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O Começo Depois do Fim – Cap. 187 – Dentro do cofre

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Meus pensamentos voltaram à visão da forma de Sylvie mudando enquanto absorvia a mana do chifre de Uto. Fazia alguns dias desde aquela noite, mas sua mudança inexplicável de forma me preocupou. Meus dias foram agitados; se não estava treinando, estava em uma reunião ou aconselhando Gideon com o projeto do trem ou aconselhando Virion sobre vários aspectos da guerra. Mesmo assim, meus pensamentos sempre voltavam ao que vi naquela noite.

Sylvie não parecia sentir que havia algo errado, pelo contrário. Meu vínculo ficou totalmente apaixonado pelo chifre e pela mana que fornecia para ela. Depois daquela noite, me pediu um espaço privado para poder continuar absorvendo a mana do retentor sem interrupções. Não a vejo desde então, a única coisa que me conforta é os traços calmos de seu estado mental que emitia através de nossa conexão.

— –neral Arthur!

Me levantei na cadeira com a voz estridente, apenas para ver que todos na sala estavam olhando para mim. A grande mesa redonda que tinha substituído sua antecessora tinha as três lanças restantes além de mim e dos cinco membros do Conselho, todos sentados em grandes cadeiras almofadadas. Juntando-se a nós hoje para a reunião emocionante e divertida, estava Gideon, que parecia estar totalmente concentrado em pegar alguma coisa em sua orelha esquerda.

Ah, certo, eu estava em uma reunião.

— Você está se sentindo bem, general Arthur? — perguntou o rei Glayder, sua expressão misturada mais com irritação do que preocupação.

Me mexi no meu lugar.

— Claro.

A linha de visão do rei baixou para a minha mão. Eu segui o seu olhar, apenas para perceber que a pena que eu tinha na mão tinha quebrado ao meio com meu aperto.

Limpando a garganta, eu enfrentei todos.

— Me desculpem. Fiquei perdido em meus pensamentos por um momento. Por favor continue.

— Passamos ao tópico do chamado “trem” que você e o Artífice Gideon estão desenvolvendo. Esperávamos que vocês dois fossem capazes de nos dar uma atualização de como está indo. — Declarou a rainha Eralith, seu olhar alternando entre eu e Gideon, que estava sentado alguns assentos à minha esquerda.

Gideon e eu discutimos no dia anterior sobre os detalhes finais do projeto. Estávamos prontos para avançar para a construção do veículo para garantir uma rota de suprimento rápida e segura da cidade de Blackbend até o muro.

— Ah, sim.  — O artífice alisou um vinco em seu jaleco sujo — “O navio”quero dizer, o trem será capaz de carregar pelo menos vinte vezes mais suprimentos do que utilizar esquadrões de carruagens como temos feito até agora.

— E quanto aos perigos em potencial ao atravessar de Blackbend até o muro? — Varay perguntou com um olhar curioso. — Pelo que eu li, esse “trem” parece ter um caminho definido ao qual está limitado. Isso não tornaria mais fácil para os bandidos, ou mesmo os alacryanos, atacarem e cercarem?

— Concordo. Imagino que seja fácil destruir uma parte da pista em que o trem depende. — acrescentou Aya casualmente.

— Ambos ótimos pontos, generais! — Gideon exclamou. — Arth—o general Arthur e eu também vimos essa armadilha e criamos uma solução.

— Oh? E qual seria essa solução? — Virion perguntou com uma sobrancelha levantada.

O artífice respondeu com um sorriso sarcástico.

— Colocar no subsolo, comandante!

Houve um momento de silêncio em que a realeza e as lanças presentes refletiram sobre a solução antes que o rei Glayder falasse com um tom áspero.

— O custo de fazer tudo isso seria muito grande, você não acha?

Gideon soltou uma tosse e olhou para mim, seus olhos praticamente me implorando para assumir. Sendo o renomado artífice que era, Gideon teve a riqueza e influência para criar a maioria das invenções que queria, mas, na verdade, calculando o custo e o benefício de criar algo em uma escala tão grande como isso, era estranho para ele.

Felizmente, depois de ter lido numerosos livros sobre economia e de ter sido ensinado pessoalmente pelo astuto e engenhoso líder do Conselho em meu mundo anterior, Marlorn, tinha a resposta.

— Você está pensando da maneira errada, rei Glayder. Os custos iniciais podem parecer altos, mas esse projeto serve para potencialmente resolver três problemas ao mesmo tempo.

