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O Começo Depois do Fim – Cap. 246 – Se foi

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Explosões de preto e dourado de Sylvie e a batalha da Foice ressoaram à distância, mas eu estava focado no homem que eu tinha ao meu alcance.

— I-isso não pode… não, é impossível. Não tem como—

— Eu ser… Nico? — Elijah tossiu separando meus dedos o suficiente para poder falar. — Se você reencarnou neste mundo, Grey, por que é impossível para qualquer outra pessoa também?

A mão atualmente enrolada em torno de Nic— não, Elijah, tremia incontrolavelmente. Apertei mais forte. Não quis que ele falasse. Queria negar tudo. Não podia suportar o que ele estava prestes a dizer.

— Art! Tenha cuidado!

O grito de Tess me sacudiu para fora dos meus pensamentos, mas não podia evitar totalmente o espinho de trás que Elijah tinha lançado do chão.

Meu aperto em torno do pescoço do traidor de cabelos negros soltou-se e Elijah aproveitou-se desse momento perfeitamente, soltando-se e socando-me bem na mandíbula com um punho coberto de fogo infernal.

Balancei, quase perdendo a consciência ao mesmo  tempo que as runas correndo pelo meu rosto me protegiam das chamas negras. Quase caí do céu, mas uma mão agarrou meu pulso.

Enquanto meu corpo enfraquecido lutava para neutralizar as toxinas de outro mundo que entraram no meu corpo a partir do espinho negro, Elijah agarrou meu colarinho e me puxou para perto. Seus olhos escuros penetrantes olhavam para mim, enquanto o espinho negro revestido de veneno pairava sobre seu ombro, com a lâmina apontada para o meu rosto.

— Art! — Tess gritou. Do canto dos meus olhos, pude ver a aura cintilando se preparando para atacar.

— Concentre-se no portal! — gritei.

Elijah olhou para trás também, mas quando estava prestes a ir para Tess, agarrei seu braço.

— O que Agrona fez com você, Elijah? — gemi. — Ele fez você dizer tudo isso?

Elijah girou a cabeça para trás, raiva pingando de sua voz.

— Você acha que até Agrona saberia como você e eu costumávamos roubar e vender o que nós furtávamos para a loja de penhores? E que usávamos os ganhos para manter nosso orfanato financiado sem Wilbeck saber?

— Isso… não signific-—

— Você acha que Agrona sabe que no fundo, você tinha sentimentos por Cecília?

Enrijeci e o mundo que estava girando por causa da toxina no feitiço de Elijah de repente voltou ao foco.

Elijah sorriu maliciosamente, mas seus olhos permaneceram frios.

— Cecília gostava de você por um tempo também, mas desistiu, porque você manteve distância emocionalmente desde que descobriu que eu tinha sentimentos por ela.

— Pare. — sussurrei, raiva inflamando a mana dentro de mim. As runas se espalharam pelo meu corpo pulsando me concentrando em reunir forças.

— E mesmo quando lhe disse tudo o que descobri sobre Lady Vera, você virou as costas para o seu melhor amigo por aquela cadela. — falou com raiva indescritível, chamas negras se espalhando de suas mãos. — E como se isso não fosse suficiente, você a matou! Você matou Cecília na minha frente!

Minhas runas e sua chama se chocaram em uma batalha constante para evitar que meu corpo pegasse fogo.

— Pare, Nico! — chorei, lágrimas queimando enquanto rolavam pelas minhas bochechas.

Outra explosão ressoou à distância, a onda de choque criando uma rajada de vento que soprou todo o caminho até onde estávamos.

Nesse momento, uma lâmina verde-translúcida de mana foi atirada do chão abaixo.

Mesmo que Nico não soubesse, o espinho negro conseguiu bloquear o arco verde que Tess tinha sem dúvidas atirado, mas isso me deu a oportunidade de soltar uma explosão de gelo bem na cara de Nico.

Do ombro para cima, Nico ficou congelado por um segundo até que uma chama negra começou a derreter o gelo. Ainda assim, consegui me livrar de suas garras e lançar um arco de relâmpago no meu inimigo desorientado.

Nico caiu no chão, um cogumelo de poeira cobrindo a área que ele havia aterrissado.

— Você está bem? — Perguntei ao meu vínculo, verificando-a depois da última explosão.

— Eu estou… bem. É estranho, ele definitivamente está me atacando, mas parece que está… se segurando. — respondeu. — Como estão as coisas aí?

