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O Começo Depois do Fim – Cap. 302 – Runa de Deus

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Uma dor aguda que se espalhou por todo o meu corpo me arrancou do sono. Eu não pude sequer conter um gemido quando meus olhos se abriram.

Foi apenas enquanto olhava para os restos chamuscados do corredor comprido e atarracado que as memórias do que tinha acontecido passaram diante de mim: Riah sendo possuída pelo ascendente de sangue Vritra, a morte de Ezra, Kalon caindo no vazio, meu uso da Destruição para matar o ascendente e as chamas violetas se espalhando por Haedrig.

Haedrig! Fiquei tenso ao pensar no ascendente de cabelo verde, fazendo com que a dor dilacerante do órgão explodisse em mim mais uma vez.

— A primeira coisa que você faz quando acorda é se preocupar com algum ascendente aleatório que você conheceu há alguns dias e não com seu amado companheiro? — Uma voz familiar disse em minha mente, embora com um tom um pouco mais alto que o normal. — Eu já entendi tudo.

— Regis! O que aconteceu?

— Eu vou te contar o que aconteceu! — Regis retrucou, sua voz quase infantil misturada com frustração.

Uma sombra negra emergiu de meu esterno para revelar meu companheiro sombrio… ou quase isso.

— Olhe para mim! — Regis latiu, flutuando alguns metros acima de mim. O outrora formidável lobo sombrio, que era grande o suficiente para um homem adulto facilmente montar, agora era, por falta de palavra melhor, um cachorrinho. Ele ainda tinha seus traços de lobo, desde uma cauda sombria a quatro patas pretas e dois chifres na cabeça, mas agora ele tinha apenas o tamanho da minha cabeça.

— Eu vejo que você… perdeu algum peso. — murmurei, estremecendo de dor.

— Dãã. — Regis zombou, olhando para mim. — Eu já teria dado um tapa em você se eu tivesse a força necessária nos membros superiores para fazer isso.

— Será que isso… — acenei minha mão em sua direção, indicando sua forma diminuta… — aconteceu porque tivemos que exaurir todo o nosso éter? — perguntei.

Meu companheiro filhote revirou seus grandes olhos.

— Não. Eu me tornei assim para viver meus sonhos como o bichinho de pelúcia de alguém.

— Eu vi você ser atirado em um dos espelhos. — disse, ignorando seu sarcasmo. — O que aconteceu depois disso?

Regis pensou por um momento, coçando o queixo com uma pequena pata.

— Não me lembro exatamente. Continuei caindo no vazio até desmaiar, então voltei para dentro do seu corpo com uma dor de cabeça terrível.

Soltei um suspiro de alívio, feliz por ter uma coisa a menos com que me preocupar no futuro enquanto lutar ao lado de meu companheiro sombrio.

Ansioso para me mexer, tentei me levantar do chão. Com apenas uma lasca de éter remanescente em meu núcleo e a dor irradiando por cada centímetro do meu corpo, eu não conseguia nem sentar, muito menos ficar de pé.

Sem forças e com uma dor de cabeça forte o suficiente para me impedir de meditar, relaxei e deixei meus pensamentos vagarem. Memórias e emoções que eu vinha reprimindo e armazenando bem no fundo começaram a vir à tona, memórias e emoções de meus amigos e família em Dicathen.

Estava tentando tanto me manter ocupado, nem mesmo me dando tempo para pensar nas memórias dolorosas da vida que deixei para trás. Assistir à tragédia da família Granbehl se desenrolar deve ter quebrado a barreira que eu estava inconscientemente construindo para conter essas emoções. Temia que houvesse uma chance real de que a mínima esperança que eu encarava se um dia quisesse ver minha família e amigos novamente me oprimisse inteiramente se eu insistisse nela com frequência.

Mas o que era ainda mais assustador foi o fato de que me senti lentamente esquecendo seus rostos e vozes. Reconhecê-los não era o problema, mas ser capaz de imaginá-los em minha mente… isso estava ficando mais difícil.