— Estou ouvindo. — respondeu com uma sobrancelha levantada ao mesmo tempo em que todos se inclinavam um pouco mais perto.

Respirei fundo e reuni meus pensamentos.

— Além do principal problema que estamos tentando resolver, que é uma maneira mais eficiente de transportar suprimentos para soldados estacionados no Muro, a construção do trem ajuda a resolver dois problemas periféricos. Um é o custo prejudicialmente crescente de compras de bestas domesticadas de mana por conta do estado em que as Clareiras das Feras está atualmente, enquanto a outra é a crescente pobreza.

— Aumento da pobreza? Que bobagem. — Bairon deixou escapar. — Por causa da guerra, os negócios estão crescendo!

— Deixe o general Arthur terminar! — A rainha Glayder cortou bruscamente, me surpreendendo.

— Obrigado. — Me dirigi à mãe de Kathyln antes de continuar. — Para não parecer frio, os negócios em expansão beneficiam principalmente os proprietários e clientes altamente qualificados, não os cidadãos de classe baixa. Rainha Glayder, imagino que você tem relatórios de várias cidades mencionando um crescente número de tumultos causados ​​por aumentos de impostos e preços de bens básicos por causa da demanda da guerra, correto?

Ela folheou várias páginas da bela pilha de papéis à sua frente.

— Como você… sabia disso?

Explicar tudo seria complicado, então apenas dei de ombros.

— Simples relação de causa e efeito. Esta guerra tem precedência sobre todo o resto, o que significa que serão dadas prioridades às pessoas que fazem parte desta guerra. Para todos os outros, simplesmente significa um aumento no custo de vida enquanto seus salários podem, mas não necessariamente, aumentar. Mais do que isso, por causa dos vários ataques perto das costas e fronteiras, os pescadores não conseguem pescar e as terras agrícolas foram destruídas.

— E então você está dizendo que este projeto será um meio de criar empregos para essas pessoas? — O rei Eralith terminou.

Assenti.

— Esse caminho subterrâneo usando o trem será um grande projeto que não pode ser concluído com apenas alguns magos competentes de terra. E enquanto os magos serão necessários para a segurança dos trilhos em locais predeterminados; há muitas tarefas que podem ser realizadas por trabalhadores normais durante o processo de construção e manutenção.

— Esses são bons argumentos, general Arthur, mas que tal usar escravos? — rei Glayder argumentou. — Não seria apenas mais eficiente e econômico que eles realizem o trabalho em vez de pagar trabalhadores?

Em vez de responder, olhei para Virion. Um dos muitos tópicos que discutimos envolveu escravidão, e a pergunta de Blaine agora caiu em uma das explicações que dei ao comandante.

— O trabalho escravo tem seus limites à medida que o trabalho se torna mais qualificado, rei Glayder. Não acho que deveríamos pensar neste projeto do trem como um empreendimento único, mas o começo de uma nova era. A introdução do motor a vapor fornecerá uma nova linha de trabalho para trabalhadores que não precisam de magia. Se os trabalhadores realmente constroem os trilhos ou os projetistas planejam as rotas de uma cidade para outra, todos exigem habilidades que nunca resultarão daquilo que um escravo é forçado a fazer. — afirmou com confiança.

A sala de reuniões ficou em silêncio pela primeira vez no que pareceu horas, até que uma mão de manga branca se levantou.

Todos se voltaram para Gideon, que estava apoiando a cabeça em uma mão enquanto levantava a outra.

— Eu não sabia se era apropriado falar neste silêncio bastante desconfortável. De qualquer forma, eu só queria dizer que esse projeto será realmente o começo de muitos e será um terreno fértil para promover novos conjuntos de habilidades. Se possível, prefiro não trabalhar com escravos obrigados a estar lá, pois sem dúvida eles estarão fazendo o mínimo necessário, o que reduzirá a produtividade desse projeto bastante urgente.

Com isso, a discussão terminou e todos votaram anonimamente em um pedaço de papel. Depois de revisar os resultados, fiquei feliz que as horas de discussão sobre o assunto não foram para nada. O projeto de construção da rota e trem subterrâneos foi concedido juntamente com várias políticas pertinentes ao projeto, uma das quais incluiu a proibição do trabalho escravo. Confiei em Gideon, que seria o chefe deste projeto, para ser capaz de gerenciar adequadamente a cadeia de comando para que as pessoas que participarem neste projeto possam trabalhar, se não liderar, o próximo projeto de rota.

