Dark?

O Começo Depois do Fim – Cap. 441 – Chifres de Exegese

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POV ARTHUR LEYWIN

A noite estava escura, as estrelas escondidas atrás de nuvens finas soprando das Montanhas Presa de Basilisco à distância.

Atravessamos apressadamente a cidade de Nirmala em silêncio. Quatro guardas estavam posicionados no portal de descida quando chegamos; suas mortes foram rápidas, mas a luta interrompeu uma conversa que estava tendo com Sylvie. Agora, enquanto nos esgueirávamos pela lateral de uma torre alta que dava para o palácio do Soberano Exegese, com meus nervos ficando mais tensos a cada segundo, concentrei-me no que ela estava dizendo para evitar que minha mente entrasse em uma espiral de cenários inúteis sobre a batalha por vir.

— De quem você acha que era a voz, lá, quando estava no lugar etéreo intermediário?

Ainda vestida com a armadura de relíquia, Sylvie estava subindo cerca de um metro abaixo de mim à minha direita. Teria sido mais fácil para ela e Chul voarem, mas precisavam suprimir suas assinaturas de mana o máximo possível.

— Ainda não tenho certeza.

Disse calmamente.

— Você viu minhas memórias. Seu aspecto físico mudou…

— Mas você acha que poderia ter sido… Sua mãe?

Sylvie estava quieta, seus pensamentos turvos.

Chegamos ao topo, passando pela mureta que cercava o telhado plano da torre de arenito.

— Não sei.

Ela se ajoelhou na extremidade oposta do telhado, olhando para o palácio do Soberano com rugas profundas gravadas em seu rosto.

— O formato era obviamente uma construção da minha própria mente, então pode não ter nada a ver com a voz.

Sua história de afogamento e salvamento por uma entidade amorfa lutou por espaço em meus pensamentos durante toda a jornada desde o segundo nível das Relictombs. Esperava ganhar algum insight com a história dela, mas isso só resultou em mais confusão. O fato de sua aptidão etérea ter mudado de vivum para aevum foi estranho, mas de certa forma fazia sentido. Sua permissão para entrar nas Relictombs, no entanto, fazia menos sentido para qualquer um de nós. Porém estava sendo difícil se concentrar nisso com a perspectiva de lutar contra um basilisco de sangue puro surgindo no horizonte.

Decidi trazer apenas Sylvie e Chul comigo, deixando Caera e Ellie para trás para se recuperarem de seus ferimentos e para mantê-las fora de perigo. Regis, é claro, continuava a manter os escudos protetores funcionando no segundo nível das Relictombs, já estava questionando minha escolha de fazer isso sem a runa divina da Destruição. Embora não a quisesse perto do corpo de Tessia, não podia fingir que enfrentar Exegese não seria uma perspectiva menos preocupante se eu tivesse o poder da Destruição na manga.

Na verdade, Sylvie teve muito pouco tempo para praticar suas novas habilidades e Chul não foi amplamente testado. O meio fênix ficou mais quieto e focado conforme nos aproximávamos de Nirmala e de nosso alvo. Sylvie e eu mantivemos nosso fluxo constante de conversa em voz alta para não o excluir, mas ele nos ignorou em grande parte, seus pensamentos voltados para dentro e para a frente.

Sabia como ele devia estar se sentindo; este seria seu primeiro teste verdadeiro fora da segurança do Lar. Ele treinou contra Asuras de sangue puro toda a sua vida, mas nunca lutou contra um até a morte antes. Ao todo, isso me deixou menos confiante no resultado do que gostaria.

E então, se formos bem-sucedidos, teremos que enfrentar Cecilia também, o Legado e todo o seu poder desconhecido.

Afastando esses pensamentos, observei a cena diante de nós.

Mesmo no escuro, o palácio era uma estrutura impressionante, cheio de curvas graciosas, cúpulas douradas e arcos de jade. O amplo palácio não era cercado por uma muralha, mas sim por um monte de jardins aquáticos que captavam a luz ocasional das estrelas e do luar que atravessava as nuvens e a refletia como uma pedra preciosa multifacetada. A cidade de Nirmala se espalhava ao redor do palácio, com as Montanhas Presa de Basilisco esculpindo silhuetas roxas à distância.

— Arthur…

Concentrei-me no palácio, trazendo-me de volta ao momento. Percebi imediatamente o que Sylvie havia sentido.

— Não há assinaturas de mana. Nenhuma mesmo.

As grandes mãos de Chul agarraram o topo da mureta que contornava o telhado. Quando falou, havia um tom de fio de navalha em sua voz.

