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O Começo Depois do Fim – Cap. 294 – Círculo Completo

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— Ada do Sangue Granbehl, Ezra do Sangue Granbehl, Riah do Sangue Faline, Grey e… — a mulher uniformizada fez uma pausa, olhando do cartão do ascendente em sua mão para Haedrig e de volta para o cartão. — e Haedrig de.. bem… sim… Suas identidades foram verificadas. — Ela terminou, sorrindo amplamente enquanto nos devolvia nossos cartões. — Ascendente Diretor Kalon do Sangue Granbehl, o estipêndio será automaticamente transferido para o seu cartão de runas após os candidatos terem recebido com sucesso os distintivos oficiais de ascendente pós-ascensão preliminar.

— Ah, não posso receber o estipêndio agora? Não é como se houvesse algum jogo sujo; estou orientando meus irmãos. — Kalon reclamou.

— Não há exceções. Por favor, entenda que essas regras são para a segurança e o bem-estar de todos os ascendentes. — afirmou a mulher magra de cabelos negros, como se já tivesse ouvido essa pergunta inúmeras vezes.

— Já houve situações em que os ascendentes diretores extorquiram candidatos no passado ou algo assim? — Sussurrei para Haedrig enquanto nós dois esperávamos atrás.

— Pior. Existem relatos de alguns diretores levando candidatos em suas preliminares após coletar os estipêndios apenas para matar os candidatos e saquear seus corpos, depois colocando a culpa de suas mortes nas Relictombs. — o ascendente de cabelos verdes explicou com uma expressão de desgosto.

Depois que nossa ascensão preliminar foi registrada, nossa equipe dirigiu-se ao centro do terraço, onde o arco elevado ficava acima de nós. Runas complexas marcavam cada centímetro do enorme edifício, fazendo com que os portões de teletransporte que eu tinha visto até agora parecessem brinquedos em comparação.

Quanto mais eu ficava nas Relictombs, mais me surpreendia com sua beleza e complexidade. A cidade voadora de Xyrus era a maravilha de Dicathen, mas até mesmo ela empalidecia em comparação com este lugar.

Admito, os Alacryanos também eram bastante impressionantes. O que eles conseguiram fazer com os dois primeiros andares das Relictombs, criar uma capital para os ascendentes se prepararem melhor para os perigos imprevisíveis à sua frente, era nada menos que notável.

A quantidade de recurso e tempo investidos para garantir que os ascendentes não fossem apenas bem equipados e recompensados por ascender às Relictombs, mas também idolatrados pelos cidadãos de Alacrya, revelavam o quanto Agrona precisava dos ascendentes.

Mesmo essas ascensões preliminares tinham sido inventadas para dar aos candidatos uma experiência mais segura dentro das Relictombs.

— Então, por que Haedrig parece estar esperando problemas? — Perguntou Regis, depois de ler meus pensamentos.

— Estava pensando a mesma coisa. O que ele quis dizer quando esperava que Kalon fosse “forte o suficiente para nos ajudar a passar por essa ascensão”?

Tudo o que eu tinha ouvido até então fez parecer com que a ascensão preliminar era meramente mergulhar seus pés na água, especialmente para aqueles treinados em academias.

— Talvez ele não seja tão durão quanto finge ser?

— Todo mundo, estão prontos? — Kalon perguntou, despertando-me da minha deliberação interna com Regis. Ficamos a poucos passos do arco maciço que abrigava o portal de ouro branco.

— Não deveríamos fazer uma verificação de suprimentos? — Haedrig respondeu sério.

— Isso é mesmo necessário? As preliminares geralmente não demoram mais que um dia. — Riah respondeu com impaciência, seu corpo praticamente gravitando em direção ao portão que zumbia, para o qual ela olhava embasbacada com os olhos arregalados de ansiedade.

— Devemos tratar isso como se fosse qualquer outra ascensão. — Haedrig insistiu, já fazendo um balanço de suas próprias rações. — Tenho água suficiente para uma semana e rações secas para dois dias.

