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O Começo Depois do Fim – Cap. 433 – Comitiva

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— Tudo o que posso dizer com certeza é que Sehz-Clar caiu, mas Seris escapou.

Disse Caera.

— Esse conhecimento foi fornecido por Lyra do Alto-Sangue Dreide antes da chegada dos dragões e pode estar semanas desatualizado.

— Mas podemos usar isso para chegar a qualquer lugar, certo?

Ellie perguntou, indicando o pesado pedaço de metal martelado que parecia vagamente com a bigorna de um ferreiro.

— Quase em qualquer lugar, sim.

Confirmou Caera. Seu dedo indicador batia nos lábios enquanto ela considerava o tempus warp, que eu havia adquirido das Assombrações.

— Mas isso só nos ajuda se soubermos para onde estamos indo.

— Por que não ir direto para a garganta?

Chul se apoiou nos cotovelos, o olho laranja brilhando com um fogo interno.

— Podemos usar isso para ir a qualquer lugar, você diz? Assim poderíamos atacar Agrona diretamente.

— Quase em qualquer lugar.

Caera repetiu.

— Taegrin Caelum é uma fortaleza impenetrável guardada pela magia e tecnologia Vritra.

— Meu avô enviou toda uma força de Asuras para assassinar Agrona e eles falharam.

Acrescentou Sylvie.

— Não sabemos como nem porquê. Até que o façamos, é muito arriscado enfrentar Agrona diretamente, especialmente na sede de seu poder.

O silêncio caiu sobre a mesa, o único som era de Boo, que estava sentado em um canto se arrumando ruidosamente. Um dia se passou desde nossa chegada a Vildorial. Caera, Chul, Ellie, Sylvie, Regis e eu sentamos ao redor de uma grande mesa com o tempus warp entre nós. Estávamos nas profundezas do Instituto Earthborn em uma câmara protegida contra som e mana, então até mesmo Vajrakor teria dificuldade em nos espionar se estivesse motivado a fazê-lo.

Apontei para Caera, pensando no que ela havia dito.

— Mas Lyra Dreide pode saber mais. Não confio em Vajrakor o suficiente para pedir informações a ele, mas faz sentido que Lyra esteja de olho em Alacrya. Se os esforços da Seris estão de alguma forma sendo feitos aos olhos do público, então podemos descobrir por onde começar.

— Vajrakor também pensou em trancá-la.

Disse Caera, um tom amargo rastejando em seu tom.

— Ele estava refletindo sobre isso um dia enquanto me pressionava para obter informações, tentando usar a liberdade contínua dela contra mim. Aparentemente, ele a proibiu de viajar e ameaçou queimar os acampamentos Alacryanos, e os Alacryanos neles, se ela não obedecesse. Sei que ela deu a ele algumas informações porque então me usou para verificá-las, mas não posso ter certeza de que não estava apenas tentando me manipular ainda mais.

— Mais Alacryanos?

Chul se levantou da mesa e nos deu as costas.

— Nós misturamos demais as linhas de aliado e inimigo.

— Cuidado aí, senhor sábio, você está parecendo terrivelmente igual a Vajrakor.

Brincou Regis.

Chul olhou para Regis por um longo momento, parecendo ter pensado nisso, então voltou para seu lugar.

— Sou mesmo.

Houve uma batida nas portas duplas de pedra que levavam para a sala, fazendo com que Boo soltasse um rosnado baixo.

Ativando o Realmheart, verifiquei as assinaturas de mana daqueles além, então as abri e permiti que Gideon e Wren Kain entrassem. Mica estava se aproximando logo atrás deles e segurei a porta aberta para ela também. Wren imediatamente se afundou em uma cadeira que cresceu do chão para ele enquanto se sentava nela, enquanto Gideon encontrava um lugar à mesa.

Mica se encostou na parede do fundo com uma carranca esculpida em seu rosto. Havia abandonado o uniforme de Lança em favor de uma simples armadura anã e um pesado manto de pele que aumentava seu volume, disfarçando seu corpo infantil. Uma gema negra brilhou dentro de sua órbita ocular esquerda.

