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O Começo Depois do Fim – Cap. 54 – É um Prazer

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Ponderando sobre o que ela disse, apenas sentei lá, meus olhos fixos em algo à distância. Como ela mencionou, não havia nenhum benefício real para ela me ter como professor, e é por isso que acho isso tão suspeito. Estava tão arraigado em mim desconfiar da motivação das pessoas, o que quer que elas fizessem. Acho que como uma figura de autoridade e poder, você começa a suspeitar de todos ao seu redor, e é por isso que eu não conseguia descobrir por que ela me pediu para fazer isso. 

Manipulação Prática de Mana era uma classe que não tinha nenhum trabalho extra para avaliar, e é por isso que pode ser ainda mais fácil para mim apenas dar aula. Mesmo que não fosse mais fácil, ajudaria a construir uma boa posição para mim e seria muito mais interessante. Vendo como provavelmente não posso escapar da atenção dos alunos de qualquer maneira, posso muito bem fazer as coisas de uma maneira um pouco diferente. É claro que não pretendo revelar meu conjunto completo de habilidades para ninguém ainda, mas não vejo mais sentido em tentar ser completamente discreto. 

— …Arthur? 

Perco meus pensamentos ao ver que a Diretora Goodsky estava olhando para mim com uma expressão bastante preocupada. 

— Ah sim. Embora eu não tenha certeza de quão competente eu seria, gostaria de tentar ser um professor. 

Leio o documento que declara meus deveres e responsabilidades como professor. 

— Tenho certeza que você fará um excelente trabalho. — sorri. 

Olhando para ela, pergunto: 

— Houve alguma outra aula que o professor Geist deu além da minha? 

— Felizmente, não. Nós o contratamos este ano depois que se aposentou como Aventureiro. Para este semestre, os outros professores e eu decidimos que ele só desse uma aula, como uma espécie de teste. 

Ela balança a cabeça com os resultados lamentáveis que ele produziu. 

— Antes de assinar, tenho uma última pergunta. 

Declaro enquanto leio o parágrafo final do documento. 

— Continue. 

Ela insiste. 

— Não seria contraintuitivo eu não ter permissão para machucar alunos, mas fazer parte do Comitê Disciplinar? — questiono. 

— Ah, boa pergunta. A regra de “não machucar os alunos” é para dentro da sala de aula. Embora a situação seja sempre investigada para todos os casos, desde que seja para a segurança de outros alunos, usando um certo grau de força para reprimir uma luta ou suprimir um estudante desenfreado. Quanto a fora da classe durante suas funções no Comitê Disciplinar, vou confiar no seu julgamento sobre isso. 

Com isso, eu aceno e assino o documento. 

— Espero grandes coisas de você, Arthur, e tenho certeza de que não sou a única. 

Ela me dá um tapinha gentil no ombro antes de me indicar ir almoçar. 

 

POV CYNTHIA GOODSKY

— Uau, o que há naquele menino que sempre me mantém alerta? Negociar com ele é mais desgastante do que lidar com as famílias reais. Qual é a sua opinião sobre ele, Avier? 

Meu vínculo pousa suavemente no braço que estendi, seus olhos inteligentes ponderando o que dizer. 

— Ele é… diferente. Não veja Arthur Leywin como uma criança. Que seja a acuidade mental ou maturidade emocional, há muito mais nele do que os olhos podem ver. 

As palavras claras que saíram do meu vínculo não pareciam naturais com o movimento de seu bico. 

— O que te deixa tão certo? 

Me inclino para trás em meu assento. 

— Seu vínculo. A verdadeira forma daquela raposa branca deveria ser um dragão… 

Pulo do meu assento. 

— O que?! Como isso é possível? Como você sabe? 

— É porque somos da mesma espécie. Posso ser uma espécie inferior de dragões, mas Wyverns ainda são parte da mesma família dos dragões. 

Avier volta a se arrumar. 

— Você está dizendo que o vínculo dele é mais poderoso do que você? 

Não pude deixar de ficar totalmente perplexa com tudo isso. 

— Não, aquela criança ainda não amadureceu. Ela não deve ter eclodido há mais de alguns anos. No entanto, suspeito que, quando se desenvolver, não será comparável àqueles como eu. 

