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O Começo Depois do Fim – Cap. 256 – Lei da Natureza

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— Tem algo vindo. — grunhi, mal conseguindo me levantar.

Regis se virou e eu pude literalmente ver seu corpo negro de fumaça pálido.

— Oh, merda.

Meu coração batia forte enquanto os passos rápidos das bestas ficavam mais altos. Mancava tão rápido quanto meu corpo me permitia sob a tensão atual da fruta que eu tinha acabado de consumir. De jeito nenhum eu poderia lutar contra qualquer horda que vinha em nossa direção no estado atual em que estava.

Enviada pelos céus, conseguimos encontrar uma depressão no solo perto de uma grande árvore. As raízes expostas se retorciam juntas, entrelaçando-se dentro e fora do solo ao nos fornecer um abrigo apertado para nos escondermos.

Meu coração batia forte ouvindo o que parecia uma debandada procurando cada centímetro quadrado da área da qual tínhamos escapado por pouco.

Minha mente girava tentando pensar no motivo pelo qual de repente atraímos a atenção de todos eles. Foi porque eu comi a fruta?

Não, não era isso.

Aquela armadilha de mosca transparente… ela soltou um grito horrível pouco antes de morrer.

E foi aí que tudo ficou claro.

Os macacos de duas caudas, o monstro-armadilha e tudo o mais naquele andar quase não faziam barulho. Todos os organismos aqui se adaptaram para fazer o mínimo de barulho possível… provavelmente para sobreviver contra o que quer que sejam essas feras.

— Sensível ao som. — murmurei, apontando para o meu ouvido. Regis acenou de volta e nós dois esperamos que esta besta seguisse em frente.

A essa altura, o próprio solo tremia sob os passos constantes da horda de feras. Assim era quão próximas estavam. Podia ouvir um chiado alto enquanto as feras continuavam a procurar a fonte do grito que as atraíra.

Com o quão perto a horda de bestas estava, podia sentir a pressão que emitiam e basta dizer que era em um nível totalmente diferente das quimeras que Regis e eu tínhamos enfrentado.

Mantendo estável minha respiração, permaneci congelado enquanto o som áspero de engrenagens enferrujadas batendo juntas ficava mais perto. Até Regis permaneceu dentro de mim, com medo de ser visto, apesar de seu estado incorpóreo.

De repente, os cabelos da minha nuca sentiram que algo que eu não gostaria estava vindo. O ruído rápido ficou ainda mais alto até que, momentos depois, fui capaz de ver.

Não era uma horda de feras. Era apenas uma besta muito longa e grande.

As quimeras eram horríveis de se olhar, mas esta criatura era algo saído diretamente do pesadelo de um demônio.

Com a estrutura geral de um milípede, exceto o tamanho e a circunferência de um trem-bala, a criatura passou por mim usando suas incontáveis pernas finas que mediam o dobro da minha altura. Consegui distinguir as pinças serrilhadas em sua cabeça enquanto ela passava, mas a maioria dos detalhes menores não tiveram tanto impacto. Estava focado no fato de que este milípede era quase transparente.

Tingido em um tom roxo suave que se mesclava com as folhas brilhantes, o milípede gigante parecia mais gelatinoso do que sólido… como se estivesse faltando sua casca dura ou algo assim. No entanto, vendo como nem mesmo os galhos afiados das árvores etéreas faziam um arranhão contra o exterior da criatura, sabia que não seria fácil matá-la.

O milípede continuou a rastejar ao nosso redor, procurando por sua presa. Apesar de seu tamanho e comprimento tremendos, se movia com tal habilidade e flexibilidade que, mesmo quando se mudou para uma área diferente, não havia nenhum vestígio de que uma fera gigante tivesse passado.

Ainda assim, podia ouvir o milípede gigante nas proximidades. Seus passos continuaram a sacudir o chão, me impedindo de tentar sair de meu refúgio apertado.

O tempo se arrastava enquanto esperávamos ansiosamente o milípede partir, quando de repente pude ouvir uma mudança em suas ações. Os passos rápidos da besta começaram a diminuir até que tudo que eu podia ouvir era uma batida rítmica.

— O que está acontecendo agora? — Perguntou Regis.

— Não tenho certeza. — respondi, terrivelmente tentado a dar uma olhada.

Não demorou muito para descobrir que eu não estaria vivo se tivesse me movido. Não muito depois de o milípede começar a bater ritmicamente com as incontáveis pernas no chão, pude ouvir gritos de dor.

