Fortaleci minha visão e olhei para baixo, examinando o vale.
As cabanas pareciam simples, feitas de grama e lama compactada. Elas foram todas construídas a partir do solo nos galhos grossos das árvores, sem escadas, cordas ou pontes aparentes para permitir que as bestas etéreas passassem.
Assistindo os Quatro Punhos, no entanto, era fácil ver porque não precisavam delas.
Várias das criaturas semelhantes a macacos estavam se movendo sob as árvores. Cada um tinha um corpo largo e musculoso, pernas curtas e grossas com pés que usavam para se agarrar e escalar e quatro braços enormes. Escalavam e corriam rapidamente, usando todos os seis membros para se lançar para frente. Mesmo de nosso poleiro bem acima, pude ver que seus corpos estavam inteiramente cobertos de cicatrizes.
Os Quatro Punhos eram cobertos de pelos, principalmente marrons ou pretos, mas tinham pele clara. Seus rostos eram menos parecidos com macacos, em vez disso me lembravam de algo entre um humano e um porco. Tinham mandíbulas largas, narizes grandes e achatados e sobrancelhas grossas. Presas de javali projetavam-se de suas mandíbulas inferiores e seus olhos pequenos brilhavam como fogo roxo sob as sombras das árvores.
Um rugido enfurecido quebrou o silêncio da montanha e, um instante depois, a fonte tornou-se visível. Um Quatro Punhos verdadeiramente enorme, envolto em um capuz ornamentado decorado com o que eu só poderia assumir que eram penas e garras de Bico de Lança, arremessou um representante menor de sua tribo pela porta aberta de uma das cabanas elevadas.
A vítima caiu três metros em direção à terra congelada antes de estender a mão e agarrar algo que eu não conseguia ver, então balançou para o galho de árvore mais próximo. O agressor saltou da cabana, mergulhando na direção de sua presa como um cometa.
O Quatro Punhos menor se lançou para longe da árvore, parecendo mais uma vez agarrar-se ao ar como uma espécie de corrimão. Se balançou por uma grande lacuna entre duas árvores enquanto tentava colocar alguma distância entre si e seu atacante.
Ao redor deles, vários outros Quatro Punhos olhavam, alguns rosnando ou rugindo de agitação, porém não fizeram nenhum esforço para intervir enquanto o maior dos dois perseguia o menor pela cobertura das árvores.
De repente, o grande Quatro Punhos usando o capuz emplumado ergueu um braço para trás e arremessou algo em sua presa. Um pequeno orbe de energia roxa, éter, disparou pelo ar em um borrão, explodindo direto na panturrilha do Quatro Punhos em fuga, fazendo-o tropeçar e rolar pela neve.
Então a enorme besta etérea cinza estava em cima do menor, todos os seus quatro pesados punhos martelando na besta etérea ferida. Não era uma luta de verdade, e em menos de um minuto a batalha acabou.
O vencedor arrastou o cadáver de seu oponente de volta para a aldeia nas copas das árvores enquanto cerca de três dúzias de Quatro Punhos saíram das árvores, movendo-se com cautela, olhando nervosamente para seus semelhantes. Com um berro estrondoso, o grande Quatro Punhos ergueu o cadáver do chão e o atirou aos pés dos outros.
Enquanto ele batia no peito como um tambor, porém, outro ruído bem ao meu lado chamou minha atenção. Swiftsure estalava o bico nervosamente, um barulho que se propagava pelas montanhas e ecoava pelo vale.
Todos os rostos bestiais se voltaram simultaneamente para nós, olhando para o cume. Abaixei-me para esconder minha cabeça, puxando Swiftsure pelo bico comigo, mas um grito havia percorrido a tribo dos Quatro Punhos e eu podia ouvir o martelar de seus dedos no solo permanentemente congelado quando começaram seu ataque.
Tirando o bico afiado do meu aperto, Swiftsure soltou um grito de pânico.
— Lutar!
— Droga. — amaldiçoei, levantando-me e olhando para trás pensando em recuar.
