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O Começo Depois do Fim – Cap. 321 – Laços de Sangue

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POV CAERA DENOIR

— Sangue Granbehl foi longe demais. — fervi de malícia e mana vazou de mim, fazendo minha mãe adotiva estremecer. Estávamos nos aproximando do portão externo do Alto Sangue Denoir feito de pedra branca imaculada e mármore dentro do segundo nível das Relictombs. — Certamente você não vai deixar esse insulto assim. — disse, minha voz ficando mais baixa e mais ameaçadora. — Certo?

— Seria sábio segurar sua língua até que estejamos dentro e longe de ouvidos curiosos, Caera. — respondeu antes de me estudar com um olhar curioso. — Não é normal você ficar tão emocional por causa de outra pessoa.

Soltei um suspiro enquanto olhava inexpressivamente para minha mãe adotiva. Lady Lenora do Alto Sangue Denoir, sempre tão preocupada com as aparências. Vritra proíbem que alguém nos veja abaixo do nosso melhor…

Nossa procissão passou pelos portões da parede externa, que estavam entalhados com proteções rúnicas que vinham com uma variedade de funções, alimentadas por várias toneladas de cristais de mana. Várias pessoas estavam esperando no pátio meticulosamente bem cuidado, incluindo Taegen e Arian. Os olhos dos meus guardas pessoais estavam baixos, seus rostos contraídos e um pouco pálidos.

Embora eu pouco me importasse com a turbulência emocional de meus pais adotivos, me sentia culpada por essas pessoas. Embora eu estivesse acostumada a guardar segredos, até de Taegen e Arian, desaparecer nas Relictombs sem eles só poderia ser considerado um insulto, e eu sabia que minha mãe e meu pai adotivos teriam dificultado as coisas para eles nas últimas semanas, embora suponho que tenha sido menos tempo para eles.

A verdade é que cada homem lutou destemidamente e lealmente ao meu lado várias vezes, e mesmo que eu não pudesse contar a eles a verdade sobre a manifestação do meu sangue Vritra, confiei neles com tudo o mais, e até pensei neles como meus amigos, algo que eu tive poucos o suficiente. Além de Nessa, eles eram os únicos membros do Alto Sangue Denoir em quem eu podia confiar.

Haverá tempo para consertar esse relacionamento depois que eu descobrir como ajudar Grey.

Lenora e Nessa escoltaram-me para a mansão enquanto a procissão de guardas desembarcava no pátio. Alto Lorde Corbett, meu pai adotivo e guardião, estava de pé em um terno branco e marinho que destacava sua constituição atlética ao lado de seu filho mais velho, Lauden Denoir. Infelizmente, ao contrário de Sevren, meu falecido irmão, caído nas Relictombs, Lauden havia puxado seu pai, tornando-o um fanático arrogante que preferia pisar em outros para elevar a si mesmo e à preciosa linhagem Denoir.

— Nessa, você está dispensada. — Pai disse friamente antes de gesticular em direção a uma cadeira. — Caera, sente-se.

— Corbett, eu—

— Pai, Caera. — disse ele com firmeza, apontando para a cadeira novamente.

Atravessei a sala em silêncio me sentei. Corbett olhou para mim. Era um homem imponente: uma imagem clássica do nobre perfeito com cabelo cor de oliva cortado na moda para emoldurar seu rosto severo e indiscutivelmente bonito.

Lauden, um clone mais jovem e musculoso do Alto Lorde, cruzou a sala para se servir de uma bebida em uma garrafa de cristal. Pelas costas de Corbett, ergueu o copo e fez uma saudação sarcástica.

Finalmente, Corbett falou.

— Sua mãe e eu estamos profundamente desapontados com sua falta de consideração pelo seu próprio bem-estar e pelo bem-estar deste sangue. Não. — disse enquanto eu abria minha boca para responder. — Ainda estou falando.

— Você sabe tão bem quanto eu o que aconteceria com o Alto Sangue Denoir se você fosse ferida nas Relictombs, especialmente viajando sozinha, sem qualquer tipo de guarda. Cumprimos seus desejos impróprios de testar a si mesma nessas ascensões para, talvez, manifestar seu sangue Vritra, mas isso foi uma traição direta à nossa confiança.