Saí da sala, fechando a porta atrás de mim para garantir que o selo permanecesse intacto e esperei que o resto se juntasse a nós.

Varay foi a próxima a chegar. Trocamos algumas palavras educadas e eu a deixei entrar na sala de reunião.

Minha mãe parecia incrivelmente nervosa quando dobrou a esquina para o corredor, mas relaxou quando me viu. Puxando-me para um abraço, me beijou na bochecha e então olhou penetrantemente em meus olhos.

— Arthur, o que é isso? Não fui feita para me esgueirar por aí.

Eu não pude deixar de sorrir.

— Você sobreviveu sendo uma aventureira, uma médica da linha de frente na guerra e minha mãe.

Ela revirou os olhos e me deu um tapa de brincadeira.

— Isso é verdade, suponho. É uma maravilha que todo o meu cabelo não tenha ficado grisalho e caído.

Disse ela, arrancando uma mecha grisalha entre as mechas ruivas.

— Antes de você entrar…

Retirei algo da minha runa dimensional e estendi para ela.

— Pensei muito sobre isso e quero que você fique com isso aqui.

Ela arrancou cuidadosamente a pedra branca leitosa da palma da minha mão, virando-a para olhar as muitas facetas.

— O que é?

— Você se lembra daquele anel que Vincent Helsea lhe deu quando comecei a me aventurar?

Perguntei.

— É mais ou menos isso, exceto… bem, se você puder usá-la, poderá verificar a mim ou a Ellie e ver exatamente o que estamos fazendo. Pensei… não quero que você tenha que se preocupar. A menos, é claro, que ligue e me encontre sendo dilacerado por monstros etéreos raivosos.

Acrescentei.

As bochechas da minha mãe empalideceram com a minha piada e ela pressionou a pedra de volta em mim.

— Talvez seja melhor que—

— Desculpe, eu disse, esfregando a parte de trás do meu pescoço.

— Honestamente, me faria sentir muito melhor se você ficasse com ela. De qualquer forma, só consegui usá-la para ver você e Ellie e se Ellie estiver comigo…

Ela suspirou e segurou-a com as duas mãos.

— Certo, o que eu faço?

Pensei nisso, já que usei éter para ativá-la. Embora levasse tempo para recarregar após cada uso, ela sugava seu próprio éter, então era apenas uma questão de ativá-la.

— Basta enviar uma explosão de magia de cura. Quando ela tocar sua mente, pense em Ellie.

— Devo experimentar…?

Balancei a cabeça e mamãe fechou os olhos e imbuiu a relíquia. Observei como sua magia de cura interagia com o vivum na atmosfera, atraindo-o para a relíquia, então como os tentáculos de éter a alcançavam em resposta.

— Ah.

Disse suavemente. A conexão foi cortada e seus olhos piscaram abertos.

— Eu pude vê-la falando com Chul.

Seus olhos saltaram para as portas fechadas.

— Dentro dessa sala. Ah, obrigada.

Ela me puxou para outro abraço.

— Demora alguns dias para ser usado novamente, então você não poderá nos observar a cada passo do caminho.

Expliquei.

— Isso provavelmente é uma coisa boa.

Respondeu, olhando para a pedra e virando-a várias vezes em suas mãos. Um pequeno sorriso brincou em seu rosto.

— Não tenho certeza se sou forte o suficiente para resistir ao desejo de verificar se você está bem a cada cinco segundos e tenho muito o que fazer para me perder neste artefato.

Atrás dela, os últimos convidados entraram no salão. Ela acenou para Virion e Bairon, então a deixei entrar na sala de reuniões.

Virion colocou as mãos nos meus ombros e me olhou de cima a baixo. O velho elfo estava fisicamente inalterado, mas estava claro que os acontecimentos dos últimos dois anos o haviam drenado da exuberância e vitalidade que outrora possuía em abundância.

— É estranho. Às vezes, quando já faz algum tempo que não te vejo, quase espero encontrar aquele garoto de dezesseis anos esperando por mim.

