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O Começo Depois do Fim – Cap. 248 – A Próxima Mensagem

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Me arrepiei de raiva ao ver a bola negra de chamas.

— Por quê…? — fervi.

— Por que, o quê? — ele olhou de volta em confusão. Sua expressão era tão real, tão… sensível, que isso me enfureceu ainda mais.

— Por quê?! — gritei, dando um golpe lento e doloroso em Regis.

Minha mão escorregou por seu rosto sarcástico, o impulso me fazendo perder o equilíbrio neste corpo debilitante. Tombei para frente, batendo meu rosto com força no chão frio e liso de onde quer que estivesse.

— Não faça isso! — o fogo-fátuo estalou antes de murmurar: — Me sinto violado.

A raiva continuou a borbulhar e aumentar enquanto olhava para minha mão esquerda, o ponto exato na palma da qual Regis tinha vindo. — Por quê? Por que diabos você está aqui agora? Depois de anos drenando minha mana e fazendo o que você quer, por que você aparece agora?

Levantei minha cabeça, olhando para a chama negra. Minha visão ficou turva enquanto as lágrimas brotaram dos meus olhos.

— Se você tivesse saído antes, poderia ter vencido. Poderia ter salvado todo mundo!

Um traço do que parecia quase… culpa, manifestou-se no rosto de Regis antes que o fogo-fátuo com chifres sacudisse a cabeça e se virasse.

— Bem, veja se você não é um raio de sol. Mesmo Asuras morreriam tentando lutar por uma arma senciente, mas aqui está você, lamentando—

— Precisava de você. — sussurrei, as lágrimas escorrendo no chão sob meu rosto ao mesmo tempo em que arranhava o chão liso.

Regis permaneceu em silêncio deixando todas as emoções saírem do meu sistema. Estava com raiva de Regis, mas estava fazendo a mesma coisa, usando-o como desculpa para minhas próprias falhas.

Depois de algum tempo, minhas lágrimas secaram e minha garganta seca começou a soltar gaguejos roucos, tentando respirar mais.

A voz de Regis soou a uma pequena distância.

— Há uma piscina de água limpa aqui. Beba antes de chorar até virar uma múmia.

Hesitei, sem saber se merecia água, quando o pequeno ovo iridescente brilhou no canto dos meus olhos.

— Sim, é isso. Você consegue! Faça isso por aquela pedra! — Regis aplaudiu, pairando ao meu redor como uma mosca que não conseguia alcançar.

Empurrando de lado todas as emoções que pesavam sobre meu corpo, me arrastei na direção que Regis me levou.

Meus braços pálidos e leitosos pareciam estranhos para mim, mesmo me movendo. Me sentia como se ainda estivesse com uma armadura completa, apesar de estar quase nu.

O tempo se arrastou ao meu lado no mesmo passo em que lentamente me puxava pelo chão liso, minha maior fonte de motivação recuperando minhas forças para calar Regis.

— Vamos, menino bonito, quase lá. — continuou.

— Cale… a boca… — eu murmurei, minha voz mal saindo como um chiado.

— Se você tem força para se arrastar, você tem força para engatinhar! — entoou.

Eu vou matá-lo, decidi.

Concentrei minha atenção na fonte de mármore acenando para mim, jorrando água tão clara e silenciosamente de cima, que parecia vidro.

Depois de lutar mais uma vez, tentando me puxar para cima sobre a base arredondada que segurava a água, imediatamente enterrei minha cabeça dentro.

Parecia que tinha batido meu rosto em uma parede de gelo, mas não me importei. Abri minha boca e engoli tudo, a água crocante e fria descendo pela minha garganta.

Meu corpo continuou a engolir goles de água até que não consegui mais segurar a respiração.

— Gah! — Puxei minha cabeça para fora, ofegante, quando uma cortina bege cobriu minha visão.

Tentei afastá-lo, presumindo que talvez a parte de trás da minha camisa tivesse caído sobre a minha cabeça, quando Regis gargalhou atrás de mim.