Lenora deslizou o braço pelo de Corbett e deixou seu olhar de decepção matronal tomar conta de mim como o luar frio. Aperfeiçoado por muitas longas horas permanecendo em silêncio ao lado do Alto Lorde…

Deixei meu olhar deslizar para frente e para trás entre eles. Corbett estava se preparando para me dizer algo, mas eu já conseguia adivinhar o que era.

— Entendo que traí sua confiança, e estou disposta a aceitar qualquer punição que você achar conveniente, mesmo que você decida me banir das Relictombs. — disse em um tom profissional. — No entanto, é essencial que eu continue a me desafiar se vou manifestar completamente minha ancestralidade Vritra, algo que você deseja tanto quanto eu, se não mais.

Várias emoções conflitantes guerreavam no rosto de Corbett: frustração, raiva, cautela e reconhecimento. Sabia que não havia linha mais direta em sua ganância do que a menção ao meu sangue Vritra. Os Denoirs ainda mantinham alguma esperança de que pudesse se manifestar totalmente dentro de mim, completamente ignorantes do fato de que já havia acontecido.

Lenora respondeu em vez disso, sua cabeça ligeiramente inclinada e um sorriso doce e enjoativo estampado em seu rosto.

— Caera… Querida Caera. Temos apenas a sua segurança e bem-estar em mente. Embora você não compartilhe nosso sangue, você ainda é um membro de nosso sangue, e nós cuidamos de você e sempre a tratamos como nossa própria filha. Se sua… linhagem Vritra se manifestar, bem, então é claro que ficaremos animados, por você. Mas simplesmente não podemos permitir que você morra em sua ânsia de aventura.

— O homem com quem eu estava viajando, o homem que você acabou de permitir que fosse preso por um assassinato que não cometeu, tem alguma compreensão dessas coisas. — As sobrancelhas grossas de Corbett franziram enquanto ele me olhava com desconfiança.

Talvez isso pareça um pouco conveniente demais, percebi, mas tarde demais.

— Se você realmente se preocupa com minha segurança e bem-estar. — fiz uma pausa, as palavras seguintes ficaram presas na minha garganta… — por favor, ajude-o.

Os olhos de Lenora se arregalaram de surpresa e ela trocou um olhar com Corbett. Atrás deles, Lauden olhou para o copo como se estivesse chocado e murmurou a palavra “por favor?” Como se ele não pudesse acreditar no que tinha ouvido.

— Não permitiremos que você se envolva neste negócio com o Sangue Granbehl. — respondeu Corbett após um momento. — A melhor coisa para Alto Sangue Denoir, e isso inclui você também, Caera, é deixar isso rolar. Você tem que ver que ficaria muito ruim se—

— Pelo amor de Vritra, é só nisso que você pensa? — vociferei, minha mana vazando apesar do meu aperto firme sobre ela. Isso me rendeu uma carranca de Corbett, mas também havia um toque de cautela, até mesmo medo. Lenora soltou um tsk desaprovador.

— Como se parece-se o Alto Sangue Denoir recuar e deixar um mero sangue nomeado falsamente acusar e aprisionar o homem que salvou minha vida?

— Não é tão ruim quanto pareceria ter nossa filha adotiva arrastada diante de um painel de juízes em uma disputa mesquinha entre casas inferiores. — Corbett rebateu, sua voz profunda em um grunhido. — Além de que—

Alguém pigarreou delicadamente da porta da sala de estar, e nós quatro nos viramos para ver quem era impertinente o suficiente para interromper uma conversa em família.

Uma forte sensação de alívio tomou conta de mim.

Parado na porta estava minha mentora. Seu cabelo cor de pérola estava elegantemente puxado para cima entre seus chifres de obsidiana, e ela estava vestindo um manto de batalha preto esvoaçante e uma expressão imperiosa.

Corbett, Lenora e Lauden se curvaram profundamente e aguardaram, esperando que falasse. Encontrou meus olhos com uma sobrancelha ligeiramente levantada. Me levantei e fiz uma reverência também, embora talvez não tão profundamente quanto os outros.

— Levante-se. — disse simplesmente. — Lauden, sirva-me uma bebida antes de ir.

Lauden correu para fazer o que ela mandou. Lenora deu alguns passos hesitantes à frente para recebê-la na sala de estar, mas parou quando Corbett começou a falar.

— Foice Seris Vritra. — não estávamos esperando por você. — disse ele, sua voz alguns passos mais aguda do que o normal.

