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O Começo Depois do Fim – Cap. 185 – Mentalidade ofensiva

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Olhando para cima, fixei meus os olhos em Varay ao mesmo tempo em que ela voltava à sua forma normal, o gelo que estava a envolvendo derretendo lentamente.

— Bom duelo, general Arthur. — Reconheceu Varay, estendendo a mão.

Agarrei seu braço e permiti que ela me levantasse.

— Como esperado, ainda há uma lacuna entre nós.

— Se você fosse capaz de manter essa forma por mais tempo, haveria uma chance de você me dominar. — Admitiu a lança.

— Considero essa forma um poder emprestado, não meu. — ri, batendo na poeira da minha roupa. — Pensei que tinha dominado o gelo em grande parte, mas te ver hoje me faz duvidar de mim mesmo.

Varay revelou apenas um leve sorriso antes de ir em direção a minha irmã e ao resto da nossa platéia.

Assim que voltamos ao grupo, os anciãos, Bairon e Virion, que estavam trocando moedas de ouro entre si por razões que desconheço, ansiosamente começaram a me bombardear com sugestões e críticas sobre o que fiz de errado durante minha sessão de luta com Varay.

— Seus feitiços de fogo são fortes, mas você gastou uma quantidade desnecessária de mana para cada um deles. — Começou Hester.

— Isso mesmo. — Buhnd entrou na conversa. — E houve muitos casos em que utilizar a magia da terra seria mais benéfico, mas você escolheu voltar aos seus elementos de maior afinidade.

Minha cabeça girava quando tentava manter contato visual com todos que estavam falando comigo até Alanis falar.

— Anciãos. Eu acredito que seria mais benéfico para o general Arthur, se falássemos um de cada vez em um ambiente mais controlado.

— Concordo. — Acrescentou o general Virion. — Vamos nos reunir e examinar o que nosso jovem general fez de errado!

Com isso, me vi em uma cadeira de pedra, graciosamente erguida por Buhnd, sentado em um círculo como uma criança e seus colegas de classe para uma atividade em grupo. Exceto que meus colegas de classe talvez são algumas das figuras mais poderosas e influentes de todo esse continente.

Ellie e Boo se juntaram a nós no círculo, mas permaneceram em silêncio enquanto todos começaram a apontar casos específicos em minha última luta, onde havia algo melhor que eu poderia ter feito.

— Usar o vento para reforçar seus feitiços foi uma boa ideia, mas sua aplicação foi em um nível básico. — Explicou Camus. — Por exemplo, em vez de usar o vento para “empurrar” a lança do raio, por que não integrá-la ao redor de todo o feitiço? Dessa forma, você criaria uma força giratória para fortalecer seu poder penetrante sem usar muito mais mana.

Estava refletindo sobre a análise do ancião élfico quando outra voz falou. Era Bairon.

— Devido à natureza do elemento, moldar o raio é muito mais difícil do que moldar o fogo. Um ataque mais eficiente estaria moldando o fogo em uma forma penetrante e revestindo-a com raio. — disse severamente.

— O-obrigado… pelo conselho. — disse, surpreso por sua ajuda. Entendia que estávamos do mesmo lado e tudo, mas ainda fui eu quem matou seu irmão brutalmente.

Não me interpretem mal, Lucas merecia cada grama do que eu fiz com ele e muito mais, mas isso não necessariamente impediria Bairon de levar pro lado pessoal as minhas ações contra sua família.

— Permitam-me apenas dar uma visão. — disse Varay. — Seu controle sobre o gelo é bom, mas como seu oponente, era muito óbvio para mim que sua magia de gelo servia apenas como uma distração. Tenho certeza de que a princesa Kathyln também viu isso.

A princesa assentiu.

— Além do feitiço Zero Absoluto, a maior parte de sua manipulação no gelo serve para desviar a atenção de seu inimigo dos feitiços de raios mais poderosos.

Me tornei tão previsível?

Como se respondesse ao meu pensamento, Varay acrescentou.

