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O Começo Depois do Fim – Cap. 334 – Proteção

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Passos rasos ecoavam pelas paredes fortificadas enquanto Darrin conduzia Alaric e eu por uma longa escada sinuosa que nos levava ao subsolo.

O que nos saudou no final da curta jornada foi uma porta grossa com inscrições de runas que se abriu para uma grande área de treinamento. Meu olhar varreu a ampla sala, e as memórias dos campos de treinamento no castelo voador, onde treinei com Hester, Buhnd, Camus e Kathyln depois de me tornar uma Lança, ressurgiram.

Com o pesadelo sobre Tess e Cecilia ainda fresco em minha mente, o passado parecia que estava flutuando mais perto da superfície do que o normal.

Parece que foi em uma vida passada, pensei com um suspiro, parando na porta.

— Isso me traz uma boa pergunta: exatamente quantas vidas você tem, afinal? — Regis perguntou, sua forma incorpórea irradiando diversão e curiosidade genuína. — Sete, como um gato, ou você é mais como um Nix do rio, apenas se livrando de seu corpo antigo e criando um novo?

— Um Nix do rio?

— É uma pequena besta de mana em forma de tubo que vive nas rochas debaixo d’água. Ele perde seu exoesqueleto cristalino todas as manhãs, saindo novo em folha, e se você o cortar em dois, as duas metades se regeneram.

Entrando na sala de treinamento, imaginei como seria gerar um clone de mim mesmo toda vez que um de meus membros fosse decepado.

Regis praguejou em minha cabeça.

— Por favor, esqueça que eu disse alguma coisa. Essa cena é horrível.

Como na porta, as runas foram inscritas no chão, ao longo das paredes e no teto. Segui uma linha das runas, tentando determinar para que serviam.

— Runas de proteção. — Darrin confirmou. — Para manter a casa segura. Isso significa que posso me soltar com tudo aqui embaixo sem nem mesmo acordar Sorrel de sua soneca.

Era uma sala de treinamento impressionante, embora não tão grandiosa quanto a do castelo voador.

— Então, depois de ir contra os principais juízes e um sangue nomeado para mim, isso é tudo o que você queria? — perguntei, ainda navegando na sala sem enfeites. — Uma sessão de treinamento?

Alaric cutucou preguiçosamente sua orelha.

— Ele é estranho assim.

— Sério? Eu acho que é normal para um lutador querer sempre se testar.  Darrin respondeu enquanto se espreguiçava no chão.

— Com licença, senhor Darrin! — Sorrel entrou na conversa da porta. As crianças estavam agrupadas ao redor dela e espiando ansiosamente para a sala de treinamento. — Senhor, as crianças estavam se perguntando se podem assistir!

Darrin olhou para mim e, embora eu não estivesse interessado em mostrar minhas proezas de combate a ainda mais alacryanos, eram apenas crianças.

— Eu não me importo.

O ascendente aposentado sorriu de alegria ao acenar para elas.

— Será uma grande experiência para elas!

— Deveria ter cobrado de você por isso. — Alaric reclamou.

— A quantidade de álcool que você já inalou das minhas prateleiras deve ser o suficiente para nos deixar quites até mesmo para este favor. — disse Darrin com uma piscadela.

Quando as crianças se acomodaram no canto oposto da sala, Briar entrou pela porta. Com uma toalha enrolada nos ombros e o suor brilhando em seu rosto, ela se sentou com o resto do público.

Enquanto Adem e as outras crianças estavam obviamente ansiosas pelo show, Briar me observou ainda mais criticamente do que os juízes do Alto Salão.

— Você precisa de algum tempo para se aquecer? — Darrin perguntou, levantando-se novamente.

Balancei minha cabeça, jogando no chão o manto externo que Sorrel havia fornecido para mim.

— Algumas regras, então. — continuou, alongando um braço sobre o peito. — Sem matar ou mutilar, obviamente. — Darrin seguiu essa declaração com um sorriso para deixar claro que ele estava brincando. — Já que não temos Escudos—

— Eu posso criar uma barreira ao meu redor. — disse, sabendo que ele estava prestes a descobrir de qualquer maneira.

A maioria dos Alacryanos que eu lutei na guerra não eram capazes de se proteger com mana, em vez disso, contavam com seus grupos de batalha, especificamente os magos conhecidos como Escudos, para protegê-los. Minha experiência com outros ascendentes nas Relictombs sugeria que nem todos os magos Alacryanos eram tão limitados, mas eu não queria que minha habilidade se destacasse muito.