— Talvez este basilisco não esteja presente. Ou ele esconde sua assinatura. Basiliscos são todos paranoicos, ou pelo menos foi o que me disseram.

Embora não pudesse descartar totalmente os pensamentos de Chul, não fazia sentido para mim que Exegese, Soberano deste domínio, mantivesse sua assinatura de mana suprimida dentro de seu próprio palácio. Minha habilidade de detectar mana passivamente foi recuperada recentemente, então não tinha certeza se um basilisco poderoso seria forte o suficiente para se proteger completamente do Realmheart ou não. Pensamentos e medos começaram a invadir minha mente enquanto tentava considerar todas as possibilidades.

— Talvez seja demais para seus guardas Alacryanos, ou mesmo para o povo da cidade?

Sylvie sugeriu.

— Aldir e Windsom sempre mantiveram toda a força de suas auras retraídas quando estavam nas terras dos menores.

— Mas não sinto guardas, nem subordinados. Ele não manteria apenas soldados sem poder ao seu redor, a menos que…

Um basilisco como Exegese tinha pouco a temer de seu povo. Ele realmente precisa de guardas? Ainda assim, isso não era o que eu esperava, estava no limite.

Chul caiu sobre um joelho, seu olho laranja cintilante brilhando no escuro.

— Você suspeita de uma armadilha?

Seus punhos atravessaram a barreira de arenito, fazendo nós três recuarmos.

— Não deveríamos ter confiado nosso plano a tantos Alacryanos.

Acrescentou em um sussurro teatral.

Observamos em silêncio por mais alguns minutos, a tensão crescendo lentamente entre nós, mas as ruas estavam silenciosas e não havia atividade no palácio ou nos prédios ao redor. Por fim, aceitei que só havia uma maneira de entender melhor o que estávamos enfrentando.

— Vamos.

Saltando do telhado, mergulhei em direção ao solo abaixo. Ao reforçar meu corpo com éter, minhas pernas absorveram o choque da aterrissagem silenciosamente.

Sylvie e Chul flutuaram atrás de mim, sussurrantes e vazando apenas um pouco de mana.

Nós disparamos pela estrada e ao longo da parede de um prédio de um andar, depois para os jardins aquáticos. Saltando de rocha em rocha, evitamos os caminhos naturais através do jardim aquático, todos iluminados com artefatos de iluminação de brilho suave. Poderia dizer onde vários postos de guarda estavam naturalmente integrados nas extensas piscinas, grama alta, margens de sebes e pedras de rio cuidadosamente colocadas. Mas, como tinha visto do telhado, os jardins estavam vazios.

Uma sensação estranha se arrastou pela minha pele, mas mantive meu caminho até ficarmos sob a parede externa do palácio, perto da entrada principal.

Ao espiar a esquina, confirmei que não havia guardas do lado de fora.

Antes de sair para o ar livre, meus olhos varreram os jardins e a cidade além, procurando por qualquer coisa que visse ou sentisse e que pudesse sugerir um observador. A concentração mais densa de mana estava em um complexo retangular de dois andares nas proximidades. Julgando pela simplicidade do prédio e pela densidade de magos dentro dele, só poderia presumir que fosse algum tipo de quartel. A maioria das poucas pessoas que vimos se movendo nas ruas também eram magos, quase todos guardas patrulhando a cidade.

Depois de ter certeza de que não estávamos sendo observados, deslizei pelo canto sombrio e corri para as portas principais bem iluminadas. As altas portas, pintadas de verde-escuro e incrustadas de ouro, prata e jade, abriram-se com um leve empurrão, silenciosas em suas bem conservadas dobradiças.

A entrada adiante estava bem iluminada, revelando um piso de mosaico quebrado por duas fileiras de pilares. Plantas cuidadosamente mantidas pendiam do teto e cresciam ao longo das paredes. Nenhum guarda estava presente.

Podia sentir o mal-estar de Sylvie vazando em nossa conexão.

— Talvez esteja realmente vazio.

Enviei.

— Será que Agrona poderia ter retirado seus Soberanos, temendo que algo assim pudesse acontecer?

Sylvie perguntou enquanto ela e Chul me seguiam até o palácio.

— Talvez Chul estivesse certo e alguma parte do nosso plano vazou.

Fechei a porta atrás de nós, minha mente cheia de ideias concorrentes, cada uma menos provável que a anterior. Havia muitas perguntas, mas a única maneira de obter mais respostas era mergulhar mais fundo.

Atravessamos o salão de entrada para uma série de portas menores que se abriam para um amplo corredor que descia pelo centro do palácio. De acordo com Seris, encontraríamos a sala do trono do Soberano Exegese bem à frente.

