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O Começo Depois do Fim – Cap. 259 – Uma Força Silenciosa (POV Ellie – Capítulo 2)

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Encontrei o olhar de minha mãe e tentei não revirar os olhos.

Ela deixou escapar um suspiro.

— Oh, não me olhe assim. Você é muito jovem….

Forçando o que esperava ser um sorriso compreensivo, mas ligeiramente incrédulo, disse

— Mãe, você não pode pensar seriamente que estaremos mais seguros se apenas nos escondermos aqui e deixarmos os outros lutarem por nós do que se nos juntarmos a eles? O conselho precisa de todos os soldados que puderem—

— Ellie. — disse em sua voz de mãe sabe-tudo. — Nós lutamos, e nós pagamos o nosso preço. Seu pai… Arthur… — lágrimas brotaram de seus olhos, mas não as enxugou. — Aqui embaixo, temos alguma aparência de paz e temos mais tempo juntos.  Tempo, Ellie. Isso é tudo que eu quero… Tempo com você.

Isso não era sobre mim, sabia. Era sobre Arthur. Ele nunca esteve em casa, nunca esteve por perto. Nossos pais passaram tão pouco tempo com ele, não que fosse inteiramente sua culpa.

Ele não pediu para ficar preso no reino dos elfos por anos, embora tivesse sido sua escolha fugir e se tornar um aventureiro assim que retornou. Tinha sido sua escolha entrar para a academia e viver por conta própria, e concordou em ir embora com aquele cara Windsom, desaparecendo novamente apenas quando nós, sua família, mais precisávamos dele.

Quando voltou da terra das divindades, se tornou uma Lança e lutou uma guerra. E então se foi.

— A vida aqui embaixo mal é uma vida, mãe. Parece que estamos presos naquele momento em que a espada de um inimigo está em seu pescoço e toda a sua vida passa. — Minha mãe sorriu com tristeza e desviou o olhar. — Você tem passado muito tempo com Tessia.

— Palavras de Kathyln, na verdade. — disse, envolvendo meus braços em volta da minha mãe e descansando minha cabeça em seu ombro.

— Ela é muito poética, quando você consegue fazê-la falar.

Ficamos assim por um tempo, a mão da minha mãe passando pelo meu cabelo. Quando me afastei, houve uma hesitação da parte dela, como se não quisesse me deixar ir. Mas então, acho que ela não queria.

— É apenas uma reunião do conselho, mãe. — dei a ela um olhar sério. — Você deveria ir até eles também.

Minha mãe balançou a cabeça e caminhou até a mesinha onde jantávamos. Ela se sentou à mesa e passou a mão por ela, quase como se estivesse acariciando um animal. Acho que a fazia se sentir mais normal fazer algo todos os dias, como sentar à mesa de jantar e discutir com a filha.

— Simplesmente não entendo por que eles precisam de você lá. — disse, circulando de volta para onde nossa discussão tinha começado. — Certamente Virion e Bairon podem tomar decisões sem a ajuda de uma garota de treze anos.

Segurei um suspiro, sabendo que estava pisando no gelo fino para fazê-la concordar.

— Como eu disse, Tessia me pediu para ir junto.

— Acho que vou precisar falar com a Princesa Tessia sobre passar tanto tempo com você.

Abri minha boca para implorar a ela que não me envergonhasse, mas levantou a mão, me interrompendo.

— Eu só… você sabe o que eu sinto por ela…

— Mãe, sei que Arthur morreu para salvá-la. — rebati, os punhos cerrados. Tive a mesma discussão comigo mesma tantas vezes que não poderia suportar ter de novo com ela. — Mas você já pensou que talvez Arthur teria morrido na floresta de Elshire quando tinha quatro anos de idade se ele não tivesse conhecido ela e o Comandante Virion?

Um olhar de raiva passou pelo rosto de minha mãe antes que seus lábios tremessem de tristeza. Olhamos uma para o outra por vários longos segundos, ambos incapazes de formar as próximas palavras, mas nosso impasse foi interrompido por um bufo de Boo, que tinha uma cama no andar de baixo de nosso pequeno abrigo de dois andares.