— Você está agindo como um cachorrinho vendo o próprio rabo pela primeira vez.

— Do que você tá falando? — grunhi, ainda tentando tirar minha camisa da cabeça.

— Isso é seu cabelo, oh sabidão.

— Hã? Isso é impossí… — olhei para baixo, vendo meu reflexo pela primeira vez desde que acordei. Os meus olhos se arregalaram.

A pessoa que me olhava de volta parecia muito comigo, mas um pouco mais velha, com traços mais nítidos e pele do mesmo branco leitoso dos meus braços.

A cicatriz vermelha em volta da minha garganta que tinha obtido da bruxa não estava mais lá, mostrando apenas um pescoço longo e liso e o pomo de adão.

Mas o que mais me chocou foram as mudanças no meu cabelo e olhos. Meus olhos eram de um ouro penetrante e a cor parecia ter sido completamente lavada do meu cabelo castanho-avermelhado. A cabeça de um castanho avermelhado profundo era agora de uma cor de trigo acinzentada, ainda mais pálida do que o cabelo de Sylvie em sua forma humana.

Meu peito apertou com a visão do meu reflexo, meu próprio cabelo e olhos agora uma dolorosa lembrança do que meu vínculo tinha feito por mim.

— O-o que é isto? Por que eu… — um grito de repente saiu da minha garganta quando uma dor lancinante se acendeu dentro de mim, como se meu núcleo de mana tivesse pegado fogo.

Minha visão dobrou e ficou turva até que ouvi uma voz. Era uma que eu não ouvia há muito tempo, mas que nunca poderia esquecer.

— Olá, Art, aqui é Sylvia.

Meu coração batia forte contra minhas costelas, enquanto a excitação aumentava.

— S-Sylvia?

— Gravei isso ao mesmo tempo que minha primeira mensagem para você, mas suspeito que, para você, já faz um bom tempo desde que ouviu minha voz. Haha, suponho que devo dizer que já faz um tempo.

Soltei uma risada quando senti novas lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Estou confusa pelo fato de você estar ouvindo esta mensagem. Por um lado, estou orgulhosa por você ter conseguido chegar onde está agora. Mas o fato de que você teve que se esforçar até este ponto significa que a vida não tem sido fácil para você, talvez até mais difícil do que a anterior.

Senti o peso de seu tom sombrio, mas continuei a ouvir.

— Ter chegado a este estágio significa que você teve que lutar contra inimigos muito mais fortes do que você em situações de vida ou morte e com base na história, eu só posso supor que seriam Agrona e os Vritra que o servem.

Me arrepiei com a menção do nome de Agrona, mas a voz de Sylvia apenas parecia triste… quase com o coração partido.

— Acho que uma guerra entre Agrona e os Asuras é inevitável, e Dicathen só pode ser pega no meio dela. Há muito a se dizer com a quantidade limitada de informações que posso armazenar sem que seja rastreável, portanto, serei sucinta.

— Com minha filha como seu vínculo e o fato de você renascer, meu pai provavelmente terá tomado medidas extremas para trazê-lo e provavelmente até mesmo treiná-lo. E através de sua exposição ao meu povo, você provavelmente recebeu uma história muito unilateral.

Mais uma vez, a voz de Sylvia estava tingida de tristeza.

— A tensão entre os Vritra e os outros clãs de Asuras não é tão simples como eles dizem para você. Ao contrário dos contos de fadas e das histórias de ninar para crianças, a vida nem sempre tem um lado bom e um lado ruim, apenas um “meu lado” e um “lado deles”.

— Agrona não pode ser perdoado por todas as atrocidades que cometeu ao longo dos séculos, mas também não podem os outros Asuras, inclusive eu.

A confusão substituiu e subjugou minhas outras emoções.

— Agrona, que sempre foi fascinado pela vida dos seres menores, foi quem descobriu as ruínas de uma civilização de magos. Magos que aprenderam a controlar o éter.

