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O Começo Depois do Fim – Cap. 197 – O Retorno

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— Atualmente, existem cinco unidades nessa região e outras três a Leste, com base nas últimas transmissões. — o capitão da Divisão Trailblazer relatou, apontando para as marcações relativas com um dedo estendido.

Jesmiya Cruwer, seu nome me foi dado através de uma breve introdução, era a capitã da unidade de Tessia. Ela era uma mulher bonita… De uma forma aterrorizante. Com longos cabelos loiros que caíam sobre os ombros em ondas e uma figura que sua armadura apertada apenas acentuava, só podia imaginar quantos homens tentaram cortejá-la, uma vez que eles superassem o medo da rejeição. A capitã sempre tinha uma mão apoiada no cabo do sabre, como se estivesse sempre pronta para atacar, e sua expressão ranzinza nunca pareceu amolecer.

Imaginava que o capitão que liderava sua divisão nas perigosas florestas das Clareiras das Feras seria rígido, mas a capitã Jesmiya parecia capaz de afugentar bestas de mana com apenas um olhar afiado na direção delas.

Trodius desviou o olhar do mapa para uma folha de papel que estava segurando.

— Capitã Jesmiya. As folhas de registro para limpar as masmorras, quão preciso é esse cronograma?

A capitã da Divisão Trailblazer endireitou as costas antes de falar.

— Bastante preciso. Mesmo levando em consideração o número de magos Alacryanos ao redor do portão de teletransporte e quanto o processo de corrupção avançou nos níveis da masmorra, minha unidade nunca demorou mais de uma semana.

— Uma semana é muito tempo. — afirmou o capitão sênior friamente. — O número de animais corrompidos que atacam a Muralha ainda está em declínio. Coloque suas unidades em um prazo estrito de quatro dias para cada masmorra.

— Mas, senhor! — A capitã Jesmiya levantou-se do assento. — Apressar as expedições nesse nível só causará mais baixas. Algumas dessas masmorras nunca foram limpas antes e é preciso muito cuidado, ou uma unidade inteira pode ser exterminada!

— Essa é uma ordem, capitã Jesmiya Cruwer. A Muralha é a última forma de defesa na fronteira oriental de Sapin. Se um soldado da sua unidade morrer na Clareira da Feras, a família desse soldado não estará em perigo. No entanto, se o número de animais se tornar maior do que este forte pode suportar, esses monstros e os magos Alacryanos que os controlam terão reinado livre sobre os civis das cidades próximas.

A expressão da capitã Jesmiya era ainda mais azeda do que antes, quando voltou ao seu lugar. O musculoso capitão Albanth, por outro lado, tinha toda a intensidade de um filhote de urso sentado desconfortavelmente de frente com a mulher loira de cabelos de fogo fervente.

Apesar de sua constituição de guerreiro, a maior parte da divisão do capitão era formada por trabalhadores e ferreiros responsáveis ​​por manter e continuar construindo a Muralha. Ele próprio havia sido um aventureiro aposentado da classe A, que abriu sua própria forja na cidade de Blackbend.

Com o contínuo sucesso da Muralha sob sua orientação direta, Albanth fora promovido recentemente de sua posição como chefe de unidade.

No entanto, com um capitão relativamente novo supervisionando principalmente o desenvolvimento e manutenção da Muralha e com a capitã Jesmiya dificilmente ficando parada em um lugar já que a maioria de suas tropas estava constantemente em diferentes partes da Clareira das Feras, Trodius Flamesworth fora designado para essa área como o capitão sênior ao qual Jesmiya e Albanth se reportavam diretamente.

Continuei ouvindo silenciosamente, enquanto os dois capitães continuavam seus relatórios ao Trodius, enquanto os poucos chefes presentes na reunião ocasionalmente faziam uma pausa para fornecer relatos mais detalhados quando solicitados.

Trodius ergueu os olhos das anotações.

— E qual é o progresso nas novas rotas para a nossa Divisão Trailblazer?

— Acabamos de proteger o quarto túnel. É o mais longo até agora, e a entrada está escondida em uma pequena fenda ao longo da margem do rio. Uma equipe de magos de terra ainda reforça o túnel, mas deve estar acessível à unidades dentro de uma semana. — explicou Albanth, traçando uma linha com os dedos que indicava o layout aproximado do túnel.

— Afaste um quarto dos trabalhadores e faça-os trabalhar noites. — afirmou Trodius. — Fomos obrigados a inundar outra rota na semana passada porque sua localização havia sido comprometida pelos Alacryanos. Proteger mais rotas subterrâneas é prioridade.

O capitão sênior voltou-se para a capitã Jesmiya.

— Há novas atualizações sobre a procura de portões de teletransporte?

A capitã balançou a cabeça.

