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O Começo Depois do Fim – Cap. 438 – Uma Ideia Vaga

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POV ARTHUR LEYWIN

— Na melhor das hipóteses, era uma ideia vaga, Arthur.

Caera disse com hesitação incomum, seu tom quase suplicante.

— Sinceramente, um capricho. Se não for possível… não sou uma artífice… não precisa levar isso tão a sério…

Estava sentado de pernas cruzadas no chão na frente de Seris, com o Realmheart ativo, as runas violetas que ele conjurava queimando sob meus olhos enquanto cuidadosamente a observava focando sua mana para dentro e através da cabeça apodrecida do Soberano Orlaeth.

— Estou levando a sério, porque acho que pode funcionar.

A carranca em resposta de Caera foi contemplativa quando se voltou de mim para Seris. Segui seu olhar.

A pele de alabastro de Seris era cinza doentia e coberta por um brilho de suor. Desde a nossa chegada, ela parecia ter se encolhido para dentro de si mesma.

Precisava entender exatamente o que estava acontecendo entre ela, o maquinário e o quadro de outros magos agindo como uma bateria viva.

A princípio, parecia impossível que ela estivesse conseguindo manter isso por duas semanas sem descanso. Sua assinatura de mana estava incrivelmente fraca, seu núcleo quase vazio. Sua façanha não teria sido possível, exceto pelo fato de que, em seu desespero, tenha desenvolvido sua própria versão rudimentar de rotação de mana que lhe permitia absorver e purificar a mana da atmosfera enquanto também a canalizava para o chifre.

Segui a mana enquanto ela era sugada por suas veias até seu núcleo, onde havia um redemoinho constante de purificação antes que a mana tingida de preto fosse liberada para descer por seu braço e entrar no artefato ensanguentado. A partir daí, parecia condensar-se rapidamente, algum traço inato do chifre do Vritra que eu não entendia, antes de ser sugada novamente pelo líquido azul brilhante.

A mana assumiu uma tonalidade mais escura após ser liberada pelo chifre. A fiação metálica então a guiou para vários cristais grandes. Estes estavam sendo constantemente imbuídos por um punhado de magos cada. Graças à capacidade do Realmheart de ver as partículas de mana individuais, pude acompanhar enquanto porções de mana armazenada eram retiradas dos cristais de mana e transformadas em artefatos que me lembravam os pratos das antigas antenas parabólicas da Terra.

Esses pratos, cobertos por um diagrama complexo de runas, condensavam e projetavam a mana de tal forma que distorcia os portais, criando algo como um ciclo devolutivo em que os portais ainda existiam, mas qualquer um que passasse por eles não seria capaz de sair antes de ser puxado de volta pelo portal e depositado do outro lado.

Como Cylrit explicou, o líquido azul era uma alquimia de cristais de mana pulverizados suspensos em um composto de origem biológica feito principalmente de núcleos de bestas de mana e produtos químicos comprovados particularmente hábeis na transmissão de mana. Ou seja, Seris havia inventado uma bateria de mana. Neste caso, no entanto, o artefato foi projetado especificamente para utilizar a mana de Orlaeth, e suas tentativas de mudar para fontes alternativas não tiveram sucesso.

A ideia de Caera só seria possível por causa da minha presença.

Depois de explodir em uma risada maníaca e dolorosa, Caera ficou nervosa, claramente questionando a si mesma.

— Continue.

A encorajei, curioso. Minha própria mente já estava girando com ideias enquanto me esforçava para ver como ajudar Seris e sua contribuição era bem-vinda.

Depois de limpar a garganta e acenar para a curandeira frustrada que estava cuidando de seu ferimento, que parecia muito pior do que eu pensava originalmente, disse simplesmente:

— Estava pensando em sua… magia única e como você pode ser a única pessoa que poderia fazer algo assim, mas… conseguiríamos de alguma forma alimentar este dispositivo usando o éter abundante nas Relictombs?

Sua simples sugestão voltou firmemente a atenção de todos os muitos magos na praça novamente para mim. Desde o momento em que apareci no segundo nível das Relictombs, recebi incontáveis olhares. Alguns olharam para mim com olhos arregalados de admiração, enquanto outros olharam com desconfiança, mas todos se viravam quando eu encontrava seus olhares.

Tinha me tornado uma espécie de figura mítica em Alacrya desde o Victoriad, ao que parecia.

Pelo menos significava que, quando eu assumisse e começasse a dar ordens aos magos que operavam o artefato de interrupção, todos ouviriam.

Já acompanhava o processo de Seris há algum tempo. Ela deixou que seu povo respondesse às minhas muitas perguntas enquanto se concentrava na transmissão contínua de mana.