Foi interessante ver uma nova era começar lentamente, uma era que só existia em livros didáticos no meu velho mundo, se desenrolar aqui. Esta “revolução industrial” que talvez tenha começado com a introdução do motor a vapor sem dúvida foi apressada pela guerra com Alacrya.

Embora nunca fosse alguém que apoiasse a guerra, tive que admitir que isso trouxe alguns aspectos favoráveis ​​à mesa.

— Nossas pequenas “conversas” parecem estar dando frutos. — Virion riu enquanto caminhávamos por um corredor estreito o suficiente para acomodar três pessoas lado a lado.

Dois guardas armados seguiram de perto ao mesmo tempo que um liderava o caminho apenas alguns passos à nossa frente.

— Você quer dizer minhas palestras perspicazes sobre guerra e economia? — corrigi.

— Oh, cale-se. Considero isso o pagamento por abrigar você enquanto era uma criança por mais de três anos. — replicou o velho elfo.

Dei de ombros.

— Eu não me importo. Tenho certeza de que você chegaria a uma conclusão semelhante sobre o uso de trabalho escravo de qualquer maneira.

— Provavelmente não tão eloquentemente como coloquei na reunião. — admitiu Virion. — Os elfos proíbem a escravidão há mais de cem anos, mas foi por razões morais. Não tinha pensado nos benefícios econômicos até que você apontou na semana passada.

— Bem, em um continente dividido principalmente por pessoas que podem usar magia e pessoas que não podem, é difícil ver muitas coisas do passado. — disse enquanto continuamos nossa caminhada pelo corredor descendente.

— Você parece estar em um mundo que não é dividido por usuários magos e pessoas normais. — brincou Virion.

Respondi com um sorriso que não chegava aos meus olhos, optando por um silêncio que durou até chegarmos a uma porta grossa de metal com apenas um guarda presente.

O jovem elfo, evidente por suas longas orelhas saindo dos cabelos cortados, era de baixa estatura, mas com músculos flexíveis estriados protegido minimamente por armaduras. Pude notar por sua rica aura amarela que, como eu, qualquer forma de armadura grossa mais atrapalharia do que protegeria. O guarda estacionado tinha duas espadas curtas sem adornos que se curvavam na ponta pendurada em sua cintura, em oposição às lanças dos soldados os seguindo, mas mesmo de relance pude ver que ele poderia acabar com todos os três soldados “nos protegendo”.

Seus olhos que estavam vidrados de tédio se animaram quando viu Virion e eu.

— Boa noite, comandante Virion e… general Arthur. Ou já é de manhã? Peço desculpas porque não há janelas aqui para eu possa saber.

— Não faz muito tempo, Albold. — Virion respondeu com um sorriso antes de se virar para mim. — Arthur. Esse aqui é Albold Chaffer da casa Chaffer. A família dele é uma forte família militar que serve a família Eralith há gerações. Albold, tenho certeza que você já ouviu falar de Arthur Leywin.

— Disseram-me que ele pode se tornar o novo herdeiro da família Eralith. — Disse Albold, com os olhos afiados brilhando de interesse.

Soltei uma tosse, lançando um olhar afiado para Virion.

— Novo herdeiro?

— Bem, general Arthur, quando a família real não tem um filho, o homem que se casa com a…

Estendi a mão.

— Entendi.

— Sempre quis conhecer pessoalmente o jovem general, mas estava pres—abençoado com o dever primordial de guardar essa porta. — disse ele apontando para a grossa porta de metal. — Imaginei que era você vindo aqui, mas é difícil acreditar que você é ainda mais imponente do que havia imaginado.

Inclinei minha cabeça.

— Tenho certeza que estive escondendo minha presença.

— A família Chaffer é conhecida por seus sentidos bastante assustadores. — explicou Virion.

— O que ele está fazendo aqui, então? — Perguntei, em relação ao elfo não muito mais velho que eu. — Suas habilidades seriam mais adequadas para o campo, não?

— Albold estava nas Clareiras da Besta até que desafiou uma ordem direta de seu comandante. Virion suspirou. — Normalmente, isso acabaria com ele recebendo um rebaixamento e algumas punições rigorosas, mas conheço o garoto e aconteceu de eu estar no local, então o peguei e o coloquei aqui.

— E minha gratidão por esse gesto é tão ilimitada quanto o mar do norte! — Albold sorriu, curvando-se profundamente.

