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O Começo Depois do Fim – Cap. 273 – De volta ao básico

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Minha visão se concentrou na figura imponente enquanto me aproximava da batalha que se seguia. Havia dois ascendentes lutando contra ele e, dessa distância, se pareciam mais com ratos com presas correndo desesperadamente ao redor de um orc gigante. Sabia sem olhar quem eram os dois, Taegen e Arian eram os únicos capazes de permanecerem vivos e manter o titã ocupado por tanto tempo.

Corri em direção ao guardião colossal, rasgando torrões no solo árido ganhando velocidade. Minha mão agarrou com força o cabo curvo da adaga branca; em comparação com o tamanho do monstro que enfrentaria, esta adaga não poderia nem servir de palito de dente, mas tê-la em minhas mãos me deu a confiança de que precisava.

Gastar a maior parte das minhas reservas no controle da explosão etérica teve quase o mesmo benefício que passar pelos três estágios de refinamento do meu núcleo e dos canais de éter, embora com o risco adicional de morte.

Podia sentir as diferenças complexas e mínimas na maneira como o éter fluía pelo meu corpo.

Usá-lo pela primeira vez depois de forjar meu novo núcleo parecia como se estivesse tentando regular a direção e a velocidade do fluxo do éter usando um filtro de cozinha. Agora, no entanto, sentia que tinha uma comporta adequada instalada com os aquedutos que conduziam a vários pontos do meu corpo eram lentamente escavados e construídos.

Estava fisicamente mais forte e robusto do que nunca, mas sabia que ainda não era o suficiente para enfrentar as Foices.

Todo o meu arsenal foi tirado de mim e recebi uma única arma etérea. Finalmente comecei a aprender como manejá-la. Agora, para compensar a versatilidade que eu havia perdido da mana, precisava ser capaz de empunhar o éter em um nível muito acima não apenas do clã Indrath, mas também dos magos antigos.

O primeiro a notar minha presença foi a besta colossal. Seu rosto de morcego chicoteou em minha direção e soltou um grito furioso que sacudiu o chão.

Enquanto eu aglutinava o éter em minhas pernas, acelerando para encontrar a besta de frente, fiquei surpreso ao ver como a ação veio de maneira mais natural. Tudo, exceto a cara feia da besta, tornou-se um borrão ao mesmo tempo em que colocava éter ao redor da adaga.

Saltei do chão, girando para ganhar impulso para o meu ataque. Nem mesmo a besta estava preparada para o aumento repentino em minha velocidade tentando puxar sua cabeça para trás.

Contudo, não foi rápida o suficiente.

A adaga em minha mão, com a lâmina voltada para baixo, transformou-se em uma faixa cintilante de branco e roxo conforme perfurava a lateral do nariz da besta. Embora minha arma mal tivesse uma fração de seu tamanho, o impacto foi totalmente o contrário.

O som de um trovão irrompeu com o impacto, enviando ondas de choque com uma força tão forte que era quase visível. Sua cabeça virou para o lado, cambaleando a besta por tempo suficiente para Arian atacar e liberar uma rajada de crescentes dourados. Taegen, cujo corpo estava adornado com uma intrincada armadura de barro, lançou um ataque devastador quase tão estrondoso quanto o meu usando sua maça.

Tanto Arian quanto Taegen se concentraram nas pernas que carregavam o peso da besta depois que meu ataque a atingiu.

A barragem de arcos dourados e o golpe ensurdecedor da maça mal foram capazes de tirar sangue, mas foram o suficiente para varrer as pernas da besta bem debaixo de seu corpo.

Com um rugido enfurecido, o titã caiu de lado, quebrando o chão e enviando tremores que quase derrubaram a própria torre a qual estava tentando proteger.

Tanto Taegen quanto Arian tiveram que recuar imediatamente após lançarem seus ataques, apenas o peso do corpo do titã seria o suficiente para esmagar até mesmo os magos mais poderosos.

— Efeminado! Lady Caera está bem? — Taegen gritou assim que ele e Arian recuaram para uma distância segura.

— Ela está se recuperando a uma distância segura com Daria! — gritei de volta, meu olhar fixo na besta gigante tentando se levantar.

— Parece que estamos em dívida com você. — Arian respondeu, sua voz baixa, mas estranhamente clara, apesar de sua distância e do barulho vindo do titã.