Minha irmã estava dormindo em uma cama bem à minha frente, Boo desmaiara ao lado dela. Ambos se esforçaram ao máximo para escapar da última zona. Fiquei grato por Ellie ter continuado a se esforçar enquanto eu estava fora por quase dois meses, pois os testes de Gideon e Emily a ajudaram a descobrir uma conexão adicional entre Boo e ela. Sua capacidade de imbuir mana era limitada por seu próprio núcleo amarelo-claro, mas usando a mana inerente de Boo, poderia ir muito além de seus próprios limites.

Por mais que se esgotasse rapidamente, Chul se recuperava com a memsa rapidez. Suas muitas feridas já estavam curadas, apesar de ele não permitir que os curandeiros Alacryanos o tratassem. Agora andava pelo perímetro externo da praça, atraindo olhares nervosos dos ascendentes.

Sylvie e Regis ficaram perto de mim. Eles mantiveram seus pensamentos quietos e discretos, porém nossa conexão nunca foi totalmente cortada. A mente de Sylvie fervilhava com as consequências de sua experiência nas Relictombs, mas ainda não havíamos tido tempo para conversar sobre isso. Regis, por outro lado, estava focado completamente em minha tarefa, atento a cada detalhe. Embora eu não tenha experienciado seus pensamentos diretamente, ainda podia sentir as engrenagens de sua mente girando como a sombra da minha.

— Existem três obstáculos principais para esse tipo de conversão.

Disse baixinho para que apenas o punhado de pessoas ao meu redor pudesse ouvir.

— O compartimento da bateria aqui foi projetado desde o início para fazer uso da mana deste Vritra como fonte. Por causa de como a fisiologia do basilisco utiliza a mana, a retirada e utilização dessa mana não podem ser eficazes com nenhuma outra fonte que eu conheça. Um cristal de mana simplesmente não pode ser condensado o suficiente para lidar com essa coleta.

Um dos Imbuidores de Seris deu de ombros, incerto.

— Sim, este foi o principal obstáculo que enfrentamos. O foco ativo da Seris tem sido a única alternativa que funcionou até agora, mas isso é obviamente insustentável.

— Isso também significa que esse projeto é basicamente inútil para o armazenamento ou transmissão de éter.

Continuei.

— O segundo problema são os artefatos de projeção. As runas são projetadas especificamente para trabalhar com mana, e não apenas isso, mas com atributos de decaimento de mana originalmente associados à raça dos basiliscos.

— Projetamos runas adicionais.

Respondeu Cylrit. Ele estava atrás e ao lado de Seris, pairando sobre o tanque onde ela segurava o chifre do Vritra, com os braços cruzados.

— Mas sem ser capaz de canalizar mana pura suficiente, os artefatos alternativos de projeção eram inúteis. E é extremamente perigoso alternar entre os projetos, pois desativar mais de um ou dois dos artefatos enfraquece a interrupção.

Balancei a cabeça, sem surpresa.

— Mas o maior problema é que não há como coletar éter ambiente na máquina, mesmo que possamos corrigir os outros dois problemas. Eu nem sei se algo assim é possível. Até as próprias Relictombs, que existem em um lugar inteiramente feito de éter, se degradam e desmoronam com o tempo. A própria natureza do éter é realmente contrária ao que estamos tentando fazer.

Sylvie olhou para cima, seu olhar afiado.

— A armadura coleta éter.

Balancei minha cabeça novamente.

— Mas para fazer qualquer coisa com esse éter, ainda precisa da pessoa dentro dela.

— Escute, não estamos tentando revolucionar a maneira como alimentamos todos os artefatos do mundo, certo? Só precisamos desligar a pequena rainha rebelde aqui e ganhar algum tempo para essas pessoas. Então me use. Posso coletar éter e concentrá-lo durante o resto dessa merda se você conseguir fazer tudo funcionar.

Hesitei. Era verdade que partículas etéreas eram naturalmente atraídas para Regis; esse fato foi fundamental para a criação do meu núcleo de éter, para começo de conversa.

— Estaríamos basicamente substituindo Seris por você. Seria um curativo temporário, na melhor das hipóteses…

— Vale a pena tentar.

Sylvie pousou a mão na crina de Regis.

— No mínimo, isso dará um tempo para todos nós.

Examinei meu vínculo com cuidado. Linhas de preocupação marcavam sua testa e os cantos de seus lábios, havia uma profunda fadiga em seus olhos, mas seus pensamentos estavam lúcidos.

Seris se mexeu ligeiramente e a interrupção da mana oscilou. Seus olhos se moveram sob as pálpebras fechadas.

Suspirei. Não tínhamos tempo para uma longa exploração do que era possível. Se fôssemos fazer alguma coisa para ajudar Seris e evitar que as forças de Agrona perfurassem este nível das Relictombs, isso precisava acontecer imediatamente.

— Fale-me novamente sobre a bateria fluida.

