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O Começo Depois do Fim – Cap. 477 – Ascensão

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POV ARTHUR LEYWIN

 

Tudo fazia sentido agora. Por algum motivo, Tess era o receptáculo para Cecília. Talvez fosse por causa de nosso relacionamento neste mundo, necessário para criar a ponte, mas isso não importava.

Se tanto Nico quanto eu nos tornamos tão fortes depois de reencarnar neste mundo, quão forte Cecília – o “Legado” – seria se reencarnasse no corpo de Tess? 

Os ecos distantes dos meus pensamentos ressoavam sobre e sob meu eu presente e acordado.

— Sylvie, você sabe o que Rinia disse. — Minha voz saiu suplicante, mas apenas por causa do estranho efeito da pedra-chave, que fazia com que os eventos se desenrolassem exatamente como havia acontecido. — Não podemos deixar que eles tenham a Tess. 

Senti Sylvie balançar a cabeça contra a parte inferior das minhas costas. Ela estava me segurando, me impedindo de continuar lutando. Porque Cadell e Nico estavam prestes a levá-la. E eu estava morrendo.

— Nós dois ficaremos mais fortes. — Ela disse, sua voz abafada. — Enquanto estivermos vivos, temos uma chance.

Com o Réquiem de Aroa canalizado, puxei o fio dourado entre os dedos. O tempo congelou.

Tessia ainda estava no ato de se virar para longe de mim. Ela acabara de pronunciar as palavras que eu temia que fossem as últimas que ela diria. Era quase engraçado, de certa forma, estava tão distraído que ainda não tinha ouvido o que ela disse. Considerei reverter o tempo, prestando mais atenção, apenas…

Além de Tessia, cansada da batalha e manchada de sangue, Cadell e Nico esperavam por ela. A cidade de Telmore estava queimando ao redor deles, as chamas altas como vitrais contra o céu cheio de fumaça. 

Este foi o momento em que tudo mudou.

E este é nosso próximo desafio a superar se quisermos continuar avançando — comuniquei a Sylvie e Regis.

O corpo de Sylvie relaxou atrás de mim enquanto seu eu consciente exercia controle. Seus braços relaxaram, caindo para os lados, e ela se aproximou, com seu olhar atravessando o campo de batalha congelado.

Regis se manifestou ao meu lado, saindo da escuridão e entrando no mundo da pedra-chave em sua grande forma de lobo das sombras.

— E como exatamente faremos isso, princesa?

Passamos algum tempo seguindo os fios do tempo e do Destino de volta e para frente através desses primeiros anos da minha vida, mas não desbloqueamos nenhuma nova visão sobre a mecânica da pedra-chave ou aspecto do Destino. Seja pela natureza de interagir diretamente com os fios dourados através do Réquiem de Aroa ou da presença de Sylvie e Regis, descobri que podia fazer mudanças e explorar eventos alternativos sem me esquecer.

Mesmo enquanto pensava nisso, Regis se afastou de mim para ficar ao lado de Nico. Com um olhar travesso, Regis se ergueu e fechou as mandíbulas ao redor da garganta de Nico. O fio escapou do meu aperto e o mundo voltou a se mover. Houve um jato de sangue, e Nico cambaleou para trás, caindo duro no chão com um grito abafado e gorgolejante.

Antes que a cena pudesse avançar mais, agarrei novamente o fio com o Réquiem de Aroa e puxei levemente, revertendo o tempo para antes do ataque de Regis.

— Sente-se melhor agora? — perguntei a Regis, minha voz densa de exasperação.

— Na verdade não —, ele admitiu, seus ombros lupinos subindo e descendo enquanto suspirava profundamente.

— Concentre-se — repreendeu Sylvie de forma gentil antes de se voltar para mim. — Vá em frente, Arthur. Estou pronta.

Concentrei-me mais uma vez na runa divina do Réquiem de Aroa, mal notando a coceira constante no meu núcleo físico. Lentamente, querendo experimentar tudo como aconteceu, avancei ao longo do fio dourado, revivendo a criação da dimensão de bolso que me permitiu remover com segurança Tessia e os outros do campo de batalha por meio de um portal criado a partir do medalhão de Rinia.

Sylvie lançou seu próprio feitiço, se é que essa era a palavra certa para o que ela tinha feito ao transferir sua própria energia vital para mim, e nos entreolhamos novamente enquanto, mais uma vez, ela desaparecia.

Agarrei o fio com firmeza, congelando-nos de novo.

Sylvie ainda estava lá, dividida em duas partes: um aspecto fantasmagórico formado dentro da poeira de lavanda e ouro, e uma brilhante centelha prateada de sua própria força vital que se movia em minha direção com todo o resto de sua energia, se ligando a mim. Sylv?

A centelha prateada cintilou enquanto a imagem fantasmagórica permaneceu congelada. Cerrei os punhos e movi os braços com entusiasmo. Funcionou!

