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O Começo Depois do Fim – Cap. 231 – Lembrança

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— Seth, reporte-se à General Varay. Ela ficará encarregada da batalha em Etistin. — Bairon ordenou, gesticulando para que o soldado se afastasse.

Ele encontrou meus olhos por um segundo antes de concordar.

— O resto de nós irá direto para o castelo.

Sylvie se transformou de volta em sua forma de dragão e nós imediatamente decolamos.

Tentei permanecer equilibrado, confiando que os Anciões Hester, Buhnd e V irion seriam suficientes para lidar com quem quer que fosse o intruso.

Mas as chamas pretas e vermelhas ondulando ao longe eram um sinal sinistro… E se fosse um Retentor ou mesmo um Foice? Desviava minha mente do “e se” pensando em uma estratégia ao entrar. Tentei não pensar em minha mãe e irmã, como também em Tess, que deveriam estar seguras ali.

— Vai ficar tudo bem. — Sylvie me assegurou, mas não conseguiu evitar que sua preocupação vazasse para mim.

Não respondi e, ao invés disso, manipulei o vento para diminuir a resistência que estava puxando Sylvie para trás. Estava fazendo qualquer coisa que pudesse para tentar chegar mesmo que um segundo mais adiantado.

Continuei manipulando o vento enquanto também circulava mana pelo meu corpo, a me preparar para uma luta. Olhando para trás, pude ver Bairon e os outros soldados montados ficando lentamente para atrás, incapazes de acompanhar Sylvie, mas não diminuímos.

Por favor, todos fiquem bem. orei, e então o castelo estava sobre nós.

A barreira que protegia a fortaleza voadora do céu havia sido destruída, permitindo que os fortes ventos soprassem as chamas escuras.

Sylvie facilmente abriu um buraco na porta fechada da doca de carregamento e pousamos lá dentro. Uma espessa nuvem de fumaça preta oleosa encheu a doca de carregamento, obscurecendo minha visão. Felizmente, a camada de mana em que me envolvi evitou que a fumaça nociva entrasse em meus pulmões.

— Vamos. — disse a Sylvie, que tinha voltado à sua forma humana.

Sem correr riscos, acendi a vontade do dragão dentro de mim. Sob Realmheart, minha visão se tornou monocromática, exceto pela mana ambiente ao meu redor, que se destacava como milhares de vaga-lumes multicoloridos em meio à fumaça cinza. Com minha visão aprimorada e acuidade de mana incomparável, seria impossível para quaisquer inimigos se aproximarem furtivamente de nós, mesmo em meio à fumaça pesada e aos ventos fortes gritando pelas aberturas do castelo danificado.

Ficando perto, começamos nossa busca dos quartos desmoronados e corredores escuros dos andares inferiores. Nós avançamos pelo chão fraturado, evitando qualquer entulho que havia sido deslocado das paredes ou caído do teto. Batidas ecoaram de cima e até ao nosso redor, enquanto os ventos uivantes tornavam quase impossível ouvir qualquer sinal de batalha em que pudéssemos ajudar. A única coisa que podíamos fazer era vasculhar cada cômodo com cuidado, dando um passo de cada vez.

— Aqui. — Meu vinculo me chamou de uma sala adjacente.

Lá dentro, encontrei Sylvie no chão, curvada sobre o que parecia ser uma pessoa parcialmente enterrada sob uma montanha de entulho. Meu peito imediatamente apertou e o pânico agarrou meu estômago, mas Sylvie me garantiu que não era ninguém que conhecíamos.

Depois de movermos alguns dos escombros, ficou claro que o infeliz elfo tinha sido um dos poucos guardas restantes no castelo.

Esfreguei a ponta do meu nariz, envergonhado e frustrado com o quão frágil meu estado mental atual era. Depois de tomar um momento para me recompor, inspecionei o cadáver. Por meio de Realmheart, fui capaz de dizer que o mago caído havia morrido no fogo, mas não pude ver nenhuma marca de queimadura no uniforme do guarda. Levantei um pedaço de tecido e uma cota de malha para examinar a carne por baixo.

O que é isso?

— Não há marcas de queimadura.

— Ele morreu pelo fogo? — Ela disse em voz alta, surpresa.

Ouvindo outro estrondo à distância, levantei-me.

— Venha, vamos continuar andando.

Continuamos pelo corredor, vasculhando cada cômodo nos andares inferiores, em busca de qualquer um que ainda poderia estar vivo. Tudo o que encontramos foram cadáveres, todos queimados até a morte, mas sem nenhum ferimento à mostra.

— Eu não entendo. Talvez seja um fogo que queima por dentro? — Sylvie sugeriu.

— Não importa neste momento. Tudo o que precisamos saber é que nosso oponente usa um fogo que na verdade não queima as vítimas fisicamente. —  Enviei de volta, levantando uma parede caída que bloqueou nosso caminho.