Disse e um dos Imbuidores começou a repetir a explicação anterior de Cylrit.

Enquanto eles falavam, observei as partículas se movendo dentro do chifre e do líquido brilhante. Examinei o compartimento e a fiação novamente, bem como a relação entre a cabeça decapitada do Vritra e a mana de Seris. Mas também prestei muita atenção em como o éter se movia em torno desse artefato. Como uma quantidade tão condensada de mana estava suspensa dentro do artefato, muito pouco éter atmosférico existia dentro dele.

Com um pensamento meu, Regis tornou-se imaterial e flutuou através do vidro até a cabeça apodrecida lá dentro, lançando uma luz púrpura fraca das órbitas vazias.

— Eu meio que gosto de como esse crânio vazio não tem sete contra cenários diferentes e planos que se cruzam em seus pensamentos a todo momento. Sabe, como uma certa pessoa. Ouso dizer que é quase pacífico.

Brincou Regis.

O efeito foi imediato. Mais éter foi coletado para a bateria, fluindo para o espaço não ocupado por mana.

Liberando o éter do meu núcleo, o encorajei em direção ao dispositivo, desejando que deslocasse a mana se necessário. A mana se comprimiu ainda mais, permitindo mais espaço para o éter, que por sua vez foi atraído para a cabeça pela presença de Regis. O chifre não absorveu ou condensou o éter como fazia com a mana de Seris, mas já esperava por isso mesmo. Os basiliscos não tinham afinidade natural com o éter.

— Traga um dos artefatos de projeção sobressalentes e explique as runas para mim.

Um dos Imbuidores se apressou em obedecer, logo retornando com o prato redondo de metal tingido de azul. Ele iniciou uma aula precisa sobre a função das runas e como elas diferiam das usadas atualmente. Eu não era especialista nesse assunto, mas era o único presente com algum insight sobre o éter. Mesmo enquanto pensava nisso, porém, percebi que poderia não ser verdade.

— Alguém aqui tem conhecimento das concessões?

Eles trocaram olhares, então Cylrit disse:

— Havia dois oficiais neste nível no momento em que foi tomado. Eles são leais a Agrona, então foram trancados dentro do Salão Principal com qualquer outro que lutou contra nós.

— A cerimônia de concessão requer a ativação do éter para funcionar. Os artefatos que esses oficiais usam são o que torna isso possível. Sylvie, vá com eles e interrogue aqueles homens. Use os artefatos, principalmente o cajado e o bracelete, para ver se consegue criar uma sequência rúnica que permita que esses dispositivos de projeção utilizem éter em vez de mana.

— Claro.

Sylvie disse com um aceno de cabeça, seu cabelo loiro trigo caindo ao redor das escamas negras da armadura de relíquia.

Me fez sentir mais confortável, de alguma forma, saber que Sylv ainda estava sendo protegida por ela.

Sentindo meus pensamentos, ela levantou uma sobrancelha e me deu um sorriso irônico, então correu atrás dos Imbuidores.

Voltei meu foco para a bateria em si. O mecanismo foi projetado para armazenar e liberar mana sem levar em consideração o éter. A alta densidade de mana dentro do chifre de Orlaeth permitia que a bateria criasse uma força de atração que naturalmente puxasse a mana ao longo da fiação conectada para o resto dos dispositivos.

A verdadeira questão era como, ou mesmo se, era possível ajustar essa bateria para que armazenasse e transmitisse éter em vez de mana.

Com Regis atraindo éter, já preenchia todo o espaço entre as partículas de mana, dando ao líquido azul brilhante um tom lavanda. Concentrando-me neste éter frouxamente armazenado, empurrei-o em direção aos fios e fiquei surpreso quando um pequeno número de partículas, preso entre as partículas de mana, foi puxado para o resto da máquina. Ele se dissipou ao atingir o cristal de mana, mas isso provou que o éter poderia ser transmitido de forma semelhante à mana.

— Cristais de cocô.

Regis pensou de repente, parando meu processo de pensamento.

— O quê?

— O milípede gigante.

disse Regis, sério.

— O éter processado, cristais de cocô, alguns deles tinham aproximadamente as mesmas dimensões que esses cristais de mana. Talvez possamos trocá-los.

Olhei para Seris, ainda sentada silenciosamente bem na minha frente, sua mana fluindo infinitamente para o chifre do Vritra em suas mãos.

— Você pode aguentar um pouco mais?

Sua cabeça estava ligeiramente inclinada para o lado, deixando uma mecha de cabelo cor de pérola cair sobre seus olhos fechados. Não tinha certeza se tinha me ouvido, mas então assentiu.

— Consigo ouvir sua mente girando. Vá, faça o que precisa fazer. Ficarei bem.

Hesitei, certo de que nenhuma pessoa razoável descreveria sua condição atual como “boa”, mas eu sabia o que precisava ser feito, isso significava mantê-la no lugar por mais um pouco.