 — Funcionou, embora… estou tendo dificuldade em me forçar a permanecer consciente nesta forma…

— Claro — pensei de volta, sentindo-me estúpido. — Una-se a mim Regis, guie-a.

Regis, que já havia retornado ao seu estado incorpóreo, saiu de mim e flutuou em direção à centelha prateada. Zumbindo um ao redor do outro como vaga-lumes, a nuvem escura e a centelha prateada tremularam desajeitadamente, aproximando-se cada vez mais até que desapareceram em meu peito.

Oh! — Sylvie pensou, sua mente relaxando e permitindo-me liberar uma tensão que não havia percebido que estava carregando. — Isso é muito melhor.

Vamos lá.

O fio voltou a se mover entre meus dedos, e caí no portal que eu tinha conjurado.

Só que… não me levou ao santuário subterrâneo como pretendido. Tinha funcionado para Nyphia, Madame Astera, e Tessia, mas enquanto caía nele agora, avançando cuidadosamente através do tempo, pude ver o tecido da magia etérica se desfazendo. À medida que o portal desabava, deixava para trás uma espécie de buraco.

Um buraco no reino etérico, percebi.

Do outro lado havia um grande salão circular com colunas brancas e lisas sustentando o teto, iluminado por um brilho quente.

A energia dourada escorria da pedra sólida, pressionando contra as bordas do buraco deixado pelo portal, mantendo-o aberto enquanto eu entrava. O portal tinha desaparecido, e o buraco entre as dimensões se engoliu no momento em que o atravessei. A luz dourada vacilou e desapareceu, e eu fiquei deitado no chão, exatamente como estava quando acordei pela primeira vez nas Relictombs.

Sylvie? Regis?

— Estamos aqui — responderam juntos, dois pontos de calor e consciência dentro do meu núcleo agora quebrado.

Rolei para trás e sorri para o teto branco. 

— Funcionou.

Regis manifestou-se ao meu lado e atravessou a câmara. Farejou ao redor por um minuto. 

— O ovo não está aqui.

— Então não devemos precisar — pensei, nervoso e esperançoso ao mesmo tempo. — Sylv? Você consegue sair?

— Vou tentar.

A centelha prateada saiu do meu peito. Estava hesitante, flutuando no ar logo além do abrigo da minha carne e ossos. A forma lupina de Regis se tornou transparente e imaterial, depois mudou para uma nuvem escura, que voou para o lado de Sylvie. Os dois giraram um ao redor do outro momentaneamente, então…

Regis engoliu a centelha prateada. Ou pelo menos, foi assim que pareceu. Por alguns segundos, Sylvie só era visível como uma pequena quantidade de luz prateada vazando através do corpo incorpóreo da nuvem escura. Seus pensamentos combinados estavam distorcidos e difíceis de entender, mas esperei, confiando neles tanto quanto em mim mesmo.

Regis começou a brilhar com uma luz dourada fraca. Partículas de ouro e lavanda começaram a emanar da nuvem e a tomar forma diante de mim. Sylvie foi desenhada em ouro brilhante fora do ar fino, suas características tornando-se claras enquanto o halo ao redor dela desaparecia. Regis reapareceu ao seu lado, escuro contra sua luz.

Com Realmheart ainda ativo, observei cuidadosamente os fios do Destino. Curiosamente, a linha de tempo não foi drasticamente alterada pela aparição da Sylvie encarnada.

— Eu sempre estive aqui, de certa forma —, ela disse, imaginando o ovo multicolor em sua mente. — Esta parte de mim nunca te deixou. — Ela virou as mãos e olhou para elas com curiosidade. — É estranho, no entanto. Não me sinto muito… real. — Então, sem aviso, ela se dissolveu de volta à luz, aparecendo apenas como a centelha. — Olha! Eu posso…

A centelha avançou, movendo-se sem esforço através da minha carne para flutuar ao redor dos restos arruinados do meu núcleo.

— Mas por que eu poderia fazer isso?

— Pode ser apenas uma falha na matriz — disse Regis, sentando-se de volta nas patas traseiras, a língua para fora. — Mas minha opinião incrivelmente educada é que o Destino está apenas fodendo conosco.

Sylvie apareceu novamente diante de mim.

— Olha a boca, Regis! — Sylvie gritou suavemente, reprimindo um sorriso.

— As leis da realidade parecem estar quebrando quanto mais poderosos ficamos — disse enquanto estendia a mão e apertava a mão do meu vínculo. — Isso levanta a questão: o que acontece quando sairmos daqui? Faz sentido que ainda saibamos de qualquer coisa nova que aprendermos ou qualquer insight que ganharmos através da pedra-chave, mas e se eu… sei lá… desbloquear uma nova runa divina? Apenas como um exemplo.