Depois de tomar um momento para sentir as assinaturas de mana além da fileira de portas fechadas, abri uma delas. Um peso empurrou do outro lado, forçando-o a abrir mais rápido do que eu esperava. Dei um passo para trás, uma lâmina de éter na mão e apontei para a porta.

Uma figura caiu, sua cabeça blindada batendo no chão de ladrilhos com o barulho de um sino. O som ressoou pelo palácio silencioso pelo que pareceu a duração de uma música.

Chul, com sua enorme arma pronta em uma das mãos, avançou cautelosamente até ficar parado sobre o homem de armadura. Franzindo a testa, ele encontrou meus olhos.

— Morto.

Com a outra mão, ele abriu mais a porta, revelando mais uma dúzia de corpos do outro lado.

Inclinei-me ao lado de Chul e pressionei meus dedos contra o pescoço do guarda. Não só não havia pulso, como a carne estava tão fria quanto o aço que cobria seu corpo. Sua pele era pálida e havia uma magreza assombrada no que pude ver em seu rosto. Uma inspeção rápida não revelou nenhuma marca de batalha no aço ou na carne. Querendo ser minucioso, rolei o corpo de lado, mas também não havia feridas nas costas.

— É o mesmo para o resto.

Sylvie disse suavemente enquanto se movia de cadáver em cadáver.

— E veja como eles estão posicionados. É como se…

— Eles tivessem simplesmente colapsado.

Terminei.

Cada corpo foi deixado como uma marionete com cordas cortadas. Suas armas nem estavam fora de suas bainhas. Mais estranho, porém, era o fato de que eram desprovidos de mana purificada, com apenas vestígios de mana de atributos de água e terra permanecendo ao seu redor.

Chul agarrou a arma com as duas mãos, olhando para cima e para baixo no corredor como se esperasse ser atacado a qualquer momento.

— É… é como se a vela de sua força vital tivesse simplesmente sido apagada.

— Vamos.

Movi-me com cautela, seguindo o espesso tapete vermelho que descia pelo centro do corredor. Havia mais de uma dúzia de portas à esquerda e à direita, proporcionando uma câmara de morte perfeita para uma emboscada. Mantive meus sentidos treinados nelas, esperando pelo barulho de botas no ladrilho ou o gemido de dobradiças girando, mas o único barulho era o que fazíamos.

— Temos que saber se Exegese está aqui ou não, para que possamos dar o fora desse lugar.

— Quanto mais cedo melhor.

Sylvie disse baixinho.

— Alguma coisa está muito errada aqui.

Um enorme conjunto de portas douradas em arco bloqueava o final do corredor. Prendendo a respiração e infundindo éter em meus sentidos, escutei a porta. Tudo estava quieto além dela.

Acenei com a cabeça para Chul, mas, quando chegamos à porta, os artefatos de iluminação no outro extremo do corredor piscaram. Girei, uma lâmina de éter em minha mão.

Não havia ninguém lá e também não senti mana.

— Que os anciãos nos guiem e nos protejam de sombras na noite silenciosa…

Chul murmurou baixinho como uma oração. Quando ficou claro que ainda estávamos sozinhos, pigarreou e voltou-se para a porta, olhando-me interrogativamente.

Juntos, nós empurramos e as enormes portas se abriram.

— Mas que diabos…

Sylvie pensou, seus olhos arregalados rastreando lentamente o espaço.

Tínhamos chegado à sala do trono, um espaço cavernoso capaz de abrigar um completamente transformado, ou basilisco, pensei. Arcos de ferro preto iam do chão ao teto em desenhos arquitetônicos graciosos, contrastando com a cúpula dourada do telhado e os vermelhos e dourados do piso de ladrilhos, carpetes e tapetes. As paredes estavam cobertas de vitrais e tapeçarias tecidas, mas apenas as notei vagamente, já que não conseguia me concentrar em muito mais além das dezenas de corpos espalhados pela sala.

Minha atenção se concentrou em um corpo em particular.

Perto da outra extremidade da câmara, um trono ornamentado de ferro negro assentava-se sobre um pedestal dourado. Um homem estava pendurado sobre o trono.

Dei um passo em direção ao trono, então me encolhi e girei ao ouvir um estalo forte vindo de trás.

A cabeça da arma de Chul estava parcialmente encravada nos ladrilhos quebrados a seus pés. Seu rosto estava vermelho escuro.

— Quem poderia ter nos vencido no caminho para o Soberano?

— E como conseguiram fazer… tudo isso?