— Bom. — disse ele. Se pensou que era estranho, não revelou. — A especialização se tornou popular desde que os simuladores permitiram que os ascendentes explorassem as Relictombs juntos, mas acredito firmemente que a versatilidade tem muito mais mérito quando as coisas dão errado.

— Pare de dar uma de professor. — Alaric vaiou. — Nenhum desses idiotas quer suas opiniões desatualizadas.

— Você provavelmente experimentou por si mesmo, Grey. — Darrin continuou, ignorando o comentário do velho bêbado e as risadinhas das crianças. — As Relictombs requerem flexibilidade e criatividade se você quiser sobreviver.

Simplesmente balancei a cabeça quando a voz de Regis soou em minha cabeça.

— Sim, mostre um pouco mais de criatividade do que… imbuir o corpo com éter, e socar coisas, princesa. Você não era um mago quadra elemental?

— Verdade, mas eu não conseguia regenerar um braço naquela época. — falei levianamente.

— …Touché.

— Alguma outra regra antes de começarmos? — perguntei.

— Normalmente não mencionaria isso, mas diria, para você, evite grandes ataques na direção das crianças. — acrescentou Darrin com um sorriso irônico. — Essa barreira é resistente, mas depois do que vi contra aqueles mercenários, não estou tão confiante nela.

Permiti uma pequena risada.

— Vou manter isso em mente.

Além da barreira, um coro de gritos de apoio ecoou de Pen e Adem, encorajando Darrin. Que acenou graciosamente para eles antes de voltar a assumir uma postura de combate, com os punhos erguidos como um boxeador.

— Nenhum grito de apoio do meu companheiro geralmente tagarela? — Perguntei a Regis, cutucando-o mentalmente.

— Uuuuuuu, vá Arthur. — respondeu alegremente.

— Caramba, valeu…

Darrin acenou com a cabeça, indicando que estava pronto, retribuí o gesto.

Instantaneamente, a forma de Darrin borrou quando se lançou para frente, seu punho mirando no meu queixo. Pegando o ataque no meio da investida, redirecionei o golpe para longe girando meu pé para a frente atrás de mim, invertendo minha postura.

Ele cuidadosamente evitou se desequilibrar ou deixar uma abertura para um contra-ataque, fintando e lançando um gancho nas minhas costelas em vez de me dar um outro soco. Dei um passo à frente, dentro do soco, e bati meu cotovelo em seu peito, fazendo-o tropeçar alguns passos para trás.

Os gritos das crianças diminuíram enquanto Darrin esfregava o local onde eu o havia atingido.

— Isso foi… rápido. — disse de forma apreciativa.

— Pegue ele, tio Darrin! — Pen gritou.

Estalando o pescoço, Darrin voltou a sua postura de combate antes de lançar uma enxurrada de socos e chutes. Atacou com uma eficiência brutal, movendo-se entre os ataques com uma graça fluida nascida de longa prática. O atlético ex-ascendente teria facilmente superado a maioria das pessoas na luta corpo a corpo, mesmo sem sua magia.

Mas a maioria das pessoas não tinha sido treinada por um Asura.

Evitei os golpes do meu oponente sem contra-atacar por um punhado de trocas, deixando-o me conduzir pela sala de treinamento na tentativa me prender contra a parede, então, quando estava totalmente em seu ritmo, inverti o curso, respondendo a cada golpe com um dos meus.

Em instantes, tinha o Alacryano recuando, se debatendo para se defender de ataques que eram mais fortes e mais rápidos que os dele. Quando estendeu a perna de trás longe demais para manter o equilíbrio, varri a perna da frente, fazendo-o cair no chão.

Gemidos e gritos de descrença vieram de nosso pequeno público. Ketil estava de pé, seu rosto praticamente pressionado contra o interior do escudo de mana, e até mesmo o olhar crítico de Briar tinha mudado.

A experiência de Darrin como ascendente brilhou quando imediatamente rolou para trás por cima do ombro para ficar de pé em um único movimento, seu rosto agora com uma máscara de determinação. Acenou com a cabeça novamente, esperando que eu fizesse o mesmo.

Desta vez, quando deu um soco, seu punho parou bem aquém do meu corpo, mas uma ligeira mudança na pressão do ar me fez desviar de qualquer maneira. Algo duro e pesado passou roçando minha bochecha esquerda, cortando minha orelha.

A camada de éter agarrada à minha pele absorveu o ataque, mas eu tinha certeza de que o ataque teria derrubado um oponente desprotegido se tivesse acertado em cheio.

— Você conseguiu se esquivar até disso, hein? — Darrin notou atrás de sua guarda rígida. — Isso é um pouco desanimador.

— Você me pegou desprevenido. — admiti, observando seus olhos cuidadosamente para seu próximo movimento.

