente, é arrogante e sedento de poder. Ele acredita que os Asuras nunca deveriam cuidar das raças inferiores, mas sim governá-los como seus deuses. — esclareceu. 

O rosto de Windsom ficou tenso enquanto continuava falando. 

— Depois que Agrona começou a liderar o clã Vritra, no entanto, a força deles aumentou abruptamente de forma não natural. Ninguém conseguia descobrir como Agrona poderia aumentar o poder de mana do clã Vritra em tão pouco tempo. Eventualmente, através de sua ascensão ao poder, eles foram capazes de reunir mais clãs para compartilhar seus ideais e o clã Vritra logo liderou uma facção no mesmo nível de qualquer uma das outras três facções. Só mais tarde descobrimos que Agrona e alguns outros do clã Vritra tinham feito viagens secretas para o continente de Alacrya. Embora não fosse proibido para nós irmos para Dicathen ou Alacrya, desde que nos escondêssemos, seus movimentos e comportamentos eram assustadoramente suspeitos. Depois que as outras duas facções descobriram sobre isso, enviaram batedores para descobrir o que estavam fazendo. 

Podia ver os nós dos dedos de Windsom embranquecerem pela força com que estava cerrando os punhos. 

— Agrona e o clã Vritra estiveram torturando desumanamente as raças inferiores, fazendo experiências em seus corpos para encontrar diferentes maneiras de aprimorar suas próprias habilidades… 

Cenas do meu passado passaram pela minha mente com isso. As diferentes masmorras se tornando corrompidas, sinais de traços dos demônios com chifres negros que continuavam aparecendo todos encaixados na última declaração de Windsom. 

— Sendo brutalmente honesto, esta informação foi esclarecedora e tudo, mas o que isso tem a ver comigo? Por que me contar tudo isso? Eu não consigo imaginar o que poderia fazer uma divindade ou asura ou o que quer que fosse me isolar para revelar algo tão importante quanto isso. 

— Você está certo, além de suas próprias habilidades, que quase não são dignas de nota pelos nossos padrões, realmente não deveria haver um motivo para lhe contar tudo isso. Só faço isso por causa de seus laços conosco. Respondeu ele, apontando para baixo. 

— Kyu? 

Subconscientemente, pisei na frente de Sylvie para protegê-la. 

— Há anos procuramos Lady Sylvia sem sucesso, mas depois de finalmente encontrar vestígios de sua mana, isso me levou a um garotinho com sua assinatura de mana; o que é ainda mais chocante é que, depois de cuidar dele, ele segurou em suas mãos uma divindade. Arthur, você está atualmente ligado à filha da única filha do meu mestre, a filha do mais alto nível de poder na facção líder em Epheotus.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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