Não, não fazia sentido virar e correr. As bestas primatas tinham a peça do portal de que precisávamos e pareciam tão selvagens e monstruosas quanto o velho Broke Beak havia mencionado.
— Prepare-se para a batalha. — disse a Caera, que já estava ao meu lado, sua lâmina para fora.
Revestindo-me de éter, observei a vista abaixo: mais de trinta das bestas de éter de quatro braços, seus olhinhos redondos queimando de fúria, estavam subindo a encosta da montanha em nossa direção.
— Regis, saia quando causarmos impacto. — ordenei, depois saltei do cume, visando pousar bem no meio das bestas éter e prender sua atenção.
Imediatamente, os Quatro Punhos responderam lançando projéteis de éter em mim.
Com meus instintos asuranos em força total e meus olhos focados na barragem de orbes de éter, calculei sua projeção conforme se aproximavam de mim.
Girando meu corpo enquanto navegava pelo ar, orientei-me para desviar o máximo possível dos projéteis de éter enquanto zumbiam no ar.
Dois me atingiram, um apenas arranhando minha coxa direita, o outro mirando para além das minhas costelas. A dor que irradiava dos dois pontos de lesão me dizia que minha mortalha etérea não era suficiente para me proteger completamente de suas balas de éter.
Sentindo minhas feridas já sarando, concentrei-me na batalha que se aproximava.
— Regis. Forma de Manopla! — ordenei. Sua presença imediatamente deslocou-se para minha mão direita para atrair o éter e permitir que se acumulasse. Quando me aproximei do solo, um furacão de éter assolou minha mão, lutando para ser liberado. Uivos maníacos de medo e pânico ecoaram abaixo enquanto algumas das bestas semelhantes a macacos lutavam para fugir.
Quando estava prestes a pousar, no entanto, o grande Quatro Punhos usando o capuz decorativo se lançou entre mim e o chão.
Uma explosão ensurdecedora ressoou na encosta da montanha quando a torrente de éter liberada de meu punho colidiu com todos os quatro grandes braços revestidos de éter do grande Quatro Punhos.
Senti a onda de choque do nosso impacto rasgar sua mortalha protetora e quebrar seus ossos antes de cair em uma nuvem de neve e escombros. Ainda assim, por causa de seu sacrifício, meu ataque foi quase todo contido, deixando seus irmãos atordoados, mas ilesos.
— Regis, agora! — bufei, me firmando enquanto lutava contra o efeito drenante da técnica de éter.
— Não morra, princesa. — meu companheiro rosnou saltando de minhas costas e pulando em um dos Quatro Punhos que se aproximava, seus dentes mirando na garganta.
Alimentados pela raiva por seus irmãos feridos, os Quatro Punhos uivaram loucamente, atirando-se contra mim com total indiferença pela sua própria segurança.
Soltando um suspiro afiado, concentrei-me no éter se agarrando fortemente sobre minha pele, me protegendo e fortalecendo. Minha mente entrou em transe quando me lembrei dos anos de treinamento corpo-a-corpo que recebi de Kordri.
Eu podia ouvir os gritos raivosos dos Quatro Punhos ficando mais altos, Caera chamando meu nome à distância enquanto lutava para chegar até mim, e Swiftsure buzinando alto sobre nossas cabeças, mas me desliguei de todos eles até que tudo que pude ouvir foi o som de minha própria respiração.
Evitando um par de Quatro Punhos menores que se lançaram sobre mim, golpeei um com meu punho, fazendo-o colidir com seu parceiro antes de girar em meus calcanhares para interceptar uma bala de éter de um Quatro Punhos mais escuro.
Revestindo outra camada de éter sobre a palma da minha mão, redirecionei-a para acertar o par que eu acabara de derrubar antes de enfiar o cotovelo no esterno do meu atacante.