A julgar pelas poderosas vibrações que pulsavam de sua espada e aquelas crescentes douradas, parecia que sua magia se originava em subconjuntos específicos de afinidades de vento e gravidade.

Taegen, por outro lado, me surpreendeu ainda mais, já que sua magia não parava apenas na armadura de barro. Cada passo que dava parecia manipular não apenas sua própria armadura, mas a terra ao seu redor. Mesmo quando balançava sua maça, pedaços do solo envolveriam sua arma, moldando-se em torno dela para formar uma maça maior.

Também não perdi a oportunidade, acertando vários outros ataques em seu rosto, a fim de evitar que se levantasse o máximo possível.

Apesar de seu tamanho colossal, entretanto, a besta era surpreendentemente hábil. Foi capaz de se recuperar empurrando o chão com sua longa cauda. Assim que voltou a se levantar, girou o pescoço e o rabo como um chicote, cavando pedaços do solo por onde passava e lançando cacos de terra ao redor, na tentativa de nos manter à distância.

Passei pelos pedaços de terra do tamanho de carruagens caindo do céu em uma tentativa de ficar dentro do alcance do ataque.

Com meu núcleo de éter ainda no meio de repor suas reservas, não podia arriscar usar a explosão de éter.

O problema era que a besta era tão grande que nenhuma apunhalada ou golpe causaria qualquer dano significativo, a menos que encontrasse um ponto fraco, se é que existia.

Um estrondo retumbou em meio ao caos que se seguiu e a besta se dobrou por um momento antes de chicotear sua cauda.

Taegen, completamente vestido com uma armadura de pedra que o fazia parecer mais um golem do que um humano, havia enfrentado a besta. Entretanto quase imediatamente, foi atirado para longe como uma mosca de esterco. Caiu como um meteoro no solo e foi imediatamente enterrado em uma espessa nuvem de poeira e destroços. Estava arraigado em mim sempre manter todo o campo de batalha dentro da minha visão, armazenando tudo o que acontece ao meu redor na minha cabeça, mesmo que não pudesse agir imediatamente.

Alcançando sua perna esquerda dianteira onde Arian havia lançado seu ataque anteriormente, fui capaz de ver alguns cortes profundos em sua perna de três andares de altura. Teria que me concentrar nisso.

Chutei o chão e mergulhei minha adaga, junto do éter ao redor dela, em um corte particularmente profundo que Arian havia feito.

Sangue rosado se espalhou por toda parte, cobrindo-me quase que por inteiro. Uma sombra gigante de repente me envolveu enquanto a cabeça da besta se aproximava rapidamente.

Tirando a adaga de sua carne, preparei-me para enfrentá-la de frente até que uma esfera giratória de mana atingiu o lado da besta.

Arian estava a vários metros de distância, seu corpo emitindo uma aura tremenda quando a besta se virou para encará-lo.

A expressão do espadachim escureceu quando se preparava para enfrentar o monstro colossal, uma ideia me veio à mente.

— Quão mais forte você pode lançar um ataque? — gritei. A besta manteve a cabeça erguida, mantendo nós dois em seu campo de visão… como se estivesse tentando decidir qual matar primeiro.

— Talvez cinco vezes essa força, mas precisaria de mais tempo para me preparar. — Arian respondeu, sua voz tão clara como se estivesse ao meu lado. — Por que você pergunta?

— Você vai ter que confiar em mim! — gritei de volta antes de voltar minha atenção para a besta.

 

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Me transformei em uma enxurrada de lâminas, dançando dentro de suas seis pernas gigantes enquanto cravava cortes e me esquivava, então cravava cortes dentro desses cortes em uma tentativa de manter a atenção da fera colossal apenas em mim.

A terra tremia a cada passo que aquilo dava e eu tinha que me esquivar da cauda em borrão de vez em quando com ela tentando me atingir logo abaixo de si.

Todo o meu foco foi gasto limitando ativamente minha produção de éter, controlando-o da forma mais eficiente que pude na preparação do momento perfeito.

— Estou pronto. — disse Arian de longe, sua figura não maior do que um corvo branco de onde eu estava.

Um flash de ouro de repente encheu minha visão um segundo antes de um estrondo ensurdecedor trovejar pelo ar.