— Talvez, mas parece que sua velocidade e reflexos monstruosos conseguiram compensar isso. — respondeu antes de dar alguns passos para trás, colocando mais distância entre nós.

Percebendo o que pretendia, corri em direção a ele, mas fui recebido por uma enxurrada de ataques de todas as direções diferentes. A direção dos ataques não parecia se correlacionar com seus movimentos físicos, e era bom em mascarar suas intenções ao se concentrar em qualquer lugar exceto de onde os golpes viriam.

Embora não pudesse sentir a formação de mana pelo atributo do vento, havia uma leve rajada de ar antes de cada ataque. Me abaixei e me torci, usando meus sentidos aprimorados para rastrear cada soco estendido por aquele “woosh” sutil, mas a barragem de ataques foi o suficiente para impedir minha aproximação de Darrin para contra-atacar.

— Você não pode simplesmente… não sei, avançar que nem um louco? — Regis perguntou, entediado. — Ou você está exibindo seus movimentos de dança extravagantes?

Um sorriso se formou na borda dos meus lábios.

— Posso, mas onde está a diversão nisso?

— Ah, o foco aqui é a diversão. Entendi. — Regis pigarreou antes de gritar como um locutor de uma luta de prêmios. — Eeeeeee o ascendente aposentado está mantendo Arthur Leywin nas rédeas! O caipira de Ashber pode se recuperar disso?

Lutando contra a vontade de revirar os olhos, corri para frente, meus pés me levando para frente em um caminho em zigue-zague em direção ao meu oponente enquanto trançava no meio de seu bombardeio.

Assim que o alcancei, o ar na minha frente se iluminou com arcos crepitantes de relâmpagos, saltando nas bordas de outro, muito maior, ataque de vento.

Envolvendo meus braços em éter, girei no meu pé da frente. Passando pelo ataque de Darrin usando meus braços revestidos de éter como um canal para redirecionar a mana, revidei com um ataque carregado de raio.

Darrin ergueu os antebraços em uma proteção rígida para bloquear meu soco. Enquanto o ascendente aposentado derrapava com o impacto, a eletricidade em torno de meus braços apenas se espalhou como uma teia de luz amarela bruxuleante em seu corpo coberto de mana antes de se dissipar.

Uma das crianças gritou de pura emoção, mas a atenção de Darrin estava em minhas mãos, que tinham manchas de pele queimada que se ramificavam em meus braços.

— Isso parece divertido. — Regis brincou.

Darrin baixou a guarda, a preocupação em seus olhos enquanto olhava para minhas mãos.

— Isso parece muito ruim. Talvez devêssemos te levar—

Eu levantei uma mão que já estava se curando, e seus olhos se arregalaram enquanto a carne voltava à sua tez naturalmente pálida.

— Não há necessidade.

Embora ainda estivesse com a testa franzida de preocupação, Darrin deu alguns passos para trás e indicou que estava pronto mais uma vez.

Desta vez, mergulhei ansiosamente no redemoinho de golpes de vento impregnados de relâmpagos, aprimorando meu foco até que eu não visse nada além dos arcos de relâmpagos e ouvisse apenas o sopro do vento. Darrin podia lançar dois ou três golpes por segundo, supondo que estava dando tudo de si, ainda não tinha certeza se estava, senti uma adrenalina pelo desafio enquanto girava, mergulhava e me esquivava, evitando golpe após golpe.

— Sua velocidade é incrível. — gritou Darrin, que parecia um boxeador das sombras, chutando e socando o nada, do lado de fora da tempestade. — Mas se você está tentando me cansar, você terá que fazer algo melhor. Já lutei por dias sem descanso nas Relictombs, eu vou…

Canalizando o éter em meus músculos, nervos e tendões, sincronizei o Passo Explosivo com a lasca de uma abertura dentro da nuvem de golpes e apareci ao alcance dos braços de Darrin.

Ele não podia fazer nada mais do que olhar, de queixo caído, enquanto eu passava a lâmina da minha mão em seu peito. Com o éter condensado e moldado em um único ponto sobre minha mão esticada, meu ataque perfurou a mana impregnada em sua pele e rasgou uma única linha limpa em sua camisa, sem nem mesmo tocar sua pele.

Tarde demais, Darrin ergueu os braços para se defender e, em seguida, cambaleou para longe de mim. Desta vez, não se levantou imediatamente.

Recompondo-se, Darrin inspecionou as ruínas de sua camisa.

— Bem, acho que já vi o suficiente.

— O quê? — Adem gritou, correndo para fora da barreira. — Aquele ataque nem acertou! Você não pode desistir agora.