— Uma pergunta interessante, mas a maior ainda permanece — respondeu Sylvie. — Como isso nos aproxima de um insight sobre o Destino e de escapar da pedra-chave?

Não pude conter completamente a franzida que se formou em meu rosto.

— As Relictombs são onde todo o conhecimento dos djin é mantido. Tudo o que eles sabiam sobre o Destino está aqui, em algum lugar. Olhando para trás, meu caminho por elas estava cheio de oportunidades perdidas. Primeiro, quero ver o que acontece quando reconstruo meu núcleo de éter dentro da pedra-chave. Depois disso… faremos o que todos os ascendentes fazem.

 

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Navegar pelas Relictombs dentro da pedra-chave era diferente do que tinha sido na realidade. Minha habilidade de nos mover para frente e para trás na linha do tempo me permitiu explorar de uma maneira que eu não poderia antes. Curioso, avancei até Caera e eu reivindicarmos a Bússola do relicário da Academia Central, então guardei a Bússola em minha runa de armazenamento extradimensional e reverti o tempo novamente, até a primeira zona que tinha entrado.

Mais uma vez, de pé dentro da câmara simples, olhei para o espaço extradimensional. A Bússola estava lá, me esperando, apesar de eu tê-la tecnicamente adquirido no futuro. Sentindo uma empolgação crescente, retirei a Bússola e a virei em minha mão. A esfera polida ainda era um relicário inerte, então canalizei o Réquiem de Aroa a fim de repará-la novamente.

— Agora podemos ir a qualquer lugar — disse Regis, circulando em volta de mim com evidente ansiedade, suas garras batendo contra o chão de pedra. O som parou, e ele olhou para cima na minha direção com uma carranca em seu rosto lupino. — Qualquer lugar, exceto o milípede. Nunca mais…

Eu sorri com bom humor. Havia uma sensação de esperança compartilhada entre nós três.

— Na verdade, eu estava pensando. Agora temos tudo o que precisamos para navegar pelas Relictombs juntos, mas antes de fazermos isso, há mais uma coisa que quero saber.

As sobrancelhas de Sylvie se ergueram quando ela percebeu minha intenção.

— Eu… gostaria disso. Você acha…

— Sim, não vejo porque não. É a pedra-chave, afinal de contas. E se algo der errado, agora podemos facilmente tentar novo. — Toquei meu esterno. — Mas é melhor você entrar em mim. Estamos indo muito para trás.

Os olhos dourados de Sylvie brilharam apenas por um momento antes dela se transformar de volta em espírito, e junto com Regis, tomarem refúgio dentro do meu núcleo. Respirando fundo, ativei Realmheart e Réquiem de Aroa, peguei o fio dourado nas minhas pontas dos dedos e puxei com força.

Minha vida voou para trás, desenrolando todas as minhas muitas realizações e falhas em questão de momentos. A guerra, Epheotus, a Academia Xyrus, a Clareira das Bestas com Jasmine… e então, estava mais uma vez de pé diante da caverna de Sylvia, apenas um garoto recém separado de sua família. Mesmo assim, minha pele jovem estava marcada pelos feitiços e runas divinas. Mais estranho ainda, o núcleo em meu peito fervilhava tanto com éter quanto com mana.

— Veremos o que a vovó tem a dizer sobre isso… — murmurei, começando a descer para a caverna onde Sylvia aguardava.

Todas as outras vezes em que tinha vivido este momento se desenrolavam em minha mente, as memórias se sobrepondo e se fundindo. Uma realização me atingiu. Depois de tempo suficiente aqui, uma vida se tornaria indistinguível de outra.

A pedra-chave te engoliria inteiro — acrescentou Sylvie, e um arrepio percorreu minha espinha.

O fim está à vista. Tem que estar.

Aterrissei no fundo da longa queda, sustentando meu corpo com mana e éter e pousando de forma confortável.

— Então criança, finalmente… — A voz retumbante de Sylvia se calou. Ela olhou para baixo na minha direção, seu corpo imenso, sentado rigidamente no trono de pedra pontiaguda. Seus olhos vermelhos – tão petrificantes para mim quando criança – estavam cheios de admiração, confusão e… medo enquanto penetravam em mim. Os enormes chifres crescendo de sua face demoníaca se voltaram ligeiramente enquanto sua cabeça fazia o mesmo. — Mas eu não entendo…

— Eu ficaria surpreso se entendesse — respondi casualmente. Enfiando as mãos nos bolsos da minha calça infantil, pulei para cima e para baixo nos dedos dos pés enquanto a encarava com um sorriso. — Há muito que precisamos falar, vovó Sylvia.

Uma hora depois, Sylvia e eu estávamos juntos no chão em frente a uma pequena fogueira. Em vez de suas formas demoníacas ou de dragão, Sylvia estava como eu a tinha visto em seu retrato. Uma mulher bonita, refinada e nobre, em sua meia idade nos padrões humanos. Seu cabelo loiro claro não estava trançado em volta de sua cabeça como uma coroa, como estava no retrato, mas pendia em uma única trança grossa sobre o ombro.