Com meu corpo lentamente regenerando suas reservas de éter e a dor da reação começando a diminuir, afastei os rostos de Ellie e de minha mãe, congelados em minha mente com expressões de tristeza e desespero.

Levantando-me lentamente, tirei a relíquia morta que havia escondido no bolso, confirmando com meus próprios olhos que a pedra antes preta agora era um cristal branco turvo. Ansioso para ver qual era seu verdadeiro propósito, o infundi com os escassos restos de éter que me restavam.

Nada aconteceu.

— Você quebrou? — Regis perguntou.

Eu acho que não? — Coloquei o cristal opaco de volta no bolso. — Teremos que examinar isso mais tarde, quando eu não me sentir praticamente morto.

Mudando meu olhar, percebi que um pedaço de pano tinha sido enrolado em um travesseiro improvisado para mim. Emoções desnecessárias de apego a estes Alacryanos que eu acabara de conhecer começaram a emergir, agarrando-me por dentro. Balançando a cabeça, fiz a pergunta que temia fazer desde que acordara.

— Quem está vivo?

— Vá ver com seus olhos. Eles estão ali. — Regis resmungou, apontando para a esquerda com uma pata rechonchuda. — Agora, se você me dá licença, vou me esconder em seu corpo até poder absorver um pouco de éter por conta própria novamente. Não me chame, a menos que seja absolutamente necessário.

Eu levantei uma sobrancelha.

— Você seria útil no estado em que está agora?

— Ah, cala a boca. — retrucou antes de desaparecer de volta em meu corpo.

Soltando um suspiro, olhei em volta para os restos queimados da sala de espelhos. Assim como o futuro que eu tinha visto dentro da pedra angular, o corredor foi pintado de preto e vermelho com a fonte estilhaçada e água derramada ao redor. Muitos dos espelhos foram quebrados, revelando o vazio infinito em que Kalon havia caído.

A pedra angular…

Olhei em volta, mas a relíquia cuboide não estava em lugar nenhum.

— Ela se desfez em pó depois que você saiu do transe. — disse Regis.

— Droga! Eu esperava que talvez houvesse outra oportunidade para mergulhar de volta na pedra angular, outra chance de desenvolver o conhecimento que adquiri. Se aquele garoto estúpido não tivesse libertado o ascendente de sangue Vritra—

Recuei com o pensamento. Aquele “garoto estúpido” pagou por seu erro com a vida. Ficar bravo com ele agora não servia a nenhum propósito, e não havia como voltar atrás no que tinha sido feito.

A menos…

A pedra angular me mostrou um futuro onde eu poderia literalmente voltar o tempo da própria morte. Investiguei minha mente em busca da runa divina, e embora pudesse senti-la lá, não conseguia dizer o que fazia.

Independentemente disso, havia aprendido tudo que era capaz de entender com a pedra angular. É por isso que me empurrou para fora, tinha certeza. Só teria que experimentar para ver o que ela poderia fazer…

 

Separador Tsun

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Apesar do estado caótico da sala após a nossa batalha, não demorou muito para encontrar os outros.

E, como esperava, os únicos dois que sobraram foram Haedrig e Ada. Haedrig estava ajoelhado ao lado dos horríveis restos do corpo deteriorado de Ezra. O único irmão Granbehl restante estava deitado no chão perto de seu espelho, que felizmente ainda estava intacto. O fantasma estava desamarrado, mas parecia estar inconsciente.

A Ada do espelho, a verdadeira Ada, também estava deitada no chão, com o corpo todo trêmulo de soluços.

Ela deve ter visto tudo o que aconteceu, percebi com um choque de horror. Pensei na batalha da Muralha, como eu havia procurado o campo de batalha em pânico, procurando meu pai, e como o havia encontrado tarde demais…

Estendi a mão e toquei o espelho e, de repente, fui capaz de ouvir seus soluços sufocados e maníacos.

— Desculpe-me, Ada.

Vamos torcer para que funcione, pensei, mas hesitei antes de ativar a nova runa divina. Parecia tão…, experimentar de verdade o resultado do meu trabalho na pedra angular. Depois de usá-la, saberia exatamente o que ela poderia fazer, e o que não poderia.