— E foi apenas uma questão de tempo após essa descoberta que descobriu por que eles haviam caído, apesar de seus avanços tecnológicos e mágicos, tanto mana quanto éter. Séculos atrás, o clã Indrath causou o genocídio desses antigos magos.

O quê? Por que eles matariam um, minhas perguntas foram interrompidas pela resposta de Sylvia em sua mensagem.

— O clã Indrath foi distinguido como líder dos outros clãs de Asuras e basicamente reverenciado como seres mais próximos dos deuses verdadeiros não apenas por nossa força, mas porque nosso controle sobre o éter não poderia ser replicado por nenhum outro. Mas depois, um dos emissários do Clã Indrath descobriu que havia uma civilização reclusa de seres Menores que eram capazes de controlar seus poderes.

— Temendo que seu poder e autoridade fossem questionados, os anciãos ordenaram sua… eliminação. Pelo que me disseram, ao contrário de nosso clã que desenvolveu e treinou nossas artes do éter para a batalha, esses magos ancestrais só procuraram melhorar a vida por meio de avanços tecnológicos.

Sylvia soltou um suspiro e permaneceu em silêncio por alguns momentos antes de continuar.

— Não é preciso dizer que seu genocídio foi mantido como o segredo mais sombrio do clã Indrath e sua tecnologia foi escondida e estudada, mas por causa de como suas cidades subterrâneas eram elaboradas, nunca tivemos certeza se havíamos realmente descoberto tudo o que eles haviam escondido. É por isso que os seres Menores que são parentes dos dragões, habitam Alacrya e Dicathen, certificando-se mesmo agora de que nenhum dos antigos magos tenha sobrevivido.

— Agrona encontrou uma dessas ruínas ocultas e ameaçou expor o clã Indrath por seus erros e obrigações de nobreza que nós Asuras tínhamos sobre os seres menores. Você pode imaginar como os anciãos do meu clã reagiram a isso. Aproveitando o fato de que Agrona gostava de se disfarçar para fugir para Dicathen e Alacrya para suas pesquisas, eles o acusaram de ter relações íntimas com seres Menores antes de exilá-lo em Alacrya.

Balancei a cabeça. Era um clichê, mesmo entre seres mais elevados e mais velhos, ainda havia conflito político.

— Meu maior arrependimento foi permitir que minha família destruísse completamente a vida do meu prometido… e do pai da minha filha ainda não nascida.

Meu queixo caiu quando senti meus olhos saltarem das órbitas. Então, não apenas Agrona não escapou de Epheotus como Windsom tinha me dito, Agrona também era o futuro marido de Sylvia e pai de Sylvie?

— Os sinais da minha gravidez só apareceram alguns meses depois que Agrona foi exilado. Normalmente, o nascimento de um novo membro do Clã Indrath era uma ocasião rara e celebrada, mas eu sabia que nem meu clã, nem qualquer um dos clãs dos Oito Grandes aprovaria que eu tivesse este filho, e então quando soube uma noite que meu pai estava planejando um assassinato para Agrona em Alacrya, sabia que tinha que chegar a Agrona primeiro.

— Confesso que fui jovem e tola, Arthur. Rebelando-me contra meus pais por me privarem do homem que eu pensava amar, encontrei Agrona em Alacrya antes que a unidade que meu pai mandara atrás dele pudesse. Foi então que encontrei, não o tímido e charmoso buscador de conhecimento por quem me apaixonei, mas um homem enlouquecido após a traição de seus membros do clã e de seu amor— eu.

— Ele e seus seguidores leais do Clã Vritra vasculharam os textos enterrados dos antigos magos e tentaram desenvolver seu trabalho em uma direção diferente, usando os seres menores como cobaias. Não sei quais são seus planos finais além de conquistar Epheotus, mas ele vinha investigando um elemento, um édito, mais alto do que o éter engloba, acima do tempo, espaço e vida. Destino.

