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O Começo Depois do Fim – Cap. 271 – Preço a pagar (POV Ellie – Capítulo 5)

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A dor da minha queda estava realmente começando a se manifestar quando encontramos o caminho de volta à caverna da Anciã Rinia. A maior parte do meu corpo estava coberta de hematomas pretos e roxos, que sabia que ficariam ainda piores quando chegasse em casa.

Mamãe vai pirar. 

O senso de direção de Boo era tão bom quanto seu olfato, então a viagem de volta foi bem direta. Dei a ele alguns cafunés ao redor de suas orelhas e através do crescente prateado de pelo em seu peito, então manquei através da fenda estreita para a pequena caverna, carregando meu arco quebrado e a língua viscosa do duende da praga envolta em um pedaço de pano da minha camisa.

Lá dentro, Anciã Rinia estava sentada a uma mesinha, olhando para um tabuleiro quadrado coberto de bolinhas de gude. Enquanto eu observava, ela pegou uma bola de gude, colocou-a de volta em um lugar diferente do quadro e murmurou algo baixinho.

Abri minha boca para dizer algo adequadamente dramático, como: — Eu retornei! — Mas a velha vidente ergueu a mão enrugada e fez sinal para que eu ficasse quieta.

Típico, pensei.

Depois do que pareceu muito tempo, a Anciã Rinia moveu rapidamente mais duas pedras e se virou para mim com um sorriso malicioso de satisfação no rosto.

— Você voltou. — disse, olhando o pacote em minha mão. — E com sucesso, pelo que parece.

Seu olhar viajou rapidamente pelo meu corpo, demorando-se no hematoma visível na minha bochecha, pescoço e braços.

— Embora não sem alguns inchaços e hematomas. — vejo.

Abri a boca para começar a contar a ela sobre a caça ao duende da praga, mas a Anciã Rinia acenou para que eu me aproximasse, interrompendo-me novamente.

— Aqui, deixe-me ver isso. Rápido agora!

Carrancuda, atravessei a caverna e entreguei a língua embrulhada em pano. Ela o desembrulhou com cautela, examinando a língua com cuidado.

— Sim, sim. Isso servirá muito bem. Muito bem mesmo. — Sem nem mesmo olhar para mim, pulou e praticamente correu pela caverna.

Observei, perplexa, enquanto ela colocava a língua em uma panela que fumegava sobre seu pequeno fogo. A caverna, percebi, estava preenchida com o cheiro de comida sendo preparada. Meus olhos saltaram da panela fervendo para a Anciã Rinia e vice-versa, depois se arregalaram de horror.

— Você… você não vai c—

— Oh, sim querida. A língua de duende de praga é uma iguaria muito rara. Macia, suculenta, gorda, com apenas um toque de amargura.

Considerei seriamente vomitar em seu chão pela segunda vez naquele dia, mas contive minha repulsa.

Abrindo a boca para pedir as informações que me foram prometidas, fui interrompida pela terceira vez.

— Sinto muitíssimo, mas temo que a língua precise cozinhar bem, então vai precisar de minha atenção total. Além disso, tenho certeza de que sua mãe vai querer cuidar desses ferimentos, não deve ser um problema para uma emissora, imagino.  Portanto, seja uma querida e vá embora agora, está bem?

— Mas é quanto—

— Oh, sim. — disse a Anciã Rinia distraidamente. Teria jurado que ela estava babando enquanto olhava para a panela preta contendo seu ensopado de língua podre.  — Vá com minha bênção, é claro. Diga ao velho idiota do Virion que a missão terá sucesso, mas não será sem custo.

Pisquei, minha boca aberta.

 — É isso?

A Anciã Rinia se virou para encontrar meus olhos, séria por um momento.

— Sim.  Saiba que sempre há um custo, criança. O custo da vida desses elfos pode ser mais do que Virion se preocupa em pagar.

— Eu… eu quase morri! — gritei, o estresse das últimas horas transbordando e se transformando em raiva, que desabafei na velha vidente. — Desisti do meu arco, só para que você possa comer uma língua velha e desagradável e me dizer “vai custar”?

A Anciã Rinia ergueu uma única sobrancelha fina.