Arian havia liberado uma explosão gigante de força cortante diretamente na besta, envolvendo toda a sua cabeça na brilhante onda de luz dourada.

Inclinei-me à diante, cruzando os braços na minha frente para não ser surpreendido pelo ataque.

Não era apenas Caera. Eles também estavam escondendo sua força na zona de convergência.

Apesar da terrível situação em que estávamos, não pude deixar de pensar comigo mesmo como Dicathen tinha poucas chances de ganhar a guerra. Se Arian, Taegen e os ascendentes tivessem se juntado a seu povo para lutar contra nós, a guerra teria acabado muito mais rápido.

A cabeça da besta chicoteou para trás em seu longo pescoço com a força do ataque de Arian. E enquanto a besta estava descontente e com dor, voltou sua atenção para mim.

Precisava que sua atenção fosse focada em outro lugar, e a própria besta estava louca o suficiente para usar seu sopro novamente, mas parecia que era mais inteligente do que eu acreditava, ou muito cautelosa com o éter que eu emitia.

Procurando uma abertura para aprofundar uma ferida que eu havia afligido repetidamente, a besta de repente começou a bater todos os pés no chão.

A poeira subiu, cobrindo minha visão das suas pernas e toda a força da cauda que me atingiu por trás momentos depois.

O mundo ficou branco quando a dor cegante se espalhou por todo o meu corpo e, quando voltei a mim, estava no chão, a várias dezenas de metros de distância da besta.

Me levantei, um gemido escapando da minha garganta. Minha visão ficou turva e o mundo parecia estar um pouco inclinado, mas no geral, estava bem.

— Ainda nem arranhão no Gigante Senhor Feioso, hein. — disse Regis.

— Você está acordado. — eu consegui dizer antes de deixar escapar uma tosse. — Você pode ajudar?

— Não. Não tenho absorvido éter de seu corpo como costumo fazer para me curar, como sabia que você estaria lutando. — respondeu Regis.

— Droga.

— Mas há uma alternativa. — mencionou Regis.

Minhas sobrancelhas franziram ao mesmo tempo em que continuei assistindo a besta lutar contra Arian, assim como Taegen, que havia conseguido retornar à batalha.

— E qual é?

— Usando a Runa de Destruição. — respondeu após um momento de hesitação. — Só com suas reservas de éter já deve ser o suficiente.

Raiva e medo cresceram dentro de mim quando respondi.

— Não.

Pela primeira vez, Regis não me pressionou. Permaneceu quieto enquanto deixei as últimas dores e torções no meu corpo se curarem. Queria usar a Runa de Destruição mais do que qualquer um, mas a última tentativa me levou a me esfaquear para não cair em um estado de loucura, e eu mal tinha usado seus poderes.

Havia também o problema adicional das testemunhas. Ambos Arian e Taegen veriam, e mesmo se Caera fosse capaz de usar as chamas negras, tenho certeza que uma chama roxa capaz de destruir uma besta de nove andares levantaria algumas perguntas.

Quando voltei para o campo de batalha, um tamborilar baixo soou da besta, mais especificamente, de sua boca.

Ele estava querendo usar seu ataque de respiração novamente!

Arian recuou para uma distância segura, bebendo vários frascos de elixir na tentativa de se recuperar. Enquanto isso, a besta se concentrou em Taegen, cujas mãos gigantes revestidas de pedra estavam pegando pedaços gigantes de terra, condensando-os e lançando-os em suas pernas onde eu o havia ferido.

Sua mandíbula alinhada com presas estava ainda mais espalhada do que antes e eu podia sentir as flutuações no ar. Mesmo sem a capacidade de sentir mana, sabia o que viria em breve.

Precisava chegar abaixo da cabeça da besta, agora.

Entretanto, o único não elemental que eu poderia usar era aquele que só tentei com mana. Naquela época, meu corpo não conseguia suportar o peso disso, mas mesmo se pudesse agora, não era capaz de manipular a mana.

Respirando fundo, concentrei-me internamente no estado do meu corpo ao mesmo passo que continuava correndo em direção à besta. Tentei sentir cada músculo das minhas pernas, costas, quadril e núcleo se movendo de uma maneira predeterminada em uma ordem definida, empurrando meu corpo para se mover de uma certa maneira. Queria aprimorar cada etapa desse processo, imbuindo poder em cada micro movimento de músculos, tendões e articulações, a fim de ultrapassar em muito os limites até mesmo de Asuras.