— Não tão… bem. — admiti. — Porém vou ser capaz de aguentar. Eu só preciso levar Tess e eles através do portão.

Assim que terminei esse pensamento, voltei minha atenção para a cratera para ver uma grande flutuação de mana de onde Nico tinha pousado.

Estava preparando um feitiço, um poderoso, mas não estava direcionado para mim.

Imediatamente me atirei do ar, pousando no chão bem entre Nico e o portal de teletransporte.

Um feixe concentrado de fogo infernal pouco mais espesso do que a largura de um pulso, perfurou através da nuvem de poeira e detritos, visando apenas o portão de teletransporte.

Apertando mana do meu núcleo e implorando ao Éter que estava ao redor para me ajudar, contra-ataquei com uma barreira giratória de vento etérico. Enquanto o gelo teria sido uma escolha melhor para efetivamente negar o ataque de Nico, o preço de sustentar o Realmheart por tanto tempo estava se tornando cada vez mais evidente.

Centelhas de fogo infernal que tinham conseguido fazer o seu caminho através da minha barreira de vento queimaram através da minha pele como ácido, enquanto mesmo minhas habilidades regenerativas estavam me machucando, como se meu corpo estivesse me implorando para parar de me machucar.

Sustentando a barreira, olhei para trás por cima do ombro, estalando impacientemente para Tess.

— Ele está tentando destruir o portal! Apresse-se para ativá-lo e escapar!

— Está quase pronto! Mas e você e Sylvie? — Tess gritou continuando a segurar o antigo medalhão contra o centro do anel brilhante que estava quase cheio de roxo.

— Apenas vá! Por favor! — implorei.

— Não! — Nico gritou. Retirou seu feitiço concentrado e explodiu para a frente, para tentar passar por mim. No entanto, apesar do mau estado do meu corpo, meus reflexos eram muito mais rápidos do que ele pensava.

Me fiz de pivô e me lancei, enfrentando Nico.

— Solte! — rugiu conforme se agitava, tentando escapar do meu aperto.

Pequenas brasas de fogo infernal incendiaram todo o corpo de Elijah, mas eu me segurei forte com a ajuda do Éter.

— Vá logo! — adverti, sentindo que as chamas negras lentamente queimavam através da camada de Éter e mana me protegendo.

Nico repentinamente parou de tentar se libertar. Seus ombros tremiam enquanto rangia os dentes antes de gritar:

— Você me deve, Grey. Você me deve por matar Cecília!

— Então é assim que é? Cecília morreu então você tem que ter Tess para ficarmos quites? — sibilei. — Não tinha intenção de matar Cecília, mas mesmo que eu tivesse, ela não iria querer isso, Nico! Tomar Tess não vai trazer Cecília de volta!

— E se for?! — Nico retrucou.

Pego de surpresa, não respondi. No entanto, eu vi a flutuação de mana na mão de Nico conforme conjurava outro espinho negro do chão.

Girei rapidamente, usando Elijah como um escudo contra o seu próprio feitiço. Ele foi capaz de parar o espinho de perfurar nós dois.

Um grito gutural de frustração arrancou de sua garganta, tentando desesperadamente se libertar das minhas garras.

Só então, outra explosão ressoou de onde Sylvie estava lutando contra a Foice.

— O que está acontecendo? Você está bem? — perguntei, minha preocupação passando para meu vínculo.

— Estou… bem, mas a Foice está indo em sua direção. — respondeu, até mesmo sua voz mental transparecia a dor.

Demorou menos de um segundo para que eu sentisse a presença da Foice se aproximando. E levou outro segundo para que eu visse a rápida flutuação de mana bem onde o portal de teletransporte estava.

Eu apressadamente iniciei o Vazio Estático, mas, dessa vez, senti o preço de seu uso.

Junto com as cores invertidas do mundo congelado, senti um aperto gelado agarrando minhas entranhas, avisando-me que a morte era inevitável se eu continuasse a explorar essa poderosa arte de Éter.

Ignorando o aviso do meu corpo, soltei o Nico congelado e fiz meu caminho em direção à Tess, Nyphia, e a Madame Astera.

Meu corpo ficava mais pesado e estonteante com cada passo que dava, mas eu não podia me permitir liberar o Vazio Estático e arriscar que o feitiço da Foice disparasse.

Meu corpo encharcado de suor e estava com dificuldade de respirar no momento que eu cheguei no portal.