Ele afirma com naturalidade. Não conseguia imaginar ninguém mais forte do que Avier. O fato de que era meu vínculo era apenas porque começou a gostar de mim quando passei por ele, nas profundezas da Clareira das Feras. Ele geralmente faz suas próprias coisas e não me atrevo a tratá-lo como animal de estimação, mas o fato de que o vínculo de Arthur era na verdade um dragão e que era tão subserviente a ele me faz imaginar o que aquele garoto realmente era. 

— Não faça dele seu inimigo, Cynthia. Se tratado com confiança e respeito, ele se tornará o maior aliado, mas se traído, ele pode ser a causa da morte e destruição deste continente. 

Com esse aviso, Avier sai voando. Me inclino para frente em meu assento, esfregando minhas têmporas latejantes enquanto me lembro do que aconteceu algumas horas atrás.

*Boom* 

— Diretora Goodsky, solicito que você remova um garoto chamado Arthur Leywin da minha classe! 

— Professor Geist, você parece abalado. O que há de errado? 

Estou surpresa com a intrusão repentina. 

— O menino não tem nenhum respeito por mim, seu professor! Por favor, não dê ouvidos a nenhum dos rumores que você possa ouvir. Estou sendo incriminado. 

O rosto largo do homem é cheio de desespero e raiva. 

*Toc Toc* 

— Por favor, entre. — digo. 

Pelo menos essa pessoa teve a decência de bater. 

— Peço desculpas pela intrusão, diretora. 

Kathyln me dá uma pequena reverência antes de caminhar ao lado do, agora pálido, Professor. 

— Qual é o problema, Kathyln? 

Me inclino para frente, dando uma olhada nos dois. 

— Este podre e lamentável aspirante a professor precisa ser expulso. 

Ela diz, sem expressão. O professor Geist agarra Kathyln pelo braço, puxando-a para perto dele. 

— COMO VOCÊ OUSA! Desculpe, lamentável? Eu? 

— Você ousa me tocar com sua mão imunda? 

Sua expressão não muda, pois de alguma forma ela parece estar olhando para o Professor Geist. 

— Professor, sugiro que retire imediatamente a mão, ou então, seja qual for o caso, não será a seu favor. Me levanto neste ponto. Usar a força para fazer seu ponto de vista é deplorável. 

— Ahem… como eu estava dizendo. Por favor, não leve a sério os boatos que você possa ouvir. Juro que tudo isso foi um mal-entendido e que estou sendo incriminado. 

Ele imediatamente solta o braço de Kathyln antes de falar. 

— Eu ainda não ouvi falar de nenhum boato. Você se importa em me dar um resumo, Kathyln? 

— Essa escória se atreve a atacar os alunos para se sentir bem consigo mesmo. Mesmo ignorando o fato de que ele humilhou Feyrith totalmente, se Arthur não interferisse, eu teria… 

Sem terminar a última frase, ela encara o Professor. Me viro para o professor Geist, que negava desesperadamente essa acusação. 

— Estou lhe dizendo que foi um mal-entendido. Eu simplesmente queria demonstrar diante da classe, o nível em que se encontra o Comitê Disciplinar; você sabe, para os outros alunos saberem. 

— Se realmente fosse isso, então não haveria razão para você entrar em minha sala e insistir para que Arthur fosse removido de sua classe. 

Eu não pude deixar de suspirar internamente com a ideia de lidar com esse dilema. 

— Tricia, por favor, reúna informações para mim da aula do professor Geist sobre este incidente. 

Minha secretária faz uma reverência antes de sair correndo. 

— Agora, por favor, seja paciente enquanto isso é investigado. Farei o meu melhor para resolver isso. 

Antes que eu possa dispensar os dois, princesa Kathyln vem até mim. 

— Acredito que você vai lidar com isso de forma justa, mas saiba que, se não fosse por Arthur, você não estaria lidando com o caso de ética do Professor, mas com um caso de lesão de Aluno, meu caso de lesão. Desejo-lhe um bom dia, diretora. 

Ela se vira, ignorando completamente o Professor Geist, que ficou surpreso com sua última declaração. 