— Chul, vamos.

Disse, levantando-me e saindo da praça.

Caera começou a se levantar, mas acenei para ela parar.

— Descanse.

Insisti.

— Não vamos demorar muito.

— Vamos começar aqui, o fim da corrente e mais distante da fonte de poder, e trabalhar de trás para frente.

Disse o Imbuidor chefe, um mago do alto-sangue Ainsworth, pelo que provavelmente foi a centésima vez enquanto instruía os outros Imbuidores.

Sylvie havia retornado do Salão Principal logo depois que Chul, Regis e eu voltamos da zona de milípedes gigantes. Sylvie e os Imbuidores, junto com alguma ajuda nada ansiosa dos oficiais de Concessão e seus artefatos, foram capazes de simular uma combinação de runas que provou ser capaz de projetar éter com um efeito semelhante ao da atual interrupção de mana.

Observei a equipe desmontar rapidamente o dispositivo para substituir o cristal de mana e o artefato de projeção. No momento em que o novo equipamento foi instalado, Regis começou a empurrar o éter para fora da bateria. Ele viajou ao longo dos fios, dissipando-se onde alcançou os outros cristais de mana, mas sendo absorvido pelo cristal de éter recém-colocado.

Nada aconteceu.

Os rostos dos Imbuidores caíram. A mandíbula de Cylrit apertou. Caera estava torcendo as mãos, o rosto pálido enquanto olhava nervosamente.

— É uma questão de intenção.

Falei com Regis.

— Lembre-se, o éter ouve você, responde à sua intenção. Você não pode simplesmente empurrá-lo, você tem que guiá-lo.

Senti o foco de Regis se aguçar, estendendo-se ao éter que ele enviara ao cristal.

Algumas partículas se deslocaram do cristal, correndo para o artefato de projeção. Em seguida, mais alguns. Lenta, mas seguramente, um gotejamento constante, então, logo um fluxo de éter estava fluindo, até que de repente o dispositivo se ativou.

Uma onda de luz ametista distorceu o ar entre o artefato e os portais.

Estava funcionando.

Um suspiro coletivo foi liberado enquanto os Imbuidores aplaudiam e davam tapinhas nas costas uns dos outros. Cylrit me deu um aceno firme, de repente parecendo dez anos mais jovem.

Seris parecia alheia, focada no ato de capacitar todas as outras peças da matriz de interrupção.

— Bem, vamos lá!

O Imbuidor Ainsworth estalou.

— Não há tempo a perder, vamos converter o resto deles.

Um por um, eles mudaram as peças originais de seu projeto com as novas peças alinhadas ao éter. Com cada adição, ajudei Regis forçando mais mana a sair da bateria e infundindo-a com meu próprio éter, permitindo que ele se concentrasse apenas em manter o fluxo.

Mais e mais pessoas chegavam à praça enquanto trabalhávamos. Reconheci alguns rostos, como Sulla do Sangue Nomeado Drusus, o Alto Mago Cargidan do Salão de Ascendentes e, surpreendendo-me, Kayden do Alto-sangue Aphelion, o professor ferido que eu havia ensinado na Academia Central. Kayden me deu um aceno alegre da periferia da praça, onde permaneceu com desinteresse fingido. Muitos outros estavam claramente classificados como Alto-sangues ou ascendentes também.

Era um processo tecnicamente árduo e o tempo passava lentamente enquanto os Imbuidores trabalhavam. Ao todo, demorou horas até que o último artefato de projeção finalmente estivesse no lugar, o último cristal fosse trocado e toda a mana fosse empurrada para fora da bateria, deixando espaço para um depósito significativo de éter.

Embora eu tenha feito pouco, manter o Realmheart ativo por tanto tempo foi desgastante. Não exigia uma quantidade significativa de éter para fazê-lo, mas era semelhante a manter um músculo flexionado por horas a fio e uma dor de cabeça constante queimava nos cantos dos meus olhos.

Foi com uma sensação de alívio que liberei a runa divina, sentindo a energia queimando sob minha pele em forma de runas se dissipando. Ao mesmo tempo, as partículas visíveis de mana pintando a zona em vermelho, amarelo, verde e azul desapareceram.

Mas algo estava diferente.

Esfreguei meu esterno, sentindo uma tensão ali que não consegui identificar imediatamente. Preocupado por poder ter estirado algum músculo, olhei para todos os outros.

O punho de Cylrit estava firmemente em volta do antebraço de Seris, ele tirou a mão dela do tanque de bateria, permitindo que os Imbuidores o selassem de volta. A princípio, a mana de Seris continuou fluindo em um ciclo ininterrupto, espalhando-se pela atmosfera sem nenhum efeito. Lentamente, seus olhos se abriram e ela olhou para cima, confusa, para o rosto de Cylrit.