Sempre gostei de ver Corbett lutar para manter seu porte real enquanto se dirigia à Foice, especialmente quando outros estavam assistindo. Até o Alto Lorde e Lady Denoir não puderam deixar de se curvar sob o peso de sua presença.

— Estou ciente de que estou interrompendo. — disse a Foice suavemente. — No entanto, desejo falar com Caera. Sozinha.

O olhar de Corbett se voltou para mim antes de pousar novamente na Foice Seris.

— Talvez pudesse esperar até depois—

— Alto Lorde Denoir. — disse ela friamente, interrompendo-o de modo que sua boca se fechasse com um estalo audível. — Enviarei Caera ao seu escritório assim que ela e eu terminarmos.

— Como desejar… Foice Seris Vritra. — Corbett fez uma reverência profunda e fugiu da sala, arrastando Lenora atrás dele.

Seris voltou seu olhar pesado para Lauden, que ainda estava de pé ao lado do armário de bebidas com um copo cheio na mão. Recuou quando percebeu que já deveria ter ido, então rapidamente entregou o copo dela antes de praticamente se teletransportar para fora da sala em sua ânsia de fugir.

Minha mentora devia estar esperando que eu voltasse e teria sido informada imediatamente quando eu saísse do portal das Relictombs. Dei a ela um sorriso caloroso, algo que reservei para poucos.

— Não fique tão feliz em me ver, garota. — disse, mas seu comportamento relaxado foi o suficiente para me dizer que ela não estava aqui para repreender sua pupila. — Sente-se. Acho que temos muito o que conversar.

Sentei-me, descansando levemente na cadeira com minhas costas retas e meus olhos na Foice. Ela deu um gole em sua bebida, deu ao copo um olhar de aprovação e sentou-se mais perto de mim.

— Então. — começou. — você encontrou o ascendente incomum novamente e passou semanas dentro das Relictombs se aventurando ao lado dele?

Balancei a cabeça, ansiosa para contar a ela tudo sobre isso, mas entendendo que havia um ritmo em nossas conversas. Seria altamente inapropriado começar minha história antes de permitir que ela guiasse a conversa, o que eu sabia que ela faria em seu próprio tempo.

— Grey, não é? — perguntou, girando sua bebida pensativamente. — Você descobriu o sangue dele?

Balancei a minha cabeça em negação.

— Me fale sobre ele.

Abri minha boca para deixar escapar a primeira coisa em minha cabeça, mas me parei e levei um momento para organizar meus pensamentos em algum tipo de ordem sensata.

— Ele é intenso, quase como uma força da natureza… e ainda mais estranho e poderoso do que eu te disse. Era óbvio que, apesar de suas demonstrações de força na zona de convergência onde nos conhecemos, ele estava se segurando. Exceto, estava se segurando muito mais do que eu poderia ter imaginado.

Fiz uma pausa, considerando suas habilidades incomuns, e sua falta de mana. Seria de alguma forma uma traição contar isso à minha mentora? A qual deles devo minha lealdade, realmente?

Ela percebeu minha hesitação.

— Continue.

— Sua esgrima é impecável, perfeita, simplesmente… brilhante. E junto com sua magia única, tenho quase certeza de que ele seria capaz de se manter firme contra você, Foice Seris.

Minha mentora não ficou zangada nem surpresa com minha declaração ousada. Ela ficou ainda mais intrigada.

— O que há de tão único em sua magia? — perguntou.

— Ele… não usa mana para controlá-la. — disse hesitantemente. — E ele pode fazer coisas que dificilmente fazem sentido. Eu o vi se teletransportar e regenerar membros, até mesmo voltar no tempo, de certa forma.

Foice Seris se inclinou para frente, o dedo em forma de haste na frente dos lábios.

— Fascinante. Então, como ele faz isso se não com mana?

— Éter. — disse, sentindo uma pontada de culpa agora. Ele tinha me contado essas coisas em segredo, mas… eu não podia mentir para Foice Seris. Sobre coisa nenhuma.

Os olhos de minha mentora brilharam e ela se recostou na cadeira e tomou um gole de seu copo.

— Apenas os Asuras do Clã Indrath podem empunhar o éter como uma arma. Mas um dragão não poderia entrar nas Relictombs.

— Talvez ele pudesse ser… algo como eu? — Era um pensamento estranho e emocionante. Embora houvesse outros alacryanos de sangue Vritra, eu os encontrei raramente e certamente nunca senti qualquer tipo de afinidade com eles. — Um humano de sangue Indrath?