Sylvie perguntou, movendo-se cuidadosamente entre os cadáveres.

Como antes, todas essas pessoas pareciam simplesmente ter caído mortas onde quer que estivessem sentadas ou paradas.

Atravessei a sala do trono até o próprio trono, onde repousavam os restos mortais do Soberano Exegese. Sua pele estava pálida e tinha uma aparência tensa e afundada, como se estivesse esticada demais sobre os ossos abaixo. Seus olhos abertos olhavam cegamente, as írises incolores. Parecia que alguém havia drenado todo o sangue e a vida de seu corpo, mas não havia nenhum ferimento em lugar algum, exceto…

De cada lado de sua cabeça, um buraco ligeiramente ensanguentado permanecia onde alguém havia arrancado os chifres de seu crânio.

— Isso deve ter acontecido recentemente.

Sylvie se moveu para ficar ao meu lado. Uma mão cobriu sua boca enquanto olhava para os horríveis restos mortais do Soberano.

— Certamente o palácio estaria repleto de soldados e magos de Agrona se alguém já tivesse descoberto isso.

— O que isso significa para o seu plano?

Chul perguntou, levantando parcialmente um dos muitos cadáveres para examiná-lo, então deixando a forma flácida cair sem cerimônia de volta ao chão.

Isso significa que talvez ainda haja tempo antes de eu ter que enfrentar Cecilia, pensei, tomando cuidado para evitar que meu alívio transbordasse para Sylvie. Em voz alta, eu disse apenas:

— Ainda não tenho certeza. É possível que tenhamos algum aliado ainda desconhecido, mas antes de descobrirmos quem matou essas pessoas, precisamos saber como elas morreram.

— Não parece obra de dragões…

Sylvie pensou em voz alta, ajoelhada ao lado de um cadáver.

— Embora, talvez tenha disso alguma poderosa técnica de éter…?

Chul, agora de pé ao meu lado, segurou o rosto de Exegese com uma mão grande demais, virando a cabeça para um lado e para o outro.

— Pah. Essa morte deveria ter sido minha.

Sua mão se moveu para a garganta do basilisco morto, mas segurei seu pulso.

— Pare. Precisamos do cadáver intacto. Descarregar sua raiva nisso não vai ajudar em nada.

Chul cerrou os dentes.

— Você tem razão. Mas como pretende descobrir quem é o responsável por—

Mana explodiu em movimento em todos os lugares ao mesmo tempo, condensando-se em uma barreira sólida que abrangia todo o terreno do palácio. O teto tremeu, derrubando um enorme pedaço de pedra folheada a ouro. Uma rajada de vento gelado passou pela abertura, formando três vórtices menores que envolveram Sylvie, Chul e eu.

Éter irrompeu de mim, desviando o vento, meu olhar fixou-se na figura flutuando através do teto quebrado, seu cabelo cor de bronze ondulando.

Tessia. Cecília.

Meus maxilares cerraram enquanto segurava seu olhar, olhando profundamente naqueles olhos turquesa em busca de qualquer sinal da garota que amei.

O foco de Cecilia se desviou de mim para o cadáver no trono, seus lábios franzidos em um biquinho desdenhoso.

— Que tipo de truque usou para matar o Soberano Exegese sem nem mesmo receber um arranhão?

— O quê?

A encarei, levando um momento para compreender o significado de suas palavras.

— Nós não—

Chul soltou um grito de batalha cacofônico enquanto rasgava o feitiço de Cecilia e atacava, sua arma deixando para trás um rastro de fogo de fênix laranja.

Cecilia levantou a mão, a mana do atributo vento faiscando enquanto o transformava em seu derivado relâmpago. Os vórtices explodiram com luz branca enquanto dezenas de relâmpagos me atravessavam de uma só vez.

A jaula de vidro da falta de ação ao meu redor quebrou.

Alcançando o éter entrelaçado ao longo dos vórtices gêmeos que golpeavam Sylvie e eu, rasguei o tecido do feitiço. Ele resistiu. Empurrei com mais força, liberando mais do meu éter e quando a atenção de Cecilia se voltou para Chul, seu controle sobre a mana enfraqueceu. O feitiço se dissolveu e os ciclones se dissiparam.

Enquanto Cecilia reunia um feitiço para conter o ataque de Chul, experimentei um lampejo de compreensão fria: em seu esterno, onde antes estava seu núcleo, agora havia um vazio. A mana que reagia a ela o fazia por todo o corpo e até mesmo pela atmosfera ao seu redor.

Ela não tinha núcleo.

— Chul, não!

