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O Começo Depois do Fim – Cap. 216 – Aproximação do Exército

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POV ARTHUR LEYWIN

Comparada com a velocidade dos pensamentos e preocupações que corriam em minha mente, as horas no céu se arrastaram.

Se eu não estivesse olhando de volta para a visão desbotada do exército de animais por pura culpa de estar deixando pra trás as tropas, e minha família, na Muralha, estava focando em um caminho brilhante de mana que trilhava diretamente para onde suspeitava ser o coração do Reino de Elenoir.

— Que tipo de feitiço é capaz de tal coisa? — meu vínculo perguntou enquanto seguíamos o caminho que brilhava mesmo através da espessa camada de névoa acima da floresta

— Não tenho muita certeza, mas vendo como a trilha é tipo um zigue-zague em torno de vários pontos que levam ao norte, não acho que seja um único feitiço poderoso, mas um acúmulo do mesmo feitiço criando um caminho.

Era apenas minha especulação, melhor, era minha esperança. O pensamento de um mago inimigo basicamente ser capaz de anular a magia ambiental da floresta com uma única conjuração me assustou.

Tirando-me dos pensamentos pessimistas, pedi a Sylvie que voasse um pouco mais rápido. Já era preocupante o suficiente pensar em algo acontecendo com minha família ou com um dos chifres gêmeos, mas pensar em não conseguir chegar a Tess a tempo me deixou tremendo e cheio suor.

Depois de mais uma hora percorrendo a floresta, seguindo o caminho torto da mana quase palpável, mesmo sem o Realmheart, finalmente avistei sinais de uma batalha à distância.

As flutuações de mana eram aparentes mesmo acima da copa espessa de árvores abaixo de nós, mas o que me preocupava era o fato de serem velhas. Isto significava que a batalha havia terminado, e era impossível dizer a essa distância qual lado havia vencido.

Sentindo minha mudança de emoções, Sylvie mergulhou mais perto da floresta, aproximando-se com pressa do local que eu havia imprimido em minha mente e na dela também.

Ao nos aproximarmos cada vez mais do nosso destino, no entanto, uma figura pairando sobre o manto de árvores e a neblina logo chamou nossa atenção.

O que me preocupou mais do que sua aparência familiar foi o fato de ele não ter vazado mana. Comparado com o maremoto opressivo que era Uto, este homem era o olho de uma tempestade terrível, assim como seu mestre.

Sylvie parou a cerca de uma dúzia de metros de distância. Desta vez, foi o medo e a ansiedade dela que estavam vazando em mim.

— Cylrit. — cumprimentei o Vritra que trajava uma armadura preta estando no ar, sua capa roxa ondulando atrás dele.

O retentor baixou a cabeça antes de responder de volta com uma expressão brusca.

— Lança.

Apesar da minha impaciência, troquei um olhar com Sylvie, que havia se transformado em sua forma humana.

Estava perdido.

Meus instintos me pediram para lutar contra ele; ele era um inimigo. Mas, ao mesmo tempo, a sua superior, a foice, salvou minha vida e fora a razão pela qual Sylvie e eu conseguimos superar nossos respectivos gargalos.

Imbuindo mana em minha voz, perguntei, hesitante:

— Vamos lutar?

— Fui instruído a impedi-lo de avançar ainda mais. — respondeu simplesmente sem uma única mudança em sua expressão.

— E se eu dissesse que tenho que avançar? — forcei, preparando-me para liberar Realmheart mais uma vez.

Os olhos afiados de Cylrit se estreitaram, mas sua voz ainda estava calma quando respondeu.

— É para seu benefício, Lança Leywin. Meu mestre deseja que você esteja com uma saúde ótima antes da batalha final, e participar da defesa pelo reino élfico tornará isso difícil.

— Seris disse que isso era para meu benefício? — falei sem pensar.

— O nome de meu mestre não é algo que você deva falar tão casualmente, humano. — A voz de Cylrit não mudou, mas uma forte sede de sangue surgiu dele quando mencionei a foice.

Igualando a pressão que ele emanava, respondi, incapaz de manter o veneno fora da minha voz:

— Cuidado com o seu tom, Cylrit. Eu escolhi trocar palavras com você por cortesia pelo seu mestre.

— Cortesia? — a expressão do Vritra escureceu, mudando pela primeira vez. — Mestre Seris salvou sua vida. Sugiro que você escute as palavras dela e limpe a bagunça acontecendo em sua fortaleza.

Meus olhos continuaram presos aos dele.

— Nós estamos indo para Elenoir.

— Saber sacrificar faz parte da guerra. — disse Cylrit, ainda tentando me convencer. — Gastar seus esforços aqui não vai ajudá-lo, mesmo que você consiga ter sucesso na defesa de Elenoir.

— E achas que não sei disso? — gritei, incapaz de me segurar. O vento parou e o ar ficou tão denso que era quase tangível.