— Tessia deve estar aqui. Estou indo. — virei, atravessei a sala de jantar e desci as escadas. Podia sentir os olhos da minha mãe queimando minhas costas, e uma sensação de culpa borbulhou dentro do meu estômago por ter discutido com ela.

Parei e me virei, ainda capaz de vê-la por cima do parapeito.

— Desculpa, Mãe. Eu amo você.

Ela respirou fundo, sorriu tristemente e disse.

— Eu também te amo, El.

 

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— Você tem certeza disso? — Fiquei envergonhada com o quão tímida e infantil minha voz soou, mas não consegui superar meu nervosismo. Talvez mamãe estivesse certa, pensei.

— É claro. Você é Eleanor Leywin. — Tessia respondeu com firmeza. Estávamos serpenteando pela área ocupada de nossa pequena cidade em direção ao grande complexo central que começamos a nos referir como Prefeitura. — Seus pais são heróis, seu irmão era um general, e eu uma princesa. Mesmo que eles normalmente não deixassem você participar das reuniões do conselho, o vovô não vai expulsá-la se eu pedir por você.

Mordi o lábio para não dizer mais nada, seguindo Tessia em silêncio. Desde nossa briga no riacho, Tessia e eu passamos muito tempo juntas. Não tinha certeza de como me sentir sobre isso no início; uma parte de mim ainda queria ficar com raiva dela, até mesmo odiá-la, mas estava começando a entender por que Arthur a amava.

Não era apenas a aparência de Tessia ou como era tão refinada. Ela tinha uma força silenciosa que eu realmente não conseguia descrever.

Sempre que passávamos por alguém nas ruas, Tessia encontrava seus olhos e os cumprimentava calorosamente, quer olhassem para ela como se fosse uma princesa ou uma traidora. Ela os tratou como se fossem importantes.

Observei seu rosto com o canto do olho, percebendo como sempre mantinha o queixo erguido, os olhos para a frente. Ela era linda e majestosa. A aparência dela era provavelmente outro motivo pelo qual Arthur se apaixonou por ela, pensei, passando a ponta dos dedos pela minha bochecha, me perguntando se alguém me achava bonita.

Então um soldado humano saiu para a estrada na nossa frente, nos forçando a parar. O homem tinha cicatrizes de queimaduras horríveis em todo o rosto e na linha do cabelo. Olhou para Tessia, então cuspiu no chão e passou por ela.

Embora Tessia nem mesmo vacilasse, meu nervosismo voltou, borbulhando na boca do meu estômago e fazendo meu coração bater mais forte.

— Eu gostaria de ter trazido Boo. — disse baixinho.

Tessia sorriu.

— Aparecer na reunião do conselho com um urso gigante pode ser uma declaração maior do que a que nós estamos planejando hoje, Ellie. — Ficamos em silêncio enquanto caminhávamos, olhei ao redor da cidade subterrânea pela centésima vez.

Os prédios pareciam ter sido moldados em vez de construídos, me lembrando de uma casinha de boneca de barro que os Helsteas me deram quando era menina.  A maioria era feita da mesma pedra cinza e vermelha da caverna, com destaques de madeira petrificada e um metal opaco cor de cobre. Cada prédio era um pouco diferente do resto, e todos eram lindos.

A Anciã Rinia me disse que achava que os magos antigos os haviam moldado usando as artes do éter perdidas, literalmente moldando a pedra e a madeira como argila. Ela havia se mudado para uma pequena caverna nos túneis fora da cidade porque alguns dos outros refugiados que trouxemos não gostavam dela, mas eu ainda ia visitá-la às vezes.

Gostava de tentar arrancar dela notícias de suas visões, mas ficou bem quieta depois que Arthur desapareceu. Tinha certeza de que ela sabia mais do que diria, mas não acho que a maioria dos sobreviventes a teria ouvido de qualquer maneira. Assim que se espalhou o boato de que ela sabia o que iria acontecer, as pessoas se voltaram contra ela.

Não me importei com o que eles disseram. Rinia salvou Tessia, minha mãe e eu. Sem ela, teríamos todas sido arrastadas para Alacrya e provavelmente torturadas e mortas. Quaisquer que fossem suas razões para manter suas visões para si mesma, confiei na velha vidente.

