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O Começo Depois do Fim – Cap. 268 – Justificativa

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Não teria pensado muito na diferença de tamanho se não fosse pela maneira como os ascendentes reagiram a isso. Não foram apenas suas expressões de choque, foi a maneira como olharam para mim imediatamente depois, como se eu fosse de alguma forma a causa.

Se eles realmente pensavam que isso era minha culpa ou não, não saberia até depois da batalha. Os carallianos entupidos de anabolizantes estavam saindo do chão às dezenas e não parecia que iriam parar e esperar que terminássemos uma conversa primeiro.

— Formação de Círculo de Três Camadas! — Uma voz clara soou de dentro do caos.

Os ascendentes se entreolharam, inclusive eu, principalmente porque não  sabia o que diabos era uma Formação de Círculo de Três Camadas. O resto, no entanto, tinha hesitação e relutância estampadas em seus rostos.

— AGORA! — A mesma voz gritou. Era um ascendente da equipe de Daria.

Sua voz resoluta cortou os ascendentes, estimulando-os a seguir seu comando. Além de mim e da equipe de Caera, o resto formou um círculo solto de três anéis centralizado em torno de Daria e outro ascendente segurando uma varinha dourada.

— Alguma ideia do que é uma Formação de Círculo de Três Camadas? — Perguntei a Regis.

— Sei lá.

Hesitar em agir como Caera, Taegen e o espadachim de cabelo castanho seria ou provocação ou ignorância, nenhum das opções era boa neste ponto. Me posicionei entre Trider e outro ascendente corpo a corpo no anel externo, deduzindo que esta formação estava centrada em manter Caria, que eu sabia ser uma conjur— bem, qualquer que seja o termo que fosse chamado pelos Alacryanos, e o cara magro com nariz, protegidos.

Não houve nenhum sinal que indicasse nem nenhuma palavra que marcasse o início de nossa batalha. Nós simplesmente lutamos enquanto eu controlava minha força para não ficar de fora.

A força dos carallianos refletia sua estatura aumentada, mas sua velocidade era desimpedida. Ainda assim, eu havia passado por coisas piores e só saí mais forte.

Crescentes de branco se arquearam em volta de mim enquanto minha adaga brilhava com velocidade e precisão mortais. Com o éter aumentando meu corpo, meus chutes e golpes me tornaram uma tempestade intransponível.

A Formação de Círculo de Três Camadas mudava constantemente para evitar o acúmulo de cadáveres de carallianos, e tudo parecia estar indo bem até que o primeiro ascendente foi morto, abrindo um buraco no anel externo.

— Garth! — Gritou um ascendente magro posicionado no anel do meio. Ele empunhava um bastão com uma dúzia ou mais de orbes de relâmpagos flutuando ao seu redor.

Imediatamente, os dois de cada lado do ascendente morto preencheram perfeitamente a lacuna e continuamos inabaláveis. Se eu não tivesse visto os diferentes acampamentos criados para cada par ou trio de ascendentes, teria assumido que todos faziam parte da mesma unidade altamente treinada.

Minha atenção então se voltou para o círculo interno de nossa formação. Apesar de meu preconceito inicial contra Daria por causa de seu traje bastante sugestivo e atitude modesta, suas habilidades parecia serem excelentes. Seu arsenal principal parecia consistir em conjurar lanças de gelo a partir da umidade do ar, bem como criar explosões de vento ao redor de seus inimigos.

O mago de longo alcance ao lado dela só usava magia de fogo, mas tinha uma ampla variedade de feitiços em seu arsenal, desde lançar esferas de fogo até ondas de calor escaldante capazes de derreter a pele dura dos carallianos. Ambos foram precisos com a força e exatidão de suas habilidades apesar de estarem cercados por um anel de ascensores defensivos focados em proteger os dois, bem como o anel externo que lutava para matar o maior número possível de carallianos.

Vendo um caralliano se aproximando, chutei um cadáver no chão, acertando meu alvo com ele jogando o ombro em outro caralliano que tentava se esgueirar pela minha direita. Agarrei a adaga enganchada em meu dedo e enfiei sua lâmina eu seu olho que lutava antes de absorver o éter restante de seu cadáver.

Apesar do acréscimo de força, velocidade, membros e espinhos que se projetavam dos corpos dos carallianos, eles carregavam mais éter, o que tornava a luta contra eles realmente mais fácil para mim.