— Tenho apenas uma unidade trabalhando em localizá-los. Vou precisar de mais tempo—

— Portão de teletransporte? — perguntei, meu interesse despertou.

— Sim. — respondeu Trodius, seus olhos rubros se voltando para mim. — Com os constantes ataques à Muralha, a melhor maneira de nossos soldados acessarem a Clareira das Bestas é através dos nossos canais subterrâneos. No entanto, com o novo modo de transporte que está sendo construído para conectar a Muralha à cidade de Blackbend, um “trem” é o que eu acho que eles estão chamando, teríamos um acesso muito melhor ao portão de teletransporte da cidade. Se conseguirmos localizar e conectar esse portão a qualquer portão das Clareiras das Feras, as tropas não precisarão perder horas marchando através de túneis subterrâneos.

Meus olhos focaram no mapa.

— Como você tem certeza de que existem portais de teletransporte nas Clareiras das Feras?

— Não temos. — respondeu ele com naturalidade. — É por isso que limitei os recursos para encontrá-los. Muitos dos textos antigos que temos nos portões apontam que alguns estão escondidos nas Clareiras das Feras, mas se é verdade ou não, permanece um mistério.

Os portões de teletransporte eram um assunto interessante para mim. Junto com o castelo flutuante e a cidade de Xyrus, os portões eram outra relíquia deixada para trás pelos magos da Antiguidade. Sempre foi fascinante para mim quando lia como esses magos antigos usavam magia para fazer coisas que até os magos mais fortes do presente não conseguiam sequer imaginar a replicação.

Os arcos de pedra gravados com runas indecifráveis ​​pareciam tão simples, mas cidades inteiras foram construídas em torno deles e contaram com eles como meios de transporte. Atualmente, os artífices apenas descobriram como conectar portas de teletransporte e mudar seus destinos. Quanto a realmente construir um, era um sonho distante.

— Qual método a unidade está usando para rastrear os portões? — perguntei. — Supondo que você não os faça passear cegamente.

Um leve sorriso se abriu nos lábios de Trodius Flamesworth.

— Prefiro não desperdiçar nem o menor dos recursos em empreendimentos como esse. Os portões emitem constantemente uma leve flutuação das partículas de mana. Normalmente, isso não seria detectável até para os melhores rastreadores, mas essas flutuações ocorrem em todo o espectro de elementos.

— Interessante. — acidentalmente disse em voz alta. Lembrei-me do meu tempo tentando rastrear flutuações de mana em Darv. Foi difícil, mas foi porque tinha procurado cegamente por quaisquer desvios na mana ambiental através do Realmheart. Se é para encontrar flutuações de todos os elementos, encontrá-los seria apenas uma questão de sobrevoar… Toda a Clareira das Feras.

Não importa, pensei. Uma perda de tempo, considerando que pode até não haver portões.

Meus pensamentos foram interrompidos por Trodius, que começou a empilhar suas anotações. Ele passou alguns minutos organizando meticulosamente e colocando perfeitamente suas pilhas de papéis antes de se encontrar com meu olhar.

— Minhas desculpas por tê-lo presente nesta reunião.

O capitão sênior da família Flamesworth levantou-se, apontando para o resto das pessoas presentes antes que eu o parasse.

— Será melhor para eles ouvirem isso também. — afirmei, ainda no meu lugar.

Não demorou muito tempo para explicar o que aprendi ao interrogar o Alacryano. Isso, e com a cena das memórias de Uto preenchendo algumas das lacunas, pude fazer uma análise aprofundada que até a capitã Jesmiya rabiscava furiosamente em um pedaço de papel.

— Intrigante. — Trodius refletiu. — General. Você diz que os magos Alacryanos têm uma forma muito limitada e especializada de manipulação mágica, mas o que está impedindo um “atacante”, por exemplo, de explodir sua mana em um ataque à distância?

— É como o capitão sênior diz. Não posso fornecer exatamente essas informações às minhas tropas, apenas para feri-las ou matá-las porque um atacante lançou um feitiço à distância ou um escudo foi capaz de conjurar uma lâmina de mana. — acrescentou Jesmiya.

— Não direi que você esteja totalmente confiante nessas informações. Melhor ainda, não conte às suas tropas ou apenas informe os chefes e peça que eles observem. Nossos inimigos usam a magia de maneira muito diferente de nós, mas isso nem sempre significa que é melhor. Estude e explore as falhas. — afirmei. — O Conselho estará esperando relatórios com base nas informações que estou fornecendo a você agora.

O Conselho não estava realmente ciente dessas informações ainda, mas estaria em breve e, sem dúvida, iria querer mais relatórios.

Contei aos presentes na reunião o resto do que sabia sobre as marcas, brasões, emblemas e regalias.