— Está pronta? — Tessia perguntou, tirando-me dos meus pensamentos. Estávamos na escadaria da prefeitura.

Balancei a cabeça, então a segui através da cortina de couro pesada que cobria a porta. Dois soldados elfos estavam de guarda lá dentro. Embora não os conhecesse bem, ouvi falar das contribuições de Albold e Lenna na guerra.

Se curvaram para Tessia, mantendo os olhos no chão enquanto passávamos. Os poucos elfos que conseguiram chegar ao refúgio ainda a tratavam como uma princesa, pelo que eu tinha visto. Kathyln não recebeu exatamente o mesmo tratamento de realeza dos humanos, mas isso não parecia incomodá-la.

Tessia me levou pelo corredor de entrada e por uma grande porta em arco. A sala quadrada ocupava metade do primeiro andar da prefeitura e era dominada por uma enorme mesa redonda feita de madeira petrificada. Um mapa rudimentar de Dicathen havia sido colocado sobre a mesa e coberto com pequenas figuras que eu só poderia imaginar que representavam soldados Alacryanos.

O resto do quarto estava frio e sem vida, pela mesma razão que nosso refúgio oculto nem tinha nome: tínhamos medo de nos acomodar. Não queríamos ficar confortáveis, porque isso significava desistir.

Várias pessoas, todas poderosas, ou importantes, ou ambas, já estavam reunidas em torno da modesta mesa, que ocupava apenas uma pequena parte da grande sala de pedra.

Virion sentou-se bem em frente à porta, nos observando cuidadosamente enquanto entrávamos. Durante meu tempo no castelo, tinha visto o velho elfo muitas vezes, embora não o tivesse conhecido muito bem. Sempre pareceu alegre e acima de tudo, como uma figura do nosso mito, mas agora parecia apenas cansado.

O general Bairon estava sentado à esquerda de Virion. Estava dizendo algo para o comandante, mas seu olhar me seguiu friamente quando entrei na sala. À direita de Virion, o irmão de Kathyln, Curtis, era exatamente o oposto da postura rígida do general Bairon. O príncipe Curtis recostou-se confortavelmente em sua cadeira, com uma expressão ligeiramente entediada no rosto enquanto ouvia o general falar. Sorriu para Tessia quando nos viu, então me lançou um sorriso de boas-vindas. Ele tinha deixado seu cabelo cor de mogno crescer de forma que emoldurasse seu rosto forte e bonito. Corei e desviei o olhar.

Kathyln sentou-se ao lado de seu irmão, seus olhos intensos no mapa, tão focados que não pareceu notar nossa chegada.

À sua frente, Madame Astera também ouvia tudo o que o general Bairon dizia. Seu rosto estava enrugado em uma expressão de preocupação.

Finalmente, Helen encostou-se na parede atrás de Madame Astera, seu foco inteiramente em Bairon. Ela estava com uma aparência igualmente preocupada, mas quando olhou para cima e capturou meu olhar, sorriu.

— Oh, exatamente o que precisamos. — disse ela, jogando as mãos para cima e revirando os olhos teatralmente antes de me dar uma piscadela provocante. — Outra princesa no conselho.

Corei ainda mais quando todos se viraram para olhar para mim. Nem todo mundo parecia feliz em me ver.

Virion olhou para Tessia, seus olhos passando rapidamente para mim por um instante. Ela acenou com a cabeça em retorno. Ele então voltou seu olhar para mim, mas sua expressão era ilegível. Não tinha certeza de qual conversa não falada eles acabaram de ter, mas eu poderia adivinhar que Tessia não disse a ninguém que estava me trazendo.

— Isto, então, seria todo mundo convocado para esta reunião. — Virion disse rispidamente, e a sala ficou instantaneamente em silêncio. — Por favor, sente-se e começaremos.

Cadeiras arranharam o chão de pedra enquanto todos ocupavam seus lugares. Curtis até tirou os pés da mesa, olhando seriamente para Virion. Helen apertou meu ombro se sentando ao meu lado.

Bairon foi o primeiro a falar e, embora se inclinasse para Virion como se suas palavras fossem apenas para os ouvidos do comandante, falou alto o suficiente para que todos nós ouvíssemos.