— Sua velocidade e encadeamento de feitiços compensam essa ligeira falha, mas suspeito que isso, em uma batalha prolongada, possa levar à sua derrota.

— Vou manter seu conselho em mente. Obrigado. — alternei meu olhar para Kathyln. — Vocês duas.

Virion aproveitou esta oportunidade, levantando-se do assento de pedra e apertando as mãos.

— Bem, peço desculpas por nossa pequena interrupção. Continue com o treinamento, Arthur. Minhas expectativas de seu crescimento são altas, especialmente porque você está tirando uma folga do campo de batalha.

O comandante me deu uma piscadinha antes de caminhar em direção à entrada com as mãos atrás das costas. As duas lanças seguiram de perto de ambos os lados dele e meus olhos seguiram suas figuras até as grandes portas se fecharem atrás deles.

— Isso foi cansativo. — disse Emily, soltando um suspiro profundo.

— Estar em uma sala com duas lanças e o comandante Virion realmente não deixa espaço para respirar. — Minha irmã acrescentou, caindo em cima de Boo.

— Três lanças. a corrigi. — Seu irmão também é uma lança, sabia.

— Bem, você é meu irmão primeiro. — Ela dispensou com um aceno de mão.

Levantei-me da cadeira e estiquei os membros doloridos.

— Vou aceitar isso como um elogio.

— Acabou o treinamento pro hoje? — Kathyln perguntou com seus olhos baixos.

Emily foi até o painel, lendo cuidadosamente um dos indicadores.

— Bem, ainda há muita mana armazenada aqui de antes se você quiser continuar treinando.

— Soa como um plano! — Buhnd exclamou, levantando-se da cadeira. — Estou com vontade de alongar meu corpo depois de assistir a luta. Você toparia uma pequena partida, princesa?

Kathyln assentiu ansiosamente e seguiu atrás do ancião anão até o outro extremo do campo de treinamento.

— Acho que vou embora primeiro. — disse minha irmã, no meio do bocejo.

— Você quer que eu te acompanhe até o seu quarto? — perguntei.

Ellie balançou a cabeça, dando um tapinha no corpo grosso de Boo.

— É para isso que eu tenho Boo.

Balancei a cabeça, dando um sorriso para ela.

— Boa noite.

Com os olhos semicerrados, me fez uma saudação fraca.

— Boa noite, anciãos. Boa noite, Emily. Boa noite, Srta. Emeria. E boa noite, Lança Arthur.

Zombei.

— Garota atrevida.

Minha irmã piscou os olhos inocentemente antes de sair da sala, deixando apenas Emily, Alanis e os dois anciãos restantes.

— Sua irmã é muito diferente de você, general Arthur. — Comentou Alanis.

Eu não pude deixar de sorrir.

— Ela definitivamente puxou mais nosso pai.

— E você se parece mais com sua mãe? — A assistente élfica perguntou com seus olhos focados nas figuras de Kathyln e Buhnd.

Assisti os dois também, ajustando o equipamento de duelo antes de começar a treinar.

— Não tenho certeza. Eu gostaria de pensar que sou uma mistura de ambos.

— Com quem mais você se pareceria se não fosse com um deles? — Hester perguntou.

Simplesmente dei de ombros, incapaz de formar uma resposta melhor, quando ouvi um bocejo por trás.

Olhando por cima do ombro, pude ver a cabeça de Emily balançando enquanto ela lutava para ficar acordada.

— Emily! — Gritei, assustando a artífice.

Emily se atrapalhou com os botões do painel, como se estivesse trabalhando.

— Não estou dormindo!

— Ninguém disse que você estava. — ri. — Mas talvez você deva descansar um pouco.

— O general Arthur está certo. — Afirmou Alanis. — Tenho conhecimento básico de como operar o dispositivo.

A artífice soltou outro bocejo, ajustando os óculos.

— Obrigado, mas está tudo bem. Preciso coletar mais dados e comparar o FPU dos Generais Varay e Arthur da última batalha.