— Haedrig tem um bom argumento. Você nunca estará preparado demais para as Relictombs. — Kalon interrompeu, puxando um grande odre de couro e um pacote de carne seca embrulhada em um pano de seu anel dimensional. — Tenho água suficiente para três dias e rações secas para um dia.

O resto da equipe retirou suas rações também. Surpreendentemente, eu era o com mais comida e água, cortesia de Alaric. O velho bêbado havia embalado água suficiente para duas semanas e rações seladas a vácuo para três dias.

— O homem pode ser um velho bêbado rabugento, mas pelo menos ele realmente parece ter as melhores intenções para você. — disse Regis com uma risada.

 — Tudo bem, estamos equipados mais pesadamente do que algumas das ascensões mais profundas em que já fui. — disse Kalon, olhando para Riah com uma expressão divertida. — E a Riah aqui parece pensar que vai fazer um piquenique, com todos os doces que trouxe.

Riah enrubesceu e soltou uma série de palavrões baixinho.

— Que seja. Eu ia dividir…

— Claro, claro. — Kalon riu. — Vocês todos têm seus simuladores, certo?

Cada um de nós pegou um amuleto polido do tamanho da minha palma com inscrições de runas, que uniria nossa equipe enquanto viajávamos pelos portões de teletransporte.

Kalon acenou com a cabeça e se virou para o painel cintilante de luz branca-dourada que nos levaria para a nossa primeira zona.

— Sangue me honre, luz me guie, Vritra me proteja. — Kalon recitou, seguido por seus irmãos e Riah.

Haedrig e eu olhamos um para o outro, nenhum participando de seu ritual. Não tive certeza, mas quase pensei ter visto Haedrig revirar os olhos. Sem pensar muito nisso, passamos pelo portão.

 

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Entramos na escuridão completa. O ar estava seco e viciado, com uma brisa fresca soprando debaixo de nós. Mesmo com minha visão aumentada, não conseguia dizer se meus olhos estavam abertos ou fechados.

— Ninguém se mova. — Kalon disse, sua voz cortando a escuridão em um sussurro abafado.

Eu vi o brilho suave da runa de alguém acendendo-se antes de uma explosão de faíscas brilhar na minha frente, iluminando a área. Rostos gigantescos e retorcidos nos encaravam da escuridão.

Riah, que estava apenas alguns passos à minha frente, ergueu sua adaga em forma de leque e saltou para trás, quase caindo da beira do estreito caminho elevado em que estávamos. A mão de Haedrig disparou e agarrou-a pelo cotovelo, segurando-a com firmeza até que se equilibrasse novamente.

Riah se virou para olhar para baixo, por cima da borda, então a explosão de faíscas morreu, escondendo os rostos grotescos e suas expressões contorcidas e angustiadas.

— Dê-me um segundo para modificar meu feitiço. — Kalon falou baixinho enquanto uma runa na área exposta de suas costas brilhava mais uma vez.

Desta vez, uma chama laranja se manifestou do ascendente, mais brilhante e mais controlada do que as faíscas. Banhou a área com uma luz quente, revelando uma enorme câmara, ou talvez um corredor. Não consegui distinguir o teto, nem nada na frente ou atrás de nós. O caminho estreito onde fomos confinados tinha cerca de um metro de largura e parecia flutuar em meio a um mar de escuridão.

Em ambas as paredes, havia o que pareciam esculturas de rostos, vagamente humanoides, embora grotescos e deformados.

No entanto, isso não foi por falta de habilidade aparente; as expressões eram tão detalhadas que parecia quase como se já tivessem vivido e ficado petrificados em seus momentos finais de dor e raiva.

— Bem mórbido o gosto da decoração. — Regis disse. — Olha, você pode até ver as amígdalas daquele gritando… e você pode ver os dentes dele através do rasgo na bochecha.

— Estou vendo. — transmiti, embora fossem tão horríveis que não olhei de perto.