Seus olhos de lavanda iridescentes encontraram os meus, ainda azuis que herdei do meu pai.

— Essa é… uma história e tanto, Arthur. Quantas vezes você retrocedeu o tempo para nos trazer a este ponto?

— Nenhuma — disse em voz baixa. — Assumindo que você acredite em mim.  Caso contrário… — Realmheart ativou, erguendo os cabelos da minha cabeça e conjurando runas brilhantes sob meus olhos.

Ela levantou a mão para me deter.

— Eu acredito. Como eu não poderia? Mas então, você está cheio da confiança de alguém que sabe que não pode falhar.

Fiz uma careta e liberei a runa divina.

— Não posso falhar aqui, com você, talvez. Mas no quadro maior – o Destino – ainda está bem longe de estar decidido.

— E… — Ela hesitou, seus dedos inconscientemente brincando com sua trança. — E minha filha?

Eu sorri suavemente.

— Prepare-se, vovó Sylvia. — Saia, Sylv.

O espírito prateado flutuou para fora de mim, à deriva como uma folha ao vento ao meu redor. Sylvia observou com intensa apreensão. Depois de vários longos segundos, a pequena luz se espalhou, moldando-se em Sylvie da mesma maneira que sua forma humana mudava para a de dragão. Ela apareceu com o cabelo trançado e enrolado em volta da cabeça, não muito diferente do retrato de Sylvia, e usando um vestido de batalha de escamas pretas.

A mandíbula de Sylvie se moveu silenciosamente. Vovó Sylvia se levantou, favorecendo seu lado ferido. As duas se olharam sem palavras, uma sutil tensão se construindo entre elas.

Então, ao mesmo tempo, ambas deram um passo à frente e envolveram os braços uma ao redor da outra. Toda a tensão se dissipou como se fosse levada por uma maré recuante. Sylvie soltou uma risada surpresa, infantil e adorável, e sua mãe fez o mesmo. Vovó Sylvia olhou para baixo, na minha direção, sobre os ombros de Sylvie, e seus olhos brilharam com lágrimas.

Finalmente, Vovó Sylvia recuou, embora mantivesse as mãos nos braços de Sylvie.

— Você é mais bonita do que eu poderia ter esperado. Minha filha. Eu pensei que… bem… — Ela engoliu visivelmente e deu um pequeno aceno de cabeça, fazendo uma única lágrima escapar de seu olho e deslizar por sua bochecha. — Parece que confiar seu ovo a Arthur foi a decisão mais sábia que eu poderia ter tomado.

As duas começaram a conversar, Vovó Sylvia fazendo perguntas e Sylvie respondendo da melhor maneira possível. A história da vida de Sylvie até agora não era inteiramente feliz, e Vovó Sylvia alternava entre ficar vermelha e empalidecer enquanto Sylvie respondia às suas perguntas da melhor maneira que podia. Era estranho vê-la assim: encolhida em torno da pequena fogueira, sentada no chão com Sylvie, ambas em suas formas humanoides.

Estou feliz por tê-la visto assim, mesmo que seja apenas uma simulação, pensei comigo mesmo, minha garganta se apertando com emoção contida. 

Regis se moveu, apoiando o queixo na minha perna.

Arma de apoio emocional de destruição em massa, se apresentando para o dever, senhor — brincou.

Senti um pequeno sorriso alisar minha testa franzida e o esfreguei entre as orelhas.

À vontade.

A conversa entre Sylvie e sua mãe continuou por apenas dez minutos antes de Vovó Sylvia hesitar ao abordar o assunto sobre Agrona.

— Sim. Eu sei que Agrona é meu pai — respondeu Sylvie, levantando o queixo e parecendo subitamente desafiadora. — Tentei não deixar esse fato colorir muito negativamente minha visão de você.

Vovó Sylvia deu um sorriso suave e compreensivo à filha, mas seus olhos estavam fixos no chão.

— Isso é talvez mais do que mereço, então. Obrigada.

Limpei a garganta e esfreguei a parte de trás do meu pescoço, hesitante em interromper o momento, mas me lembrei de que, por mais real que isso possa parecer para Sylvie, esta versão da Vovó Sylvia não existia.  Nós viemos por uma razão, e eu precisava dessas respostas.

 — Quando fugiu dele, como soube das ruínas dos djinn? Onde você conseguiu aquele mapa?

Vovó Sylvia mordeu o lábio, uma expressão inesperada para ver em seus traços reais, e lançou um olhar para Sylvie antes de voltar sua atenção para mim.