Os guardas atrás de nós murmuraram algumas palavras de desaprovação, mas pararam quando Albold os encarou.

— Enfim, chega desse problema. — disse Virion secamente. — Albold, vamos entrar e tranque a porta assim que passarmos por ela.

— Sim, comandante! — O elfo fez uma saudação antes de destrancar a porta e abri-la.

Um cheiro sujo e mofado infundido com o cheiro de decomposição imediatamente bombardeou meu nariz quando a entrada da masmorra foi aberta.

— Tenham uma estadia agradável, pessoal. — disse Albold, gesticulando para dentro como um guia turístico.

Virion revirou os olhos e murmurou algo sobre contar ao pai de Albold ao mesmo tempo que seguia atrás do soldado principal. Foi divertido ver Albold enrijecer e empalidecer depois de ouvir sobre seu pai.

Surpreendentemente, o primeiro nível da masmorra não era tão ruim quanto me lembrava quando cheguei aqui depois do incidente em Xyrus. A área estava relativamente bem iluminada com celas espaçosas que pareciam estar vazias por um tempo. Se não fosse pelas misteriosas paredes de pedra que inibem a manipulação de mana e se as celas tivessem portas em vez de barras de metal reforçadas, pareceria que os projetistas deste castelo ficaram preguiçosos depois de chegar a esta área e apenas decidiram chamá-la de uma masmorra.

Ainda assim, a falta de ventilação era sufocante, as celas estavam praticamente vazias, também parecia que elas não eram limpas há muito tempo.

— Isso traz algumas lembranças desagradáveis? — Virion perguntou, me pegando estudando a cela exata em que eu estava trancado.

— Tipo isso. Eu estava pensando em como era engraçado ter acabado de voltar de uma reunião com o homem que conspirava ao lado dos Greysunders e dos Vritra para me matar. — Expliquei, ignorando os olhares cautelosos dos guardas ao nosso redor.

A voz de Virion ficou séria.

— Se tivesse sido exclusivamente ao meu critério, eu os teria prendido, mas lorde Aldir estava certo em que nós precisamos dos Glayders. Os Greysunders sempre tiveram um domínio fraco sobre seu reino, mas os Glayders são respeitados, quase reverenciados por quase todos humanos. Sapin estaria em caos se soubessem o que aconteceu. Não é algo que precisamos para esta guerra.

Assenti.

— Falando nisso, onde está esse Asura de três olhos, afinal? Ele não apareceu nem mesmo depois do que aconteceu com Rahdeas e Olfred.

— Asura de três olhos… é por causa de sua jornada para Epheotus que você pode ser tão casual com os Asuras? — Virion soltou uma risada. — E eu não consigo me comunicar com lorde Aldir através do artefato de transmissão que ele me deu.

— Isso não é bom. — suspirei quando comecei a caminhar novamente para o final da masmorra. — Falaremos mais sobre isso mais tarde.

— Concordo. — Virion respondeu solenemente, seguindo de perto.

Chegamos ao final do andar, onde duas celas haviam sido montadas para se tornar uma sala grande e espaçosa. A cela tinha uma cama grande coberta com bichos de pelúcia e um sofá com um jogo de chá decorado em uma mesinha à sua frente. Atualmente, ocupando o sofá, estava uma menina balançando a cabeça para dormir enquanto lia um livro.

Fiz um gesto para o guarda destrancar a cela e entrei.

— Ei, Mica. Desculpe por demorar tanto para visitá-la.

A lança largou o livro e esticou as pernas e os braços finos.

— Olá, Arthur.

Conversamos um pouco enquanto Virion e os guardas esperavam do outro lado da cela. O velho elfo tinha uma expressão sombria, sem dúvida pela culpa de tê-la escondida aqui enquanto as investigações ainda estavam em andamento.

Devido à sua posição e ao fato de Olfred e Rahdeas terem traído Dicathen, o assunto teve que ser examinado com o maior cuidado possível antes que lhe fosse permitida a liberdade.

A lança anã e eu conversamos sobre coisas sem importância, enquanto a informava sobre como meu treinamento estava progredindo. Ela tentou me dar algumas dicas sobre magia da gravidade, mas tive dificuldade em seguir suas explicações sem sentido.

— Não demorará muito até que a equipe que Virion enviou tenha reunido evidências suficientes. — consolava.

Mica me deu um sorriso.

— Mica sabe. Não se preocupe comigo e faça o que você tem que fazer. Mica não culpa ninguém senão aquele velho desgraçado, Rahdeas.