Uma saraivada de projéteis brilhantes cruzou o ar entre Cecilia e Chul, levantando-o do chão e arremessando-o para trás no ar.

As sombras se fundiram acima de onde ele caiu e uma lâmina preta avançou em sua garganta.

Conjurando uma lâmina de éter no ar acima dele, desviei o golpe. Chul se levantou de um salto, girando ao fazê-lo para dar um tapa em sua agressora, uma figura sombria que parecia ter sido mergulhada em tinta. Ela voou para trás, colidindo com a parede e desaparecendo em uma nuvem de poeira e escombros.

Cecilia mostrou os dentes, gruindo e a mana ao nosso redor começou a recuar. Chul tropeçou e Sylvie soltou um suspiro surpreso.

Se eu não estivesse pronto para esse tipo de ataque, tendo visto ela tentar a mesma coisa no Victoriad, a luta poderia ter acabado antes mesmo de começar.

Expulsando duas rajadas concentradas de éter de meu núcleo, envolvi Sylvie e Chul em energia violeta. Meu éter cerrou a mana em torno de ambos, segurando-a contra a atração violenta do poder de Cecilia.

— Cecília, espere!

Gritei, segurando minhas mãos para cima, a maior parte do meu foco em meus companheiros.

O chão se liquefez, os ladrilhos de pedra escorrendo como água. Mergulhei até a cintura, a pedra afetada pela mana me sugando como areia movediça. O éter fluiu de mim para combater a mana, rasgando o feitiço e quebrando o chão quando foi lançado pelas forças opostas. Toda aquela energia se derramou ao longo dos rastros deixados pela manipulação de mana de Cecilia, mas antes que chegasse, ela tirou o controle da mana de mim novamente, o éter e a mana combinados se dissiparam.

No instante em que ela se distraiu, ativei o Passo de Deus e desapareci nos caminhos etéricos, aparecendo envolto em eletricidade ametista logo atrás dela.

Seu braço girou, uma chama concentrada de relâmpago e fogo se reunindo em seu punho. Torci a mana e o éter entre nós. O feitiço disparou de seus dedos como um feixe sólido, mas distorceu quando o separei no meio do lançamento. Cem raios menores passaram em todas as direções para demolir a parede atrás de mim.

Rebatendo seu braço, meus dedos se fecharam em torno de sua garganta. Seus olhos se arregalaram e ela caiu para trás, batendo no chão com meu joelho pressionado firmemente contra seu esterno.

— Ouça-me.

Implorei.

— Eu quero ajudar você, Cecilia, salvar você e Tessia, só preciso…

Uma enxurrada de diferentes elementos me bombardeou de cima, me derrubando.

Um punhado de figuras voou pelo buraco no teto.

Reconheci as foices Viessa e Melzri imediatamente. A terceira figura a entrar, que caiu pesadamente em vez de voar, me pegou desprevenido, a máscara berrante e sorridente me fez girar em memórias de anos atrás. O homem mascarado que liderou o ataque contra a Academia Xyrus, Draneeve, fugiu com Elijah antes de eu chegar, mas ouvi as histórias e descrições nos anos seguintes.

Fiquei ainda mais surpreso quando o rosto distorcido, mas familiar, de Nico seguiu Draneeve.

Nico havia envelhecido desde a última vez que o vi; ele tinha bolsas escuras sob os olhos, destacando-se contra sua pele pálida, seu cabelo estava desgrenhado pelo vento, suas roupas soltas sobre seu corpo magro. Seu núcleo não era mais totalmente branco, mas manchado pela ferida que lhe dei. Não consegui adivinhar imediatamente como havia sido curado, mas presumi que Cecilia ou Agrona eram os responsáveis.

Pela mensagem de Caera, sabia que ele estava vivo. Mas não esperava encontrá-lo em batalha novamente, não depois do Victoriad.

Ele agarrou um cajado que irradiava uma quantidade tremenda de mana que circulava entre os quatro cristais inseridos em sua ponta, cada um brilhando na cor de um atributo elemental específico: verde, vermelho, amarelo e azul.

Elijah. Nico. Meu amigo mais antigo em ambos os mundos.

Vi tudo isso no espaço entre um batimento cardíaco e outro, então meu foco voltou para Cecilia.

Mana havia se condensado ao redor de seu corpo em uma barreira espessa, uma silhueta radiante. Um braço de mana transparente, brotando logo abaixo dela, tentou alcançar minha garganta. Voei para trás quando mais feitiços choveram sobre mim de cima e Cecilia flutuou acima do chão, envolta em uma auréola de mana que fazia parecer que ela tinha seis braços.