Seu sorriso vacilou, deu um tapinha na minha bochecha.

— Então vejo esse cabelo, esses olhos, esse rosto e me pergunto se realmente pode ser você.

— Não fique sentimental comigo, vovô.

Provoquei, embora meu coração não estivesse no clima para isso.

— Há… muito sobre o que colocar em dia com você.

— Pirralho.

Murmurou e, juntos, entramos na câmara. Houve uma finalidade sinistra na forma como a pesada porta se fechou com um baque.

Meu olhar percorreu todos ali, todas as pessoas em quem eu mais confiava, mesmo contra o poder manipulador e a autoridade de Kezess Indrath.

— Obrigado por terem vindo, todos. Isso não vai demorar. Reservei um momento para apresentar a todos para benefício daqueles que não se conheciam.

— Tenho notícias e um pedido.

Disse quando terminei. Não pretendendo fazer muita cerimônia sobre isso, retirei Cintilação Prateada, a espada de Aldir, da minha runa dimensional e a segurei.

— Esta arma pertenceu ao panteão Asura, Aldir.

A reação foi imediata. Varay e Mica trocaram um olhar cauteloso, enquanto Virion enrijeceu, sua mandíbula apertada.

— Aldir foi o Asura responsável pela destruição de Elenoir. Esse crime já foi punido. Aldir nunca machucará outro humano, elfo ou anão e carrego sua arma como prova.

Olhando nos olhos de Virion, manobrei ao redor da mesa até ficar bem na frente dele. Cuidadosamente, segurei o florete de prata com as duas mãos. Com os dedos trêmulos, ele estendeu a mão para pegá-lo.

Sua carne atravessou o metal sólido como se fosse um reflexo na água. Ondulações percorriam a prata e, a cada ondulação, o florete se dissolvia ainda mais, até que nada restasse além de luz. Antes que eu pudesse reagir, a luz se condensou em um único ponto, como uma estrela prateada, e depois brilhou pela sala.

Ele desviou do rosto de Wren, em seguida, fechou em Varay, virando de lado antes de atingir seu peito. Bairon se afastou enquanto roçava o topo de sua cabeça, então atirou em Mica.

Finalmente, tão rápido que nem tive tempo de interceder, atingiu Ellie no esterno. Minha irmã foi jogada para trás, seu corpo batendo em Boo, que correu para o lado dela no momento em que a estrela começou a girar, seu volume a amorteceu.

Mamãe soltou um suspiro sufocado, as Lanças tinham armas e feitiços prontos, Bairon segurando a lança vermelha de Taci na direção de minha irmã como se tivesse medo de que ela pudesse atacar.

Com uma das mãos, Ellie esfregava o esterno, parecendo mais em estado de choque do que de dor. Em sua outra mão, a luz prateada fluía na forma de um bastão longo e curvo.

— Ellie, você está bem?

Mamãe perguntou, já canalizando um feitiço de cura.

— S-Sim, apenas… assustada.

Disse, ainda se verificando para ter certeza de que suas palavras eram verdadeiras.

— Oh, guarde isso.

Wren repreendeu Bairon, que por sua vez lançou ao titã um olhar desconfiado.

— A menos que você planeje lutar com a criança Leywin e sua nova arma.

Me concentrei em Wren, que tinha uma expressão divertida e ainda assim irritada.

— O quê?

— A Cintilação Prateada escolheu a garota por sei lá qual motivo. A arma de um Asura está ligada a eles. Às vezes, não permite outro mestre, outras vezes o Asura moribundo pode liberá-la para encontrar uma nova mão para carregá-la. Um vínculo fraco pode ser superado por um espírito suficientemente forte.

Ao dizer isso, ele indicou a lança vermelha ainda presa nos punhos de Bairon.

O foco de Mica permaneceu no cajado dobrado.

— Então, estamos apenas entregando armas Asuras para crianças agora?

Mamãe fez uma careta para Mica, mas não disse nada.

— Não parece muito com uma arma para mim.