Com as escadas quase inutilizáveis ​​pela destruição, Sylvie e eu subimos os níveis do castelo através dos muitos buracos no teto e no chão. Apesar da capacidade do meu Físico Realmheart de detectar até as menores flutuações de mana, estávamos tensos. Meu peito se contraiu de ansiedade cada vez que encontramos um cadáver, e senti uma explosão de vergonha com meu alívio cada vez que verificamos que não era ninguém que conhecíamos bem.

Depois de pesquisar vários andares, Sylvie e eu encontramos sinais de uma grande batalha. Lanças de pedra intrincadas projetavam-se do chão e das paredes, e golens de terra jaziam espatifados no chão.

— Isso…

— Sim, eu sei. — Interrompi, sinalizando para ela ficar perto.

Por causa da mana aglutinada nas lanças de pedra e nos soldados conjurados, demorou um pouco para que finalmente encontrássemos a fonte dos feitiços.

Ajoelhei-me na frente do anão idoso, minha mão em seu pescoço, tentando encontrar o pulso. Ele se mexeu ao meu toque e soltou uma tosse áspera.

— Ancião Buhnd! — exclamei. Transformei o chão sob ele em uma cadeira, sentando-o para que não sufocasse com seu próprio sangue.

Me virei para o meu vínculo.

— Sylv!

— Sim. — se abaixou, colocando as mãos no peito do meu mentor. Uma luz suave emitida de suas palmas, passando pelas roupas e pele do anão.

Depois de dez penosos minutos de vida com o éter sendo transmitido ao Ancião Buhnd, finalmente tivemos outra reação.

— Ancião Buhnd — ei, vamos lá, fique comigo. — disse gentilmente, dando um tapinha em sua bochecha enquanto o anão franzia as sobrancelhas.

— Ar… thur? — Seus olhos se abriram, mas fecharam novamente após alguns segundos.

— Sim! É Arthur. O que aconteceu? Quem fez isso em você?

Ele soltou um gemido de dor.

— Você tem que… sair daqui, garoto.

— Não fale assim, Buhnd! — rebati. — O que aconteceu aqui? Eu preciso saber com o que estamos lidando.

Buhnd puxou minha túnica, puxando-me para perto.

— Escute, seu tolo. O castelo, o Conselho, está acabado. Se você quiser fazer algo por Dicathen, você deve ficar vivo.

— Está bem, está bem. Terei cuidado, mas para fazer isso, preciso saber o que aconteceu. Foi um Retentor? Um Foice? Que tipo de magia poderia fazer isso?

Sentindo o aperto de Buhnd afrouxando quando sua força o deixou, me virei para o meu vínculo.

— Sylvie, o que está acontecendo? Por que ele não está melhorando?

Os braços de Sylvie tremeram e gotas de suor escorreram de seu rosto.

— Não sei, mas não consigo continuar assim.

Dei um passo para trás, inspecionando o anão ferido. Como todos os outros cadáveres pelos quais passamos, seu corpo estava crivado de partículas de mana vermelha. Os fios roxos que Sylvie emitiu em seu corpo estavam atualmente combatendo qualquer feitiço de fogo que estava corroendo sua vida, mas o éter não o estava curando. Não, estava mantendo o feitiço sob controle, mas o feitiço de fogo parecia capaz de se multiplicar e estava se espalhando rapidamente.

Minha frustração ferveu para fora de mim como um grito gutural, e esmaguei uma das pontas de pedra que Buhnd tinha conjurado. Ajoelhando-me na frente do anão moribundo, agarrei sua mão.

Assim que Sylvie parasse de emitir sua magia de cura, Buhnd começaria a morrer novamente, e meu vínculo também sabia disso.

Buhnd colocou sua mão grande sobre a minha, apertando-a suavemente.

— Est-está tudo bem.

Embora parecesse consumir cada grama de força que lhe restava, Buhnd forçou a abrir os olhos mais uma vez e voltou o olhar para Sylvie.

 — Pequena Asura, você pode continuar assim por mais um minuto? Eu… eu acho que isso será o suficiente para dizer o que você precisa saber.

Meu vínculo acenou com a cabeça, suas sobrancelhas franzidas em concentração.

Ignorando as lágrimas rolando pelo meu rosto, pressionei minha testa contra a do Ancião Buhnd.

— Que você esteja em paz, onde quer que esteja.

O conceito de religião sempre me escapou, tanto nesta vida quanto na anterior. Mas, à medida que mais entes queridos morriam, me descobri desejando estar errado, que realmente houvesse um deus todo-poderoso e uma vida após a morte onde todos que eu conhecia estivessem em paz, esperando pelo resto de nós. No mínimo, esperava que tivessem um destino semelhante ao meu, reencarnado em um mundo diferente para viver uma nova vida. Se fosse esse o caso, porém, esperava que eles fossem poupados das memórias de sua vida passada.