— Bom trabalho em trazer esta incursão à nossa atenção, Mawar.

Disse Viessa, sua voz como gelo negro.

— Você e Melzri, cuidem da garota dragão. Draneeve, comigo. Deixe os reencarnados cuidarem de si mesmos.

— Concentre-se em Tessia.

Sylvie pensou do outro lado da sala enquanto se preparava para se defender.

— Chul e eu podemos enfrentar os outros.

Nico estava olhando para mim com tanta intensidade que hesitei. Mana estava crescendo em seu cajado, as gemas verdes e vermelhas queimando, mas o desespero brilhando em seus olhos era muito brilhante.

Os membros formados por mana de Cecilia foram todos empurrados para frente simultaneamente. O mundo parecia se desfazer ao meu redor enquanto o ar se transformava em fogo, o vento em lâminas e a pedra em lava.

O éter que envolvia minha pele tremeu contra o ataque, mas não consegui exercer minha vontade sobre a mana, não consegui quebrar o feitiço ou mesmo distorcê-lo. Seu foco era muito grande, seu controle muito preciso. Quando minha pele começou a rachar e formar bolhas sob o éter que se esvaía, usei o Passo de Deus para me afastar, seguindo cegamente os caminhos no ar para aparecer entre Cecilia e Nico.

A primeira coisa que vi da minha nova perspectiva foram os olhos escuros de Nico. Ele estava olhando diretamente para o meu.

— Não lute contra nós, Grey.

Disse instantaneamente, os mundos explodindo dele apressadamente.

— Se você vier pacificamente, vamos deixar seu vínculo e a fênix saírem ilesos.

Uma mão formada de mana envolveu meu tornozelo e me arrastou para baixo. Girando, desferi um chute de éter na lateral de Cecilia. O impacto do éter e da mana enviou uma onda de choque pela sala do trono, derrubando os arcos de ferro preto e trazendo partes do teto de cima para baixo sobre nós.

Cerrando os dentes, usei o Passo de Deus de novo, chegando atrás de Cecilia enquanto ela se esforçava para se endireitar no ar.

Instantaneamente, uma barragem de fogo congelado me atingiu por trás quando Nico lançou o feitiço que estava conjurando. A maioria dos dardos explodiu contra minha defesa, mas alguns perfuraram minha barreira enfraquecida, onde se estilhaçaram dentro da minha pele, enviando estilhaços de gelo queimando através dos meus músculos.

A dor se espalhou pelo meu corpo.

Levantei meu braço, uma explosão etérea saindo da minha palma e atingindo Nico. O vento e a terra conjurados surgiram como uma barreira entre nós, mas me deu tempo para interromper seu feitiço e quebrar os fragmentos que se enterravam em meus músculos. Mesmo com a ajuda de seu cajado, seu controle sobre a mana era simplista perto do Legado.

Éter correu para as feridas e começou a me curar instantaneamente.

O ar de repente engrossou como mingau em meus pulmões. Ele se aglutinou sobre meus olhos, fazendo o mundo inteiro ficar embaçado. Quando tentei desfazer o feitiço com éter, ele resistiu novamente, o controle de Cecilia enfrentando o meu.

Fechando os olhos, entrei nos caminhos etéricos novamente, aparecendo no centro da sala do trono, respirando fundo.

Com o canto do olho, observei a arma de Chul quebrar uma grande extensão de piso de ladrilhos, Draneeve apenas saindo do caminho. Viessa voava bem alto, perto do telhado desabado, um fluxo constante de mísseis negros saindo das sombras ao seu redor e atingindo Chul de todas as direções.

Mesmo quando pensava em me mover para ajudá-lo, girou com uma velocidade surpreendente e enfiou a coronha de sua arma no rosto de Draneeve. A máscara grotesca se quebrou e sangue jorrou do nariz, boca e olhos do rosto de feições simples quando Draneeve caiu no chão.

Atrás do trono, Sylvie estava se esquivando dos ataques combinados de Melzri e sua Retentora, Mawar, Viessa a havia chamado. As duas Alacryanas eram um turbilhão de lâminas e feitiços, mas Sylvie parecia se mover mais rápido do que deveria ser possível, seu corpo saltando e sacudindo pelo espaço com flashes estroboscópicos de éter. A cada movimento de seu corpo físico orientado por um aevum, um raio de mana pura aparecia, sacudindo-se de maneira não natural em direção a seus oponentes.