Eu só podia presumir que a besta havia usado alguma forma de ecolocalização para encontrar qualquer coisa próxima que tivesse se movido.

Com as batidas ritmadas interrompidas, me preparei o suficiente para descobrir o que estava acontecendo, apesar da sensação de queimação em meu núcleo continuando a absorver o éter da fruta.

— Está comendo. — Regis sussurrou, olhando por cima do meu ombro.

A centopeia havia se enrolado em torno de uma enorme árvore, que aparentemente era o lar de uma família de macacos de duas caudas.

O que foi um banquete para a centopeia foi um trágico banho de sangue para os macacos. Podia ver um macaco maior encharcado em seu próprio sangue conforme era engolido enquanto um macaco menor batia desesperadamente na cabeça do milípede.

Imperturbável por uma visão à qual estava muito acostumado, estudei o milípede. A besta gigante tinha depressões circulares em todas as suas costas que pulsavam, mas além das pinças em forma de adaga e suas pernas afiadas, não conseguia ver nenhuma outra forma de ataque.

— Por favor, me diga que você não está pensando em lutar contra essa coisa. — Regis sussurrou a um centímetro de meu ouvido.

— Não se eu não precisar.

Apesar de haver mais de uma dúzia de macacos todos tingidos de éter, eles não tinham chance contra o milípede. Não demorou muito para que mais da metade deles fossem consumidos enquanto a outra metade desistiu e escapou para salvar suas vidas.

Quando o milípede finalmente se desenrolou da árvore gigante e começou a deslizar para longe, não pude deixar de notar os macacos dentro do corpo da fera.

Durante a batalha, os macacos pegaram pedras do chão para usar como armas. Estas também foram consumidas junto com os macacos.

Enquanto os corpos das bestas de duas caudas estavam murchando, como se seu éter estivesse sendo sugado para fora de seus corpos, um leve brilho começou a envolver a rocha que o milípede havia consumido junto do resto.

Depois de viajar algumas horas na direção oposta de onde a centopeia havia ido ao terminar sua refeição, finalmente consegui passar algum tempo absorvendo o resto da fruta.

Embora a primeira mordida tenha sido uma experiência agonizante que poderia ter me feito ser morto pelo milípede, as mordidas subsequentes fizeram parecer que tudo valeu a pena.

Comecei com pequenas mordidelas, com medo de encontrar outra onda de dor. Em vez disso, fui recebido com uma sensação avassaladora de calor se espalhando por todo o meu corpo e se aglutinando em volta do meu núcleo. Sem medo, dei mordidas maiores quando meu núcleo devorava avidamente a essência etérica da fruta.

O que era ainda mais fascinante é que, depois de polir a fruta, o éter em meu corpo havia perdido um pouco de sua tonalidade avermelhada, e isso antes de meu corpo ter absorvido completamente toda a essência etérica.

Não sabia exatamente o que significava a mudança de cor, mas sabia que havia ficado mais forte.

O tempo não passou nem rápido nem devagar neste andar. Com pouca necessidade de dormir tão frequentemente e sem sol no céu, meu relógio biológico se tornou praticamente inútil.

Ao mesmo passo que continuávamos procurando pela saída, minha mente continuou a pensar em nosso encontro com o milípede translúcido. Mais especificamente, como as entranhas da besta haviam absorvido completamente o éter dos macacos que devorou, exceto como uma camada de éter parecia estar se formando ao redor da pedra.

— –thur! — Regis retrucou, sua voz a apenas alguns centímetros do meu ouvido.

— O quê? — assobiei, surpreso.

— Eu estava dizendo… — Regis se estressou, seus grandes olhos brancos se estreitando. — Que precisamos pensar em uma frase de batalha para nosso ataque combinado!

Eu levantei uma sobrancelha.

— Nosso… ataque combinado?

— Sim! Você sabe, quando eu entro em sua mão e faço seu punho virar todo preto e roxo esfumaçado. No calor da batalha, você vai precisar de algo mais conciso para dizer.

Minha reação inicial foi rejeitar sua ideia tola, mas havia algum mérito no que meu companheiro negro flutuante estava sugerindo.

— Tudo bem. — suspirei, cedendo. — O que você tem em mente?

Os olhos de Regis se arregalaram de surpresa.

— Isso é sério? Achei que você fosse ser um resmungão.

Lançando lhe um olhar penetrante, envolvi meu corpo em éter levantando a mão para bater nele.