Relembrando os testemunhos que recebi, parecia que Arthur sobrecarregou completamente o Professor Geist. Embora a personalidade deste professor nunca tenha me agradado, suas habilidades eram mais do que suficientes para ensinar uma aula básica de manipulação de mana. Mesmo sendo um Aumentador de núcleo amarelo claro, e bastante capaz nisso, ele foi completamente derrotado por um garoto de doze anos. Soltei um suspiro de pesar por não ter medido o nível do núcleo do menino enquanto estava apenas aqui. Um garoto de doze anos derrotando um veterano Aventureiro usando apenas seus atributos de vento e terra, que eu me lembro dele mencionar que eram os mais fracos, e também tendo uma ligação com um dragão. O que mais havia nele? Se eu perguntar, me dirá? 

POV ARTHUR LEYWIN

— Art! Por aqui! 

Vejo Elijah acenando para mim do outro lado do refeitório. Percebi que estava sentado com uma garota quando fui até lá. 

— Esta é Charlotte! Charlotte, este é meu melhor amigo e colega de quarto, Arthur Leywin. 

Ele se levanta, gesticulando para nós dois apertarmos as mãos. 

— Oi, Arthur, ouvi muito sobre você. 

Ela deu um sorriso coquete enquanto mexia no cabelo. 

— Mmm… é um prazer. 

Respondo bruscamente antes de focar minha atenção em Elijah. 

— Como foram suas aulas? 

Pergunto ao meu amigo enquanto alimento Sylvie com um pedaço de brócolis. 

— Kyu! traduzindo: — Não! 

— Aww~ sua pequena besta de mana é tão fofa! Você se importa se eu acariciá-la? 

Charlotte fica muito perto de mim, quase se apoiando em mim enquanto alcança o topo da minha cabeça. Antes que tenha a chance de acariciar a rosnante Sylvie, eu agarro seu pulso. 

— Desculpe, ela não gosta que estranhos a toquem. 

Olho ela nos olhos, fazendo-a corar por quão perto seu rosto estava do meu. 

— O-oh, desculpe! 

Ela se encolhe, voltando a se concentrar na comida. Aparentemente ignorante do que estava acontecendo, Elijah responde com a boca cheia de comida. 

— As aulas foram ótimas! Gosto especialmente da minha aula de fundição de cadeia básica e classe de utilização de mana. Embora para utilização de mana sinto que o professor que está ensinando está repassando exatamente a mesma coisa que você está me dizendo para fazer. A propósito, conheci Charlotte na minha aula de fundição em cadeia! Ela é muito boa! 

— Haha, por favor, você está me fazendo corar. 

Charlotte faz uma cara tímida enquanto se contorce na cadeira. 

— … 

— Enfim, como foram suas aulas! Ouvi dizer que você já bateu em um professor! O que aconteceu com “manter a calma”, cara? 

Ele me dá um sorriso malicioso enquanto aponta o garfo para mim acusadoramente. 

— Sim, sobre isso, então acabei me tornando um professor dessa classe. 

Respondo friamente, empurrando um pedaço de carne na minha boca enquanto evito as tentativas de Sylvie de tentar roubá-lo. 

— PFFFFFFFFFF 

— Kya! 

Elijah balbucia a comida que estava mastigando em nossa direção enquanto instintivamente me inclino para trás, tentando sair do alcance. 

— Elijah, isso é nojento. 

Limpo algumas das partículas de comida perdidas que não consegui evitar do meu rosto. 

— Desculpe, desculpe… o quê? Você vai ser professor? 

Ele limpa a boca antes de tentar limpar o rosto de Charlotte, Charlotte rejeitando a oferta. 

— Mm… acabei substituindo o professor que dava aula. Portanto, agora você pode me chamar de Professor Leywin. 

Sorrio para meu amigo. 

— Professor uma ova. Mas talvez eu deva abandonar minha aula às vezes e ir para a sua. Seria interessante ver você ensinando. 

Retruca de volta enquanto continuávamos conversando, estava ficando irritado com as tentativas de flerte de Charlotte, e ainda mais irritado com o fato de Elijah não ter noção de tudo isso. 

— Oh, sim! Charlotte e eu íamos para o centro da Academia para fazer compras. Você quer se juntar a nós? 

Ele pergunta com indiferença. 

— Sim! Arthur, você deve se juntar a nós. 

Ela se inclina mais perto novamente. Havia uma pequena faixa na esquina da academia onde havia chiques restaurantes e cafés, junto com barracas de compras para os nobres ricos se mimarem. Com isso, você poderia imaginar como a Academia era enorme. 