Melzri lançou um para o lado com sua lâmina envolta em chamas da alma e girou em torno de outro. Mawar parecia se fundir nas sombras, sem início ou fim claro de seu corpo, enquanto dois raios pareciam passar por ela. Um terceiro acertou em cheio e pude perceber um suspiro sufocado de dor, mas minha atenção foi forçada a voltar para Cecilia antes que pudesse confirmar o estado da Retentora.

O comando do Legado sobre a mana era incrível, muito além de qualquer coisa que eu já tivesse visto. Ela podia manipular e combinar a mana atmosférica com um pensamento, usando-a de uma forma que eu só poderia sonhar quando era um mago quadra-elemental. Não conseguia acompanhá-la dessa forma; era tolice desperdiçar energia tentando superar seu controle de mana.

Em ambas as vidas, porém, ela confiava na quantidade incomum de poder concedida por sua natureza como o Legado. Sua técnica era desleixada e sua manipulação de mana carecia de criatividade. Essas eram fraquezas das quais eu poderia tirar vantagem.

O éter se condensou em meus músculos e articulações, o Passo Explosivo, impulsionado por centenas de explosões de éter precisamente cronometradas, me carregou de volta pela sala em um piscar de olhos quase instantâneo. O éter explodiu ao longo dos meus ombros, bíceps, cotovelo, antebraço e pulso, envolveu meu punho de forma protetora, desferindo um golpe impossivelmente rápido e poderoso no final do meu passo.

O golpe acertou o peito de Cecilia enquanto seus olhos continuavam focados em onde eu estivera um momento antes.

Como se o tempo tivesse ficado mais lento, observei rachaduras se espalharem por sua proteção de mana, raios incandescentes sobre sua forma física. Como um espelho escuro, as mesmas rachaduras correram sobre a barreira etérica ao redor do meu braço, dos nós dos dedos até o cotovelo.

Seu corpo torceu para o lado, e meu Ataque Explosivo patinou na superfície de seu feitiço protetor, meu impulso me levando além dela. Na minha mão esquerda, conjurei uma lâmina de éter, golpeando-a atrás de mim. Um de seus braços surgiu para evitar o golpe e mais uma vez o éter estremeceu contra a mana, as duas forças opostas lutando pela superioridade.

Desta vez, minha concentração venceu. A lâmina cortou seu braço de mana transparente e se cravou em sua lateral, apenas rompendo a pele.

Um grito enfurecido veio de cima, meus olhos se voltaram para ele automaticamente: Nico estava respirando pesadamente, o rosto vermelho de raiva. Cerrando o punho, ele o ergueu e senti a mana se condensando abaixo de mim. Saltando no ar, evitei uma dúzia de espinhos de ferro preto que rasgaram o chão.

Colocando um pé ao lado de um espinho, lancei-me mais alto, mirando em Nico.

Enquanto voava em direção a ele, lembrei-me de sua mensagem. Você deve uma vida a ela. Ele não sabia. Mesmo depois de todo esse tempo, ele não sabia por que Cecilia realmente havia morrido. E ainda assim estendeu a mão para mim, me enviou o núcleo de Sylvia como uma oferta de paz. Mas aqui, ele me atacou, não fez nenhum esforço para impedir que essa luta acontecesse.

No final, tudo se resumia a uma coisa: se ele queria alguma coisa de mim, tinha que merecer.

Minha lâmina atingiu a garganta de Nico. As rajadas de vento ao redor dele viraram, puxando-o para cima e para longe, mas muito devagar. A carne se separou quando o éter em forma de lâmina abriu o lado de seu pescoço—

Parei bruscamente quando algo se enrolou em meu braço.

Olhando para baixo, fui pego de surpresa por uma videira verde-esmeralda, grossa como minha cintura, brotando da mão de Cecilia. Sua forma de mana se foi e, naquele momento, foi como se os últimos dois anos tivessem acabado. Estava vendo Tessia como ela era: radiante e desesperada, protetora e assustada, linda…

Então uma nova de mana saiu dela, me arremessando para longe. Cadáveres foram jogados como bonecos pela sala, os suportes de ferro torcidos e arrancados de suas amarras, paredes explodiram, partes do teto desabaram pesadamente ao nosso redor.

Caí de pé na sala do trono, inclinando-me para a frente para impedir meu deslizamento para trás. Cecilia estava flutuando sobre um buraco gigante no chão, que foi explodido em uma cratera por seu ataque. Ao lado dela, Nico havia se protegido com uma bolha esférica de mana multicolorida.

A maior parte da sala do trono estava acesa com fogo de fênix. Explosões descontroladas saltavam de Chul em direções aparentemente aleatórias enquanto gritava e brandia sua arma descontroladamente; Viessa não estava à vista e eu também não conseguia sentir sua mana.