Eu agarrei a cintura de Tess com um braço e liberei a arte de congelamento do tempo do Éter.

Um calafrio gelado correu pela minha espinha quando o meu corpo instintivamente sabia que o perigo estava bem atrás de mim, onde o portal estava.

Tess vacilou no meu abraço.

— O que é iss-—

Eu a peguei pela cintura, interrompendo sua fala, enquanto gritava para Madame Astera.

— Segure Nyphia!

Imediatamente, a ex-professora, cavaleira e soldado se curvou para sua estudante e a jogou por cima de seu ombro bem a tempo de eu passar como um flash por elas e agarrar a mão livre de Madame Astera.

Tentei dobrar o espaço mais uma vez com a ajuda do Éter, mas a ponte roxa translúcida não se formou. Sem nem mesmo tempo para amaldiçoar, cerrei os dentes e gastei a mana que me restava para ganhar alguma distância quando uma horrível explosão de fogo ressoou atrás de nós.

Incapaz de sequer olhar para trás, só podia imaginar o quão perto o incêndio estava, pelo som do fogo crepitante e seu calor escaldando minhas costas.

Uma aura verde de repente envolveu todos nós, enquanto Tess ativava sua vontade bestial para nos proteger e eu me concentrava em nos tirar do alcance, mas o calor só ficou mais forte.

Para piorar as coisas, a Foice estava ao alcance da nossa vista um pouco à frente. Mesmo se fôssemos capazes de alguma forma sair da explosão do fogo do inferno, estaríamos enfrentando a Foice, assim como Nico.

De repente, Madame Astera soltou um grito de dor, mas não podia me dar ao luxo de desacelerar, pois podia ver os tentáculos de chamas negras no ar.

Meus próprios pensamentos de sobrevivência moldaram-se nos elementos. Fortes rajadas de vento se aglutinaram sob meus pés enquanto até o solo irregular se alisava na nossa frente para abrir caminho.

Mas não fez diferença nenhuma. O céu escureceu quando as chamas negras estavam prestes a nos engolir, mas nem a queimadura escaldante nem a dor lancinante vieram.

Olhei por cima do ombro para ver Nico usando suas próprias chamas negras para bloquear o fogo do inferno que a Foice havia desencadeado.

— Tire elas daqui! — Elijah gritou enquanto lutava para manter a poderosa explosão sob controle.

— Segure-se em mim com força! — Tess exclamou retirando sua vontade bestial e conjurava um orbe condensado de vento em suas palmas.

Apertei sua cintura com força enquanto soltava uma rajada de vento atrás de nós, nos impulsionando para frente. Tropecei e quase caí para frente com a força repentina, mas Madame Astera realmente cravou sua espada no chão, permitindo-me recuperar o equilíbrio.

Continuando a correr até não poder mais sentir o calor, tombei para frente de pura exaustão. Ainda assim, fiz questão de me agarrar firmemente para manter o Físico Realmheart ativo. Sabia que assim que o desativasse, a reação me atingiria, com força.

Ignorando a dor surda e irradiante que ficava mais forte a cada minuto, inalei mais mana ambiente como um viciado em drogas à beira de sua queda.

Não conseguia nem fazer um ciclo e purificá-la através do meu núcleo de mana, o que tornava a mana um veneno para o meu corpo. Físico Realmheart teria ajudado a purificar a mana venenosa, mas eu tinha absorvido muito durante esta batalha.

Mas o que é um pouco mais de veneno para meu corpo já deteriorado? Só precisava aguentar e tirar o resto deles daqui com segurança.

— Fique comigo! — Tess disse a alguém por trás, a voz trêmula, mas forte.

Com a mana ambiente aumentando temporariamente as funções do meu corpo, limpei uma gota de sangue que caiu da minha narina e me virei.

Meus olhos se arregalaram e na minha cabeça eu já estava começando a calcular as chances de sobrevivência delas… e só ficou muito pior.

Era Madame Astera. Ela estava perdendo a perna direita do meio da panturrilha e Tess estava fazendo o que podia para acalmar suas feridas usando magia de água, enquanto Nyphia preparava bandagens feitas de tiras rasgadas de seu próprio manto interno.

— Meu pé ficou preso naquela explosão. Sabia que não poderia apagar aquele fogo negro, então o cortei. — grunhiu. Por uma fração de segundo, admirei o fato de que, para uma mulher tão pequena que acabara de arremessar a própria perna, ela mal fazia careta.