— Como você já sabe tanto, não vejo mal em explicar mais, embora eu… nunca tenha esperado contar isso para ninguém. — Ela fez uma pausa para reunir seus pensamentos. — Havia um dispositivo na fortaleza de Agrona, uma relíquia dos djinn. Só que tinha uma mente djinn abrigada dentro dela.

— Como nas ruínas — disse, surpreso. — Mas como?

As sobrancelhas de Sylvia se franziram ligeiramente, e seus olhos se focaram em algum lugar além do fogo, olhando para um passado que apenas ela poderia ver.

— Ele a encontrou nos primeiros dias, quando seu povo tinha recém começado a explorar as Relictombs para ele. Era trabalho dela ajudar a navegar pelo lugar, além de armazenar e catalogar o conhecimento dos djinn relacionado às suas criações. Contudo, Agrona já havia conseguido removê-la das Relictombs e instalar ela profundamente sob sua fortaleza no momento em que foi banido e eu, tão tola, tentei avisá-lo dos planos do meu pai.

— Ela? — Sylvie perguntou.

— A espírito djinn… Ji-ae — respondeu Vovó Sylvia, olhando para longe. — Foi dela que descobri a verdade.

Sylvie inclinou-se para a frente e abraçou os joelhos.

— Que verdade?

— Quando voltei para Agrona, encontrei-o uma casca do asura por quem tinha me apaixonado. Talvez fosse seu verdadeiro eu, e eu só conhecia uma sombra, ou talvez seu banimento e a traição dos outros asuras, incluindo eu como ele pensava, quebraram algo dentro dele. Ele me aprisionou quando descobriu que estava grávida, desejando fazer experimentos em sua própria filha a fim de aprender mais sobre como os dragões manipulavam o éter e como ele poderia usá-lo contra eles. Era sua própria filha e ele a via apenas como mais um experimento.

Os dentes dela se apertaram e um fogo brilhante ardeu em seus olhos.

— Ji-ae me mostrou o que estava reservado para você… para nós duas. No entanto ela disse… — Sylvia hesitou, dando um suspiro trêmulo. — Ela disse que o Destino tinha algo diferente reservado para você. Ela me mostrou um menino, me contou sobre a reencarnação de um rei de outro mundo, Grey, e como ele te protegeria, se eu pudesse encontrá-lo.

— E foi assim que você conseguiu o mapa das ruínas dos djinn. — Sacudi a cabeça incrédulo. — Mais uma vez, parece que o Destino está brincando comigo. Alinhando tudo perfeitamente.

Caímos em silêncio e observei o pequeno fogo crepitar com alegria, suas chamas alaranjadas brilhantes ignorantes da pressão sobre meus ombros.

Embora tivesse aprendido o que vim buscar, não me deixou satisfeito. Na verdade, a revelação de que Agrona tinha uma dos djinn remanescentes à sua disposição, e que, ao que tudo indicava, estava disposta a ajudá-lo e tinha um entendimento mais profundo do conhecimento do povo djinn do que qualquer outro dos remanescentes que descobri, não me trouxe paz de espírito.

Chegou a hora.

— Devemos ir —, mandei para Sylvie.

— Só mais um pouco —, ela pensou de volta, seus olhos dourados se voltando para mim suplicantes. — Posso nunca ter a chance de falar com ela de novo.

Você não está falando com ela agora — respondi de forma gentil e consoladora. — Esta não é Sylvia, apenas uma sombra dela criada pela pedra-chave.

— Eu… você está certo, claro. — Sylvie ficou rígida, não me olhando mais. — Estou perdendo o controle das minhas emoções.

Levantando-me, fiz uma reverência respeitosa.

— Vovó. Obrigado. Eu… sei que esta conversa provavelmente não fez muito sentido do seu ponto de vista, mas você foi de grande ajuda. Infelizmente, devemos ir…

— Espere —, ela disse, segurando o lado enquanto se levantava. — Antes de você ir, estive pensando. Você disse que eu lhe dei minha vontade bestial e, através dela, foi capaz de utilizar a técnica Realmheart. Eu sei por que isso o destruiu, e acho que posso lhe fornecer a compreensão necessária para controlá-la melhor.

— Isso não é necessário — respondi com um pequeno aceno de cabeça. — Quando isto acabar, não serei mais capaz de usar mana, e embora recupere o Realmheart eventualmente, será de uma forma diferente.

— Ainda assim — disse Sylvia, com um tom suplicante audível em sua voz, lembrando-me do fato de que, quando fiquei com ela em minha vida real, ela me manteve por meses a mais do que o necessário. Ela está solitária, eu sabia. Ela continuou, dizendo: — Talvez esse insight seja aplicável à sua versão do Realmheart, então. Gostaria de saber que… este conhecimento continuará vivo quando eu não estiver mais.

Meu impulso crescente de partir se dissipou, e soltei um suspiro profundo, sentindo-me murchar. Forçando um sorriso grato para esconder as emoções complicadas que esse encontro havia despertado dentro de mim, eu disse:

— Claro, vovó Sylvia. Por favor, mostre-nos.