— Mesmo com a linhagem dela, você tem certeza que devemos incluir uma menina de 12 anos, que não foi testada em batalha, nas deliberações deste conselho?

Abri a boca para dizer que tinha quase quatorze anos, mas a Lança continuou falando, agora se virando para o resto do grupo.

— Embora vivamos em uma época em que todos devem se envolver em nossa sobrevivência diária, não acho que seja sensato começar a trazer crianças para as reuniões do conselho.

O general encontrou meus olhos, e fiz o possível para não desviar o olhar ou deixá-lo saber o quanto estava desconfortável, embora desejasse novamente ter Boo atrás de mim para me dar coragem.

— Os Leywin não têm mais nada a provar nesta guerra, e está além da razão esperar que Eleanor carregue os fardos de seu irmão.

Não sabia se estava sendo indiferente ou gentil. Arthur sempre odiou Bairon, mas a Lança parecia quase culpada quando mencionou meu irmão.

— Ellie está aqui a meu pedido. — disse Tessia com firmeza, seu olhar frio inabalável quando encontrou o olhar da Lança.

— Basta. — Virion, que havia fechado os olhos enquanto Bairon falava, de repente bateu com a mão na mesa, fazendo-me pular na cadeira. — Não estamos aqui para deliberar quem pode ou não estar na sala.

O comandante esperou até que ficasse claro que não haveria mais interrupções, então se inclinou para frente, as palmas das mãos pressionadas na mesa com força suficiente para que os nós dos dedos ficassem brancos.

— Recebemos notícias de Elenoir.

Ao meu lado, Tessia ficou tensa. Estendi a mão e apertei a mão dela por baixo da mesa.

— Nós finalmente entendemos o que os Alacryanos pretendem para o reino dos elfos e para os elfos que foram capturados lá.

— Elenoir está aparentemente sendo dividida em posses e presenteada para casas nobres Alacryanas, ou “sangues”, para usar seu próprio termo. Os elfos capturados estão sendo… — Virion parou, olhando para Elenoir conforme representado no mapa.

Quando começou a falar novamente, havia um frio mortal em sua voz que me deu arrepios nos braços e na nuca.

— Os elfos sobreviventes em Elenoir estão sendo escravizados e presenteados para os nobres Alacryanos para fornecer trabalho pesado pelo esforço Alacryano na guerra. Elshire será colhida e queimada como combustível para as forjas dos Alacryanos.

A mesa ficou em silêncio por um bom tempo após as palavras de Virion. Tessia ainda era uma estátua. Senti como se o resto do conselho estivesse se intrometendo em um momento privado.

— Isso. — continuou Virion — me leva ao propósito da reunião do conselho de hoje.  Nossos batedores em Elshire também descobriram que várias dezenas de prisioneiros élficos serão transportados de Zestier para os porões ao sul nos próximos dias.

— É minha intenção enviarmos uma força de ataque para atacar a caravana de prisioneiros, libertar os elfos capturados e trazê-los de volta para cá.

As palavras de Virion pairaram pesadamente no ar. O velho elfo olhou ao redor da mesa, encontrando cada um de nossos olhos por sua vez, até mesmo os meus. Ele não falou alto ou emocionalmente, mas suas palavras abalaram meus ossos. Então este é o poder da autoridade absoluta, pensei.

— Eu liderarei a força de ataque. — Tessia disse de repente, sua voz quase tão afiada e pesada com autoridade quanto a de Virion. Minha respiração ficou presa no meu peito quando uma pressão física saiu da princesa élfica, pressionando-me como o ar pesado antes de uma tempestade.

Bairon estremeceu ligeiramente de surpresa antes de sacudir a cabeça, inclinando-se sobre a mesa ao dizer.

— Sem desrespeito, Lady Tessia, mas acho que esta missão requer um líder mais experiente. Teremos apenas uma chance com isso, e não haverá ninguém para apoiar nossa força de ataque se as coisas correrem mal.

Apesar de manter a expressão firme, notei Tessia corar levemente e a pressão que ela emitia diminuiu também.