— Pare de se esconder em suas sombras e me encare como um homem!

Chul rugiu, seus olhos brilhando e o peito arfando a cada respiração furiosa.

— Será que balançar sua clava como uma fera é realmente a extensão da força do clã Ascelpius?

Uma voz gelada irradiou pelo ar, saindo das sombras de todas as direções ao mesmo tempo.

— Tão fraco de espírito quanto sua mãe, ao que parece.

As chamas que vazavam de Chul tornaram-se irregulares e frenéticas, refletindo suas emoções.

— Como se atreve—

De repente, a cabeça de Chul virou para o lado quando avistou seu alvo. Ele saltou no ar com um grito vitorioso quando sua arma em chamas desenhou um arco laranja brilhante em direção a Sylvie, Mawar e Melzri.

A arma desceu, seguida por um rastro de fogo, como um cometa.

Sylvie engasgou quando o golpe a atingiu na lateral da cabeça, amassando.

Meu estômago caiu e a bile subiu quando a compreensão repentina me encheu como água em meus pulmões.

Atrás de mim, senti a mana se condensando quando Cecilia desencadeou outro ataque. Diante de mim, Chul ergueu sua arma para outro golpe.

Entrei nos caminhos etéricos e apareci de pé sobre meu vínculo. A arma desceu e eu a agarrei pelo cabo, meus braços tremendo sob a força Asura de Chul.

Seus olhos se arregalaram.

— Meu irmão em vingança! Por que você protege o inimigo?

— Uma ilusão.

Resmunguei, mal conseguindo falar.

— Chul, sai dessa, é a Sylvie, você está atacando a Sylvie…

Uma lâmina envolta em fogo da alma cortou o éter protegendo meu torso. Uma lâmina negra de sombra atingiu minhas costas.

Espadas de éter apareceram flutuando no ar ao meu redor e golpeei com elas descontroladamente, empurrando a Foice e a Retentora para trás.

Chul desvencilhou sua arma e saiu cambaleando, balançando a cabeça, os olhos entrando e saindo de foco. Ele acenou com a mão no ar como se estivesse afastando teias de aranha.

— Não… não! Você—

Fui forçado a desviar para o lado quando uma explosão de mana atingiu Chul no peito, levantando-o e jogando-o contra os restos retorcidos de um pilar de ferro negro. Atrás de mim, Sylvie flutuava do chão, seus olhos vidrados em Chul, seu rosto uma máscara estoica. Explosão após explosão de mana pura atingiu Chul, conduzindo-o através do ferro e depois para a parede adiante.

Enquanto me preparava para ativar o Passo de Deus novamente, uma força como a mão de um deus desceu sobre mim. O chão sob meus pés se rompeu, meu corpo ficando tão pesado que nem mesmo uma pedra sólida poderia me sustentar. Minhas costas se dobraram e minha cabeça se curvou. Me esforcei para me mover, até mesmo para entrar nos caminhos etéricos.

Cecília caiu sobre mim como um raio. Ela estava novamente envolta em sua forma de mana sobrenatural, rajadas de vento, gelo, fogo, terra e relâmpagos irrompendo de seus membros forjados de mana para chover sobre mim.

Levantei uma mão e liberei uma explosão etérea. Um cone de força roxa vibrante caiu contra sua mana e, por um instante, senti um alívio.

Usando meu éter para rasgar o ar como uma mão em teias de aranha, tentei interromper as ilusões que afetavam meus companheiros, mas o ar estava tão denso com a distorção da mana de Cecilia que era impossível isolar e cancelar as ilusões de Viessa.

Um raio quente branco de mana de atributo de fogo radiante me envolveu. Eu o cortei com a lâmina de éter, dividindo o feixe em dois, os fragmentos gêmeos esculpindo trincheiras de quinze metros de comprimento no pouco que restava da sala do trono a cada lado de mim. Enquanto a lâmina girava no ar, já estava ativando o Passo de Deus, os caminhos etéricos se iluminando diante de mim como tantos arcos de relâmpago ametista.

A luz diminuiu e meu olhar encontrou o de Cecilia.

Seu olhar, se o visse no rosto de Tessia em qualquer outra circunstância, teria me atravessado. Mas só por um segundo, pensei ter visto outra coisa também. Arrependimento? Compreensão… talvez até um reflexo estranho e distorcido de meus próprios sentimentos complicados.

Minha mandíbula se apertou com a escolha que tinha que ser feita.

A lâmina de éter mergulhou nos fios entrelaçados de éter.

Um grito rasgou o ar.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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