— Sim, disse Pen. — pisando forte atrás do menino mais velho, com os braços cruzados. — Tio Darrin sempre vence.

Sorrel pegou a menina por trás, fazendo-a gritar de surpresa.

— Adem está chateado por ter perdido sua aposta com o senhor Alaric. — Briar disse, ficando atrás de todos os outros com os braços cruzados.

— Briar! — Adem reclamou, ficando vermelho.

Alaric cruzou o andar de treinamento em nossa direção, um largo sorriso sob sua barba.

— Você realmente deveria ensinar seu pupilo a não apostar, Darrin. Especialmente contra homens quatro vezes mais velhos e infinitamente mais sábios.

— Infinitamente mais sábio. — Adem rebateu irritado.

— Você está bem, tio Darrin? — Pen perguntou em sua voz baixa, olhando para o ex-ascendente com olhos grandes e lacrimejantes.

Ele soltou uma risada bem-humorada.

— Claro, foi apenas uma luta amistosa. — Ele enfiou os dedos no buraco que eu rasguei em sua camisa e balançou-os para a garota. — Vê? Nem um arranhão. Nunca se esqueça, Pen, seu tio era o líder dos Sem Sangue.

Adem e Briar gemeram simultaneamente.

— Essa foi a coisa mais louca que eu já vi na vida! — o menino loiro, Ketil, exclamou. — Como você se moveu tão rápido?

— É assim que todos os ascendentes lutam? — irmã perguntou, seus olhos grudados no chão.

— Não. — Alaric disse, andando de onde eu havia usado o Passo Explosivo até onde estávamos agora, seu velho rosto enrugado pensativamente.

Darrin estava franzindo a testa e olhando para minhas mãos até que percebeu que eu estava prestando atenção, e levantou rapidamente sua cabeça.

— Grey é rápido e forte, mas não deixe isso intimidar vocês. — disse ele a Katla e Ketil.

— Vocês não precisam ser capazes de fazer o que Grey ou eu podemos fazer para ser ascendentes bem-sucedidos, mas podem ser tão bom quanto nós, se trabalharem duro.

Katla e Ketil compartilharam um olhar cético sobre isso. Briar ergueu o queixo, olhando ao redor ferozmente como se para nos dizer que ela seria tão boa algum dia.

— Bem, estou faminto. — anunciou Darrin. — Por que não vamos todos comer aquela refeição?

A governanta assentiu com a cabeça educadamente e passou um braço em volta dos ombros de Katla, segurando Pen na outra.

— Vamos, crianças, vocês podem me ajudar a pôr a mesa.

Ao contrário de antes, na varanda, os gêmeos loiros pareciam desanimados por serem afastados dos adultos, seus olhares de entusiasmo e admiração desaparecendo, enquanto murmuravam.

— Sim, senhora.

— Posso fazer algumas perguntas ao Grey? — Adem perguntou, ficando pra trás enquanto Sorrel conduzia as crianças mais novas para longe. — Isso foi tão legal. Eu quero—

— Adem. — disse Darrin suavemente, e a boca do menino se fechou.

— Claro, desculpe. Vou ajudar com o jantar.

Atrás dele, Briar hesitou por alguns segundos, mas quando Darrin pigarreou, ela girou e seguiu os outros. Não pude deixar de notar quando Briar parou na porta, me dando uma última olhada inquisitiva antes de desaparecer.

Enquanto o grupo era conduzido pra fora da área de treinamento, Alaric puxou a parte esfarrapada da camisa de Darrin. O homem loiro deu um tapa na mão dele, brincando, mas Alaric estava sério.

— Aquele ataque poderia ter matado você. — disse suavemente.

— Eu sei. — Darrin estalou o pescoço e liderou o caminho para fora da sala. Por cima do ombro, ele disse. — Foi como se minha mana tivesse derretido onde o ataque tocou…

Darrin nos guiou escada acima até uma sala de jantar surpreendentemente pequena com mesa para quatro pessoas.

Ele puxou uma garrafa ornamentada de líquido âmbar de uma prateleira e a largou pesadamente, dando um tapinha nas costas de Alaric.

— Estava guardando isso só para você.

Os olhos do velho Alacryano brilharam como os de uma criança abrindo presentes em seu aniversário, se jogou em uma cadeira antes de rasgar o lacre de cera ao redor da rolha com os dentes.

Sentei na cadeira em frente a Alaric e olhei ao redor. Além de alguns armários e estantes, havia também uma estante alta e estreita em um canto, carregada de livros encadernados em couro. Ao lado da prateleira, uma janela ocupava a maior parte da parede oposta, com vista para as colinas.