Então, a realidade caiu quando senti a tremenda pressão da Foice se aproximando rapidamente.

— Que merda! — Amaldiçoei, já desviando meu olhar do soldado deficiente para a Foice quase sobre nós.

Para minha surpresa, no entanto, Nico marchou por nós, uma nebulosa esfumaçada em torno dele como se ilustrasse sua raiva.

— Tessia quase morreu por causa do seu ataque, Cadell! — Nico rugiu. — Tenho certeza que Agrona deixou claro para você que ela deve permanecer viva!

Finalmente soube o nome da Foice que matou Sylvia quando eu era criança neste mundo.

Cadell pousou habilmente no chão como se tivesse acabado de sair da calçada. Seu passo era lento, mas confiante, cada passo exigindo sua atenção.

Me certifiquei de me posicionar entre Cadell e meus aliados atrás de mim enquanto tomava nota da tensão crescente.

— Arthur! Estou quase aí. — Sylvie retransmitiu. Já podia ver sua grande figura no céu acima de alguns edifícios distantes.

Cadell percebeu também, seu olhar voando atrás dele por um segundo antes de se concentrar em Nico.

— Se eu não tivesse agido da maneira que agi, o receptáculo teria escapado. — respondeu apaticamente antes de se virar para mim.

— Isso não justifica você arriscar a vida dela! Nós tínhamos um acordo. — Nico retrucou, uma mecha de aura negra e esfumaçada se espalhando no chão e criando um grande corte.

— Você teria falhado por conta própria. Por quê? Por causa do seu passado com o menino. Se você não estivesse tão determinado a se vingar de seu velho amigo, então o receptáculo já estaria em sua posse.

Sylvie estava quase aqui e, embora tivesse sido inteligente deixá-los sozinhos para ganhar tempo, não pude ignorar o que estavam falando. Mesmo sabendo que iria me arrepender, só precisava saber.

Cadell e Nico ficaram em silêncio e se viraram para mim quando sentiram a pressão repentina que eu liberei. Endireitando minhas costas e escondendo qualquer sinal de fraqueza, me levantei e deixei minha pressão pesar sobre a área circundante.

Cadell ergueu uma sobrancelha enquanto me estudava.

— Parece que você ainda tem alguma força sobrando.

— Explique o que você quis dizer quando disse receptáculo? — exigi, minha voz carregada com a ajuda de mana, apesar do quase sussurro que saiu de mim.

— Você disse que pegar Tess não vai trazer Cecília de volta, certo? — Nico respondeu, sua voz muito mais calma do que antes. — Bem, e se for?

— Então eu diria que você está louco. — respondi, permanecendo forte apesar das agulhas ardentes apunhalando cada centímetro do meu corpo.

— Isso é o que Agrona tem pesquisado e aperfeiçoado nos últimos cem anos, Gray, e sua reencarnação foi o que permitiu que tudo pelo que trabalhou colocasse as engrenagens em movimento. — Nico explicou. — E foi assim que fui capaz de reencarnar neste mundo. Afinal, se alguém merece uma nova vida, não é você… somos Cecília e eu.

— Besteira. — gritei, a palavra deixando um rastro de dor em meus pulmões e garganta.

Respirei fundo e deixei a raiva se apagar dentro de mim, a fim de mitigar um pouco da dor que percorria meu corpo. Mais uma vez, tentei desesperadamente mover o Éter, mas as partículas roxas não se moviam. A dor ficava mais forte a cada tentativa e eu podia sentir meu corpo se deteriorando.

Para piorar a situação, o portal havia sido destruído e não havia outro por perto.

Não era justo. Não importa o quanto me tornei mais forte, por que sempre me falta o poder para vencer?

Que merda. Que merda. Vamos, agora seria um ótimo momento para uma arma! Implorei, agarrando a palma da minha mão onde aquele Asura maldito, Wren, tinha enfiado aquele acclorite.

Tess de repente agarrou meu pulso.

— Arthur, pare! O que você está fazendo com a sua mão?

Só então, com os olhos de todos em mim, senti um líquido quente escorrer pelo meu nariz, derramando na minha mão.

— Art? Seu nariz… — Tess tocou gentilmente meu ombro, preocupada.

Rapidamente limpei o sangue escorrendo pelo meu nariz e lábios e olhei para cima para ver os lábios de Cadell se curvando em um sorriso malicioso.