Chul entrou na conversa, inclinando-se para inspecionar o bastão.

— É um arco.

Respondeu Ellie.

Boo cheirou e percebi que Ellie estava certa. O que eu havia confundido com um bastão curvo era o corpo de um arco sem corda.

— Nesse caso, a Cintilação Prateada sempre foi maleável por natureza. Ela escolheu a jovem Eleanor para empunhá-la e, ao fazê-lo, assumiu a forma que será mais útil. Você deveria se orgulhar de ter sido considerada digna por tal arma.

Wren concluiu, seu olhar pesando sobre minha irmã.

Os olhos de Ellie estavam arregalados como luas cheias e quase da mesma cor que refletiam o brilho prateado do artefato Asura. Isso não era exatamente o que eu pretendia, mas não podia fingir que não estava satisfeito por ela ter uma arma tão poderosa.

— Mas não há corda.

— Eu disse que a Cintilação Prateada reconhece você como digna. Quanto a estar pronta…

Wren deu de ombros descuidadamente.

Boo deu um grunhido como se discordasse do julgamento da Cintilação Prateada antes de retornar ao seu canto. Sylvie deu um tapinha consolador em seu traseiro enquanto ele passava.

Voltei minha atenção para Virion, pois ainda não havia terminado minhas notícias. Seu olhar estava distante, apontado na direção do arco brilhante, mas não focado nele.

— Você está bem?

— Você fez justiça, Arthur e eu agradeço por isso.

Ele soltou uma risada ofegante, mas era quase um soluço.

— E, no entanto, parece tão superficial.

Minhas sobrancelhas franziram em confusão.

— Sinto muito, não entendo.

— Eu sei que, para o povo de Dicathen permanecer unido, isso precisava ser feito.

Respondeu suavemente.

— Mas talvez eu realmente não desejasse que Aldir, a quem eu respeitava muito, morresse. Uma morte pode realmente compensar milhões?

Desejei então poder contar a ele a verdade sobre o que havia acontecido, mas sabia que isso apenas prejudicaria qualquer coisa que pudesse ser ganha pelo sacrifício de Aldir.

— Talvez seja verdade que a justiça nunca pode terminar em morte ou, em vez disso, se torna vingança. Nesse caso, talvez esta possa ser a verdadeira justiça que seu povo, nosso povo precisa.

Engoli em seco, balancei a cabeça e retirei outro objeto. Colocando a pequena caixa sobre a mesa, empurrei-a para Virion. Ele a pegou delicadamente, abrindo a tampa como se tivesse medo de que ela se quebrasse. Suas sobrancelhas pesadas se uniram, as linhas duras de tais emoções pesadas se suavizando em simples curiosidade.

— Este solo é do Monte Geolus em Epheotus.

Expliquei.

— Me disseram que é capaz de cultivar plantas em qualquer lugar, mesmo em algum lugar destruído pela técnica do Devorador de Mundos.

Com um dedo trêmulo, Virion alcançou a terra, mas não a tocou. Quando encontrou meus olhos novamente, havia uma necessidade clara e desesperada escrita neles.

— Sério mesmo?

Sylvie se mexeu na cadeira.

— É difícil descrever para quem nunca viu Epheotus, mas de acordo com a história Asura, o solo do Monte Geolus espalhou vida por todo o reino.

O rosto de Virion estava voltado para a mesa e uma lágrima caiu de seu nariz para espirrar contra a pedra. Bairon pousou a mão nas costas de Virion, olhando para baixo impotente.

Quando Virion finalmente olhou para cima, seus olhos estavam vermelhos, mas vazios de lágrimas. Teve que limpar a garganta antes de falar.

— É isso, a vida em vez da morte, que pode trazer esperança aos elfos, assim como trouxe esperança, por tanto tempo uma coisa distante e inalcançável, ao meu coração. Obrigado.

— Ótimo. Bem, então.

Fiz uma pausa, procurando o que estava tentando dizer.