— Não fiquem muito perto da borda. — Kalon ordenou, nenhum traço de lazer deixado em sua voz. — Estendam-se a um braço de distância um do outro; Ezra, dê a si mesmo um pouco mais de espaço para sua lança.

Nos espalhamos em uma linha, caminhando lentamente e mantendo-nos no centro do caminho de pedra. Haedrig e eu andamos na retaguarda enquanto Kalon assumia a liderança, iluminando o caminho com sua mão banhada em chamas brilhantes.

— Eu não posso dizer o quão longe esse caminho vai, mas é o único curso que posso ver. — disse Kalon.

— Posso conjurar um pouco de luz também. — disse Ada, seus olhos correndo nervosamente entre os rostos que nos espiavam das paredes distantes.

— Guarde sua mana por enquanto. — Kalon respondeu. — E não fique tão nervosa, Ada. Nós vamos ficar bem.

— Não se esqueça de que você se preparou para isso por anos. — Ezra falou.

— Ezra está certo. — Riah  disse  confortavelmente,  apesar  de  sua  expressão inquieta. — Esta é apenas a primeira zona. Não se deixe intimidar pelas distrações.

— Eu só  não  esperava que as Relictombs fossem tão assustadoras. — Ada sussurrou.

— Você está bem? — Perguntei a Haedrig, que estivera observando nossos arredores silenciosamente, sua postura baixa, seu sabre sendo segurado firmemente em sua mão.

— Estou bem. — murmurou, sem encontrar meus olhos.

Nós seis caminhamos em fila, indo mais fundo na zona escura, nosso passo cuidadoso, mas constante. A falta de mudança em nosso ambiente, tirando a diversidade de rostos assustadores, tornou impossível julgar a distância que havíamos andado.

Além de ficar atento e manter os pés no caminho, também tive que me aclimatar ao alto nível de éter dessa zona. Não me senti muito diferente nos primeiros dois andares, mas passar pelo portal foi como abrir outro olho, e ele estava olhando diretamente para o sol. Provavelmente foi por isso que não os notei antes.

— Arthur. — Regis avisou em um tom sério.

— Também os sinto.

Hesitei por um momento, preocupado que pudesse ser suspeito para mim avisar o resto do grupo se até Kalon não tinha notado nada ainda. Afinal, eu deveria ser um calouro pé-rapado em sua primeira ascensão.

— Acho que há algo vindo de baixo. — disse finalmente, decidindo que era melhor avisá-los do que correr o risco de serem pegos de surpresa.

Kalon parou seu passo, inclinando-se sobre a borda do caminho de pedra com o braço em chamas esticado. Depois de um minuto, fez o mesmo do outro lado e olhou para mim.

— Tem certeza disso? Não há nada lá embaixo e não senti nenhuma outra assinatura de mana. — disse ele, me examinando antes de se virar para Ada. — Envie um sinalizador para baixo em um lado.

Ada abriu os braços e, enquanto a runa em suas costas brilhava, uma orbe rodopiante de fogo do tamanho de sua cabeça se manifestou. Ela empurrou a bola de fogo para o abismo enquanto o resto de nós olhava com cautela para baixo atrás dela.

Vimos a grande bola de fogo condensado descer. Ela não caiu como uma pedra ou navegou pelo ar como uma flecha, mas em vez disso voou pelo ar quase como se estivesse vivo, girando e girando onde quer que Ada o mandasse. Em seu caminho, a bola de fogo iluminou a parede lisa da ponte em que estávamos, bem como as estátuas horríveis na parede oposta do amplo corredor.

Então, tão repentinamente como se uma cortina tivesse sido arrancada, dezenas de rostos humanoides apareceram lá embaixo, seus grandes olhos vítreos refletindo a luz laranja.

Um grito assustado soou ao meu lado e a bola de fogo se dispersou, mergulhando quaisquer criaturas que estivessem lá na escuridão.