De repente, um grito de dor chamou minha atenção. Virei-me para ver Trider pressionando seu lado com sangue escorrendo por entre os dedos. Simultaneamente, seu braço livre estava bloqueando as mandíbulas de um caralliano de mordê-lo.

Droga.

Voltando-me, corri para Trider, cortando a parte de trás dos joelhos do caralliano e esfaqueando o lado de sua garganta em uma sucessão giratória.

O portador da manopla olhou para mim com uma expressão atordoada e confusa.

— Por quê…

— Não podemos obter outra lacuna no círculo externo. — justifiquei. — Mantenha- se vivo.

Ele era um Alacryano. Por que me importava se vivia ou morria?

Tentei raciocinar comigo mesmo que seria difícil para mim passar por essa zona de convergência sem a ajuda deles, mas sabia que não era o caso.

Talvez pensasse que quanto mais interagisse com esses ascendentes, mais poderia aprender sobre essas masmorras, ou Relictombs, como chamavam, e ainda mais sobre a própria Alacrya. E se eu realmente acabasse em Alacrya depois de sair daqui, fazia sentido não chamar atenção no seio de um continente com o qual estava em guerra.

Mas quanto mais pensava nisso, mais começava a pensar que estava considerando Trider e o resto deles menos como meus inimigos e mais como apenas pessoas que queriam passar por aquela provação; o mesmo que eu.

Me repreendi. Não querendo admitir que tinha qualquer sentimento além de animosidade em relação a esses Alacryanos. Queria odiar essas pessoas, não, precisava odiá-los. De que outra forma eu deveria voltar para Dicathen e lutar uma guerra contra eles?

— Ei, princesa. Mesmo que você não precise necessariamente deles, obter sua ajuda e trabalhar juntos não faria mal.

— Você está errado. — respondi enquanto enfiava minha faca logo abaixo da mandíbula de um caralliano. — Você tem minhas memórias da guerra, Regis. Essas pessoas são as que mataram meu pai e Adam. E você quer que eu trabalhe junto com eles? Que os ajude?

— Eu sei, mas você não precisa se forçar a pensar nessas pessoas como seus inimigos. Eles ainda são apenas—

— Cale a boca! — rugi alto. — Eles são meus inimigos. E não importa o quão senciente você seja, você ainda é apenas uma arma. Lembre-se disso.

Regis ficou em silêncio e a raiva fervendo na boca do meu estômago cresceu.

Amaldiçoando entre dentes, descartei a fachada de um guerreiro lutando para permanecer vivo e voltei ao meu ritmo, fixando-me apenas na batalha em curso.

Usei os carallianos como manequins para testar diferentes técnicas a serem incorporadas ao meu estilo de luta com infusão de éter em evolução.

Me concentrei na sensação de me revestir de éter. Sentindo as diferenças fundamentais de quando fazia o mesmo com mana.

Era difícil de descrever, mas era mais denso, ainda mais flexível e macio. Tanto quanto a concentração necessária para envolver meu corpo em éter sem vazar ou se espalhar. Concentrar-me nas proporções do éter para as diferentes partes do corpo também era muito mais difícil do que quando fiz o mesmo com a mana.

No entanto, as diferenças nos resultados não podiam ser ignoradas. O poder que meu corpo recebeu quando o éter foi desviado para meus membros parecia como se os músculos fortalecidos fossem meus e a camada protetora de éter fosse minha pele engrossada. Não parecia emprestado como quando me fortalecia usando mana.

Em retrospecto, minha incapacidade de usar magia elemental teria me afetado muito mais se não fosse por meu treinamento com Kordri. Ser ensinado a conservar mana e lutar com movimentos mínimos e máxima eficiência lidando com o máximo de dano possível me serviu melhor agora do que durante toda a guerra após meu treinamento.

Enquanto continuava me perdendo na batalha, trouxe de volta as memórias de meu tempo com o Asura careca, todas as vezes que me matou no reino da alma enquanto me ensinava como lutar. Seus movimentos eram fluidos, mas nítidos e a velocidade com que era capaz de se mover era assustadora. Adicione a isso sua Intenção de Rei que poderia literalmente espremer o ar para fora dos pulmões de um mago com núcleo de prata e eu poderia ver porque ele era respeitado até mesmo entre os Asuras.