— Morreu? Dificilmente, querida. Você ainda tem o presente do seu irmão em volta do pescoço, não é? — Minha mão foi para o pingente de Fênix Serpe escondido sob minhas roupas. O usei por tanto tempo que quase esqueci para que realmente servia. Bufando com minha surpresa, Rinia continuou. — Como disse, há sempre um preço a pagar, uma escolha a fazer. Você fez uma nos túneis e terá outra para fazer em Elenoir. Quando chegar a hora, Ellie, você deve escolher a missão.

— Do que diabos você está falando? — disse, jogando minhas mãos no ar e balançando minha cabeça incrédula. — Apenas me dê uma resposta direta!

— Escolha a missão. O preço será pago de qualquer maneira, mas você decide se o plano funciona ou não. Agora vá, os outros estão começando a se preocupar e logo virão atrás de você.

Ela voltou para sua panela, usando uma colher de pau para mexer cuidadosamente o conteúdo, então colocando uma pitada de algo de um pequeno frasco.

— E eu não quero ninguém aparecendo e estragando minha refeição.

A caminhada de volta à cidade foi longa e incômoda, mas felizmente sem intercorrências. Boo me deixou montar em suas costas grandes e peludas a maior parte do caminho, já que cada parte do meu corpo doía. Passei o tempo preparando minha história, e desculpas, para minha mãe, embora não conseguisse pensar em nada que pudesse dizer que a deixasse menos furiosa quando visse como eu estava machucada.

— Não posso acreditar naquela velha maluca. — resmunguei para Boo.  — Aquele duende da praga maldito quase me matou, tudo para que ela pudesse comer sua língua velha e desagradável e me dizer que a missão “não será sem custo”.

Boo resmungou consoladoramente.

Ia dizer mais alguma coisa, mas fui distraída por uma pequena fonte de luz que balançava e serpenteava à nossa frente no túnel. Um momento depois, uma voz soou:

— Ellie, Eleanor Leywin, é você?

Ah, cara, pensei, percebendo que as pessoas nos túneis me procurando era um mau sinal.

— Sim. — ofeguei dolorosamente. — Quem é?

A fonte de luz se moveu em minha direção rapidamente, acompanhada pelo som de passos suaves. O rosto largo e gentil de Durden, um dos chifres gêmeos e amigo dos meus pais, entrou em foco assim que pisquei para afastar o brilho de seu artefato de luz.

— Ellie, aí está você. Sua mãe estava realmente preocupada, então Helen me enviou para procurar por você, para ter certeza de que você…

— Estou bem. — menti, me forçando a sentar nas costas de Boo enquanto olhava para Durden. — Estava em uma missão para o comandante. Preciso ir ver Virion na Prefeitura, depois disso vou para casa.

Durden sorriu timidamente.

— Pediram-me para ter certeza de que você vá direto para sua mãe, na verdade. Aparentemente, ela deu uma bronca no comandante… — O grande mago parou, então acrescentou, — Não diga a ninguém que eu disse isso, certo?

Pelo menos se mamãe já gritou com Virion, talvez não seja tão ruim para mim…

Sabia que seria pior se não voltasse para casa imediatamente, mas essa era minha missão e, apesar da orientação inútil da Anciã Rinia, senti que precisava falar pessoalmente com Virion.

Quando informei Durden sobre isso, concordou hesitantemente.

— Bem, vamos indo, então. Eu gostaria de levar você de volta para sua mãe antes de ela—

— Explodir como um vulcão? — sugeri.

Ele sorriu ironicamente e liderou o caminho de volta ao longo do túnel em direção à cidade.

Durden segurou a porta pendurada de lado e gesticulou para que eu entrasse, então eu entrei. Boo ficou do lado de fora, aninhando-se como um cachorro enorme ao lado da escada que leva à porta da frente da prefeitura. Dentro, Albold estava em seu posto de costume.

— Fico feliz em ver que você está bem, Lady Eleanor. — Apontou para a sala de reuniões principal. — O comandante vai querer vê-la imediatamente.

Comecei a descer o corredor, mas diminuí a velocidade quando ouvi vozes vindo do vão do arco aberto.

— Chegamos deco demais novamente, Comandante. — Era a voz profunda e nasal de Bairon. — Embora definitivamente houvesse sinais das Lanças Varay, Aya e Mica, não conseguimos encontrar um traço forte o suficiente para ir atrás delas.

— Droga. O que diabos essas três estão tramando? — Virion resmungou em resposta.