— Corra! — Kalon rugiu, empurrando Ezra e Riah à frente dele. Pegou sua irmã com um braço levantando a outra mão, ainda brilhando com luz, alto no ar para estender a luz ao seu limite enquanto saía correndo pela trilha logo atrás deles.

Éter percorria pelos meus membros enquanto corria e descobri que era capaz de acompanhar os outros com relativa facilidade.

No entanto, apesar do nosso ritmo vertiginoso, não havia fim à vista. Pior ainda, agora podíamos distinguir o som aterrorisante das criaturas abaixo, uma espécie de gemido e chiado que ficava cada vez mais alto.

— Ainda não consigo ver o fim em nenhum lugar próximo! — Ezra gritou da frente, sua voz profunda tremendo.

— Que droga! O que diabos está acontecendo? — Kalon amaldiçoou.

Olhei por cima do ombro para Haedrig, estoicamente assumindo a retaguarda.

Ele estava cercado por uma aura branca e turva e correu com a mão no cabo envolto em couro de seu sabre embainhado. Quase me virei, mas um brilho mais fraco chamou minha atenção.

— Desviem! — gritei enquanto girava em meus calcanhares.

Haedrig baixou a cabeça sem hesitar, apenas o suficiente para evitar um borrão preto que passou voando, bem onde sua cabeça estivera.

— O-o que foi isso? — Ada gritou. Ela ainda estava sendo carregada por seu irmão mais velho e podia vê-lo com mais clareza.

— Não parem! — Kalon urgiu.

Nós aceleramos nosso ritmo, os rostos esculpidos na parede nada além de um borrão agora. No entanto, sabia que era apenas uma questão de tempo antes que quaisquer criaturas etéreas que estavam espreitando abaixo de nós nos alcançassem.

O uivo distorcido das feras, junto com seu tremor, cresceu para um barulho ensurdecedor antes que mais sombras começassem a surgir do mar de escuridão.

Foi sob o feitiço de iluminação de Kalon que finalmente vimos as criaturas contra as quais estávamos lutando, e elas eram algo saído de um pesadelo. Tinham corpos semelhantes a cobras do tamanho e circunferência de um homem, com dois braços longos terminando em garras brilhantes. No topo de seus longos pescoços, cada monstro tinha um rosto humanoide desfigurado, assim como as estátuas. Esses, porém, estavam cheios de ódio e fúria.

Kalon largou Ada e sacou sua arma pela primeira vez. Era uma lança, muito parecida com a de Ezra, exceto que com uma lâmina negra parecendo se misturar com o que estava ao nosso redor.

As criaturas macabras inclinaram a cabeça subindo pelo caminho estreito. Suas mandíbulas ósseas estalavam repetidamente para criar aquele som estranho, fundindo-se com os gemidos baixos.

A lança de Kalon brilhou, decapitando três das serpentes macabras em um único golpe.

— Precisamos continuar nos movendo! — gritou, golpeando outro homem- serpente e fazendo sua cabeça chacoalhante cair no abismo.

Ezra, assumindo a liderança, seguiu a ordem de seu irmão, girando sua lança para derrubar os ghouls serpentinos ao invés vez de tentar matá-los.

— Deveria sair agora? Regis perguntou, transbordando de ansiedade quando golpeei uma besta com meu punho nu, absorvendo um pouco de sua essência etérica no processo.

— Ainda não. Os outros ainda parecem estar no controle por enquanto.

Atrás de mim, Haedrig se movia entre os ghouls como um dançarino, derrubando um após o outro com graça e precisão.

Kalon, por outro lado, lutou com a eficiência mecânica de um fazendeiro cortando o trigo no campo. Sua lança cortou arcos largos no ar, muitas vezes cortando várias serpentes de uma vez e jogando outras de volta para fora da ponte, facilmente compensando onde seus irmãos falhavam.

Ada, apesar de pairar sobre o ombro de Kalon como um saco de batata, convocou uma serra circular de fogo que não só foi capaz de lacerar seus inimigos, mas também ficava maior com cada inimigo que derrubava.