Wren deu a volta na mesa e estava sussurrando no ouvido de Ellie. Minha irmã estava muito concentrada no bastão em suas mãos, mas ele não parecia estar respondendo. Ela soltou um suspiro alto, então rapidamente colocou a mão sobre a boca em constrangimento.

— Há outra razão pela qual pedi a todos vocês para estarem aqui.

Continuei.

— Como parte do meu acordo com Kezess, ele enviou dragões para Dicathen para proteger o povo de Agrona. As coisas nunca são tão simples assim, porém, quando se lida com os Asuras.

Varay foi a primeira a responder.

— Você está preocupado com os dragões manipulando o apoio público em favor de Kezess em vez de nossos próprios líderes, como você.

Deixei minha resposta ferver por um momento, não querendo falar mal, considerando as circunstâncias potencialmente terríveis.

— Eu nunca desejei me tornar governante de Dicathen, nem como rei ou regente ou qualquer outra coisa. Mas se os dragões ganharem domínio suficiente sobre os cidadãos, Kezess usará isso contra nós. As pessoas podem não ver isso agora, mas haveria muito pouca diferença entre a vida sob o governo de Kezess e a de Agrona.

Todo mundo estava concordando enquanto falava. Não esperava nenhuma discordância, mas ainda assim fiquei feliz por não ter sido pego de surpresa.

— Dicathen precisa não apenas de esperança, mas também de força. Precisamos capacitar humanos, anões e elfos igualmente para que sua única escolha não seja se curvar a qualquer poder superior que eles vejam como o mal menor. É por isso que Wren Kain IV.

Indiquei Wren, que ainda estava ao lado de Ellie.

— Vai trabalhar na minha metade para garantir que sejamos capazes de fazer exatamente isso. Estou pedindo que vocês os ajudem de qualquer maneira que precisarem.

— Ajudá-los como?

Bairon perguntou, as primeiras palavras que pronunciou desde sua chegada.

Poupando-os de muitos detalhes estranhos, expliquei um pouco do que Gideon e Wren estariam tentando realizar, bem como esperava que Kezess prosseguisse com esta nova fase da guerra. Houve várias perguntas, mas depois de alguns minutos comecei a empurrar essas perguntas para Wren, na esperança de estabelecer algum tipo de relacionamento entre os grupos.

— Faremos o que pudermos.

Disse Virion quando a conversa começou a esfriar.

— Os dragões mal me reconheceram, mas os elfos ainda me veem como seu líder de fato no momento. Aqueles de nós que sobraram.

Mica se afastou da parede e caminhou até a mesa. Descansou os cotovelos sobre ela e se inclinou para frente, seu olhar de aço saltando de mim para Wren.

— Se estamos trabalhando para garantir que esses dragões não escravizem todos nós, então você sabe que estou dentro.

Varay não disse nada, mas ela não precisava.

Me levantei e todos os outros seguiram o exemplo.

— Vamos embora imediatamente. Se Vajrakor ou os outros vierem me procurar, não há necessidade de esconder para onde fui. Faça o possível para manter boas relações com os dragões. Mantenha o foco deles em mim, não chamem a atenção para si mesmos se puderem evitar.

Abri as portas e Virion saiu primeiro, segurando a caixa com força com as duas mãos. Ele me deu um pequeno aceno de cabeça e um sorriso distante, uma expressão que o fazia parecer tão velho quanto era.

Bairon seguiu logo atrás dele.

— Não demore um ano desta vez, hein?

— Apenas alguns meses.

Bairon franziu a testa com minha tentativa de piada.

— Adeus, Arthur.

Atrás dele, Mica ajeitou o manto e enfiou os polegares no cinto.

— Apenas vá fazer o que você precisa, certo? Eu cuido das coisas aqui.

Varay pousou a mão no meu braço por apenas um momento, então seguiu as outras Lanças para fora.

— Não morra, garoto, pois isso seria incrivelmente inconveniente.

Gideon resmungou, passando sem nem olhar para mim.

A cadeira de Wren havia se desconectado do chão e estava flutuando no rastro de Gideon com Wren descansando em cima dela. Em vez de se dirigir a mim ao sair, se concentrou em minha irmã.