Ignorei os suspiros sufocados que a besta de éter deixou escapar enquanto colapsava. Ignorei o olhar de dor e medo nos outros Quatro Punhos. Apenas me concentrei no som da minha própria respiração enquanto animal após animal era derrubado por minhas mãos. Não era hora de mostrar dúvida ou compaixão.
Não era hora de mostrar fraqueza.
Um rosto feio e esmagado de outro Quatro Punhos pressionava por cima, suas mandíbulas estalando e suas presas cavando no ar tentando me ferir. Agarrei a besta por aquelas presas e bati seu rosto no chão. Quando não ficou imediatamente mole, bati meus pés em seu crânio antes de examinar o campo de batalha.
Quase um terço do clã Quatro Punhos já havia caído. Com o canto dos olhos, pude ver Caera delineada em uma aura ardente, tornando quase impossível para as grandes criaturas macacas a atacarem fisicamente. No círculo áspero de inimigos ao redor dela, podia ver vários com mãos e braços destruídos, queimados por seu fogo escuro enquanto sua longa espada continuava a esculpir arcos vermelhos ao seu redor.
Regis, por outro lado, disparou entre os braços estendidos, rasgando e dilacerando qualquer carne exposta que pudesse. Sentia sua alegria toda vez que suas presas se fechavam na garganta de um inimigo.
O campo de batalha congelado logo ficou vermelho à medida que continuamos a matar as bestas de éter que pareciam ainda mais selvagens do que o velho Broke Beak havia descrito. Mesmo com os ossos quebrados e os corpos ensanguentados, os macacos ficaram mais selvagens. Abandonando sua capacidade de lançar balas de éter em nós, continuaram avançando, batendo os punhos e rangendo os dentes como animais raivosos até que um rugido maligno trovejou pela paisagem nevada.
Os Quatro Punhos ao nosso redor endureceram instantaneamente, então outra série de rosnados ecoaram à distância.
— O que é agora? — Regis gemeu enquanto víamos todos os Quatro Punhos, aqueles ainda vivos, darem um pulo para trás e se distanciarem de nós. Em questão de segundos, Regis, Caera e eu estávamos parados em um grande círculo de bestas de éter de quatro braços rosnando.
Podia ouvir a respiração pesada de Caera atrás de mim enquanto esperava que eu agisse.
Um grunhido profundo e estrondoso chamou minha atenção para a abertura no círculo onde o massivo Quatro Punhos cinza que havia interceptado meu ataque inicial pisava com confiança no ringue de seus irmãos.
Tinha visto essa criatura espancar outro de sua espécie até a morte, então sabia que era maior e mais forte do que o resto, mas parecia ainda mais formidável de perto. A besta era alta, pelo menos sessenta centímetros acima de mim, com o peito cheio de cicatrizes estufado e os braços cruzados. Seus dois braços superiores estavam cobertos de sangue seco e neve por ter sofrido o impacto da pancada de minha Forma de Manopla, mas seus ferimentos não pareciam o incomodar.
Seus dois olhos violetas cintilantes se fixaram em mim, me olhando com um ódio calmo que contrastava com seus irmãos frenéticos. Ele levantou um de seus antebraços, fazendo com que Regis e Caera ficassem tensos. Agarrando seu capuz emplumado, o Quatro Punhos cinza o arrancou de seus ombros e o jogou no chão antes de apontar um de seus dedos diretamente para mim.
— Droga, isso foi muito másculo. — Regis murmurou.
— Eu acho que isso é… um desafio para você. — disse Caera, seus olhos estreitados em confusão.
— Bom. — eu disse, dando um passo à frente e deixando cair minha própria capa azul-petróleo no chão. — Isso vai nos poupar algum tempo, então.
— Pelo menos pegue isto. — Caera respondeu, segurando sua espada escarlate.
Minha mão se esticou em direção à arma, mas quando olhei nos olhos brilhantes do enorme Quatro Punhos, não pude deixar de sorrir.
— Não, tudo bem.