— Ainda não encontramos nenhuma razão ou padrão plausível para a localização de seus ataques. Não podemos nem ter certeza de que elas sabem que estamos vivos.  Não vejo outra razão pela qual elas não teriam feito contato ainda.

— Continue tentando. As outras Lanças serão essenciais se quisermos realmente lutar contra os Alacryanos.

Parei na beira da passagem em abóboda, ouvindo a conversa de Bairon e Virion. Não houve nenhuma notícia das outras Lanças desde a queda de Dicathen. Era bom saber que ainda estavam lutando.

Albold caminhou ao meu redor, parando na porta e se curvando.

— Comandante Virion, a jovem Eleanor Leywin acabou de voltar dos túneis. — Ele gesticulou para que eu entrasse na sala, o que eu fiz hesitantemente.

Estava cansada demais para ficar realmente nervosa, mas ainda não tinha certeza de como explicar o que Rinia havia dito.

O olhar severo de Virion avaliou minhas contusões e o corte na minha perna, e sua expressão se suavizou.

— Parece que a viagem para a casa de Rinia foi mais difícil do que o esperado. Minhas desculpas, Eleanor. Se eu soubesse—

— Está tudo bem. — interrompi, em seguida, repreendi-me mentalmente por minha grosseria. — A Anciã Rinia me pediu para provar meu valor para que ela soubesse que eu estava pronta para lutar, e eu provei. Eu… ela… — parei, repetindo em minha cabeça tudo o que ela havia me contado, o pouco que havia. Virion ouviu atentamente enquanto repetia as palavras da Anciã Rinia.

— Um preço que não estou disposto a pagar, hein? — O comandante olhou para a mesa, mas seus olhos estavam desfocados. — Mostre o que minha velha amiga sabe. Virion olhou para cima, olhando para longe do meu ombro. — Não há preço que eu não pague pelo sucesso… por resgatar o maior número possível de nosso povo. Os elfos não serão escravos. Melhor mortos do que isso.

Se levantou de repente, sua cadeira raspando desagradavelmente no chão de pedra.

— Obrigado, Eleanor. A sua ajuda é muito apreciada. Teremos vários dias para nos prepararmos para a viagem a Elenoir, mas enviarei Tessia quando você for precisa. — Olhando para Albold, disse: — Por favor, acompanhe a Sra. Leywin para casa. Acredito que sua mãe está ansiosa para vê-la de volta.

Albold e eu nos curvamos e segui o elfo para fora da Prefeitura. Nenhum preço que ele não pagaria? Me perguntei. O comandante havia mudado muito desde o castelo. Era como se a perda da guerra tivesse roubado a gentileza e o calor dele. Então, novamente, quem não foi afetado por isso? Perguntei para mim mesma.

Poucos minutos depois, disse adeus a Albold e Durden, os quais tinham insistido em providenciar para que eu chegasse em casa em segurança, fora da casinha de dois andares que dividia com minha mãe e Boo. Os observei se afastar rapidamente, então sorri para Durden quando lançou um último olhar para mim por cima do ombro.

— Ele parece alguém fugindo da cena de um crime, não é Boo?

Meu vínculo bufou em concordância, então sem cerimônia empurrou a tampa da porta para fora do caminho com o focinho e desapareceu dentro da casa. Ouvi lá de dentro.

— Boo! Onde está a Ellie? Ellie!

Pensei por um segundo em seguir Durden, tentando fugir de vista, virando a esquina de um dos edifícios próximos. Imaginei me escondendo em uma das casas desocupadas, pescando no rio quando todos estavam dormindo, tendo Tessia me contrabandeando roupas limpas e aquele pão doce que os elfos amavam…

Suspirando, ouvi os passos da minha mãe descendo as escadas e forcei um sorriso inocente no meu rosto esperando que ela estourasse pela porta pendurada, o que ela fez um instante depois.

Seu cabelo ruivo estava meio puxado para fora do rabo de cavalo, dando a ela uma aparência meio apressada, e seus olhos estavam úmidos e vermelhos, como se tivesse chorado.

Aqueles olhos se moveram sobre meus hematomas com a eficiência de um emissor treinado, e ela engasgou.

— Ellie, o que nesse mundo aconteceu com você? — Antes que eu pudesse responder, estava puxando as mangas e a bainha da minha camisa, seguindo a trilha de hematomas nos meus braços, pescoço, costas e quadris. Então suas mãos começaram a emitir uma luz suave verde e dourada. Imediatamente me senti quente e fria ao mesmo tempo que os arranhões, marcas, cortes e hematomas por todo o meu corpo começaram a sarar.