— Está tudo bem. Você segurou tempo suficiente. Agora solte.

O fluxo de mana diminuiu e Seris olhou para sua mão, que parecia estar lutando para abrir.

Sua mana, percebi com um sobressalto. Apesar de não estar canalizando mais o Realmheart, ainda podia sentir sua mana.

Meu insight da runa divina, que representava a relação entre éter e mana, havia avançado sem que eu percebesse. Reprimi um sorriso e fechei os olhos, apenas sentindo as assinaturas de mana de todos ao meu redor.

— Funcionou?

Seris perguntou, me trazendo de volta ao momento.

Ninguém poderia responder ainda. Juntos, esperamos com uma incerteza ofegante. Mesmo a olho nu, as ondulações no ar e nas superfícies dos portais eram claras sob um brilho roxo fraco, mas não foi até alguns minutos depois, quando um soldado Alacryano apareceu brevemente em um dos portais antes de desaparecer novamente, que todos nós realmente relaxamos.

— Funcionou

Confirmei.

Uma comemoração se elevou, os Imbuidores e os magos assistentes caíram em tapinhas nas costas e abraços ao nosso redor.

— Como é a sensação aí dentro?

— Imagino que você não esteja falando desse crânio podre.

Retrucou Regis, parecendo bem-humorado.

— Mas sério, eu sempre quis ser um pequeno motor se pudesse.

Sylvie bufou, as sobrancelhas levantadas quase na linha do cabelo.

— Você encontra os detalhes mais estranhos nas antigas memórias da Terra de Arthur.

— Ei, “detalhes estranhos” vai ser o nome do meu livro de memórias.

A risada de Regis ecoou na minha cabeça quando me virei com um gemido.

— Preciso levar a Foice Seris para algum lugar onde possa descansar.

Cyrlit disse, seu braço entrelaçado ao dele para se apoiar.

— Nos reuniremos quando—

— Não.

Seris disse com firmeza. Ele começou a se opor, mas ela o cortou novamente.

— Vou me recuperar enquanto caminhamos. Venha, Arthur. Reúna seus companheiros.

Ela olhou em volta, avistou Sulla e gesticulou para que ele se aproximasse. Instantaneamente, um par de outros homens veio com ele.

— Sulla, Harlow, enviem homens para reunir os Alto-lordes, Matronas e outros membros de sangue de alto escalão. Faça com que eles se reúnam no Dread Craven dentro de uma hora.

Chul ajudou Ellie e Caera a se levantarem e montarem Boo, elas seguiram atrás de mim enquanto Sylvie ficou ao meu lado. Vários guardas se separaram dos que estavam posicionados ao redor da praça e marcharam para cada lado de nosso grupo, enquanto vários outros também nos seguiram para fora da praça. Ao nos aproximarmos do bulevar que atravessava a zona longitudinalmente, percebi que um grande número de pessoas estava sendo contido por mais guardas.

Parei de andar, meu corpo ficando rígido.

— O que diabos eles estão fazendo aqui?

Perguntei, sentindo minhas bochechas corarem de raiva.

— Professor!

Mayla pulava para cima e para baixo, agitando os braços para chamar minha atenção.

— Ei, professor Grey!

Ao lado de Mayla, Seth do Alto-sangue Milview esfregou o pescoço e sorriu sem jeito, parecendo cada vez mais envergonhado.

Seris virou-se rigidamente para me confessar.

— Perdoe-me, Arthur. Eles deveriam ser um… projeto de pesquisa, de certa forma.

Meus punhos abrindo e fechando ao meu lado.

— Você pôs em perigo a vida dessas crianças por um—

Me interrompi, com a plena compreensão surgindo.

— Você queria saber por que suas runas eram tão fortes.

Seris apenas assentiu antes de se virar e Cylrit continuou andando.

Rompi as fileiras e corri para onde alguns ascendentes estavam segurando o par de adolescentes. Mayla estava sorrindo loucamente, mas Seth parecia nervoso.

— Professor Grey, você está de volta!

Mayla jorrou, parecendo que queria correr e me abraçar.

— Todo mundo tem falado sobre você, desde que saiu. Alguns dos outros alunos pensaram que você tinha desaparecido para sempre, mas Loreni tinha tanta certeza de que você voltaria, assim como a F-Foice Seris… Vritra…

Mayla parou, sua atenção deslizando para onde Seris havia parado novamente e estava assistindo à minha conversa.

— Seth, Mayla, é bom ver vocês dois.

Disse, dando-lhes um pequeno sorriso que sabia que carecia de qualquer calor verdadeiro.

— Não posso falar agora, mas quando tiverem um momento, talvez vocês possam me ajudar a entender—

— Talvez você possa nos ajudar a entender algo, professor.