— Não exagere com essa arma. Só porque ela escolheu você não significa que não vai te queimar se você investir muito de si mesma nela.

Mordi a língua, evitando o impulso de fazer advertências.

Além daqueles que iriam comigo, apenas minha mãe permaneceu, com o braço em volta da cintura de Ellie, parecendo cada vez mais nervosa.

Sabendo que precisaríamos nos mover rapidamente, já havia feito todos os preparativos necessários para uma longa jornada, que estavam armazenados com segurança dentro da minha runa dimensional.

Sem perder mais tempo, ativei o tempus warp. O artefato emitiu um brilho quente ao abrir um portal opaco ao lado da mesa, pairando no ar como um derramamento de óleo.

— Regis, você vai primeiro.

Ele saltou para o portal sem hesitar.

Chul não esperou que eu mandasse a próxima pessoa passar. Em vez disso, proclamou em voz alta:

— Como as lanças de guerra, o cachorro enfumaçado e eu abriremos o caminho para nossos companheiros.

Então ele também se foi. Caera e Sylvie correram atrás dele. Quando chegou a vez de Ellie, mamãe deu um grande abraço nela e deu um passo para trás. Ellie me deu dois polegares para cima antes de pular para o portal, Boo entrou logo atrás dela.

— Não sei dizer quanto tempo vamos ficar fora.

Disse à minha mãe, colocando um braço em volta dela em um rápido abraço lateral.

— Bem, pelo menos eu tenho a pedra.

Disse ela, sorrindo de uma forma que não achei totalmente convincente.

— O Orbe da Espiada de Longo Alcance.

Disse, suprimindo um sorriso em sua expressão.

— Tchau mãe. E tenha cuidado.

— Você também, Arthur.

Ela me deu um último aperto firme, então deu um passo para trás, ficando de pé e mantendo sua expressão determinada enquanto me observava com confiança. Foi o suficiente para me empurrar, embora eu odiasse deixá-la para trás novamente.

Armazenando o tempus warp em minha runa dimensional, atravessei o portal.

A transição foi perfeita. Fui de dentro da câmara subterrânea em Vildorial direto para o sol forte. Uma brisa fresca soprava do norte, trazendo consigo o cheiro de cinzas. Sob nossos pés havia um caminho liso e de paralelepípedos. Tínhamos chegado ao primeiro de uma série de acampamentos que contornavam a fronteira entre os arredores de Elenoir e a Clareira das Bestas.

O portal desapareceu atrás de mim enquanto olhava ao nosso redor. Prédios simples e quadrados foram erguidos em fileiras toscas ao longo do caminho. Eram marrom-acinzentadas e suspeitei que os tijolos que as formavam tivessem sido feitos de cinzas.

Um grande número de Alacryanos estava nos observando com cautela. A maioria usava túnicas e calças simples, estavam quase todos cobertos de cinzas de qualquer trabalho que tivessem feito naquela manhã. Fiquei imediatamente impressionado com o quão normais eles pareciam sem suas armaduras pretas e vermelhas ou suas tatuagens rúnicas orgulhosamente exibidas. Eles poderiam ser fazendeiros ou mineradores de qualquer vila em Sapin.

— Estamos procurando por Lyra do Alto-Sangue Dreide.

Anunciei, examinando a multidão.

Muitos dos Alacryanos trocaram olhares com seus vizinhos e alguns sussurraram entre si, suas palavras muito baixas para eu entender.

Um homem careca com uma barba rala e irregular e uma mancha escura na bochecha enfiou a pá que carregava no chão.

— A Senhorita Lyra estará aqui em breve. Ela faz suas rondas todos os dias, certificando-se de que tudo esteja em ordem e que todos tenham o que precisam.

Havia uma amargura em sua voz que não parecia dirigida a Lyra.

— Ela visita todos os acampamentos todos os dias?

Perguntei, surpreso.

— Ao contrário da pessoa que nos enviou aqui para sobreviver neste deserto.