Ao meu lado, podia sentir a preocupação do meu vínculo, mas neste momento, não me importei. Chegando até aqui, eu já estava sacrificando os soldados que seriam feridos ou mortos em batalha pelas bestas que eu não consegui matar. Quem era ele para pregar sobre algo que eu tive que experimentar por duas vidas separadas?

As sobrancelhas do vritra franziram em frustração.

— Volte, lança. Se você quer uma chance de salvar Dicathen, deve se preocupar com coisas maiores.

Me aproximei silenciosamente de Cylrit.

— Afaste-se. Você está enganado se pensa que pode nos manter aqui. Muita coisa mudou desde a nossa luta contra Uto.

O retentor de Seris estalou a língua antes de estender o braço. Uma espessa névoa negra girou em torno de sua mão estendida, manifestando-se em uma espada larga de um preto sombrio com quase duas vezes a altura do proprietário.

— Muito bem. Se você insiste em lutar, deixe-me provar que você está errado.

 

POV CURTIS GLAYDER

Academia Lanceler, Cidade Kalberk

— Mantenham suas formações! — gritei seguindo de perto o grupo de alunos montado em meu vínculo. — Vanguardas, mantenham seus escudos erguidos! Confie em suas montarias para proteger suas pernas. É isso!

Os doze alunos seguiram o caminho marcado para este exercício específico, enquanto os arqueiros a algumas dezenas de metros de distância já estavam em posição de atirar.

— Atirar! — gritei aos arqueiros.

Uma salva de flechas cegas atingiu a linha de alunos montados em equinos com garras de propriedade da Academia Lanceler. Conforme praticado, os alunos encolheram os ombros para frente em suas montarias, levantando seus escudos e usando seus joelhos esquerdos para ajudar a apoiá-los contra ataques de longo alcance.

Alguns dos alunos demoraram a levantar os escudos, enquanto outros não foram capazes de aumentar seus corpos a tempo de suportar a salva de projéteis. Esses infelizes alunos foram derrubados da besta de mana em que estavam montados e caíram na trilha de terra.

Grawder, meu vínculo, deixou escapar um grunhido desapontado trotando em direção aos alunos que gemiam no chão.

— Tanner, Gard, Lehr. — gritei.

Os três alunos pularam do chão e fizeram continência.

— Senhor!

Acariciando a crina vermelha profunda do meu leão mundial, passei por eles.

— Cada um de vocês me devem vinte conjuntos de pressão de escudo sem usar mana.

Os rostos dos três novos recrutas empalideceram com minhas palavras. Soltando um suspiro, seguimos os alunos restantes ainda montando em suas montarias. A prática durou mais duas horas enquanto revisávamos mais algumas formações. Eventualmente, os equinos com garras tiveram que se recuperar, trazendo a sessão para um breve descanso.

— Tudo bem, caminhe com suas montarias até o lago e faça uma pausa de uma hora! — chamei, saltando de Grawder.

Debaixo da árvore centenária, inclinei minhas costas contra Grawder, curtindo a brisa fresca na sombra. Uma das minhas coisas favoritas sobre essa academia era o fato de ser tão perto do Lago do Espelho.

Peguei um pouco de carne seca e pão fresco do meu anel dimensional e observei os alunos se separarem em seus respectivos círculos de amigos.

Tanner, Gard e Lehr agacharam-se à beira do lago, erguendo seus escudos de aço acima de suas cabeças. Alguns dos outros alunos já haviam terminado suas refeições leves e começaram a lutar com as armas embotadas usadas no treinamento.

— Como esperado dos alunos de Lanceler. — uma voz familiar soou atrás de mim. — Mesmo como aprendizes, nunca conseguem ficar parados.

Olhei para cima, sem me preocupar em ficar de pé, e atirei ao cavaleiro aposentado um sorriso malicioso.

— O que isso me torna, então?

— Um idiota preguiçoso. — respondeu, sentando-se ao meu lado na grama.

Arranquei um pedaço do meu pão e passei para ele a parte do caldo, o favorito do velho, que tinha guardado no meu anel também.

— Um aluno é tão bom quanto seu professor, instrutor Crowe.

— Ex-instrutor. — zombou, mas aceitou o lanche com um sorriso. — E parece que crescer como parte da realeza só te ensinou a falar bem.

Nós dois sentamos em silêncio, apreciando a vista cintilante do lago. Soltamos um riso abafado ou uma risada aqui e ali ao mesmo tempo em que observávamos os alunos fazerem de si mesmos tolos treinando ou brincando na água. As poucas meninas presentes sempre foram reunidas por alunos do sexo masculino fazendo tudo o que pudessem para tentar impressionar suas contrapartes femininas.

— Olhando para esses jovens brincando sem se importar com o mundo, é difícil imaginar que estamos no meio de uma guerra. — disse Crowe suavemente.

— Definitivamente. — concordei. — Ao ouvir as histórias que vêm da fronteira leste de Sapin, fico frustrado em certo sentido porque não estou lá ajudando eles, mas também estou aliviado porque não acho que meus alunos estão de alguma forma prontos para enfrentar os soldados alacryanos.