— Não. — disse ela, dispensando a ideia sem pensar um segundo. — Os dragões nunca permitiriam que isso acontecesse. Eles são puros demais para cruzar sua linhagem com meros seres menores. — Ela se inclinou para frente novamente, seus olhos escuros cavando em mim.

— Conte-me sobre sua ascensão. Não deixe nada de fora.

Foice Seris ouviu por meia hora, ocasionalmente pedindo a confirmação de algum detalhe, ou para eu ser mais específica, mas, fora isso, apenas ouvindo enquanto eu contava a ela sobre meu tempo com Grey, desde me disfarçar de Haedrig até nosso encontro mortal com o Sangue Vritra aprisionado no corredor dos espelhos, todo o caminho até que estivéssemos saindo da sala do santuário e de volta ao segundo nível.

Ela estava particularmente interessada em nossas conversas e sondou para ter certeza de que eu tinha me lembrado de cada palavra.

— E ele parecia ignorante sobre a cultura Alacryana? — perguntou.

— Sim, mesmo nas coisas mais simples. Como já mencionei, quando nos conhecemos, ele fez todo tipo de perguntas estranhas, mas soou quase como se ele estivesse nos testando. Conversamos muito em nossa jornada e fiquei continuamente surpresa com o que ele não sabia.

— E quando ele descobriu sobre sua identidade? Quando ele soube como você o rastreou?

— Pensei que ele fosse me matar no começo, mas… bem, ele obviamente não me matou. Parecia apavorado de que alguém pudesse rastreá-lo… mas então o medo desapareceu com a mesma rapidez, uma vez que entendeu que só eu poderia usar isso.

Seris parecia pensativa, girando a bebida no copo distraidamente.

— Então, nosso misterioso ascendente é incrivelmente poderoso, ignora nossos costumes e tem medo de ser descoberto. Empunha éter como um mago antigo, mas é incapaz de canalizar mana. — Ela esvaziou o copo e o pousou com um tilintar delicado. — Descreva o homem. Com o máximo de detalhes possível.

Me senti ficar com as bochechas vermelhas quando imaginei o rosto bonito e severo de Grey, e esperava que Foice Seris não tivesse notado.

— Ele é alto e magro, com um… físico atlético. Ele tem feições marcantes e pele branca como leite. Seu cabelo loiro-trigo claro cai desordenadamente em torno de seu rosto, e ele tem aqueles olhos dourados penetrantes que parecem ver através de mim. Parecia muito frio e distante, mas depois de passar um tempo com ele, é fácil dizer que é muito atencioso… — parei depois de ver os lábios de Foice Seris se contorcerem em um sorriso.

— Eu estava apenas curiosa sobre sua aparência física, mas se você deseja divulgar seus sentimentos por ele, eu ouvirei.

Soltei uma risada assustada.

— M-meus sentimentos? Achei que você estaria interessada em saber que tipo de pessoa ele é.

Minha mentora permaneceu em silêncio, um sorriso ainda puxando o canto de seus lábios.

Franzi minhas sobrancelhas, fazendo beicinho.

— Não sei o que fiz para merecer tamanha provocação, Foice Seris.

A Vritra de cabelos perolados soltou uma risada melódica, um som que poucos tiveram a honra de ouvir, antes que erguesse a mão de forma apaziguadora.

— Independentemente de seus sentimentos por este ascendente, ele parece estar trilhando um caminho de adversidades e tragédias.

Queria discutir, mas suas palavras soaram verdadeiras. Grey era claramente perito em colocar ele mesmo, e aqueles ao seu redor, em problemas, no mínimo.

— Ainda, ao mesmo tempo, você encontrará poucos que podem igualar a sua mente ou suas habilidades mágicas, Caera. Talvez possamos ajudar seu misterioso amor.

— Ele não é meu amor. — gaguejei, mas meu coração disparou no peito. Se alguém podia ajudar Gray a escapar do Sangue Granbehl, era Foice Seris. Ela poderia acabar com essa farsa de julgamento com um estalar de dedos.

— Mas esse misterioso ascendente… por que esse ‘Grey’ soa cada vez mais como—

Os olhos penetrantes de minha mentora se arregalaram de repente, e um sorriso conhecedor floresceu em seu rosto perfeito.

— Então você realmente não caiu…

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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