Achei que a nobre Alacryana pudesse discutir. Eu sabia que era tolice minha me colocar em desvantagem lutando com as mãos nuas contra um oponente de quatro vezes meu peso e com o dobro de braços, mas Caera se afastou sem dizer uma palavra, me deixando sozinho no ringue com o Quatro Punhos cinza.
Meu oponente soltou um berro gutural e vários dos outros começaram a bater no peito em um ritmo constante, como a batida de tambores de guerra.
O início da nossa batalha foi marcado pela investida explosiva do Quatro Punhos cinza.
Empurrando éter para minhas pernas, me atirei para frente também, mergulhando sob seu braço musculoso ao mesmo tempo em que ele tentava me agarrar.
Assim que meu punho revestido de éter estava prestes a atingir suas costelas, o corpo do meu oponente ficou turvo e eu mal fui capaz de defender seu golpe no meu joelho.
Voei de volta no ar com o impacto, o ar saiu de meus pulmões, mas fui capaz de ver o que tinha acontecido. Ele usava a mesma técnica de spatium que um de seus irmãos usara para balançar no ar, mas ao invés disso, usava o éter como uma alça para se puxar para frente, dando-lhe um impulso incrível.
Acionei o Passo de Deus e, sem tempo para determinar qual rota seguir, usei uma que simplesmente me tiraria do caminho.
O mundo ficou turvo e me vi alguns metros mais alto do que antes. Reorientando-me rapidamente no ar, canalizei o éter em meus braços bem a tempo para que o Quatro Punhos cinza saísse de sua surpresa inicial e criasse outro apoio de éter para se atirar de volta em minha direção.
Nossos punhos se encontraram, mas sem a ajuda da Forma de Manopla para fortalecer meu ataque, nosso confronto não era mais tão unilateral como antes.
Eu podia sentir os ossos do meu braço se partindo, mesmo através da espessa camada de éter que me protegia enquanto o impacto fez com que nós dois voltássemos ao solo nevado.
Levantando-se de um salto, nem esperei meu braço curar antes de ativar o Passo de Deus novamente. Desta vez, consegui encontrar o caminho que procurava no momento em que meu oponente conseguiu se arrastar para fora da pequena cratera de neve.
Meu mundo mudou de perspectiva quando Passo de Deus me colocou ao lado do Quatro Punhos cinza, logo abaixo de seus braços.
Cada grama de concentração estava focada em manobrar o éter através dos meus canais de éter, deixando-o viajar de minhas pernas e quadris, para subir pelas minhas costas e através do meu punho esquerdo de uma forma perfeitamente sincronizada para combinar com o meu golpe final.
O resultado foi devastador.
A gigantesca besta semelhante a um macaco se dobrou quando meu punho afundou em seu lado, e foi lançada para fora do círculo dos Quatro Punhos, colidindo com a lateral do vale e fazendo com que uma camada de neve se soltasse e caísse em cascata sobre parte do campo de batalha.
O silêncio se instaurou ao passo que permanecia ofegante, olhando para o meu punho ensanguentado enquanto o éter ainda vazava da superfície de minha pele.
Um lamento triste me tirou do meu torpor e imediatamente me preparei para a batalha. Os Quatro Punhos lutaram loucamente com pouca consideração por sua própria segurança antes de seu grande líder intervir, mas em vez de se reunirem para a batalha, as feras primatas caíram sobre todos os seis membros e uivaram de tristeza quando um deles puxou o cadáver mutilado do Quatro Punhos cinza que eu acabara de derrotar.
De repente, uma mão quente me agarrou.
— Vamos, Grey.
Caera, com o cabelo desgrenhado e vários cortes no rosto, me puxou, levando-me para a aldeia enquanto Regis a seguia logo atrás. Meu olhar permaneceu no ringue quebrado dos Quatro Punhos, todos de luto pelo líder da tribo.
Estava preocupado que a tribo recomeçasse o ataque novamente a qualquer momento e continuei olhando por cima do meu ombro, mas eles não fizeram nenhum movimento para seguir ou defender sua aldeia.