— General Bairon, você pode ser uma Lança, mas também é humano e não pode navegar na floresta como um elfo. Sem desrespeito, é claro. — Bairon fez uma careta, mas recostou-se na cadeira e deixou que ela continuasse. — Ninguém aqui conhece a área como eu, exceto o vovô Virion, e não podemos arriscá-lo no campo. Esta é a minha casa, este é o meu povo. Eu liderarei a força de ataque.

Virion assentiu com firmeza.

— Obrigado, Tessia. Esperava que você consentisse em liderar a missão. — Ao meu lado, Tessia pareceu momentaneamente pega de surpresa pelas palavras de seu avô, mas foi rápida em esconder sua surpresa.

Uma das coisas que Tessia e eu tínhamos em comum era que ambos nos sentíamos tratados como coisas frágeis que as pessoas temiam que pudessem quebrar. Ela não teve permissão para deixar a cidade subterrânea desde que fugiu para encontrar seus pais. Não pude deixar de me perguntar por que Virion a estava mandando de repente agora.

A pressão diminuiu como se alguém tivesse puxado um cobertor do meu rosto. Poderia dizer que os outros sentiram isso também, já que toda a sala parecia respirar de uma vez.

— Bem, está resolvido então. Agora, vamos falar de detalhes.

O que se seguiu foram quase três horas de discussão sobre a missão de resgatar os prisioneiros élficos. Fiquei quieta principalmente durante a conversa, mas foi fascinante e intimidante ouvir esses soldados e líderes experientes discutirem estratégias. Imaginei que Arthur teria muito a dizer se estivesse lá no meu lugar.

Mas ele não está, então farei o meu melhor, pensei com um aceno de cabeça para mim mesma.

Já estava na metade da reunião quando tive coragem de me levantar e dizer ao conselho que queria entrar para a missão.

— Bem, é claro que você vem. — disse Tessia. — Foi por isso que trouxe você.

— Você tem certeza disso? — Curtis perguntou, seus olhos castanhos chocolate procurando meu rosto. De repente, meu estômago estava cheio de borboletas. Por que ele tem que ser tão bonito…

Reforcei meus nervos e retornei o olhar penetrante de Curtis, tentando soar madura e corajosa quando disse.

— Tive treinamento particular com alguns dos melhores guerreiros e magos em Dicathen e lutei na Muralha quando a horda atacou. Estou pronta para ajudar!

Kathyln olhou para mim com aquela expressão ilegível que sempre teve.  Madame Astera estava me inspecionando com um sorriso desarmado, quase bobo, estampado no rosto. Helen me deu um sorriso matronal.

Virion apenas acenou com a cabeça, parecendo-se alguma coisa, ainda mais cansado do que quando a reunião começou.

— Que assim seja, então. Mas você vai contar para a sua mãe.

O resto da reunião passou rapidamente, enquanto fazia o possível para acompanhar a conversa. Eles decidiram quem faria parte da força de ataque: Tessia, Kathyln, Curtis, Helen e cerca de uma dúzia de outros soldados escolhidos a dedo, começaram a planejar uma estratégia para uma armadilha para pegar os soldados Alacryanos escoltando os prisioneiros desprevenidos.

Perto do final da reunião do conselho, Kathyln, que estava quase tão calada quanto eu, falou.

— Comandante Virion, talvez eu tenha perdido alguma coisa, mas mesmo se formos capazes de executar este plano perfeitamente, não vejo como vamos trazer tantos refugiados de volta de uma vez.

Virion se inclinou para trás, olhando Kathyln criticamente.

 — Nós estivemos…  investigando os medalhões, tentando expandir seu potencial, e acredito que descobrimos… — Virion parou, estranhamente hesitante. — Bem, não verificamos nada ainda, mas quando os prisioneiros forem removidos, você terá uma maneira de traze-los de volta. Eu prometo.

Quando a reunião acabou, levantei-me da mesa para sair, mas Virion acenou para mim.

— Ellie, uma palavra, por favor.

O encarei, sem saber como responder. O que ele poderia querer de mim? Os outros pareciam igualmente pegos de surpresa.

O general Bairon congelou a meio caminho de sua cadeira e olhou para Virion, mas o velho elfo apenas respondeu com um aceno sutil de cabeça, e Bairon ficou rígido e se ocupou em ajudar Madame Astera a se levantar de sua cadeira.