Seth disse de repente, me interrompendo. Seu rosto estava pálido e ele estava olhando além de mim, sem me olhar nos olhos.

— Quem é você? Por que… Por que fez isso conosco? Nos colocou nisso? Eu…

Ele balançou a cabeça e parou, parecendo que poderia estar doente.

Hesitei em responder. Não queria deixá-los com a sensação de que tudo o que havia acontecido com eles era sem motivo, mas não tinha tempo de contar a verdade da maneira certa.

— Depois explico o que puder. Onde vocês estão se hospedando?

Olhando entre mim e Seth, Mayla me deu instruções para a mansão do Alto-sangue que os havia hospedado.

— Nos vemos depois?

Perguntou, as palavras quase suplicantes.

— Assim que eu puder.

Voltei para os outros sob o olhar curioso de Seris, mas ela não disse nada, começamos a marchar novamente. Os ascendentes afastaram a multidão do nosso caminho e nossos próprios guardas mantiveram todos bem afastados.

Eu não estava indiferente aos gritos que nos seguiam, alguns suplicantes, outros ressentidos e acusatórios, mas estava nervoso demais para pensar muito nisso. Nossa vitória com o disruptor de portais já parecia uma memória distante, pois o peso dos problemas que essas pessoas ainda enfrentavam caiu pesadamente sobre meus ombros.

Cylrit e Seris nos levaram a um prédio de três andares que dava para uma pequena rua a vários quarteirões do Salão Principal, que se erguia ao longe. Fiquei surpreso tanto com a localização quanto com a construção do prédio. Não tinha certeza do que estava esperando, mas não era isso.

Uma placa representando um rosto dividido, metade branco brilhante e contorcido em uma careta caricatural de terror, o outro preto como breu e gritando um grito de guerra, marcava o prédio como o Dread Craven. Construído principalmente de pedra escura e madeira, me lembrou de muitas pousadas que eu vi em Alacrya e Dicathen.

Quatro magos protegiam a porta, que abriram quando nos aproximamos. Pela falta de surpresa em seus rostos, a notícia da chegada de Seris já havia chegado até eles.

— Não era bem assim que eu imaginei que você vivesse.

Caera disse baixinho, depois de desmontar de Boo e mancar atrás de mim e de Sylvie.

Seris se virou, seu rosto apático como o de alguém que acabara de acordar de um sono profundo.

— Não, suponho que não. O proprietário anterior tentou lutar para sair no primeiro dia após nossa chegada, levando vários de seu sangue e funcionários à sua morte infeliz. Como esse prédio estava vazio, decidi que seria uma base de operações adequada.

Cylrit abriu um sorriso.

— Além disso, ela gosta de arrastar os nobres por toda a zona até a parte baixa da cidade.

— Silêncio.

Seris respondeu, acenando com a mão com desdém para seu Retentor.

— E, já que está sem fazer nada, me traga uma bebida.

Cylrit assentiu com a cabeça e se dirigiu para o bar que cobria metade do comprimento da parede dos fundos.

Estávamos parados em uma ampla sala de taberna aberta, bem padrão, exceto pelo fato de todas as mesas retangulares terem sido reunidas no centro. Era excepcionalmente limpo para uma pousada ou bar, as paredes eram áridas, todas as suas decorações tendo sido retiradas em algum momento. As janelas inferiores foram todas barricadas por um mago do atributo terra e as paredes reforçadas em alguns lugares para fornecer uma base mais defensável.

Uma porta atrás do bar levava a uma sala nos fundos, um lance de escadas dominava o lado esquerdo da taverna aberta. Algumas pessoas, membros da equipe de Seris, presumi, desceram as escadas brevemente, seus rostos iluminados com uma surpresa agradável, mas desapareceram com a mesma rapidez quando Seris lhes lançou um olhar significativo.

Os movimentos de Seris eram lentos e calculados quando se moveu para uma cadeira estofada no final das mesas juntas e se sentou nela com um gemido. Acenou para o resto de nós se juntar a ela.

Na porta, Ellie coçou Boo entre os olhos e disse-lhe para esperar do lado de fora.

Sentei-me à esquerda de Seris, enquanto Caera ocupou a cadeira à sua direita. Nervosismo saiu de Ellie em ondas enquanto se sentava rigidamente ao meu lado. Sylvie, do outro lado dela, apertou seu antebraço delicadamente. Chul ficou de pé, encostado em um poste vertical com os braços cruzados.

Cylrit apareceu por trás do bar e colocou um copo cheio de um líquido dourado na frente dela.

— Tem certeza de que não prefere descansar por algumas horas, ou dias, antes de nós—

Ele se calou com um olhar de Seris. Eles não disseram mais nada um ao outro, mas Cylrit permaneceu ao lado dela, uma das mãos no espaldar da cadeira, a expressão dura o suficiente para quebrar as fundações de pedra da pousada.