— Tá bom, tá bom! — se encolheu.

— O que acha de Punho de Explosão de Éter! — sugeriu, fora do alcance do meu braço.

— Não. — disse categoricamente enquanto meus olhos continuavam procurando por qualquer sinal de uma saída.

— Destruidor do Vazio Etérico?

— Não.

— Morte das Sombras Imp—

— Não. — o cortei. — De onde você está tirando esses nomes ridículos?

— Suas antigas memórias como Gray, jogando aqueles jogos de árcade me vêm à mente. — respondeu simplesmente. — Ooh! Que tal—

— Não.

— Tá, tá, tá. Agora é sério. Que tal algo simples como “Estilo de Punho” ou… “Forma de Punho”?

Pensei sobre isso por um minuto antes de sugerir algo.

— E quanto a “Forma de Manopla”?

— Sim! — Exclamou Regis, tremendo de excitação. — É disso que estou falando!

— Muito alto! — rebati, minha cabeça virando para trás.

— Relaxe. Eu vi aquele inseto gigantesco voltar para seu buraco perto do centro deste andar. Estamos a horas de distância dele.

— Você viu sua toca? — perguntei, chocado.

— Sim, enquanto você estava absorvendo a fruta. Não foi tão difícil descobrir com quanta essência etérica aquele lugar estava exalando. — Regis explicou antes que seus olhos se estreitassem em suspeita. — Por quê? Você não está pensando em tentar lutar contra aquela coisa, certo?

— Vamos apenas procurar a saída. — dispensei. Enquanto isso, as engrenagens em meu cérebro continuavam girando.

Horas subjetivas passaram sem intercorrências enquanto vasculhamos a floresta etérea. Mais algumas vezes, encontramos uma besta armadilha com seus frutos me tentando cada vez que passávamos por eles.

Felizmente, nenhuma das outras frutas parecia tão potente quanto a primeira que comi.

Descansamos intermitentemente, principalmente para que eu pudesse sentar e me concentrar no meu núcleo de éter. Estava destruindo meu cérebro tentando pensar em como formar novos canais por todo o meu corpo para que pudesse controlar mais livremente o éter dentro de mim.

Depois de horas de deliberação e testes sem nada para provar, retirei a pedra translúcida que segurava Sylvie. Tornou-se um hábito eu ficar olhando para ela sem pensamentos sempre que as coisas ficavam difíceis ou quando estivesse me sentindo sobrecarregado

Desde alguns dias atrás, fazia Regis entrar nela de vez em quando para ver se havia algum desenvolvimento acontecendo dentro da pedra, se Sylvie estava melhorando no geral, mas nada havia mudado.

Porém desta vez foi diferente. Se era porque meu núcleo tinha ficado mais forte depois de consumir a fruta, eu não sabia. Mas, enquanto continuava segurando a pedra, podia sentir algo puxando minhas mãos que estavam envoltas na superfície lisa da pedra.

Você aceitará o éter desta vez, Sylv? Eu pensei enquanto empurrava o éter do meu núcleo.

Demorou apenas alguns minutos até que todo o meu núcleo de éter houvesse sido drenado, me deixando fraco e tremendo.

— H-Hey! — O que aconteceu? Regis, que estava inspecionando o perímetro, voou para o meu lado.

Eu levantei minha mão.

— Eu… eu estou bem. Estou mais do que bem. — Um sorriso se formou em meu rosto olhando para a pedra translúcida que parecia um pouco mais brilhante do que antes. — Graças a Sylv, acho que encontrei uma maneira de talvez controlar o éter dentro de mim.

— Isso é ótimo! Também tenho boas notícias. — disse Regis com um sorriso. — Acho que encontrei a saída deste andar!

Coloquei a pequena pedra de volta em meu colete.

— Não. Não podemos partir ainda.

— O quê? Por quê? — Regis entrou em pânico. — Você está machucado?

— Nada disso.

Meus pensamentos voltaram para o milípede e a maneira como ele criava uma casca de éter em torno de tudo que não conseguia digerir. De acordo com Regis, também houve um grande influxo de éter proveniente de sua toca.

Se meus pensamentos estivessem corretos, então mesmo arriscando minha vida…

Não. Eu já havia decidido que precisava arriscar minha vida para superar todos os desafios que enfrentaria ao sair daqui.

Virei-me para Regis e falei cheio de fervor em minha voz.

— Nós vamos matar aquele milípede.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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