Independentemente disso, isso precisa ser feito. Me preparei, então direcionei o éter para a runa divina.

O calor familiar irradiou da parte inferior das minhas costas junto com uma inundação de conhecimento sobre o edito específico de aevum obtido através da pedra angular. Muito parecido com minhas chamas da Destruição e Passos de Deus, o edito moldou-se no que eu era capaz de compreender, manifestando-se em uma forma que fazia sentido para mim.

Partículas roxas começaram a se espalhar a partir da minha mão, girando como uma galáxia em miniatura. Ada olhou para cima, confusão e surpresa ultrapassando sua desolação por apenas um momento, e ela começou a desaparecer, transformando-se em uma névoa rosada que fluiu do espelho e voltou para seu corpo.

Uma espessa fumaça púrpura-preta foi expelida de seus poros e sugada de volta para o espelho. O fantasma se manifestou de volta em sua prisão, um olhar de puro ódio em sua cópia distorcida do rosto de Ada.

Aos meus pés, o corpo de Ada estremeceu e seus olhos se abriram. Ela correu para trás, longe do espelho, os olhos arregalados de medo. Haedrig se abaixou e colocou os braços em volta dos ombros dela, fazendo-a gritar.

— Xiu Ada, sou eu, sou eu. Xiu.

Puxando a adaga branca como osso que outrora pertencera ao irmão de Caera, coloquei-a primeiro no espelho de Ada, estilhaçando-a e destruindo o fantasma para sempre.

Quando me virei, Ada estava com a cabeça enterrada no peito de Haedrig, seu pequeno corpo tremendo quando soltou um gemido tão triste que eu simplesmente não conseguia me aproximar.

Eram Alacryanos, as mesmas pessoas que devastaram Dicathen, responsáveis pela morte de tantas pessoas que eu conhecia e amava. Eu deveria estar saboreando seus infortúnios e misérias.

Então, por quê? Por que meu peito parecia que estava sendo torcido como uma toalha encharcada?

Mas então, não era apenas sobre eles. A decepção e o arrependimento que senti, a sensação de perda por saber o que falhei aprender, me consumiram por dentro, e não pude deixar de desejar não ter visto o futuro em potencial.

Embora eu tenha desbloqueado uma nova runa divina, estava claro agora que eu só consegui agarrar uma parte do todo pretendido. E com a pedra angular perdida e minha afinidade com aevum fraca como era, talvez eu nunca mais tenha a chance de aprendê-la novamente.

— Réquiem de Aroa. — sussurrei. A enxurrada de conhecimento que experimentei incluiu essa assinatura semelhante a um nome impresso no próprio feitiço. Era poético e bonito, mas para mim, serviria apenas como um lembrete do que o feitiço poderia ter sido.

Um feitiço que poderia ter salvado Kalon, Ezra e Riah, um feitiço que poderia até ter trazido meu pai de volta.

Pelo menos salvei Haedrig e Ada, pensei sem entusiasmo, tentando e falhando em ver o forro de prata no futuro em que acabei. E posso liberar esses ascendentes presos e continuar em frente, continuar tentando.

Afastei meu olhar dos outros, voltando minha atenção para os incontáveis espelhos intactos que ainda continham ascendentes, a maioria dos quais me estudava com expressões de respeito… e alguns até com medo.

Deixando Haedrig para cuidar de Ada, comecei a procurar por um espelho específico perto da fonte. Não demorou muito para encontrar o ascendente que eu prometi libertar e, embora estivesse crivado de lascas e rachaduras, sua prisão de espelho permanecera intacta.

— Eu sou um homem de palavra. — disse com minha mão pressionada contra o vidro frio. Os olhos do ascendente se arregalaram em choque quando as partículas de éter giraram em volta da minha mão e começaram a consertar as muitas rachaduras que marcavam a superfície do espelho.

— Descanse bem. — sussurrei enquanto ele desaparecia.

— Obrigado.