— Mais capitães receberão essas informações e deverão contribuir com relatórios sobre o que vocês descobrirem no campo de batalha. — levantei-me. — Isso é tudo.

Me despedi, não querendo ficar dentro mais do que o necessário. Durante toda a reunião, prestei muita atenção a Trodius Flamesworth.

Crescendo com a filha dele ajudando tanto a minha família quanto a mim, não pude deixar de me ressentir da família Flamesworth depois de ouvir em primeira mão por Jasmine como ela foi descartada por eles.

Minha animosidade se reduziu a Trodius Flamesworth depois de conhecer Hester e ouvir sobre o relacionamento entre Jasmine e o pai dela, mas depois de conhecer o homem hoje, tudo o que senti foi uma insensibilidade. No final, vim aqui como uma Lança, não como amigo de Jasmine. Ele pode ser um pobre pai chateado, e pode ter um coração frio até certo ponto, mas sua liderança era sólida.

Não muito tempo depois que saí da tenda, meu ambiente havia se tornado alto e ocupado. O chão não estava pavimentado, então uma camada de areia e poeira constantemente subia no ar a partir dos inúmeros passos. Trabalhadores, cobertos de sujeira e fuligem, misturavam-se entre comerciantes e aventureiros, alguns ainda segurando suas pás ou picaretas depois de terem sido liberados recentemente de seu turno. Barracas e carrinhos de vários fornecedores que percorreram um longo caminho gritavam seus produtos enquanto artistas se apresentavam nos cruzamentos em plataformas com uma caixa de instrumentos ou um chapéu virado para a frente para coletar dinheiro.

Um zumbido de conversas entre compradores e vendedores se misturou ao clamor que vinha da Muralha. Todo o forte parecia quase autônomo; cada pessoa aqui vinha por uma razão e seus passos e ações retratavam isso. Mais de uma vez fui chamado por um comerciante para uma barraca para que eles pudessem me vender alguma coisa.

— Olá! Rapaz! Seus sapatos parecem muito finos para alguém nessas partes. — gritou um homem corpulento de avental de couro. — Quem sabe você possa se interessar em um par de botas de couro nobre para seus pobres pés?

O homem acenou com o braço para a variedade de calçados de couro exibidos em prateleiras de madeira. Fingindo interesse, inclinei-me para a frente e toquei em algumas das botas que pareciam do meu tamanho.

— A seção que você está vendo tem uma camada de lã comprimida dentro. Juro, você sentirá como se estivesse andando em uma nuvem. — disse, excitado. Curioso, tirei os sapatos finos e enfiei os pés em um par de botas do comerciante.

Pulei algumas vezes antes de retirá-las. Colocando-as de volta na prateleira, dei um sorriso ao comerciante.

— Eu já andei em uma nuvem antes e isso não era exatamente o mesmo. Sapatos bonitos, no entanto.

Foi divertido passear pelas ruas movimentadas da fortaleza. Vestido com nada além de uma túnica solta com decorações mínimas e sem arma, a maioria me considerava o filho de um comerciante.

Mordendo um espeto de carne grelhada que tinha a textura de uma coxa de frango, parei em cada barraca que me interessou. Havia comerciantes carregando itens mais comuns, como roupas, peles, temperos e álcool, o que não era surpreendentemente popular pela quantidade de soldados e trabalhadores sobrecarregados de tarefas, enquanto alguns vendedores mais interessantes carregavam armaduras e armas encantadas. Um comerciante tentou muito me fazer comprar um cabo encantado que disparava uma rajada de fogo e fumaça de um pequeno bico, usado principalmente para autodefesa por nobres fracos até que eu conjurei uma esfera de fogo do meu dedo perto o suficiente para chamuscar sua franja e dar ao homem uma piscadela.

Quando o sol começou a se pôr, pensei em talvez passar uma noite em uma pousada que atendia aos visitantes da Muralha, quando uma buzina soou à distância.

Virando o meu olhar, vi um grande portão de metal com cerca de seis metros de altura, de onde a buzina tinha saído.

Me pergunto o que está acontecendo? Pensei logo antes de outra buzina tocar.

Seguindo atrás de um grupo de trabalhadores uniformizados ao mesmo passo que marchavam em direção ao portão, o vi se abrindo com um rangido.

Uma multidão já havia se formado ao redor do portão quando carruagens puxadas por bestas de mana começaram a chegar com magos e guerreiros caminhando ao lado deles com armas desembainhadas. A exaustão deles ficou evidente em sua postura e expressão quando os trabalhadores assumiram o controle e começaram a pegar caixas lentamente para fora das carruagens.

Eu dei um passo à frente para ver melhor quando, pelo canto dos olhos, vi meu pai.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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