 

 

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— Bem, o primeiro djinn remanescente não foi mais útil desta vez — observou Regis de mau humor quando ativei a Bússola para nos levar para longe da primeira ruína.

— Ele foi útil o suficiente, mas não tinha mais nada para nos dar — respondeu Sylvie, seu olhar varrendo o laboratório bagunçado pela última vez.

— Pelo menos eu pude dar mais uma olhada naquela técnica etérica dele. — Eu disse. Tentei fazer com que o velho djinn remanescente me ensinasse, mas ele estava obcecado com o teste.

O portal girou enquanto seu destino mudava sob influência da Bússola e meus companheiros se abrigavam dentro do meu núcleo. Eu passei por ele.

A entrada despedaçada da segunda ruína estava atrás. Atravessei com pressa até chegar ao portão de cristal negro, preso em seu ciclo de quebra e reforma. “Entre-por-favor-seja-bem-vindo-descendente”. As palavras que se formaram na minha cabeça. Como antes, ativei God Step e pulei para o outro lado, ficando em pé diante do pedestal do segundo djinn remanescente.

À medida que Sylvia me ensinava mais sobre o Realmheart, cheguei a uma realização que anteriormente apenas pairava nos limites do pensamento consciente.

Na verdade, eu não sabia o que deveria estar fazendo. Não podia escapar sem descobrir insights sobre o Destino, mas não sabia exatamente como buscar esses insights. Ao contrário das pedra-chaves anteriores, esta estava completamente aberta. Nenhum quebra-cabeças foi colocado na minha frente, nenhuma meta fornecida. Eu havia aprendido a navegar e manipular o mundo criado pela pedra-chave, e isso havia trazido alguns pequenos insights na forma dos fios dourados, mas desde então não havia chegado mais perto de desbloquear seja lá que poder esta pedra-chave continha.

Entretanto, isso não significa que eu não pudesse fazer nada.

A segunda projeção djinn saiu de trás da coluna. Baixa e magra, com a pele rosa-lavanda e cabelos ametista curtos, vestia shorts brancos e uma faixa no peito que exibia os padrões entrelaçados de runas de feitiços que cobriam seu corpo. 

Ela me deu um sorriso fraco e triste.

— Então alguém recuperou minha criação, afinal. Na verdade, esperava que seu santuário ficasse intacto até o fim dos tempos… espere aí. Você já ouviu essas palavras antes. E… já me viu antes. — O sorriso se transformou em uma desconfiada careta — Quem é você?

— Você já sabe. E acho que também sabe pelo que vim. Não há necessidade de se preocupar com o teste que lhe foi atribuído. Em vez disso, quero aprender o que só você pode me ensinar.

Suas sobrancelhas se ergueram lentamente.

— Posso ver em sua mente. Você tem a força para resistir, para golpear e derramar o sangue de nossos inimigos. Você é exatamente quem eu estava esperando, e vou treiná-lo a empunhar o éter não apenas como uma ferramenta de criação, mas como uma verdadeira arma de destruição.

Uma lâmina de éter longa, fina e curva apareceu em sua mão esquerda, então uma segunda em sua mão direita. Ela as cruzou na frente dela, faíscas voando pelo ar onde se tocavam.

— Eu vou treinar você.

Eu invoquei minha própria espada de éter, segurando-a com as duas mãos. Então uma segunda se manifestou à minha direita na altura do ombro, e uma terceira à minha esquerda ao lado do meu quadril.

A djinn me olhou com surpresa e deleite. Ela deu um passo para trás, e várias espadas adicionais apareceram ao seu redor.

— Sim, você é quem eu estive esperando.

É difícil dizer quanto tempo treinamos. O tempo se tornou um borrão etérico e o espaço encolheu para aquela única pequena câmara. Suas palavras voltaram para mim enquanto lutávamos: Somente depois de entender o éter como ele mesmo é, que você pode começar a entender o Destino. Eu recitava isso como um mantra, me esforçando para entender cada aspecto de minhas habilidades enquanto lutava com ela. Quando ela começou a desacelerar, não mais capaz de empurrar-se para a total profundidade de suas habilidades devido à mecânica de falha de sua casa, puxei o fio de volta ao começo e fiz tudo de novo.

Meus companheiros não foram deixados para só assistir. Embora não lutassem ao meu lado, a projeção djinn manteve uma aula constante sobre as artes aevum e vivum. Acontece que ela sabia muito sobre a natureza da Destruição, e eu pude sentir a compreensão de Regis se aprofundando enquanto ele absorvia seus ensinamentos.

Na terceira repetição, no entanto, eu sabia que havia um limite para o que esta única remanescente djinn poderia nos ensinar. Eu precisava me esforçar mais, muito mais, todos nós precisávamos. E assim, seguimos em frente.