Helen me deu uma tapinha no ombro enquanto passava, sorrindo para mim com orgulho.

— Devíamos mergulhar nos túneis e caçar ratos da caverna antes de você partir. Seria uma boa praticar.

Sorri e assenti com a cabeça.

— Quer que eu espere por você lá fora? — Tessia perguntou. Curtis estava atrasado atrás dela despercebido, como se quisesse falar com ela.

— Não. — respondi — Obrigada, vou ficar bem.

Sem saber se deveria sentar ou ficar de pé, inclinei-me desajeitadamente contra a mesa, fingindo estudar o mapa de Dicathen enquanto o resto do conselho fazia seu lento caminho para fora da sala.

Virion esperou até que estivéssemos sozinhos. Abriu a boca como se fosse começar a dar ordens, mas então olhou para mim, realmente olhou para mim, e sua expressão se suavizou.

— Você se comportou bem hoje. Seu irmão ficaria orgulhoso da jovem forte em que se tornou.

Me mexi sem jeito, sem saber o que dizer.

— Também estou feliz em ver você e Tessia juntas. É bom, você sabe, ter alguém que entende o que você está passando.

Como inda não respondi, ele tossiu e disse:

— Certo, obrigado por sua ajuda com este assunto. É um pouco sensível, mas acredito que você seja a única adequada para a tarefa.

Ele olhou para mim com expectativa, então eu disse:

— Sim, claro. O que você precisar, Comandante Virion.

Virion suspirou, e foi como se alguém tivesse deixado o ar sair dele enquanto se encolhia na cadeira.

— Eu gostaria que você fosse até Rinia. Veja o que ela tem a dizer sobre nossa missão. Não precisa ser sutil, ela saberá por que você está lá.

Estava ciente de que Virion e Rinia haviam brigado desde que se mudaram para o abrigo subterrâneo. Ela me disse isso, embora não tivesse sido específica sobre isso.

— É claro. Há… há algo específico que você quer que eu pergunte?

— Apenas veja o que ela tem a dizer. Isso será tudo. — O comandante me dispensou com um aceno de mão, voltando o olhar para o mapa tático.

Saí da sala e voltei pelo corredor em direção à saída, mas o elfo que montava guarda deu um passo em minha direção, me forçando a parar.

— Uh, eu posso te ajudar? — perguntei defensivamente, embora não soubesse por que ele me deixava nervosa. Meu cérebro parecia um mingau depois de ouvir planejamento e estratégia por horas a fio.

O elfo, Albold, ergueu as mãos, deixando claro que não queria me machucar.

— Desculpe, Ellie… Eleanor. Sei que nunca conversamos de verdade, mas só queria te dar minhas condolências. Por Arthur. Eu o conheci e até conversei com ele antes, quando ele era… — Albold passou a mão pelo cabelo e sorriu sem jeito. — Sinto muito, isso é difícil.

A raiva explodiu dentro de mim. Tentei sufocá-la, mas depois da tentativa de Virion de ser um avô gentil, meus sentimentos ficaram um pouco crus.

— Obrigada. — eu disse rigidamente, sem encontrar os olhos de Albold. Passando pelo elfo, afastei o enforcamento de couro e praticamente desci o punhado de degraus que levavam à prefeitura.

Rangendo os dentes, comecei a correr pelas ruas estreitas, tomando o caminho mais rápido de volta ao nosso abrigo.

Por que todo mundo pensa que quero ouvir suas condolências estúpidas, pensei. Eu sabia que eles tinham boas intenções e que era infantil afastar sua bondade, é claro que eu sabia, mas, neste ponto, parecia que eles estavam cutucando minha cicatriz, não deixando curar.

Então pensei nos elfos sendo mantidos prisioneiros em Elenoir e me perguntei quantos deles eram familiares e amigos de Albold. Ele tinha perdido irmãos na guerra? Um pai? Não sabia, porque em vez de ouvi-lo, agi como uma criança e fugi.

Você não é mais uma criança, Ellie. Você não precisa agir como uma. Obriguei-me a diminuir a velocidade para uma caminhada e esfreguei as lágrimas dos meus olhos. Eu caminharia calmamente para casa, pegaria Boo e seguiria para os túneis até a casa de Rinia.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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