— Sinto muito, Arthur. — Meu vínculo sussurrou, colocando a mão nas minhas costas.

Eu balancei minha cabeça.

— Não é sua culpa.

Depois de passar alguns minutos evocando uma tumba de barro digna de uma pessoa como o Ancião Buhndemog Lonuid, nós dois seguimos em frente.

Meu mentor anão me contou o pouco que sabia sobre nosso oponente, que Buhnd confirmou ser um Foice. Aparentemente, empunhava um fogo negro fumegante que corrompia tudo com o que entrava em contato. Parecia outra forma desviante de magia, como as pontas de metal preto que Uto fora capaz de conjurar ou o veneno preto que a bruxa fora capaz de usar.

O Ancião Hester e Kathyln haviam partido para a Muralha antes que a Foice se infiltrasse no castelo, mas Alduin e Merial Eralith, junto com Tessia e minha família, não estavam em lugar nenhum quando tudo isso aconteceu.

Foi um alívio que eles não estivessem aqui, mas outra parte de mim estava ainda mais ansiosa. Perguntas encheram minha cabeça: Se eles escaparam, para onde foram? Como eles sabiam que seriam atacados? Ou seu desaparecimento oportuno foi apenas uma coincidência?

— Eu sei que é difícil, mas você não deveria pensar sobre tudo isso agora. — Meu vínculo estava preocupado, e podia sentir que ela estava fazendo o seu melhor para me manter calmo no momento. — Dê um passo de cada vez. Vamos superar isso juntos, Arthur.

Dei a ela um aceno conciso. Fiquei grato por ter estado comigo durante tudo o que passei. Não conseguia imaginar onde estaria se não a tivesse ao meu lado, e ela sabia disso.

A ideia de alguém conhecer quase todos os pensamentos e emoções que passaram pela minha cabeça teria sido desconcertante para mim se não percebesse o quão grato eu estava por isso. Talvez fosse apenas porque era Sylvie, e não outra pessoa, mas eu estava grato pelo vínculo que tinha com ela.

— Arthur! — Meu vínculo gritou.

— Sim, eu sei. — Vi a flutuação de mana próxima. Mesmo sem Realmheart, seria impossível não sentir a colisão de poderes.

Bairon está atualmente envolvido com um Foice, pensei, vendo a magia desviante se mover pela atmosfera.

— O que deveríamos fazer?

— Estou indo. Fique atrás e me dê cobertura com escudos de mana.

Retirei Canção do Amanhecer do meu anel dimensional e coalizei a mana através dos meus membros. Eu podia sentir o calor enquanto as runas corriam por meus braços, pernas e costas e brilhavam com uma luz dourada. A força endureceu cada fibra do meu corpo enquanto eu enterrava meu calcanhar no chão.

Eu sabia que usar Passo Explosivo iria sobrecarregar meu corpo, mas com minha experiência em lutar contra os soldados pessoais de Agrona, sabia que tinha que acabar com isso rápido se quisesse alguma chance de ganhar.

— Okay. Vai! — Sylvie sinalizou, espalhando mana em volta do meu corpo.

Desejei que a mana fluísse pelas minhas pernas, cronometrado em milissegundos para maximizar a explosão de força que receberia.

O mundo ficou borrado ao meu redor enquanto eu dava um único passo aprimorado pela mana, e meus olhos e cérebro lutavam para coletar, traduzir e classificar o fluxo de imagens. Se meus reflexos não fossem intensificados com o uso de magia interna com relâmpagos, seria mais provável que eu me matasse ao bater em uma parede do que realmente machucar meu inimigo.

Ignorando a dor lancinante que corroeu a parte inferior do meu corpo, corri para frente, indo em direção ao Foice.

Usei tudo que pude para poder parar.

A ponta dentada da minha espada azul estava a centímetros de distância da garganta do Alacryano. Poderia ter matado ele. Estava tão perto, mas não consegui.

Encarei a Foice, uma onda de emoções emergiu quando olhou para mim com uma expressão divertida.

— Você cresceu.

Ouvi a voz de Bairon gritar comigo por trás, mas não consegui entender o que ele estava dizendo por causa do sangue latejando em meus ouvidos.

Eu apertei mais forte a empunhadura da Canção do Amanhecer, incapaz de desviar meus olhos do brilho vermelho penetrante daquele Foice em pé na minha frente.

Os dois chifres serrilhados enrolados sob suas orelhas e a capa ensanguentada que refletia seus olhos vermelhos brilhantes o tornavam inconfundível: era ele.

O mesmo Foice que matou Sylvia.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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