— Tenho mais três aulas, lembra? Estou tendo aulas da divisão superior depois do almoço. 

Elijah apenas encolhe os ombros com isso. 

— Oh, sim, eu esqueci. Nada demais! Acho que seremos apenas eu e Charlotte. 

Charlotte sorri sem jeito para o rosto despreocupado de Elijah e responde: 

— Ah, desculpe. Esqueci totalmente que tinha planos diferentes. Eu sinto muito! Definitivamente devemos ir na próxima vez, no entanto! Todos os três de nós! Tchau. 

Com isso, ela se afasta, deixando meu amigo e eu sozinhos na pequena mesa de jantar. 

— Acho que ela estava muito ocupada. 

Elijah pareceu um pouco desapontado. Oh, Elijah … inclinando-se, me pergunta com uma voz séria. 

— Então, o que você achou de Charlotte? Ela é linda, hein! Você acha que eu tenho uma chance com ela? 

Oh, Elijah… 

— Eu acho que você pode fazer melhor, amigo. 

Dou um tapinha nas costas do meu amigo sem noção enquanto saímos da sala de jantar juntos. Elijah decidiu que queria ir à biblioteca depois que seus planos repentinamente foram destruídos, então, depois de acompanhá-lo até lá no caminho, fui para minha primeira aula da divisão superior, Mecânica de Luta de Equipe I. A sala de aula, ou melhor, campo para ser mais preciso, ficava do outro lado da academia, onde todas as classes da divisão superior eram ministradas. 

A “sala” consistia em um enorme gramado com vários obstáculos colocados aleatoriamente, envolto por paredes altas com runas gravadas nelas. Em cima de uma das paredes estava uma salinha separada protegida por um invólucro de vidro. Presumi que a sala era usada como plataforma de observação para o resto dos alunos. Vejo que alguns alunos chegaram antes de mim conversando e imediatamente noto algumas figuras familiares 

— Ah! Eu não sabia que você estaria em uma classe da divisão superior, Arthur. 

Curtis Glayder acenou para mim assim que percebeu quem eu era. Grawder, o vínculo de Curtis estava deitado com os olhos fechados bem ao lado dele. 

— Sim, eu não pensei que teria uma aula com você. Por favor, cuide de mim. 

Eu agarro sua mão. 

— É bom ver você de novo, Arthur! 

Claire Bladeheart coloca o braço em volta do meu pescoço enquanto sorri brilhantemente. 

— Temos que fazer o nosso melhor para não constranger o Comitê Disciplinar, certo? 

— Haha, farei o meu melhor. É todo mundo que vai estar na aula? 

Respondo, voltando-se para Curtis. Ouvi dizer que essa turma tinha um número relativamente pequeno de alunos e que era uma das turmas mais populares. 

— Hmmm, deve haver alguns… ah, lá vêm eles! 

Olhando para trás, vejo vários outros alunos e não pude deixar de sorrir com cansaço. 

— A Princesa Tessia está linda como sempre, não é?

Ouço um dos alunos murmurar. Caminhando dessa forma, entre o pequeno grupo de alunos, estava Tessia Eralith, minha amiga de infância, e Clive Graves, o vice-presidente do Conselho Estudantil. Ela me nota e eu posso dizer que ela está prestes a me cumprimentar, mas percebe que eu tenho o braço de uma mulher mais velha em volta do meu pescoço, então, em vez disso, me lança um olhar feroz antes de virar a cabeça para longe, fazendo beicinho. Clive, sem saber por que ela ficou com raiva, me lança um olhar mortal quando seus olhos estreitos se tornam ainda mais afiados. 

— Boa tarde, Princesa Tessia! 

Sem se preocupar em remover o braço em volta do meu pescoço, Claire sorri e acena para Tess. 

— Prazer. 

Ela responde, sua expressão feroz. Depois que passa por nós, secretamente se esgueira para o meu lado, me sacudindo. 

— Hmm, eu me pergunto se ela está de mau humor hoje. 

Claire pondera. É por causa de você! Removendo seu braço em volta do meu pescoço, me viro para ver alguém atrás do grupo. Assim que eu reconheço quem era, meu rosto começa a queimar de raiva enquanto meus punhos cerrados ficam brancos. Era Lucas Wykes.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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