Nós três passamos de zona em zona, encontrando e conquistando desafio após desafio. Em vez de simplesmente passar por cada zona, ou capítulo, como os djinns os chamavam, examinamos os fundamentos dos espaços e os testes que nos proporcionavam. Afinal, esse era o propósito das Relictombs: abrigar o conhecimento etérico dos djinn, com cada capítulo fornecendo um exemplo real e físico dessas artes etéricas.

Foi uma tarefa difícil. O que me lembrou dos computadores do meu mundo antigo, com programas codificados em uma linguagem especial inventada apenas para a tarefa. Estudar as Relictombs era como tentar aprender essa linguagem estudando o resultado de um programa. Eu carecia do conhecimento subjacente necessário para sequer começar a ver o quadro completo.

Todavia, através do uso, prática e dificuldades, Sylvie, Regis e eu aprimoramos nossas próprias habilidades em dezenas de capítulos e provações, contra milhares de inimigos. Apenas uma habilidade não aumentou na potência. Na verdade, eu ainda não conseguia usá-la de forma alguma.

Enquanto estávamos na cúpula congelada no coração da zona nevada onde havia conhecido Three Steps e as outras tribos com Caera ao meu lado, eu considerei o Gambito do Rei. A runa divina foi fornecida por uma pedra-chave; faria sentido que fosse uma parte essencial da navegação desta pedra-chave, assim como Realmheart e Réquiem de Aroa. E ainda assim, não parecia fazer nada. Nada além de encher meus pensamentos com neblina e me dar dor de cabeça, de qualquer forma.

Foi por essa razão que voltei para esta zona. As tribos desta zona tinham um sentido instintivo de uso do éter que nem os dragões podiam reivindicar. As Garras das Sombras, em particular, se comunicavam de uma maneira que exigia manipulação mental do éter, então pensei que talvez pudessem oferecer alguma visão útil.

O que encontrei foi um deserto vazio. As tribos haviam desaparecido. Havia evidências de batalha espalhadas pela zona, os esqueletos de Garras das Sombras, Bicos de Lança, Quatro Punhos e Ursos Fantasmas espalhados pela neve como folhas caídas das árvores. Feridas congeladas como garras e mordidas marcavam seus corpos, e embora tivéssemos procurado, não encontramos nenhum vivo.

— Talvez, como você e Caera nunca vieram, as “coisas selvagens” cresceram fora de controle — ponderou Sylvie enquanto eu reparava o portal de saída.

— Onde estão eles agora? — Regis perguntou de onde estava mexendo em um monte de ossos aos pés da plataforma central.

— Não importa.

As partículas etéricas do Réquiem de Aroa correram pelos meus braços e ao longo da estrutura do portal.  Eu não tinha as peças da estrutura do portal, mas desta vez não precisava delas. Enquanto a runa divina reconstruía o portal, eu me lembrei de que isso não era real.

— Poderíamos voltar ao tempo em que você acabara de entrar nas Relictombs e então permitir que o tempo avançasse normalmente até você chegar a este lugar novamente? — Sylvie sugeriu, com o rosto banhado em um brilho levemente roxo do portal que apareceu dentro da estrutura reparada.

— Isso pode funcionar. Eu… — Fiquei em silêncio enquanto olhava através do portal.

Era translúcido, mostrando uma versão ligeiramente borrada do que estava atrás dele. Apenas… o portal não mostrava um lugar diferente, apenas o outro lado da moldura. Naquele lado, porém, o desgaste da plataforma era diferente, a pedra era mais suave. A luz era de um tom mais quente, e havia…

— É o mesmo lugar, mas em um tempo diferente — suspirei. — Regis!

Ele saltou do chão abaixo até o topo da plataforma, depois desapareceu em mim. Sylvie fez o mesmo depois dele e passei pelo portal.

Não parecia uma viagem como costumava ser através dos portais das Relictombs. Era mais como passar por uma porta de um lado frio para o interior quente de uma casa. O cheiro da primavera invadiram o meu nariz, assim como o odor mofado de algum tipo de animal. O ar estava cheio de vozes, algumas profundas e sonoras, outras mais cortantes e bicudas.

Olhei em volta maravilhado.

A pedra branca da cúpula central da zona brilhava com uma luz clara de branco e dourado. Dezenas de Garras das Sombras, Bicos de Lança, Quatro Punhos e Ursos Fantasmas vagavam entre fileiras de mesas e barracas de um lado da cúpula. O outro lado era um espaço aberto onde ainda mais jogavam jogos ou sentavam-se e assistiam, conversando animadamente. As Garras das Sombras bípedes e felinas tocavam patas com enormes Ursos Fantasmas brancos, envolvidos em conversas mentais, enquanto Quatro Punhos e Bicos de Lanças trocavam sacos de nozes por frascos de líquido esverdeado.