No entanto, controlar isso a deixou completamente indefesa, já que claramente exigia toda a sua concentração para manter o feitiço. Estendeu as duas mãos diante de si, fazendo ajustes minuciosos com os dedos para controlar os movimentos da serra. Com Riah e Kalon ao seu lado, no entanto, ela foi defendida tão bem quanto qualquer um de nós dos ghouls que a atacavam.

Ainda assim, mais e mais monstros serpentinos surgiram da escuridão. Eles começaram a se interligar, criando cadeias de corpos semelhantes a cobras até as profundezas e permitindo que outros subissem com velocidade surpreendente.

— Vamos ser atropelados se continuarmos assim! — Riah gritou, rastros de suor cobrindo suas sobrancelhas e bochechas enquanto bloqueava as afiadas garras ósseas de um dos ghouls com a parte plana de sua larga lâmina antes de arremessá-lo com uma rajada de vento forte.

— Vou tentar ganhar algum tempo para nós! — Kalon gritou. — Ezra, concentre-se em proteger Ada.

Nossa linha mudou quando Ezra se moveu ao lado de Ada, colocando Riah na frente enquanto Kalon ia bem atrás.

Corremos, os três alunos liderando o caminho. Derrubei um trio de ghouls, meus punhos endurecidos com éter se chocando contra seus rostos deformados, cada contato me permitindo sugar mais éter de seus corpos enquanto desabavam em montes quebrados ou caíam para fora do caminho.

— Ada, agora! — Kalon rugiu.

Outra runa acendeu-se nas costas de Ada, e a serra giratória de fogo dentado, que agora era do tamanho de uma carruagem, desmontou-se em dezenas de cordas finas de fogo que deslizaram no ar muito parecidas com as serpentes macabras contra as quais estávamos lutando.

Uma faísca de eletricidade irrompeu do epicentro do feitiço de Ada, usando os cordões de fogo que se contorciam como conduítes para as gavinhas do relâmpago. As correntes de fogo eletrificado se dispersaram, enrolando-se em torno dos ghouls mais próximos a ela, queimando-os como um fio quente na cera de uma vela e fazendo com que as gavinhas do relâmpago saltassem de um para o outro, criando um efeito de corrente elétrica que derrubou dezenas de ghouls em um instante.

Ada desabou, sua pele horrível mesmo sob a luz quente do fogo.

— Bom trabalho! — Ezra disse, respirando com dificuldade enquanto se defendia de outro par de ghouls com um golpe de sua lança carmesim.

Meus olhos vasculhavam nossos arredores enquanto meus sentidos etéreos despertados detectavam todos os ghouls próximos.

— Riah, embaixo de você! — gritei, vendo uma garra óssea prestes a agarrar o tornozelo da atacante de cabelo curto.

Ela tentou se afastar de seu alcance, mas uma explosão ensurdecedora sacudiu o caminho de pedra e Riah tropeçou para frente, direto nas garras rígidas do ghoul.

Com Ezra e Ada no caminho, minha única opção era usar Passos de Deus para a alcançar a tempo de salvá-la.

Mas hesitei.

Hesitei com a ideia de expor minhas habilidades etéricas a essas pessoas.

Naquele momento de hesitação, Riah foi tirada do chão.

Apesar de tudo, me virei para ver qual era a causa da explosão e vi que uma grande parte do caminho de pedra tinha sido feito em pedaços por Kalon.

Haedrig estava a apenas alguns passos atrás de mim, completamente ocupado em rechaçar os bandos de ghouls, que estavam praticamente empilhados um em cima do outro tentando alcançá-lo.

Me virei ao som do grito de pânico de Riah.

— Ezra! — Ela gritou em desespero enquanto se agarrava à beira do caminho de pedra, sua lâmina em forma de leque girando para o abismo.

— Riah! — Ezra engasgou, de olhos arregalados, incapaz de passar por outro par de ghouls que estavam atrás de sua irmã.

