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O Começo Depois do Fim – Cap. 238 – Esperança e Confiança

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Houve um longo silêncio que se seguiu depois que fiz minha pergunta e, quando falou, esperei uma longa e complicada história de como conseguiu entrar no castelo e salvar Tessia e minha família.

Em vez disso, ela começou dizendo algo que eu não esperava.

— Arthur, eu sabia da sua identidade na primeira vez que nos conhecemos, quando você veio até mim para entrar em contato com seus pais.

Meus olhos se arregalaram.

— O quê? Como?

Rinia ergueu um dedo.

— Esses velhos olhos veem muito mais do que você pode imaginar. No entanto, assim como fingi ignorar sua vida passada e mantive isso em segredo, também existem partes dessa história que ainda não posso revelar.

Não respondi, deixando-a continuar falando.

— Já sabia há um tempo que ocorreria um ataque ao Castelo após a traição do filho de Virion.

— Virion… Você está me dizendo agora que foi Alduin o responsável por deixar a Foice entrar? Isso não é possível, você não pode estar falando sério que ele estava tentando fazer com que seu próprio pai fosse morto, certo?

— Meu conhecimento não se estende às intenções dele, mas sim, foi ele quem conectou a Foice, assim como o resto de suas forças, diretamente ao portão de teletransporte do castelo. — respondeu.

Minha mão subiu para minha boca aberta. Não pude acreditar. Apesar de quaisquer divergências que os dois tivessem, Alduin sempre admirou Virion. Depois de um momento, falei novamente.

— Foi garantido para Alduin a segurança de Merial e Tessia? Foi por isso que ele traiu a todos? Mas então… — abaixei minha voz para um sussurro para que minha família adormecida não ouvisse. — Por que eles levaram minha mãe e minha irmã?

— Isso era o que Alduin acreditava, sim. — Disse ela. — Quanto à sua família, é fácil presumir que eles queriam sua mãe e irmã como reféns.

Esfregando minhas têmporas, pensei sobre o que ela disse, até que tive um insight.

— Espere, você disse “isso era o que Alduin acreditava”. O que você quis dizer com isso?

Rinia sorriu cansada para mim.

— Estamos nos aventurando em uma área onde não posso dar uma resposta. Tudo o que posso dizer é que se quisermos manter qualquer chance de retomar nosso país, temos que manter Tessia segura e longe de Agrona e dos Alacryanos.

Minha cabeça girou em direção a adivinha élfica.

— Espere, então temos uma chance de retomar Dicathen?

Ela assentiu.

— É pequena, mas existe.

Nós dois ficamos em silêncio até eu falar novamente.

— Se você sabia sobre o ataque ao castelo, também sabia que Buhnd iria morrer?

O fogo na nossa frente estalou, espalhando uma pequena chuva de cinzas vermelhas brilhantes no chão.

— Sim. — finalmente disse. — Mas se eu tivesse tentado desviar todo o ataque, havia uma chance muito maior de que Tessia tivesse sido capturada.

Abri a boca para dizer algo, mas não consegui encontrar as palavras certas.

— Sei o que você está pensando, mas não poderia arriscar a chance de Dicathen perder tudo na pequena chance de que eu pudesse salvar a todos.

— Mas, se você soubesse de tudo de antemão, poderia ter feito contramedidas. Você poderia ter contado a Virion ou me contado! — argumentei.

— O tempo não funciona assim. Mudar coisas assim altera o curso do futuro… um futuro que eu não seria capaz de ver. — disse, sua voz era quase um sussurro.

Rangendo os dentes, cavei meus dedos no chão de cimento para tentar me acalmar. Sabia que estava sendo egoísta… se não fosse pela Anciã Rinia, Tessia e minha família estariam nas mãos de Agrona agora, mas ainda…

— Como você foi capaz de salvar Tessia e minha família? — perguntei.

— Consegui interceptá-los enquanto voltavam para Elenoir. — disse ela com indiferença.

Balancei a cabeça para sua resposta, mas minha mente girou tentando imaginar um cenário onde Rinia tivesse sucesso em fazer isso. Como ela conseguiu tirar Tessia e minha família de Alduin e Merial? Eram apenas Alduin e Merial lá? Rinia disse especificamente que embora Alduin acreditasse que estavam seguros, realmente não estavam. Muito provavelmente, depois que Alduin, Merial, Tessia e minha família atravessaram o portal, teriam encontrado uma armadilha.

A Anciã Rinia sabia de tudo o que iria acontecer? Suas habilidades divinas eram capazes de influenciar o tempo tão bem?

Tempo!

Sem qualquer aviso, dirigi uma onda de intenção de matar sobre a Anciã Rinia, e assim que a vi reagir com uma expressão de surpresa, acendi Realmheart e imediatamente usei o Vazio Estático.

O mundo ao meu redor ficou monocromático, exceto pelos pontos roxos tremendo no lugar. Mas meus olhos não estavam focados nas partículas de Éter ao meu redor; eles se concentraram na Anciã Rinia.