— Bem, eu vou lhe dizer agora que a cela dele não é tão boa quanto a sua. — ri.

Ela assentiu.

— Tire Mica daqui logo, ok? Ficar sozinha aqui sem poder usar magia é tão chato.

— Claro! — Prometi, dando-lhe um abraço antes de sair da cela.

Acenei mais uma vez antes de seguir Virion e os guardas até a porta enigmática no final do corredor.

— Pronto? — Virion perguntou, sua expressão sombria.

— Vamos acabar com isso.

Eu pensei que o fedor do primeiro nível da masmorra era ruim, mas o nível mais baixo era indutor de vômito.

Podia sentir meu estômago revirar com o odor acre e metálico de produtos químicos e sangue. Suprimindo o desejo crescente de vomitar, segui Virion pelo lance escuro de escadas até chegarmos a uma pequena área que abrigava os criminosos mais hediondos. Fiquei surpreso por poder usar magia lá dentro, mas examinando as paredes e os cofres fechados da sala, tinha quase certeza de que o uso da magia se limitava apenas à pequena passagem entre as celas.

Um homem musculoso, de avental ensanguentado, com o rosto coberto por uma máscara negra, nos cumprimentou junto com um homem magro, idoso, de costas curvadas e nariz empinado.

— Comandante. General. Estamos honrados em vê-los aqui. — O velho falou com uma voz irritante.

— Gentry. — Virion cumprimentou de volta. — Leve-nos para Rahdeas primeiro.

O ancião olhou para mim com incerteza, mas respondeu com um assobio.

— Ao seu comando. — O ancião murmurou.

Seguimos atrás do ancião quando praticamente deslizou para uma pequena cela à nossa esquerda e gesticulou com um arco.

— Aqui está o criminoso.

Apesar de ser o cuidador de Elijah e basicamente sua figura paterna, eu tinha pouco carinho pelo traidor, mas até eu tinha dificuldade em dizer com confiança que ele merecia estar no estado em que estava agora.

A cela estava escura e as sombras censuravam a maioria de seus ferimentos, mas podia dizer pelos cortes e manchas de sangue em seu corpo completamente nu que ele estava sendo constantemente torturado. Suas mãos que estavam amarradas na cadeira em que estava sentado estavam ensanguentadas nas pontas.

Suas unhas foram arrancadas, notei com um estremecimento.

Mais do que os ferimentos físicos, o que me deu arrepios foi a expressão vazia de Rahdeas. Seus olhos estavam enevoados e um rastro de saliva desceu do canto de sua boca.

— Ah, o estado atual dele é causado pelos efeitos colaterais do meu interrogatório. — Disse o homem idoso, percebendo meu olhar.

— Gentry é especialista em magia do vento e de som para criar alucinações para interrogatórios. — Explicou Virion.

Era nessas ocasiões que pensei na verdadeira função da magia. Assim como a tecnologia, a magia poderia ser tão facilmente usada para destruir quanto poderia ser usado para criar algo bom.

— O traidor é forte. Acho que vai demorar um pouco mais para quebrá-lo. — Afirmou Gentry amargamente.

— É imprescindível que possamos descobrir o que ele sabe. — Respondeu Virion secamente, lançando um olhar desdenhoso para Rahdeas antes de voltar para o velho. — Agora, o que dizer do Retentor?

— Ah sim. Ele é um espécime mais fascinante. Sua pele é muito grossa e mesmo com sua incapacidade de usar magia, é muito forte mentalmente também. Sinto que estamos perto para quebrá-lo embora. Mantê-lo no cofre pequeno, para que seu movimento seja limitado, o deixou louco. Disse o velho com alegria.

Virion lançou um olhar de desaprovação para Gentry, mas não disse nada.

Soltando uma tosse, Gentry fez um gesto para que o seu associado abrisse a abóbada grossa com runas inscritas em cada centímetro da caixa. Parecia mais como um caixão para uma criança.

— Por favor, tenha cuidado, comandante. General. Embora o cofre evite que o Vritra use magia, ele ainda é bastante forte e está em um estado de espírito bastante louco agora.

O cofre se abriu e eu me vi com os olhos presos em Uto vestido com roupas de contenção. Apenas um olhar foi suficiente para me dizer que ele estava longe de ser quebrado.

O retentor abriu um sorriso quando me deu uma piscadinha.

— Olá filhote.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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