Quando o ascendente desapareceu completamente, soltei um suspiro profundo. Afastando-me do espelho, olhei para minha palma. Os poucos traços dos ciscos etéreos que continuavam orbitando lentamente em volta da minha mão se dissiparam lentamente, deixando-me com uma sensação de vazio.

Ao contrário de Passos de Deus ou da Destruição, esta runa não gastava muito das minhas reservas de éter. Mesmo com a quantidade limitada de éter em meu núcleo, estava confiante de que poderia libertar todos os ascendentes restantes.

Ainda assim, apesar dessa nova habilidade que desbloqueei, fiquei com um gosto amargo na boca.

A pedra angular poderia ter revelado uma visão mais profunda e poderosa do aevum, mas por causa da minha falta de compreensão, fiquei com apenas um pedaço do todo.

A menor parte do todo…

Agora que entendi completamente a runa, sabia que essa habilidade só poderia afetar objetos inorgânicos como os espelhos.

— Pelo lado bom, com essa habilidade você será capaz de reverter relíquias mortas em relíquias reais e utilizáveis. — disse Regis.

Enrolei meus dedos em um punho apertado.

— Você está certo.

Apesar de suas limitações, a capacidade de reverter o tempo era algo que nem mesmo Kezess Indrath poderia fazer, e embora eu não fosse capaz de usá-la na batalha, ou para trazer de volta aqueles que havia perdido, isso não significava que eu não poderia fazer pleno uso de sua utilidade. Eu só queria que ainda tivesse a Canção do Amanhecer aqui comigo agora, para que pudesse reverter a espada forjada por um Asura ao seu estado original.

Puxei a relíquia uma vez morta do meu bolso para examiná-la novamente. As bordas do cristal transparente estavam agora brilhando fracamente. Agora que recuperei minhas forças, empurrei mais éter para a pedra, mas ainda assim nada acontecia. Parecia que, ao invés de ser ativada por éter, a relíquia tinha algum tipo de período de recarga antes de poder ser usada novamente. Pelo menos é o que eu esperava.

Caminhando pelo resto dos espelhos restantes, continuei exercendo minha runa divina recém-adquirida para libertar as almas dos ascendentes presos dentro até que a último desaparecesse, um sorriso incrédulo em seu rosto cansado.

O corredor frio e branco escureceu ligeiramente e mudou para um tom mais quente. À distância, um portal translúcido se manifestou dentro de um dos espelhos vazios, assim como a imagem que eu tinha visto em uma das faces do dodecaedro.

Só então percebi que Haedrig e Ada estavam me observando.

— Como… como está se sentindo? — perguntei hesitante, olhando para Ada.

A pobre garota mal conseguiu balançar a cabeça antes de desviar o olhar, seus olhos vermelhos inchados cheios de ressentimento.

Engoli em seco antes de caminhar até os dois. Enfiando a mão no bolso, tirei o simulador que Kalon tinha me dado.

— Aqui, você deve levar isso.

Ada levantou a cabeça para me encarar, os olhos brilhando de pânico.

— V-você está nos deixando aqui?

Balancei a cabeça.

— Vocês todos acabaram nessa confusão porque eu estava com vocês. Se vocês dois atravessarem o portal sozinhos, ele deve levá-los a um santuário.

— Não tem como saber disso. — disse Ada, seu rosto coberto de lágrimas se contorcendo em uma carranca.

— Não sei, mas sei que se você for comigo para a próxima zona, ela será ainda mais desafiadora do que esta.

Depois de um momento de hesitação, ela pegou o simulador em minha mão, mas Haedrig interveio.

— Não tenho intenção de voltar à superfície. — disse gravemente o ascendente de cabelos verdes.

— Você não pode estar falando sério. — soltei um escárnio. — Você quase morreu e quer se aprofundar ainda mais?

— Quase morri por você. — corrigiu Haedrig. — Como eu já disse, as Relictombs reagem de maneira diferente a indivíduos únicos. Eu esperava que algo assim acontecesse.

— Você esperava que isso acontecesse? — Ada perguntou incrédula. — E você ainda nos trouxe junto? Meus irmãos e minha melhor amiga morreram!