A palavra “destino” imediatamente trouxe à mente uma pessoa. Anciã Rinia. Ela não era apenas uma adivinha, mas alguém que podia controlar o éter. Expressou veementemente que não era parente dos antigos magos, mas…

Meu cérebro doía de tentar juntar todas essas informações.

— O destino não está apenas ligado à vida em que vivemos agora, mas também vive em outro lugar e em qualquer outra época.

Minha respiração engatou.

— Eu presumiria que isso soa familiar para você. O destino, afinal, é o componente central da reencarnação. Agrona acreditava que o receptáculo era o componente chave na aplicação vigorosa da reencarnação, por isso não podia correr o risco de você cair nas mãos de Agrona. Depois de descobrir que eu carregava um filho da linhagem do basilisco e do dragão, ele me manteve presa até o parto. Claro, não poderia deixar minha filha ser sujeita a seus experimentos cruéis, então tranquei minha filha na dimensão de bolso que criei dentro da pedra.

— Como eu disse antes, não consegui descobrir o escopo dos planos de Agrona antes de minha fuga, mas descobri que existem quatro ruínas construídas pelos antigos magos que nem ele, nem qualquer outro Asura são capazes de cruzar. Fui capaz de imprimir e passar os locais dessas quatro ruínas principais que Agrona vinha criando e enviando seres menores na esperança de aprender mais sobre o que está lá embaixo.

— O que estou deixando com você não é uma grande missão; essa nunca foi minha intenção. Mas se você está em uma situação em que está perdido ou se sente fraco e em menor número, talvez a resposta que Agrona está procurando seja a que você também está.

— Cuide de minha filha e de você. Adeus, pequenino.

Bem desse jeito, a voz de Sylvia desapareceu, deixando-me atordoado em um silêncio tão completo que era palpável. Foi só quando Regis apareceu fora do meu corpo que saltei do meu torpor.

— Bem, isso foi muito para entender. — o fogo-fátuo preto disse, deixando escapar um suspiro.

Encarei ele, estupefato.

— Você foi capaz de ouvir tudo isso?

— Por que mais eu iria querer literalmente estar dentro de você. — revirou os olhos. — Agora, eu tenho algumas boas e más notícias, bem, duas notícias muito boas e uma notícia muito ruim. O que você quer ouvir primeiro?

Eu manquei de volta para a área onde a pedra iridescente estava e peguei meu vínculo, a filha de Sylvia que tinha confiado a mim para cuidar.

— Vamos começar com as boas notícias — disse Regis, pairando na minha frente. — Com base no que descobri enquanto você estava deitado aí meio morto, acho que na verdade estamos em uma das ruínas ocultas dos antigos magos.

Tirei meu olhar da pedra em minha mão e olhei para cima.

— O quê?

— Sim, dê uma olhada na porta na extremidade oposta desta sala. Junto com o sangue seco e a fonte de água potável, diria que este é um tipo de área de espera para quaisquer desafios horrendos que os antigos magos construíram para manter os estranhos longe de qualquer conhecimento armazenado no fundo.

Depois de olhar para a porta de metal entalhada com runas ao longo da moldura, estudei Regis.

— Você é muito inteligente. — admiti.

Regis engasgou.

— Eu ganhei a aprovação do mestre! Sou digno!

Ignorando-o, olhei de volta para a pequena pedra em minha mão.

— A segunda boa notícia é aquela que você provavelmente adivinhou, mas confirmei que Sylvie está viva, dando uma olhada lá dentro.

— Você entrou aqui? — perguntei, segurando a pedra.

— Pois é. Eu estava curioso. — assumindo pelo timbre de sua voz, brincou. — De qualquer forma, seu vínculo usou uma arte vivum de alto nível para dar a você um pouco do corpo asura dela, a fim de salvá-lo…

Os olhos de Regis ficaram penetrantes.

— O que me leva às más notícias. Não acho que você foi capaz de ouvir a mensagem de Sylvia porque você ascendeu além do estágio de núcleo branco. Na verdade, seu núcleo está danificado além do reconhecimento.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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