— É incrível, não é?

Girei em torno de mim, percebendo que um homem estava apoiado do outro lado da moldura do portal, observando as pessoas se movimentarem abaixo. Ele tinha pele azul-claro com um toque de roxo ao redor dos olhos e da boca, cabelos roxos que eram escuros o suficiente para serem quase pretos, e cada centímetro de sua pele exposta estava coberto de runas.

— Você é um djinn — disse estupidamente.

Seus olhos rosa suave se voltaram para mim por apenas um instante antes de voltarem para as tribos se misturando.

— Todos diziam que eu era louco, tentando criar vida consciente. E aqueles foram os bonzinhos. Os mais honestos me comparavam aos dragões. — Ele riu levemente, um som suave e musical. — Imagina? Tudo aquilo, tudo o que estava acontecendo, e ainda assim um djinn teria a audácia de chamar outro djinn de Indrath em voz baixa enquanto passava por mim nos corredores?

Eu encarei o homem djinn com um olhar vazio, totalmente perplexo.

— De qualquer forma, estou feliz que você tenha vindo, Arthur/Grey. — O djinn se afastou da moldura do portal e estendeu os braços. — Há muito o que discutir, meu velho amigo. Sobre o futuro.

Esfreguei a parte de trás do meu pescoço e o olhei com incerteza.

— Sinto muito, mas como você me conhece?

Ele inclinou levemente a cabeça para o lado.

— Somos velhos amigos, Arthur/Grey. Contei tudo sobre meu trabalho a você, e agora preciso discutir o que acontece a seguir. No futuro. No futuro distante, na verdade. Eu não posso fazer isso sem você, velho amigo.

Isso está ficando estranho — pensou Regis, sua atenção girando enquanto tentava observar todos dentro da cúpula de uma vez. — Parece um daqueles momentos de tensão antes de um susto. Não gosto disso. 

Não posso deixar de concordar. Algo definitivamente não é o que parece — acrescentou Sylvie.

— Sinto muito, não o conheço — disse firmemente, dando um passo atrás. — Qual é o seu nome?

— Arthur/Grey, eu sou Haneul, seu velho amigo. — O djinn me observou não com confusão ou suspeita, mas com um sorriso suave e olhos profundos e confiantes. — Você sabe tudo sobre minha criação deste capítulo e as muitas provações que superei.

Olhei ao redor, sentindo-me cada vez mais como se estivesse do lado de fora de alguma piada que não entendia.

— Ah, mas agora vejo o meu erro — disse Haneul, franzindo a testa para baixo. — Escolhi mal. Essas memórias estavam armazenadas em algum tipo de dispositivo. Como o dispositivo está dentro do seu espaço extradimensional, não reconheci imediatamente que elas eram separadas de você. — Haneul suspirou. — Acho que você poderia dizer que é irônico, de forma humorística, que eu tenha esperado tanto tempo para me apresentar a você, e ainda assim tenha de alguma forma cometido um erro.

— Que dispositivo? Do que você está…

O cristal de memória djinn. Claro como o dia, me lembrei de pegar o cristal e da maneira como muitas versões da mesma voz foram reproduzidas em minha mente. Era a voz de Hanuel. Nunca ouvi as mensagens contidas naquele cristal. Deve ter sido como um diário. Seu registro do trabalho que está sendo feito… aqui, neste capítulo das Relictombs.

— Se este “Hanuel” pode ver até mesmo o espaço de armazenamento extradimensional ligado por aquela runa… — Os pensamentos de Regis se perderam significativamente. De repente, eu entendi.

Como se estivesse respondendo ao meu entendimento, a realidade começou a se desenrolar.

Começou com a moldura do portal, cuja pedra se transformou em algo como algodão-doce, que se desfez e flutuou para longe. Então a cúpula inflou sobre nós, dispersando-se como nuvens leves para revelar o céu azul acima. Contudo, rachaduras se formaram pelo céu para revelar o vazio negro-roxo além.

Quando olhei para baixo, todas as pessoas tribais haviam desaparecido, assim como a plataforma em que eu estava em pé.

Apenas o djinn e o portal permaneceram, flutuando no vazio do reino etérico.

— Destino. — A palavra saiu sem que eu quisesse, mas assim que a disse, tive certeza de que era verdade. Ativei Realmheart.

Sylvie manifestou-se de um lado, Regis do outro. Nossas três mentes conectadas estavam igualmente maravilhadas com o que estávamos vendo.

O djinn não existia mais. Em vez disso, um emaranhado de fios dourados estava amarrado em uma forma vagamente humana. Dezenas, talvez centenas ou até milhares, de fios se estendiam em todas as direções, desaparecendo na expansão infinita do reino etérico.

— Arthur/Grey. Estive aguardando sua ascensão.

 


 

Tradução: NERO_SL

Revisão: Crytteck

 

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