Naquela época, ele me ensinou como lutar até os limites extremos de um humano, mas e agora? Eu poderia alcançar os níveis de Kordri com meu novo corpo e éter? Eu poderia superá-lo?

Minha mente ficou afiada enquanto todos esses pensamentos corriam por ela, não me importando quanto tempo havia passado. Minha mente estava ciente, mas bloqueava tudo, exceto os inimigos capazes de me machucar. Foi assim que lutei desde que acordei neste inferno. Era comer ou ser comido, e com meu núcleo de mana despedaçado, lutei e treinei diariamente para não ser o último.

As palavras que cuspi em Regis ameaçaram ressurgir, mas enterrei-as concentrando-me nos sons da batalha, o esmagamento e o rangido das pedras enquanto pisavam no chão, o sutil assobio do vento quando o caralliano balançava seus membros desengonçados.

Abaixando-me sob as mandíbulas de um caralliano, o derrubei com uma rasteira. Enquanto lutava para se levantar, concentrei-me em outro correndo em minha direção.

Dividindo o éter entre minha perna de trás e a ponta do meu cotovelo, irrompi, empurrando minha palma de apoio contra meu punho para reforçar meu golpe. Os ossos afiados que protegiam o torso do caralliano se estilhaçaram com o impacto e meu cotovelo cravou em sua barriga como uma ponta de lança.

Ele caiu no chão com a espinha quebrada. Enquanto convulsionava no chão, virei minha cabeça para a esquerda para evitar outro em que havia tropeçado. Duas facadas bem colocadas depois e os dois foram adicionados à minha pilha de cadáveres.

Meus olhos procuraram pela próxima presa, e foi só quando não consegui encontrar mais que finalmente percebi que o céu havia se tornado azul e que os cadáveres espalhados ao meu redor estavam desaparecendo lentamente.

Olhando ao redor, vi vários ascendentes misturados com os cadáveres de carallianos desbotados. Aparentemente, cinco ascendentes morreram nessa onda, um número que não significava muito para mim, mas tenho certeza de que os companheiros de equipe dos falecidos não se sentiam da mesma forma.

Daria e Trider eram dois dos sete restantes em pé. Daria estava em boa forma, exceto por alguns cortes nas pernas e rasgos em seu manto. Trider estava segurando o toco residual de seu braço esquerdo sangrando, o rosto plácido respirando pesadamente. No entanto, ambos tinham expressões que eu não conseguia entender.

Era medo? Raiva? Ambos? Mas não importava. Essas pessoas eram tão minhas inimigas quanto os carallianos. O que quer que decidissem fazer, no mínimo, seria capaz de escapar facilmente.

Regis permaneceu quieto enquanto eu mantive meu corpo envolto em éter e meu aperto em volta da adaga.

Apesar do meu estado de distração, décadas de luta e aprimoramento de meus instintos entraram em ação em um instante quando senti, em vez de ver, alguém se aproximando rapidamente de mim.

Girando nos meus calcanhares, eu agarrei o pulso do meu atacante surpresa, pressionando a ponta da minha adaga contra… a garganta dela?

Pausei meu ataque por uma fração de segundo de surpresa, e naquela fração de segundo a mão segurando minha adaga branca foi agarrada por uma grande mão e eu me encontrei cara a cara não apenas com Caera, cujo pulso eu estava segurando, mas  também Taegen, que estava agarrando minha mão, e o espadachim, cuja lâmina zumbindo era apontada para meu lado exposto.

Em vez de vacilar com a mudança repentina dos eventos, me estremeci de raiva.

— O que é isso?

— Solta ela. — Taegen ordenou enquanto seus dedos grossos esmagavam minha mão.

— Ela me atacou. — respondi calmamente em um tom moderado, mas a pressão etérica que eu emiti afetou até mesmo os protetores de Caera conforme suas expressões ficavam tensas.

— Pensei… que estava imaginando coisas. — Caera murmurou, mas não estava falando comigo. Seus trêmulos olhos vermelhos estavam fixos na lâmina branca a alguns centímetros de sua garganta.

— Mas eu estava certa… — Os olhos de Caera se fixaram nos meus, sua expressão severa. — Por que você está com a adaga do meu irmão?

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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