O homem disse, encontrando meu olhar e cuspindo no chão.

— Thoren!

Uma mulher de meia-idade repreendeu, olhando para mim com medo.

— Perdoe-o, regente. Agradecemos o que você fez por nós! Mas nem todo mundo passa facilmente da vida de soldado para caçador ou fazendeiro.

Eu me aproximei do Alacryano que ela chamou de Thoren, minha expressão nivelada, mas severa.

— Entendo sua frustração, mas tenho certeza de que concorda comigo que isso é melhor do que o interior de uma cela de prisão ou o fundo de uma cova rasa.

Meu olhar varreu nossos arredores, observando os sinais de vida e comunidade na terra outrora desolada.

— O fato de você ter tido tanto sucesso em criar uma chance de sobrevivência aqui, sob a orientação da única líder Alacryana que demonstrou se importar com seu bem-estar, me diz que tomei a decisão correta.

O homem olhou para o chão.

— Sim, bem, suponho que quando você coloca dessa forma.

Ele se afastou sem dizer mais nada, os ombros curvados e a pá empunhada como uma lança.

— O que está acontecendo aq— Regente Leywin!

Uma voz muito doce foi ouvida. Virando-me, encontrei a outrora retentora, Lyra Dreide, caminhando confiantemente ao longo do caminho em nossa direção. Seu cabelo ruivo caía sobre os ombros, destacando-se em contraste com as roupas simples e rústicas que ela havia adotado.

— Ah, e a Senhorita Caera também. Admito que temi por você nas garras daquela fera, Vajrakor.

— Retentora Lyra.

Disse Caera, dando um pequeno sorriso à outra Alacryana.

— Na verdade, estamos aqui procurando por você.

A multidão ao nosso redor se separou, os Alacryanos voltaram para seus deveres, Lyra gesticulou para que a seguíssemos. Caminhamos entre as fileiras de prédios. A maioria tinha plantações cheias de ervas na frente, vi onde dois poços foram erguidos. Tudo era voltado para um propósito, nada parecia ser ornamental.

E tudo aquilo, tudo, era incolor. Até o chão, onde não crescia grama, era apenas um tom mais escuro de cinza contra o caminho de paralelepípedos mais claro. À nossa direita, o horizonte escureceu com o verde da Clareira das Bestas. Fileiras de canteiros elevados dividiam a paisagem. Dezenas de Alacryanos trabalhavam arduamente transportando terra e água, cuidando das plantações e erguendo novos canteiros com uma combinação de trabalho físico e mágico. Além deles, vários magos montavam guarda de frente para a Clareira das Bestas.

Do outro lado da aldeia, o horizonte ao norte simplesmente desaparecia em uma névoa de calor acima das colinas cinzentas.

— Não é exatamente uma bela vista, é?

Lyra meditou, seguindo minha linha de visão.

— Ainda assim, nos saímos muito bem aqui. Há uma certa… Paz nisso.

Um grito agudo interrompeu de repente o silêncio rústico e levei um momento para reconhecer o som.

— Um bebê.

Disse Sylvie, chegando a essa conclusão um momento antes de mim.

Lyra sorriu e afastou o cabelo brilhante do rosto.

— Nosso primeiro. Uma criança Alacryana nascida em solo Dicathiano. O que exatamente isso faz dele, regente?

Eu não sabia, mas Lyra me salvou do trabalho de lutar por uma resposta.

— Nossa presença atrai um suprimento constante de bestas comestíveis de mana para fora da Clareira das Bestas e encontramos vários bois lunares que devem ter estado longe o suficiente ao sul quando… e conseguimos iniciar algumas colheitas com sementes enviadas por aquela mulher, Helen Shard. Sim, eu diria que fizemos o melhor que poderíamos esperar, considerando tudo.

Virando para o sul, Lyra nos conduziu para longe do assentamento e em direção à orla da floresta que marcava onde terminavam os arredores de Elenoir e começava a Clareira da Bestas. Aglomerados de grama amarela cresciam aqui e ali, então algumas árvores esparsas e vivas entre os restos negros de muitas outras mortas. Não foi até que nos aproximamos a algumas centenas de metros das florestas mais densas que ela parou sob os galhos estendidos de uma árvore moribunda.