Seus olhos me consideraram em estado de choque enquanto observava meus olhos se estreitarem em realização. Ela mudou seu olhar para olhar ao redor antes de seus olhos caírem de volta em mim.

— Inteligente. — suspirou.

— Então você pode utilizar o Éter. — murmurei, vendo as manchas roxas pairando ao redor dela, como se a protegessem.

— Você não é um Asura, tenho certeza disso. — Comecei. — Você é… um dos antigos magos?

Apesar da aparente tensão que a Anciã Rinia suportou, tentando manter suas artes de Éter ativas, soltou uma risada antes de responder.

— Não, posso dizer com absoluta confiança que não sou um dos antigos magos.

— Então quem… o que é você? Mesmo eu não posso controlar o Éter sem confiar na vontade do dragão que um Asura me deu.

— Embora eu não esteja totalmente certa, acredito que minhas habilidades divinas derivam em parte do Éter. Quanto como aprendi, sinto muito, mas não posso te dizer isso.

— Não acho mais que seja uma resposta boa o suficiente. — Desafiei, olhando fixamente para a elfa envolta em tanto mistério.

— Posso te contar, posso te contar tudo. Mas Tessia e sua família podem morrer por causa disso. — respondeu, seu rosto ficando mais medonho. — Por favor, tenha um pouco de paciência e posso garantir que você vai descobrir por si mesmo.

Ela não estava me ameaçando com meus entes queridos, não, ela realmente acreditava que me contando tudo isso poderia levar à morte delas. Rangendo os dentes de frustração, liberei o Vazio Estático, permitindo que a Anciã Rinia liberasse as artes de Éter que havia usado para evitar que fosse congelada no tempo.

Ela soltou um suspiro irregular.

— Obrigada por acreditar em mim.

— Você salvou Tessia e minha família. — disse, olhando para onde minha mãe e Ellie estavam dormindo. — O mínimo que posso fazer é confiar em você, pelo menos até que você me dê uma razão para não confiar.

Nós dois continuamos conversando, embora com um pouco mais de calma dessa vez. Fiz todas as perguntas que tinha. Algumas respondeu e outras não, mas não a pressionei para obter detalhes.

O que descobri foi que havia portões de teletransporte aqui, vários na verdade, que só podiam ser utilizados com controle sobre o Éter. Foi assim que a Anciã Rinia conseguiu chegar aqui tão rapidamente e sem ter que fazer uma jornada fisicamente intercontinental com Tessia, minha mãe e minha irmã nas costas.

— Você aprendeu a arte de Éter, enquanto eu mais ou menos tinha a capacidade de pegá-lo emprestado às vezes. Diga-me, é algo que também posso aprender? — perguntei, tentando segurar a sensação que tive quando usei o Éter sozinho para ferir a Foice.

— Sim e não. Sua capacidade de experimentar o gosto das artes de Éter por meio da vontade do dragão, bem como o fato de poder ver o Éter, são uma grande vantagem. Porém, minha vantagem, em relação à sua, é muito maior. Eu tinha até descoberto um local para treinar artes de Éter com muito mais do que tem aqui. Mas mesmo assim… levei oitenta anos para aprender algo que você pode fazer com um pensamento simples. — Explicou.

Meu olhar caiu quando pensei em passar oitenta anos, talvez mais, tentando entender as artes de Éter. Oitenta anos era muito tempo e, embora meu núcleo branco estendesse minha vida, não podia esperar o mesmo para minha mãe ou minha irmã.

— Entendo.

— É muito cedo para perder a esperança. Continuaremos a reunir forças lentamente, e com você e Lady Sylvie aqui, teremos três pessoas capazes de acessar o teletransporte… — A Anciã Rinia parou abruptamente e eu sabia por quê. Virei minha cabeça para trás, as sobrancelhas franzidas ao som errático de passos se aproximando.

Minha mudança repentina de emoções fez com que Sylvie acordasse também.

— O que está acontecendo? — Ela enviou, levantando a cabeça do meu colo.

— Virion está chegando e… algo está errado. — respondi, me levantando.

Enviei uma pulsação de mana de vento, tentando sentir se alguém estava perseguindo Virion, mas era apenas ele. Demorou apenas alguns segundos para aparecer pelo pequeno corredor que levava à sala em que estávamos. O velho comandante estava desgrenhado, cansado e parecia em pânico.

— T-Tessia… fugiu. — ele bufou, recuperando o fôlego.

— O quê? — soltei. — Como isso aconteceu? Aonde ela foi?

A Anciã Rinia praguejou baixinho e agarrou meu braço.

— Tessia não pode deixar este lugar, Arthur. Há algo errado com seu núcleo, e se ela deixar a proteção que este lugar fornece, os Alacryanos podem rastreá-la.

Meus olhos se arregalaram de horror. Me virei para Virion.

— Em que direção ela foi?

Assim que Virion levantou seu dedo, disparei naquela direção ativando imediatamente o Vazio Estático mais uma vez.

A cor foi drenada do mundo quando pulei para fora da janela. Acendendo Realmheart para buscar melhor as flutuações de mana de Tess.