Mamãe ficou em silêncio ao mesmo tempo em que trabalhava, concentrando-se inteiramente nos meus ferimentos. Pareceu melhor seguir seu exemplo, então mantive minha boca fechada e observei enquanto os hematomas roxos e pretos desbotavam para verdes, depois amarelos, e então desapareciam diante dos meus olhos.

Quando terminou, respirei fundo o ar fresco da caverna. A dor se foi. Não me lembrava de ter me sentido melhor!

Então a faca de gelo de sua voz cortou a névoa agradável pós-cura.

— Pra dentro. Agora.

Arrisquei uma olhada em seu rosto; seus olhos estavam cheios de fogo e fúria. Oh, cara.

 

Separador Tsun

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Minha mãe não era uma pessoa má. Na verdade, ela sempre foi uma mulher muito gentil. No entanto, o estresse de ser a mãe de Arthur Leywin a tinha desgastado, dando-lhe traços afiados. Ela havia sido forçada a se proteger contra o estresse e a preocupação constantes de ter um filho como Arthur, que estava lá um dia e partia no outro, e sempre, onde quer que estivesse, em constante perigo mortal.

Ou é o que eu ficava me lembrando enquanto, na hora seguinte, me contava de uma dúzia de maneiras diferentes como tinha sido imprudente, tolo, imaturo,

perigoso e estúpido, entrar sozinha nos túneis e como ela diria a todos, da Anciã Rinia ao Comandante Virion e à triste velha elfa que morava na casa ao lado, que eu não deveria ser enviada em nenhuma missão, caçada, ataque ou qualquer outra coisa sem sua permissão expressa.

Ela terminou minha dura bronca insistindo que se alguma coisa acontecesse comigo, ela morreria com o coração partido, e eu queria ser responsável por isso? Me levantei de onde estava sentada no chão, minhas costas pressionadas contra a parede no segundo nível da casa. Mamãe estava sentada à mesa de jantar, o rosto entre as mãos, as lágrimas escorrendo do nariz para respingar na madeira petrificada.

Atravessei a sala e dei a volta atrás dela, então me inclinei e passei meus braços em volta dela, descansando minha bochecha em seu ombro.

Havia uma centena de coisas que eu queria dizer a ela: o quanto eu a amava, o quanto sentia que Arthur e papai haviam partido, o quanto gostaria que ela não precisasse ficar tão brava e assustada o tempo todo; como, não importa o que acontecesse, não poderia simplesmente ficar sentada de lado e assistir Dicathen lutar para sobreviver mais…

Mas, em vez disso, o que eu disse foi:

— Vou para Elenoir para lutar contra os Alacryanos, mãe.

Minha mãe saltou da cadeira, se livrando do meu aperto e quase me jogando para trás. Ela caminhou pela sala, arrancando a faixa de couro do cabelo que prendia seu rabo de cavalo, depois se virou e a brandiu para mim como um chicote.

— Você não ouviu nada do que eu disse, Eleanor? Seu cabelo caiu em torno de seu rosto vermelho brilhante em um emaranhado selvagem. Ela parecia uma louca. Falando lenta e calmamente, disse:

— Sim, mãe, eu realmente ouvi. Eu ouvi cada palavra, e agora preciso que você me escute. — Ela zombou, mas eu levantei a mão e continuei falando, infundindo tanta confiança quanto pude reunir em minhas palavras. — Eu tenho que fazer alguma coisa, Mãe. Eu devo.

Apontei para o teto de nosso pequeno abrigo.

— Em algum lugar lá em cima, agora mesmo, uma mãe está vendo seu filho morrer, ou uma esposa seu marido, ou uma irmã seu irmão. Não somos os únicos que perderam alguém, mãe. Todo mundo perdeu pessoas! — Eu estava implorando agora, a confiança escapando do meu tom, mas não me importei. Ela tinha que fazê-la entender.

Ela abriu a boca para responder, mas continuei sabendo que, se perdesse o fio do meu pensamento, nunca iria dizer as palavras.

— Nós somos os sortudos, mãe! Os sortudos. Muitas pessoas, a maioria das pessoas, não têm chance de revidar. Mas nós temos! Podemos fazer a diferença, todos nós.