Eu queria usar o Passo Explosivo.

Derivado do uso de um único passo explosivo pelos panteões, o Passo Explosivo que desenvolvi, combinando a teoria fundamental da manipulação de mana com meu conhecimento da anatomia humana, estava indo de uma posição paralisada para um ataque explosivo em um único instante, quase ao ponto em que, a olhos desavisados, o corpo pareceria quase puxado em alta velocidade por uma força maior.

Embora ainda linear e incompleto, havia superado a técnica original dos panteões com Passo Explosivo. A verdadeira questão neste momento era: eu poderia replicar ou mesmo ir além do meu sucesso inicial usando o éter?

Com minhas passagens recém-formadas dentro do meu corpo, cronometrava a força, localização e fluxo do éter, pelo menos tentando replicar a explosão em velocidade mesmo se tivesse que abrir mão de começar de uma posição estática.

E, em grande parte, funcionou.

Temperar meu núcleo e forjar minhas passagens de éter por todas as provações e tribulações me permitiu ter um controle com certa precisão. E como se o mundo tivesse sido puxado para longe de mim, o mundo ficou borrado enquanto meus olhos permaneceram focados em meu destino.

Meu momento e posição eram ideais conforme uma esfera de energia cintilante se formou dentro da boca da besta.

Deveria estar feliz. Merda, eu deveria estar em êxtase. Se eu podia fazer isso agora, com prática suficiente, significaria que seria capaz de usar totalmente o Passo Explosivo para a alegria do meu coração.

Mas não estava satisfeito. Senti como se estivesse faltando alguma coisa, a mesma sensação de uma palavra perdida na ponta da língua. Tocar na base do Passo Explosivo, ver o mundo sendo puxado debaixo de mim enquanto usava essa técnica me fez sentir como se estivesse à beira de algo maior. Exceto que eu não sabia o quê.

Sem tempo para refletir, uni o éter restante no centro da palma da minha mão e empurrei uma rajada condensada de violeta que prendeu a mandíbula inferior da besta quando estava prestes a lançar seu bafo destrutivo.

Por um momento, temi que a besta simplesmente abrisse a boca e liberasse a explosão de energia, mas Taegen reagiu como se tivesse lido minha mente.

Uma pedra gigante foi arremessada do céu, e só depois de um momento percebi que era Taegen quem moldou sua armadura inteira na cabeça de sua maça para formar esta esfera de terra gigante.

Com o meu ataque e o fato dele manter a mandíbula grotesca fechada, o ataque da besta implodiu dentro de sua própria boca.

Um baque surdo ressoou e a onda de choque gerada dentro da boca da besta pela energia foi forte o suficiente para enviar Taegen e até mesmo Arian voando pelo ar.

Consegui me ancorar, enterrando meus braços e pés no chão para ficar dentro do alcance.

Embora drenado e com dor, sabia que a besta ainda estava viva pela forma como lutou para recuperar o equilíbrio, apesar das nuvens de fumaça saindo de sua cabeça. Mesmo que ainda lutasse com aquela palavra na ponta da língua, tinha que terminar essa batalha primeiro.

Tirei a adaga de sua bainha e a enfiei direto na minha coxa.

— Regis. Vamos fazer isso. — disse e um simples grunhido de afirmação foi o suficiente antes que um tsunami de conhecimento, percepção e, acima de tudo, poder me dominasse.

Aproveitando a brecha enquanto Taegen e Arian estavam desorientados e, com sorte, inconscientes, envolvi o titã ferido e indefeso nas chamas frias e ametistas da destruição.

Os últimos fragmentos de minha memória eram de mim mesmo, descontente e faminto por mais morte, meus olhos procurando pela próxima vítima. No entanto, as ondas de dor irradiando da adaga me mantiveram são o suficiente para conduzi-la mais fundo, eventualmente fazendo meu corpo desabar.

No entanto, apesar do quão patético me sentia, controlado por um poder que havia desbloqueado, uma epifania veio a mim. Sabia o que estava faltando no Passo Explosivo. Foi quando a escuridão me alcançou.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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