Seris tomou um pequeno gole, soltou um suspiro profundo e trêmulo e colocou o copo de volta na mesa.

— Então, aqui estou.

Disse, decidindo falar primeiro para quebrar a tensão.

— Você correu um grande risco, tanto ao enviar Caera para Dicathen quanto com esta jogada nas Relictombs. Eu poderia não ter vindo.

Uma ruga quase imperceptível marcava a pele lisa entre suas sobrancelhas.

— Agradeceria a você, de todas as pessoas, se não me desse um sermão sobre correr riscos, Arthur Leywin.

Levantei minhas mãos da mesa em um gesto de proteção.

— Tudo bem, entendi. Mas sério, Seris, do que se trata? Por que você mandou me chamar?

— Um momento.

Disse ela, cedendo sob o peso de sua fadiga.

— Os outros estarão aqui em breve e só tenho forças para ter essa conversa uma vez.

Ela tomou outro pequeno gole de sua bebida, sua atenção persistente em minha irmã.

— Eleanor, certo? Talento e bravura incomuns correm em seu sangue, pelo que vejo.

Ellie corou e olhou para suas mãos, que estavam entrelaçadas em cima da mesa na frente dela.

— Não sei bem sobre isso, uh, Foice Seris—

— Por favor, me chame de Seris. Acho que meu tempo como Foice e general de Alacrya já passou.

Ela me deu um sorriso triste.

— E esta deve ser… Senhorita Sylvie Indrath. Cadell pensou que você havia sucumbido aos ferimentos em Dicathen após a batalha. “Tal mãe, tal filha”, disse ele. Bem frio, esse Cadell. Mais frio agora, é claro.

Sylvie ergueu o queixo, o rosto emoldurado pelos dois conjuntos de chifres. O ouro de seus olhos estava derretido mesmo na luz brilhante do interior da pousada.

— Você parece estar muito bem informada, Senhorita Seris.

O rosto de Seris escureceu, seu foco momentaneamente distante.

— Essa sempre foi a minha força, é claro.

Seu olhar se deteve em Sylvie por um momento antes de cair em Chul.

— E quem é essa figura enorme atrás de você? Olhando para ele, eu quase pensaria…

Seus olhos se estreitaram e ela o inspecionou mais de perto.

— De linhagem Asura? Uma fênix?

A mandíbula de Chul endureceu.

— Você teve muita experiência com os membros da minha raça presos nas masmorras de seu mestre? Quanta participação você teve em seus questionamentos e torturas? Talvez você estivesse lá quando minha mãe, a grande Senhora Dawn do clã Ascepius, foi massacrada em sua cela?

Suprimindo um gemido, inclinei-me para a frente. Embora o distanciamento de Chul fosse justificado, não nos servia no momento.

— Somos todos amigos aqui, lembra?

No entanto, Seris não se intimidou com sua atitude. Na verdade, ela deu a ele um sorriso triste e um pouco da tensão saiu dela.

— Claro, eu entendo agora. Me perdoe. Eu estava ciente de sua mãe, até a vi brevemente uma ou duas vezes, mas nunca a conheci propriamente. Seu povo, os seguidores ocultos do Príncipe Perdido, são uma curiosidade em Taegrin Caelum, quase míticos, na verdade.

Sua atenção voltou para mim.

— Então, você realmente tem estado ocupado nos últimos meses, não é?

Virando apenas a cabeça, ela encontrou os olhos de Caera.

— E quanto a você, então, hm? Saiu galanteando com Arthur em suas aventuras, sem se importar com—

Ela parou de repente quando realmente olhou para Caera.

— Não, posso ver que não foi o caso.

Caera mordeu o interior de sua bochecha por alguns longos segundos antes de fornecer uma breve explicação de seu aprisionamento, primeiro nas mãos gentis dos Dicatheanos e depois muito menos confortável entre os dragões.

— Então, a guerra com os dragões realmente chegou.

Seris meditou baixinho, olhando para o álcool como se fosse uma bola de cristal e ela estava tentando adivinhar o significado desses eventos.

Seu devaneio foi interrompido por uma batida na porta.

Saindo de seus pensamentos, ela forçou um sorriso de boas-vindas em seu rosto cansado.

— Bem, parece que eles começaram a chegar. Preparem-se.

A porta se abriu e duas figuras familiares entraram: Corbett e Lenora Denoir.

A Senhora Lenora congelou, olhando para os chifres no topo da cabeça de Caera, mas apenas por um segundo. Rapidamente rompeu com o decoro e correu para Caera. Pega de surpresa, Caera nem se levantou quando Lenora se inclinou sobre ela, passando a mão em sua bochecha e olhando de uma ferida enfaixada para outra, parecendo cada vez mais desesperada.

— Oh, Caera, o que aconteceu com você?