Se eu simplesmente sentar aqui, aquela coisa dentro de mim que me torna capaz de ajudar se voltará contra mim, me comerá de dentro para fora como uma sanguessuga. Se eu não fizer algo, posso muito bem já estar morta!

Percebi que estava bufando como Boo e à beira das lágrimas. Minha mãe, por outro lado, parecia ter ficado sóbria. Estava me dando um olhar avaliador que eu não conseguia me lembrar de ter visto em seu rosto antes.

Depois de vários longos momentos, cruzou a sala novamente, pegou minha mão e me levou de volta para a mesa. Sentamos e ela apenas olhou para mim em silêncio por um tempo.

— Há algo que eu deveria ter dito a você há muito tempo, Ellie. — Mamãe encontrou meus olhos, parando para ter certeza de que eu estava ouvindo, então continuou.  — Você cresceu no centro de toda essa aventura, caos e guerra, fazendo amizade com princesas e bestas de mana, aprendendo magia e lutando, mas essa não é a vida para a qual você foi feita.

Eu olhei para ela com incerteza.

— Como assim?

Minha mãe tamborilou com os dedos na mesa antiga, olhando para a madeira petrificada como se esperasse que pudesse soletrar as palavras que ela procurava.

— Seu irmão… ele nos puxou para uma vida para a qual não estávamos equipados. Ele estava, é claro, mas Arthur era diferente.

Ela olhou para mim, procurando meus olhos, meu rosto, por compreensão. Eu queria aproveitar esse momento de paz e união com minha mãe, mas não tinha certeza do que ela estava tentando comunicar.

Suspirando, ela estendeu a mão e colocou a mão na minha.

— Arthur…, mas isso é difícil de explicar.

— É sobre Arthur ter reencarnado ou algo assim? — perguntei, as palavras da minha mãe subitamente ficando claras na minha cabeça.

Ela ficou boquiaberta para mim, seus olhos arregalados e sua boca aberta.

— Como você descobriu? — Eu podia vê-la engolindo em seco, hesitando, antes de perguntar. — Arthur contou a você?

Fiz que não com a cabeça.

— Não, embora eu desejasse que ele tivesse. Descobri com as coisas que você e papai disseram. Ouvi por cima você lutando algumas vezes no castelo, enquanto Arthur estava treinando com os Asuras. — Vendo a expressão de surpresa ainda em seu rosto, deixei escapar um suspiro. — Eu não sou burra, mãe.

Ela apertou minha mão e sorriu.

— Não, querida, você não é.

— Não vejo por que isso importa de qualquer maneira. Só porque ele tinha memórias de outra vida não o faz não ser meu irmão. Ele ainda é a mesma pessoa que brincou comigo, que ficou ao meu lado, que me ajudou… nem sempre estava por perto, mas sempre me tratou como sua irmã.

— Eu sei, Ellie, e você está certa. Isso não importa. Não mais. O que eu quero que você veja, porém, é como Arthur foi feito para esta vida. Eu acho… eu acho que ele foi trazido aqui para lutar por Dicathen… — Mamãe estava começando a vacilar, a perder o fio do pensamento. — Ele era um mago quadra elemental com duas vidas de experiência em batalha, Ellie. Mas você é—

— Apenas uma garota? — perguntei, meu temperamento queimando. — Arthur se foi, mãe, então qualquer que seja o motivo pelo qual Arthur renasceu conosco, seu propósito já deve ter sido cumprido, certo?

— Ou falhado. — respondeu tristemente, sem olhar nos meus olhos.

— Ele poderia ter estado aqui para nos inspirar, para nos mostrar o que podíamos fazer, para que quando fosse embora soubéssemos que ainda poderíamos vencer sem ele. Sei que você acha que é mais seguro deixar Virion e Bairon e os outros cuidarem das coisas, mas não quero fugir de uma responsabilidade que sei que tenho como maga treinada.

Eu segurei o olhar de minha mãe com o olhar penetrante que aprendi com Arthur.

— Eu sei o que aconteceu com papai e o irmão. Também estou com medo, mas quero lutar.

Sua boca se abriu, mas fechou novamente enquanto enxugava as lágrimas.  Minha mãe soltou uma risada rouca.

— Acho que é minha própria culpa por educá-la para ser uma jovem forte e honesta.

Uma risada escapou dos meus lábios enquanto caminhava ao redor da mesa e puxei minha mãe para um abraço sentado.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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