— Alguma coisa está me incomodando. — disse a nobre Alacryana quando passamos sob os galhos das árvores. — Não apenas o líder com quem você lutou, mas muitos dos Quatro Punhos tinham tatuagens por todo o corpo.
— Tatuagens? Como formas de feitiços? — Regis perguntou.
— Não. — repliquei, respondendo a Regis. — Não tenho certeza sobre mana, mas nunca senti nenhum éter sendo manipulado através das tatuagens.
— Elas são diferentes dos tipos de cristas que temos também. — disse Caera, balançando a cabeça. — As tatuagens na verdade pareciam muito próximas das esculturas no arco do portal.
Eu parei, absorvendo tudo.
— Então, elas são apenas… arte.
A revelação me deixou desconfortável. Esses Quatro Punhos nos atacaram, lutaram furiosamente e até a morte sem nenhuma provocação, mas essas tatuagens falavam de uma inteligência muito além das bestas de mana selvagens. Eu tinha visto os sinais, mas optei por ignorá-los. O próprio ato de ter casas nas árvores, vestindo peças decorativas de roupas como o capuz de penas, o jeito que seu líder me desafiou para um duelo…
Tudo isso era sinal de inteligência e cultura, ao contrário do que o Velho Broke Beak havia nos contado.
— Onde está Swiftsure? — perguntei, olhando para o ar.
Caera balançou a cabeça.
— Ele foi na nossa frente assim que a batalha começou.
Desfoquei meu olhar e concentrei-me no éter ambiental enquanto meus olhos examinavam as cabanas. Sem a tempestade de neve etérea para confundir meus sentidos, fui capaz de ver várias assinaturas de éter distintas, provavelmente vindo de Quatro Punhos escondidos nas cabanas.
— Devemos nos separar? — Caera perguntou.
— Isso nunca é uma boa ideia. Pode levar mais tempo, mas não há muitas cabanas para verificar. — Apontei para uma das árvores de casca áspera nas proximidades. — Essa primeiro.
Estendi minha mão, pensando que ela precisaria de ajuda para chegar à cabana acima de nós.
— Espera—
O corpo magro de Caera fluiu com uma mortalha visível de mana antes que ela saltasse para o galho mais próximo, chutando uma nuvem de neve sobre mim e Regis. Meu companheiro sacudiu o pó branco dele e se inclinou na minha direção.
— Rejeitado. — sussurrou antes de saltar para o galho mais baixo atrás de Caera.
Revirando os olhos, pulei também, seguindo os dois até chegarmos logo abaixo de uma cabana situada em um galho grosso e nodoso.
— Cuidado. — murmurei. — Tem um aí dentro.
Lentamente entrei na cabana. A cabana em si era grama simples e lama moldada em uma forma vagamente arredondada. O chão era mais do mesmo, embora estivesse quase inteiramente coberto por uma camada de grama parecida com palha que tinha um cheiro doce e mofado.
Amontoado no canto traseiro da pequena residência estava um Quatro Punhos. Ele estava pressionado no canto, seus olhos afastados de nós.
Regis imediatamente ficou tenso, o fogo violeta ao redor de seu pescoço piscando descontroladamente.
Virei-me para Caera, que havia sacado a espada, mas a segurava frouxamente ao lado do corpo. A Alacryana tinha uma expressão de dor quando seus olhos escarlates focaram no Quatro Punhos.
— Vamos apenas dar uma olhada e sair.
Meus olhos focaram na prateleira áspera que tinha sido escavada na lateral da parede interna. Uma série de ferramentas de aparência primitiva estavam na prateleira junto com algumas tigelas rústicas.
Caera e eu esquadrinhamos a cabana para nos certificarmos de que a peça do portal não estava escondida em algum lugar quando um breve grito estridente veio do canto. Nós três nos viramos para encarar a origem do som.
O Quatro Punhos amontoado nos fundos não estava sozinho. Estava segurando uma criança, que deveria ter acabado de acordar. A pequena criatura, que tinha apenas uma fina camada de pelo sobre a pele rosada, parecia tanto com um leitão de seis patas quanto com os gorilas enormes. Era tão pequeno que cabia em apenas uma das mãos do Quatro Punhos.