Meu uso de mana era limitado estando com Vazio Estático ativo porque não conseguia manipular a mana ambiente, mas visto que não havia muita mana ambiente nesta cidade subterrânea de qualquer maneira, imaginei que Tessia não poderia ter ido muito longe.

Com os limites do meu feitiço caindo lentamente em meu núcleo, aguentei até que finalmente encontrei vestígios de mana que tinham sido usados.

Eu tinha razão. Tess usou magia para fugir à força de Virion, que ainda estava ferido e incapaz de utilizar a maior parte de sua mana.

Seguindo a trilha em um túnel diferente do qual eu tinha vindo, localizei Tess. Estava congelada no lugar, seus olhos determinados, seu cabelo ondulando… e gotas de lágrimas suspensas no ar atrás dela.

Corri alguns metros passando por ela para dar-lhe tempo para parar antes de retirar Vazio Estático e Realmheart. As partículas de roxo e verde desbotaram enquanto a cor voltou ao mundo.

Tessia voltou a correr até que me viu. Depois de parar imediatamente, olhou para mim, olhos e boca congelados.

— Como você… — começou antes de balançar a cabeça e estreitar os olhos. — Eu tenho que ir, Art. Eu tenho que salvar meus pais.

Eu não tinha pensado sobre o que dizer para argumentar com Tess uma vez que a alcancei. Eu nem sabia o que ela ia dizer, mas com certeza não esperava por isso.

— Tess… seus pais nos traíram.

— Não diga isso, não se atreva a dizer isso! — retrucou com os olhos brilhando. — Você não sabe de nada!

— O que eu sei é que seus pais conspiraram com Agrona, deixaram uma Foice entrar no castelo e quase todos morreram. — disse calmamente.

— Não é tão simples. — Argumentou ela, enxugando apressadamente uma lágrima. — Eles não tinham escolha…

— Tess… seu pai e sua mãe basicamente sacrificaram Virion, seu próprio avô, pela esperança de que Agrona deixasse Elenoir em paz. Agora, por favor, volte conosco. Vamos falar sobre nossos próximos passos e—

— Pare. Eu sei que você discordou de meus pais enquanto participava de reuniões com o Conselho, mas não os faça parecer tão egoístas assim. Eles não tinham escolha!

— Você fica dizendo isso, Tess, mas eles tinham muitas opções. — Brinquei. — Eles poderiam ter ignorado a oferta de Agrona e confiado em Virion para vencer esta guerra.

— Então eu estaria morta, Art! — gritou. — É isso que você queria?

Minhas sobrancelhas franziram em confusão.

— Morta? D-Do que você está falando?

Tess marchou para a frente até ficar a apenas alguns centímetros de mim.

— Eu estaria morta. Meus pais não tiveram escolha a não ser aceitar o acordo com Agrona por causa da vontade bestial que você me deu anos atrás. Você se lembra?

Meus pensamentos voltaram para o guardião de Elderwood que eu havia derrotado.

— Não, isso é impossível. Você só teve problemas para assimilar isso. Uma vez que você conseguiu controlá-lo…

— A besta que você me deu veio de uma besta corrompida. — Interrompeu Tessia, derramando lágrimas. — Uma besta corrompida por Agrona. Com aquela coisa dentro de mim, eu era basicamente uma bomba viva que Agrona poderia detonar por capricho.

Meus joelhos dobraram e eu vacilei para trás, mal conseguindo manter o equilíbrio.

— N-Não…

— Então não se atreva a dizer que meus pais traíram todos nós. — Tessia fervia. — Eles fizeram isso para me salvar, e mesmo que todos aqui não deem a eles uma chance, eu dou.

— Art! O que aconteceu, você está bem? Estou indo para você agora. — Sylvie transmitiu, sua preocupação vazando para mim.

— Não, está tudo bem. Fique aí enquanto tento convencer Tess. — respondi.

— Tess… eu não tinha ideia de que isso aconteceu por causa da besta que eu te dei. — murmurei. — Se eu soubesse…

Ela balançou a cabeça.

— Eu sei que não é sua culpa, mas eu tenho que fazer algo, Art.

— Eu entendo, Tess. Mas assim que você sair deste abrigo, os Alacryanos serão capazes de rastreá-la. Você morrerá.

Tess agarrou minha camisa com as mãos trêmulas.

— Eles são meus pais, Art. Eles fizeram tudo o que podiam para me salvar.

Uma onda de emoções agitou dentro de mim enquanto olhava para Tess: frustração, tristeza, medo… e culpa. Era fácil me sentir responsável pelo que tinha acontecido, especialmente quando eu sabia que algo estava errado com o guardião de Elderwood. Mas por causa da empolgação de colher as recompensas de um monstro tão forte, em vez de ser cauteloso, o dei para uma das pessoas com quem mais me importava, na tentativa de mantê-la segura.

Furioso comigo mesmo e com a ironia doentia de tudo isso, puxei Tess para longe.

— Não há nada que eu possa fazer para convencê-la a ficar?

— Sinto muito. — Tess mordeu o lábio e se preparou, olhando para mim com olhos determinados.

Soltei um suspiro.

— Então vou com você.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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