— Seu corpo está quebrando, não é, Lança?

— O quê? Isso é verdade? — Perguntou Tess. — Quão ruim está?

— Vou ficar bem. — menti, encolhendo os ombros. Não conseguia nem olhar nos olhos dela. Em vez disso, mantive meus olhos focados nos oponentes à frente.

Falar era inútil agora e o que quer que o Asura enfiou na minha mão não me ajudaria nesse momento.

Fosse Elijah ou Nico, não importava. Ele era um inimigo tentando tomar Tess, e eles não parariam por aí.

Infundi mana em minhas pernas e me preparei para fazer qualquer tentativa desesperada de ataque que pudesse, mas uma garotinha estava no caminho.

— Sylvie. Não tente me impedir. — murmurei, revestindo meu corpo degradante com mana em preparação para uma última batalha.

— Você pararia mesmo se eu tentasse? — meu vínculo perguntou solenemente. Ela deu um passo para o lado quando uma aura branco-dourada ganhou vida ao seu redor. — Se você está tão determinado a se matar, nós iremos juntos.

Cadell e Elijah se cobriram com sua mana escura também. O chão rachou e se estilhaçou ao nosso redor, enquanto todos os que restaram do lado Alacryano fugiram.

— Nyphia. Leve Tess e Madame Astera para o mais longe possível. — disse, olhando por cima do ombro. Olhando para o coto de Madame Astera, forjei uma perna protética em pedra antes de voltar. — E não pare.

— Princesa dos elfos. — Cadell disse, seu sorriso se alargando. — Se o seu amado continuar nessa forma por mais tempo, quer ele ganhe ou perca esta batalha, ele morrerá.

— Deixe-a fora disso! — gritei, mas quando me virei, Tess já havia se livrado de Nyphia.

Tess não falou comigo, no entanto. Em vez disso, agarrou o pulso de Sylvie e perguntou:

— Ele está mentindo, certo? Diga que ele está mentindo, Sylvie!

Sylvie olhou para mim, mas não respondeu.

— Eu vou ficar bem, Tess. — menti novamente, mas minhas palavras foram recebidas com um brilho venenoso cheio de lágrimas.

— Você sempre faz isso. Você está sempre pronto para desistir de sua vida para me salvar. — ela disparou de volta.

— Tess… — Eu agarrei seu braço.

— Você acha que eu ficaria grata se você morresse para me salvar? — perguntou, seus lábios tremendo.

Ela colocou sua mão sobre a minha e se livrou do meu aperto. Ela tocou minha testa com a dela fechando os olhos, o peito arfando de forma irregular enquanto continha os soluços.

Deixou escapar um sussurro depois de colocar seus lábios contra os meus.

— Seu idiota.

Então se afastou de mim e foi embora, direto para o inimigo.

— Não! — Avancei, pronto para correr atrás dela, quando Sylvie me segurou, envolvendo os braços em volta da minha cintura.

— Sylvie! Não! Você não pode fazer isso comigo!

— Arthur, por favor… — Implorou Sylvie, seu pequeno corpo tremendo. — Eu não quero que você morra.

Assisti impotente enquanto Tess se afastava, o som do sangue latejando na minha cabeça abafando todos os outros sons. Não conseguia nem ouvir meus próprios gritos enquanto implorava à Tess para parar, me deixar lutar, me deixar morrer.

Assisti quando Tess se virou e sorriu para mim antes de dizer algo. Mas eu não consegui ouvir. Podem ter sido as últimas palavras de Tess e não pude ouvi-las.

Não podia deixar isto acontecer.

Meus olhares voaram para a palma da minha mão ensanguentada enquanto eu verificava mais uma vez com a leve esperança de que a arma aparecesse.

Isso não aconteceu e eu não tinha tempo.

Enquanto Sylvie me abraçava com mais força, me afastando de Tess enquanto ela caminhava em direção a Nico e Cadell, coloquei minha mão dentro da minha placa de proteção torácica e puxei o medalhão que a Anciã Rinia me deu para trazer Tess de volta, um lembrete de que todo este mundo e incontáveis outros cairiam para Agrona se Tess estivesse em suas mãos.

Tudo fez sentido, então. Por alguma razão, Tess deveria ser o recipiente para Cecília. Talvez fosse por causa do nosso relacionamento neste mundo que criou a ponte, mas isso não importava.