Minha mente girou naquele instante. Poderia contornar Ezra e Ada usando Passos de Deus para alcançar Riah, mas revelar isso aqui e agora seria muito arriscado.

Em vez disso, usei minha versão imperfeita e etérea do Passo Explosivo para fechar a curta distância entre mim e onde Ezra e Ada estavam lutando.

Ada recorreu ao uso de pequenas rajadas de relâmpago para atordoar temporariamente os ghouls, embora isso não fizesse nenhum dano duradouro, enquanto Ezra se concentrava em derrubá-los da plataforma.

Agarrando a cabeça humanóide desfigurada de um ghoul tentando desesperadamente morder Ada, me virei, quebrando seu pescoço e fazendo-o cair.

Outro grito de gelar o sangue perfurou o ar. Riah estava se agarrando com dedos ensanguentados enquanto mais ghouls serpentinos subiam em seu pequeno corpo.

Puxei Ada para atrás de mim e encontrei os olhos de Ezra. Ele não perdeu tempo, correndo para salvar Riah.

Com a trilha de ghouls atrás de nós incapaz de cruzar a grande lacuna no caminho de pedra, Kalon e Haedrig estavam livres para derrubar aqueles que subiam pela lateral antes de se juntar a nós, proporcionando um momento de descanso.

Enquanto o resto dos ascendentes suavam profundamente com o esforço da batalha constante, ganhei mais energia do que gastei devido à quantidade limitada de éter que estava usando.

— O que aconteceu, por que vocês pararam? — Kalon perguntou, sua respiração ainda estável, apesar de quanto tempo estivemos lutando.

Antes que eu pudesse responder, Ada soltou um suspiro agudo, seu rosto empalidecendo de horror.

— Riah!

Os olhos de Kalon se arregalaram enquanto sua irmã corria à frente. Me virei para ver Ada puxando Riah para fora da borda. Ezra tinha acabado de matar o último dos ghouls que quase puxou a garota do caminho.

Kalon correu atrás deles enquanto Haedrig e eu nos concentramos em matar qualquer um dos ghouls que conseguissem alcançar o caminho.

Mesmo uma olhada rápida me mostrou que Riah estava em péssimo estado. Sua perna direita fora roída no tornozelo e cortes profundos marcavam suas costas e pernas. Seu rosto estava contorcido de dor, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto se agarrava desesperadamente a Ada.

— Nós temos que nos mover. — disse, nem mesmo olhando enquanto redirecionava um ghoul para bater em outro ghoul, enviando ambos para baixo e fora de vista.

— Você acha que ela está em condições de se mover?! — Ezra retrucou.

— Grey está certo. Não podemos ficar aqui. — Kalon interrompeu, virando-se para mim. — Você pode segurar Riah? Haedrig, Ezra e eu seremos responsáveis por manter vocês dois e Ada seguros.

Assenti, rapidamente pegando Riah em meus braços.

O corpo inteiro de Riah convulsionou quando soltou um grito de dor, mas a pequena ascendente conseguiu envolver os braços em volta do meu pescoço.

— vamos nos mover! Ada, dê-nos alguma luz! — Kalon disse ferozmente enquanto golpeava um ghoul.

— Tem certeza de que vocês… bem, eles … não precisam da minha ajuda? — Regis perguntou, aparentemente entediado com a situação.

— Ainda não. — brinquei, começando a correr.

Haedrig e Kalon eram uma enxurrada de golpes e cortes enquanto se concentravam inteiramente em proteger a mim e Ada, mas com o número crescente de ghouls serpentinos, tive que recorrer a me esquivar e passar por alguns daqueles que conseguiam escalar as paredes e chegavam na nossa frente.

Só avançamos mais alguns minutos no caminho antes de Ezra de repente parar.

— De jeito nenhum. — engasgou. — Isso não é possível.

O resto de nós o alcançou, e os orbes de fogo brilharam à frente, revelando um grande abismo na trilha, bloqueando nosso caminho.

O mesmo abismo que Kalon havia feito.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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