— O que foi aquele movimento que você usou lá na luta, Grey? — Darrin perguntou em tom de conversa, virando a cadeira para que pudesse descansar os antebraços nas costas. — Você usou algo semelhante contra aqueles mercenários, certo? Foi muito impressionante, mas ver tão de perto assim foi… bem, foi algo totalmente diferente.

Forcei uma risada estranha e esfreguei minha nuca.

— Não haveria muito sentido em manter minhas runas escondidas se eu fosse me gabar delas para todos que eu encontrasse, certo?

— Verdade. — acenou com a cabeça. — Também sou contra exibir minhas runas, alguns olhares boquiabertos e olhares de inveja não significam tanto para mim quanto significariam para a maioria dos magos.

— É porque suas runas não são muito para se ver em primeiro lugar. — Alaric apontou enquanto tomava um gole generoso de seu copo.

— De qualquer forma. — Darrin disse, desistindo de bisbilhotar mais sobre minhas runas. — Pedi para as crianças comerem com Sorrel na sala de jantar principal. Temos alguns negócios mais sérios para discutir.

O ascendente aposentado trocou um olhar significativo com seu mentor bêbado antes de se voltar para mim.

— Grey, qual é o seu plano agora?

— Agora que mais ou menos terminei minha ascensão preliminar, pretendo voltar sozinho para as Relictombs. — respondi. — Pelo menos lá, eu só preciso me preocupar com as bestas de mana tentando me matar.

Darrin coçou o queixo pensativo.

— Você planeja ficar dentro dos níveis mais profundos das Relictombs indefinidamente? Porque o primeiro e o segundo andares das Relictombs estão sob vigilância constante, tornando sua localização muito óbvia para pessoas de alto poder.

— Como os Granbehls? — perguntei em um tom desafiador. — Se eles tentarem—

Alaric ergueu a mão apaziguadora.

— Olha, tenho certeza que os Granbehls receberam sua última mensagem em alto e bom som. Duvido que até mesmo eles sejam estúpidos o suficiente para tentar outro ataque contra você diretamente.

— Mas não significa que não vão contar a seus amigos próximos de Sangues Nomeados sobre você. — Darrin continuou. — E isso sem levar em consideração os Denoirs, muito mais ricos e poderosos, que também esperam ser compensados.

— E eles têm uma cenoura bastante cheia de curvas para balançar na sua frente assim que te encontrarem. — Alaric acrescentou balançando as sobrancelhas.

— Cheia de curvas, de fato. — concordou Regis.

— Se você está se referindo a Caera Denoir, espero que não pense que nós dois saímos juntos para uma escapadela romântica nas Relictombs. — disse, com um toque de verdadeiro aborrecimento em minhas palavras. — Foi ela que se disfarçou e me rastreou para me observar.

— Independentemente disso. — Darrin interrompeu. — Pelo que eu entendi entre você e Alaric, parece que você quer a liberdade de poder se mover como quiser.

Pensei em todos os recursos disponíveis que poderiam me ajudar em Alacrya, bem como até na possibilidade de voltar a Dicathen para ver minha família.

— Sim. Isso seria o ideal.

— Bom. Então estamos na mesma página. — disse Darrin. Houve um momento de silêncio enquanto os dois ex-ascendentes Alacryanos compartilhavam aquele olhar novamente antes que continuasse.  — Ok, a próxima parte pode parecer estranha no início, mas a melhor coisa para você agora seria ter um patrono ou patrocinador de algum tipo.

Eu inclinei minha cabeça.

— Não entendi o raciocínio.

— Ok. — Alaric avançou. — O que você precisa é de proteção. Proteção política, não do tipo de combate. Nós sabemos que você pode cuidar de si mesmo. O problema é que só existem algumas instituições, e menos ainda pessoas que não sejam as Foices e os próprios Vritras, que ofereceriam a você o tipo de imunidade que impediria até mesmo o Alto Sangue Denoir de se intrometer. E acontece que eu conheço um cara do escritório de admissões na Academia Central—

— Academia? — Eu falei de uma vez. — Onde Briar estuda? Você não espera que eu—

Alaric franziu a testa com os olhos vesgos e tomou outro gole direto da garrafa.

— Isso vai nos levar muito tempo se você continuar interrompendo a cada sete palavras. — fez uma pausa, me fixando com um olhar penetrante, mas permaneci em silêncio. — Sim, a mesma Academia Central.

— Então, o quê, você espera que eu… vá à academia? — perguntei, a descrença escorrendo de cada palavra.

— Não, garoto, espero que você dê aula. — Alaric anunciou, um brilho de diversão em seus olhos.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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