Pela primeira vez, o comportamento frio de Haedrig não era presente, substituído por uma expressão de culpa.

— Eu pensei que seu irmão mais velho seria forte o suficiente para—

— Oh, então é culpa de Kalon que todos eles morreram?

Ada gritou, com as mãos cerradas em punhos trêmulos. Haedrig estremeceu.

— Não foi o que eu—

Ada retirou seu simulador de um bolso escondido e o jogou no ascendente de cabelo verde antes de pisar forte em direção ao portal. Haedrig a seguiu, tentando ir atrás dela, mas eu o peguei pelo pulso e o segurei.

Pouco antes de Ada passar pelo portal, ela olhou para nós por cima do ombro, novas lágrimas cobrindo suas bochechas e seus vívidos olhos verdes mais afiados do que adagas.

— Se as Relictombs não comerem vocês dois vivos, o Sangue Granbehl irá.

Quando o resto do cabelo loiro de Ada desapareceu pelo portal, soltei o pulso de Haedrig.

— Isso foi sábio, apenas deixá-la ir assim? — Haedrig perguntou, claramente preocupado. — O sangue dela é bastante imponente, especialmente contra um sangue não nomeado.

— Eu deveria ter matado ela? — perguntei, levantando uma sobrancelha.

— Não matar…, mas pelo menos poderíamos ter tentado conversar sobre isso.

— Sua melhor amiga e seus dois irmãos foram massacrados na frente dela. Não acho que qualquer coisa que pudéssemos ter dito a teria convencido. Além disso, é suspeito de qualquer maneira, já que nossos nomes estão registrados.

— Verdade. — Haedrig disse após uma pausa. — Você não está preocupado?

— Estou mais preocupado com qual será a próxima zona, e você também deveria estar. — disse enquanto jogava para ele meu simulador. — Volte.

Haedrig balançou a cabeça, empurrando o simulador de volta para mim.

— Eu quero ir com você.

Balancei minha cabeça, incapaz de acreditar em sua obstinação.

— Você está tão ansioso para morrer ou espera algum tipo de cofre de tesouro no final disso?

— Não deveria importar para você o que eu quero. Até você tem que admitir que posso ser útil. — disse.

— E se não houver nada que você possa comer ou beber na próxima zona? — forcei.

Haedrig revelou um sorriso brincalhão.

— Você está se preocupando comigo?

Soltei um suspiro profundo antes de colocar o simulador de volta no bolso.

— Faça como quiser. Só não espere que eu te proteja.

— Não esperava por isso mesmo. — disse, liderando o caminho para o portal.

Com minhas reservas de éter cerca de um quarto reabastecidas e as luzes quentes piscando como se para nos avisar para sairmos rapidamente, segui atrás do misterioso ascendente de cabelo verde.

Com a decisão tomada, não havia razão para permanecer na sala dos espelhos. Atravessamos o portal translúcido, juntos, Haedrig segurando a parte de trás da minha capa azul-petróleo apenas um passo atrás de mim.

Para me impedir de tentar abandoná-lo no último segundo, suponho, pensei. Ele realmente não quer ficar para trás, mas por quê?

O pensamento foi soprado para fora da minha mente quando, imediatamente após passar pelo portal, fui atingido por uma rajada de vento gelado tão forte que mal conseguia manter os olhos abertos.

Imperturbável pela mudança drástica no cenário e sem nada à vista, exceto um panorama cinza, puxei a relíquia cristalina novamente. Embora eu não conhecesse todas as suas capacidades, tinha certeza de que tinha algum tipo de função de navegação.

Exceto que desta vez, quando tirei a relíquia cristalina, suas bordas vítreas estavam novamente totalmente opacas. Sentindo instintivamente que havia algo estranho neste lugar, voltei-me para Haedrig…

… Só que, em vez do ascendente desgrenhado de cabelo verde, uma garota familiar de cabelo azul marinho com dois olhos vermelhos penetrantes olhou para mim. Tropecei para longe dela, completamente pego de surpresa, e ela me olhou com incerteza.

— Caera?

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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