O Quatro Punhos maior rapidamente cobriu o bebê, escondendo-o entre duas mãos grandes e virando-se de forma que o bebê ficasse protegido por seu corpo. Ele nos espiou pelo canto de seus olhos grandes e trêmulos.
Um gosto amargo encheu minha boca enquanto cerrava meus dentes. Desviando meus olhos da visão, rapidamente procurei pelo resto da sala antes de sair de casa.
A próxima cabana estava perto o suficiente para que pudéssemos pular para ela e, embora não estivesse ocupada como a última, estava muito mais desarrumada. Em uma tigela de madeira rústica perto da porta, havia um punhado de frutas azuis brilhantes que pareciam mirtilos gigantes. Eles tinham um cheiro fresco, então arrisquei dar uma mordida em um deles, descobrindo que era rico e doce com uma textura de nectarina.
Um ardor morno desceu pela minha garganta e sentou-se satisfeito dentro do meu estômago como se eu tivesse tomado uma dose de álcool.
Joguei um pouco para Regis, que comeu inteiro, em seguida, entreguei todas as frutas, exceto uma, para Caera. A fruta não era tão rica em éter quanto o ovo dos Bico de Lança, ou mesmo a fruta pendurada que encontramos na zona do milípede gigante, então não era tão útil para mim quanto era para ela.
Ela pegou as frutas sem dizer uma palavra antes de se virar e procurar no resto da cabana. Ao longo de uma superfície plana elevada havia um conjunto de ferramentas afiadas e algumas tigelas de pedra cheias de tinta fedorenta. Havia também alguns formões de aço de aparência antiga ao lado de uma coleção de ossos esculpidos, garras e presas… mas nenhuma peça de portal.
— Talvez esses Quatro Punhos não tenham um pedaço do portal. — Caera ofereceu enquanto inspecionava algumas das ferramentas.
— Mas Broke Beak tinha um e disse… — As palavras se perderam na minha boca quando percebi o que ela realmente quis dizer.
— Vamos tentar procurar um pouco mais. — disse.
Caera apenas balançou a cabeça e nós três continuamos procurando, tanto por Swiftsure quanto pelo pedaço do portal.
Enquanto caminhávamos pelas cabanas nas árvores, encontramos uma das coisas que estávamos procurando.
No alto de uma árvore tão antiga que parecia quase petrificada pelo tempo havia uma cabana de barro, e circulando ao redor estava Swiftsure. A árvore alta estava escondida antes, caso contrário, eu a teria visto imediatamente devido à bolha fina e translúcida de éter a rodeando.
— O que ele está fazendo? — Caera perguntou, assistindo o Bico de Lança voando ao redor da pequena estrutura enquanto apunhalava seu bico afiado no ar.
— Ele está tentando entrar, eu disse.
Minha mente imediatamente pensou nas mãos quase invisíveis que os Quatro Punhos foram capazes de criar a partir do éter e me perguntei se isso era uma aplicação avançada daquilo.
— Definitivamente há pelo menos um Quatro Punhos lá dentro. — eu disse, virando-me para Caera e Regis. — Regis, comigo. Caera, fique aqui e certifique-se de que Swiftsure não tente fugir.
Ela assentiu, a espada escarlate zumbindo com energia em sua mão.
Acendendo o Passo de Deus, deixei minha percepção do mundo ao meu redor se estender conforme fluxos de éter percorriam o ar. Meus limites aumentaram muito desde que usei o Passo de Deus pela primeira vez na cidade de Maerin, mas ainda levei algum tempo para encontrar o caminho certo que me levaria além da bolha etérica e diretamente para a cabana.
Meu coração bateu forte quando dei o passo, me cobrindo com éter em preparação para enfrentar o poderoso Quatro Punhos capaz de criar uma barreira etérea tão potente.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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