— Sabe, lembro-me de ter ficado bastante descontente quando soube de sua vinda para Lanceler. Lembro-me de pensar em você como outro nobre mimado que encontrou uma posição aqui devido às suas conexões.

Meu ex-instrutor voltou seu olhar para mim.

— Estava errado sobre você, Curtis. Você trabalhou duro desde o primeiro dia, e você ficou feliz em ouvir seus erros, porque isso lhe deu espaço para melhorar.

Não acostumado a ouvir elogios do severo ex-cavaleiro, senti minhas bochechas começarem a corar.

— Bem, ser um mago e lutador adequado é uma coisa, mas eu não sabia nada sobre ensino.

— Exatamente! Então, por que é tão difícil para alguns de vocês, nobres, admitir que não sabem alguma coisa ou não são bons nisso? Ainda me deixa perplexo até hoje.

Eu soltei uma risada abafada.

— Pense nisso como um complexo de inferioridade. Os nobres são ensinados a não ter fraquezas ou, se tivermos uma, a nunca demonstrá-la.

— Isso é uma coisa boa quando você está em batalha. Nesse momento, quando você é um dos incontáveis soldados na linha de frente, não há estratégia. — o velho cavaleiro bufou.

— Essa é a sua desculpa para nunca tentar chegar a posições de liderança ou estratégicas? — Sorri com malícia.

— Por que você, seu pequeno… — Crowe me enganchou com o braço e começou a apertar os nós dos dedos na minha cabeça enquanto Grawder gemia em protesto por ser acordado.

— Ok, ok! Me rendo!

Nós dois continuamos brigando enquanto ríamos. Apesar do pouco tempo que passei aqui para ensinar os alunos, havia uma abundância de histórias para trocar em um dia perfeito como este.

Depois que a curta hora do intervalo passou, nós dois nos levantamos.

— De volta ao campo de treinamento com armadura completa em quinze minutos! — gritei.

Os alunos enrijeceram com a minha voz e correram de volta morro acima onde tínhamos praticado.

— Eles ouvem bem o que você tem a dizer. — comentou Crowe, sorrindo ao ver alguns dos alunos que havia ensinado o saudando com uma reverência apressada antes de correrem.

— Suas graduações dependem disso. — Dei de ombros antes de dar um tapinha nas costas do velho cavaleiro. — Vamos, Instrutor Crowe, é hora das aulas de lança e você ainda é o melhor. Tenho certeza que eles adorariam aprender com você.

— Posso estar aposentado, mas ainda sou caro. — Pense no pão e no caldo como pagamento. — Olhe aqui, seu pequeno…

Crowe parou. Levantou a cabeça, olhando para uma figura no céu.

— Não é um mensageiro? — perguntei, apertando meus olhos para tentar ver que tipo de besta era a montaria voadora.

A besta, junto com seu cavaleiro, desceu, pousando na varanda mais alta da torre de metal. A estrutura alta e pontuda em forma de uma colossal lança não era apenas o símbolo de nossa academia, mas o prédio onde nosso diretor residia.

— Aquela é uma Asa de Lâmina. — Crowe murmurou, seu tom sério. — Existem apenas alguns magos ligados a essas bestas. Se eles são contratados como mensageiros, isso significa que é sério.

Pulei em Grawder e gesticulei para meu ex-instrutor.

— Vamos ver do que se trata.

Depois de passar por meus alunos confusos e andar pelo terreno pavimentado da escola, nos aproximamos da alta torre em forma de lança.

Grawder não cabia na escada, então o deixamos com os guardas do lado de fora antes de subirmos a torre. Mesmo com mana, a viagem subindo as escadas em espiral foi um pouco difícil para o velho cavaleiro, mas fizemos isso rápido o suficiente para ainda ouvir os murmúrios de conversas acontecendo no outro lado da porta do diretor.

Depois que nós dois trocamos olhares, girei a maçaneta dourada e abri a porta.

Sentado atrás de sua mesa estava o gigante corpo de nosso diretor caído para frente com a cabeça enterrada nas mãos. Ao lado dele estava o mensageiro, sua expressão com uma mistura de medo e angústia.

— Diretor Landon? Vimos o mensageiro e—

O diretor ergueu a mão, sem se preocupar em erguer os olhos.

— Reúna seus alunos, Instrutor Curtis. Melhor ainda, talvez seja melhor você apenas fazer a sua viagem para Kalberk agora e usar seu portão de teletransporte para voltar ao castelo.

— Não estou entendendo, senhor. O que está acontecendo? Mudei meu olhar do diretor ao mensageiro.

— Um enviado chegou a Kalberk vindo de Etistin esta manhã. — o mensageiro começou, sua voz trêmula. — Um observador voando a alguns quilômetros da costa de Etistin avistou cerca de trezentos navios alacryanos se aproximando.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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