— Você trouxe uma comitiva.

Disse ela, de pé com as mãos nos quadris.

— Eleanor, peço desculpas por não ter dito isso antes, mas estou feliz em vê-la, é claro. E Regis, você também, suponho. Mas quem são esses outros?

— Eu sou Chul.

Ele cruzou os braços sobre o peito e olhou de nariz empinado para Lyra.

— Não posso dizer que estou satisfeito em conhecer uma Alacryana, mas Arthur a considera uma aliada, então devo fazer o mesmo.

— E esta é o meu vínculo, Senhorita Sylvie do Clã Indrath.

Continuei.

— Indrath…

Os olhos de Lyra se arregalaram enquanto olhava para Sylvie.

— Minha nossa, eu…

Ela olhou entre nós, talvez a única vez que já a vi sem palavras.

— Bem, estes são tempos estranhos. Mas é claro que é um prazer conhecê-la, Senhorita Sylvie.

— Apenas Sylvie.

Disse ela.

— Sou quase tanto uma Indrath quanto Chul.

Chul bufou, virando-se.

Lyra riu, relaxando.

— Então, por que estão aqui?

— Retentora Lyra, precisamos saber o que aconteceu com a Foice Seris.

Disse Caera no silêncio que se seguiu.

Lyra mordeu o lábio, franzindo a testa.

— Não estou surpresa que ainda não tenha ouvido. Vou dizer o que posso.

Ativando um artefato dimensional, ela retirou um grande rolo de pergaminho. As cinzas entre nós se expandiram para cima e para fora, formando uma mesa, estendeu o pergaminho para revelar um mapa de Alacrya. Estava coberto de anotações. Mais alguns pedaços de pergaminho apareceram do artefato dimensional, ela os colocou estrategicamente ao redor do mapa.

— Descobrimos que O Legado derrubou o escudo ao redor de Sehz-Clar e encurralou Seris. Como era típico dela, porém, estava preparada para a chegada de Cecilia, transmitindo o confronto para todo o continente ver.

“Mas então, este foi um verdadeiro golpe de gênio, suas forças atacaram as Relictombs e assumiram o segundo nível, de alguma forma bloqueando os portais de ascensão e impedindo qualquer outra pessoa de entrar.

Lyra explicou, sua voz cheia de admiração.

— Não.

Caera se engasgou, com a mão cobrindo a boca.

— Ela havia especulado que tal coisa era possível, mas eu nunca pensei…

Lyra ergueu um pergaminho que reconheci como um artefato para transmitir mensagens a grandes distâncias.

— De fato. Minhas fontes têm algumas semanas, mas não houve notícias das Relictombs desde que ela os levou pela primeira vez, várias semanas atrás. Se eu sei alguma coisa sobre o Alto Soberano, acho que é provável que ele esteja simplesmente esperando que ela saia. O segundo nível não tem colheitas ou indústria. Não importa o quão bem preparada ela esteja, não pode hospedar sua rebelião dentro das Relictombs indefinidamente.

Senti a confusão de Sylvie borbulhar em nossa conexão enquanto tentava entender tudo o que estava sendo dito. Regis assumiu a liderança preenchendo as lacunas para ela enquanto me concentrava em Lyra.

— Precisamos chegar em Alacrya e verificar se nada mudou.

Disse aos outros.

— Se ela ainda está escondida nas Relictombs, posso ser a única pessoa que pode chegar até ela, um fato que sem dúvida desempenhou um papel em seu plano.

— Parece que a Foice Seris planejava ocupar as Relictombs até que você chegasse para apoiá-la, regente, mas isso já faz meses.

Lyra disse cautelosamente.

— Ela sem dúvida planejou possíveis atrasos e tangentes, mas mesmo ela certamente foi levada ao limite de seus recursos.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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Cap. 433