Ela respirou. Seus olhos pularam para os chifres, depois de volta para a bandagem de Caera, e não tinha certeza do que ela estava se referindo.

Eu podia sentir o desconforto de Caera enquanto olhava para sua mãe adotiva, o queixo caído.

— Estou bem, disse ela tardiamente.

Corbett passou pelas duas mulheres, dando à Caera apenas um breve olhar e, em vez disso, aproximou-se de Seris. Ele curvou-se profundamente, com os olhos no chão. Ela o reconheceu pelo nome e ele se levantou e voltou-se para Caera.

— Lauden disse que você estava gravemente ferida. Estou… feliz em ver que a avaliação dele sobre sua saúde precária foi exagerada.

Caera hesitou, depois apenas murmurou:

— Obrigada.

Ao contrário de sua esposa, Corbett estava olhando descaradamente para os chifres claramente visíveis na cabeça de Caera.

— A Foice Seris teve a gentileza de nos informar sobre sua… situação também. Foi uma coisa boa. Mas não posso fingir que não estou chocado ao vê-la…

A porta se abriu novamente, revelando um homem com cabelos loiros bem aparados e um cavanhaque espesso.

Corbett pigarreou. Lenora sentou-se ao lado de Caera e ele sentou-se ao lado dela.

— Alto-lorde Frost.

Seris deu as boas-vindas ao homem.

— Por favor, sente-se.

Os severos olhos cinzentos do homem permaneceram em mim por vários segundos antes de entrar na taberna.

— Então, o famoso Ascendente Grey voltou. Esperançosamente, isso significa que não condenei meu sangue a uma morte lenta por fome sob este céu falso, afinal?

Cylrit pigarreou suavemente. Quando falou, suas palavras foram igualmente suaves, mas a ponta afiada nelas brilhava como uma navalha.

— Sente-se, Uriel.

O Alto-Lorde Frost hesitou apenas um segundo antes de se sentar no final da mesa oposta a Seris.

O próximo a entrar foi um homem mais jovem, de cabelos escuros e peito largo, que demorei alguns instantes para reconhecer. Parou na porta e olhou para mim, seus olhos ficando enevoados.

— Lorde Umburter.

Seris anunciou.

De repente, ele estava se movendo rapidamente ao redor da mesa em minha direção. Ellie ficou tensa, reuni éter em meu punho, preparado para me defender se necessário.

Mas ele parou a vários metros de nós, então caiu de joelhos, com lágrimas escorrendo de seus olhos voltados para baixo.

— Lança Arthur Leywin, o-obrigado.

De repente me lembrei. Ele era um dos nobres com autoridade sobre Xyrus. Este homem, junto com a maioria dos outros, tinha ficado feliz em deixar Augustine fazer toda a conversa, e ameaças, para eles.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou falando.

— Mesmo que você tivesse todos os motivos para me matar, não o fez. E ainda assim, aqui em Alacrya, meu irmão foi massacrado por um de nossos próprios Retentores sem hesitação. I-Isso era tudo que eu precisava entender sobre essa guerra.

Engolindo em seco, ele se levantou e sentou-se a meio caminho entre Ellie e Uriel.

Observei o jovem por longos momentos, mas ele manteve os olhos, agora secos novamente, firmemente para a frente. Então outro indivíduo entrou e ela me deu uma pausa.

Foram os chifres curtos brotando de sua testa que mais claramente me pegaram de surpresa. O cabelo preto azulado brilhante estava preso em um rabo apertado sobre os chifres, escuro contra sua pele pálida. Seus olhos cor de vinho pousaram imediatamente em Caera, ela soltou um suspiro aliviado. Seris a anunciou como

— Matrona Tremblay.

Ela se sentou ao lado de Corbett depois de passar vários segundos olhando os chifres de Caera.

Nos minutos seguintes, vários alto-sangues, matronas e ascendentes de alto escalão chegaram em um fluxo constante para encher nossa mesa. Alguns, como Sulla, levantaram-se para abrir espaço para aqueles de posição mais elevada do que eles. Alguns dos nomes eu conhecia, mas a maioria não significava nada para mim.

O último a entrar foi outra surpresa, pois mais uma vez vi Kayden do Alto-sangue Aphelion mancar pela porta depois que ela se fechou.

Seris olhou para o homem com leve surpresa.

— Ah, Lorde Aphelion. Bem-vindo.

Kayden acenou com sua marca registrada de descuido e foi direto para o bar, longe da tensão crescente daqueles ao nosso redor.

Os olhares astutos e perspicazes dos alto-sangues estavam grudados em Seris e em mim, sua antecipação palpável enquanto esperavam que falássemos.

Seris encontrou meu olhar. Dei a ela um pequeno aceno de cabeça. Então limpou a garganta e falou:

— Agora que todos estão presentes, vamos começar.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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