Se Nico e eu nos tornamos tão fortes depois de reencarnar neste mundo, quão forte seria Cecília, o “legado”, se ela reencarnasse no corpo de Tess?

— Sylvie. Você sabe o que Rinia disse — implorei, estudando a antiga relíquia em minha mão. — Não podemos permitir que eles fiquem com Tess.

Sylvie balançou a cabeça, o rosto ainda enterrado no meu peito.

— Nós dois ficaremos mais fortes. Enquanto vivermos, temos uma chance.

Senti minhas entranhas se agitarem estando em meus últimos minutos de Realmheart, mas continuei a estudar o medalhão. Algo sobre isso que eu não tinha notado antes, agora se destacava para mim neste estado totalmente assimilado de Físico Realmheart.

A memória recente de Rinia desenhando as runas etéreas no portão ressurgiu e as horas que passei naquela caverna antiga observando Sylvie meditar, enquanto influenciava o Éter ao redor dela conectadas instintivamente de uma forma que minha mente não conseguia entender, mas meu corpo podia.

Sylvie sentiu a mudança no ar quando comecei a trabalhar.

— A-Arthur? O que você está fazendo? — meu vínculo chorava desesperadamente, seu olhar mudando ao redor testemunhando meu ato.

— Sinto muito. — sussurrei enquanto um gosto metálico encheu minha boca.

Eu dispersei o Éter acumulado que eu havia influenciado. Estendi meus braços, um apontado para Nyphia e Madame Astera, o outro direcionado para Tess.

E de repente, estávamos em um espaço separado. Isso era diferente de Vazio Estático, onde eu estava no mesmo espaço que o resto do mundo.

Não, eu criei uma dimensão de bolso separada e trouxe todos comigo.

Sem perder tempo, joguei o medalhão com as coordenadas gravadas e criei meu próprio portal de teletransporte.

— Pro portal, agora! — gritei enquanto lutava para manter o portal estável.

Madame Astera foi quem fez tudo funcionar. Sem perder tempo, pegou Nyphia e correu em direção ao portal com a perna protética que tinha conjurado para ela. Depois de jogar Nyphia no portal, correu atrás de Tess, que ainda estava a alguns passos de distância.

Reestruturei o tamanho da dimensão de bolso, trazendo Tess para mais perto de Madame Astera e do portal.

Sem nem mesmo a chance de dizer uma palavra, vi Tess ser sugada para dentro do portal. Madame Astera olhou para mim por um segundo antes de me dar um aceno de cabeça e pular pelo portal.

— Sylvie… é hora de ir — disse, meu vínculo apenas olhando para mim com horror.

Ela estendeu a mão e enxugou as lágrimas que escorriam dos meus olhos, apenas para ver seus dedos cobertos de sangue… meu sangue.

— A-Arthur, você não vai sobreviver. — disse Sylvie enquanto eu sentia sua consciência ir mais fundo na minha. Eu não conseguia mais proteger meus pensamentos dela em meu estado, deixando-me um livro aberto.

— O portal não vai… ficar estável por muito mais tempo, Sylv. P-Por favor, não posso deixar você morrer também. — disse, sorrindo tentando evitar que o sangue vazasse da minha boca.

Uma onda de dor cegante me atingiu e a dimensão de bolso ondulou como uma bolha prestes a estourar. Desorientado, tentei forçar Sylvie a entrar no portal quando ela começou a brilhar em roxo.

— Sylv? O que você—

Meus olhos se arregalaram de horror quando percebi o que ela estava fazendo.

A luz se espalhou até que um dragão muito familiar estava parado na minha frente.

— Tente se manter vivo enquanto eu estiver fora, tá bom? — Sylvie disse enquanto me dava um sorriso cheio de dentes.

— Sylv, não! Não faça isso! — gritei. Desesperado, tentei empurrá-la para o portal, mas minhas mãos passaram por ela.

O corpo de Sylvie estava ficando etéreo e ela estava desbotando conforme partículas de lavanda  e ouro começaram a deixá-la e a se prender ao meu corpo.

Meu corpo se contorceu em uma dor inimaginável com a mudança repentina que estava acontecendo, mas aguentei, relutante em desmaiar. Minha visão se desvaneceu quando gritei para Sylvie, mas suas últimas palavras foram cortadas quando me empurrou através do portal com o último membro corporal restante que ela tinha.

Meu vínculo me deixou com uma palavra, antes de desaparecer: “de novo.”

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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