— Falando nisso, você realmente não nos forneceu nenhum dado durante minhas sessões de treinamento com os Anciões nos últimos dias. — disse.

— Estive pensando sobre isso também. — Acrescentou Camus, desviando o olhar do duelo de Kathyln e Buhnd. — Estou curioso para ver a força de meus feitiços.

— Sim, claro. No entanto, os números não terão realmente nenhum significado para eles individualmente. — Explicou Emily. — Atualmente, tenho alguns assistentes em várias academias testando versões mais baixas desse artefato para obter gravações dos estudantes de lá, para que possamos ter resultados o suficiente para formar um espectro.

— Ah, então o FPU é destinado a ser usado para realizar comparações entre outros magos? — confirmei.

A artífice assentiu excitada.

— Exatamente! Posso, no entanto, comparar as leituras de FPU entre os magos presentes aqui, porém seria mais confiante nas medições gerais após coletar mais dados.

Os lábios de Camus se curvaram em um sorriso, seus olhos escondidos por trás da franja loira prateada.

— Gostaria de saber quem entre nós Anciões é o mais forte.

Os dois anciãos logo entraram em uma discussão sobre quem eles achavam mais forte, enquanto eu concentrava meu olhar em Kathyln e Buhnd.

O duelo estava chegando ao fim. Kathyln estava quase sem fôlego, enquanto Buhnd mal acabara de suar. Picos de gelo e a terra os cercava e pequenas crateras espalhavam-se pelo chão, mas ninguém tinha feridas visíveis além da fadiga. Não foi até que finalmente a princesa inclinou a cabeça em um arco sinalizando que o duelo havia terminado.

— Você está pronto para um pequeno aquecimento com este velho elfo? — Camus perguntou de repente, virando-se para mim. — Quero te mostrar algo.

Minha reserva de mana estava quase completamente esgotada e meus membros doíam, mas o ancião despertou meu interesse.

— Certo. Só se Hester não se importar.

— Não se importe comigo. — A guardiã de Kathyln dispensou. — Vou ficar aqui e julgar vocês dois de longe.

Nós dois passamos por Buhnd e Kathyln a caminho do outro lado da sala de treinamento. Estendi minha mão para a princesa, esperando um high-five. Em vez disso, tudo o que consegui foi um olhar confuso antes que ela timidamente apertasse minha mão entre suas mãos.

Eu reprimi uma risada, repreendendo-me por esperar que uma princesa conhecesse uma saudação casual que talvez nem existisse neste mundo.

— Vocês dois terminaram? — Camus perguntou com um sorriso.

Kathyln, que eu percebi que ainda estava segurando minha mão, rapidamente soltou e saiu correndo.

Posicionando-nos a alguns metros de distância, apertei as faixas em volta dos meus membros e me preparei para começar.

Camus abaixou sua postura, estendendo uma palma aberta para mim.

— Antes de começarmos, quero que você dê um soco em mim aqui.

— O que?

— Um soco, bem aqui nesta palma que estendi tão elegantemente.

— Apenas um soco? — Eu confirmei confuso.

— Um soco fortalecido, um que você bateria em seus inimigos. — Ele abriu as pernas um pouco mais. — Vamos lá, eu estou pronto.

— Okay. — Dei de ombros antes de percorrer os poucos metros entre nós. Fixando meu pé logo abaixo do braço estendido, virei meus quadris, cintura, ombro e braço em um movimento fluido. A mana aumentou, fluindo em conjunto com o soco para produzir um efeito conciso e explosivo sem desperdiçar uma gota.

Assim que meu punho estava prestes a bater na palma de Camus, de repente, parecia que eu estava tentando forçar meu punho através de uma espessa camada de piche. Poderia ver meu próprio punho diminuindo a velocidade, quase fazendo barulho, que caiu suavemente na mão aberta de Camus.

O velho elfo agarrou meu punho e o sacudiu como se estivéssemos apertando as mãos.

— Olá.

Eu peguei minha mão do seu alcance.

— Que raios foi aquilo?

— Você é um rapaz inteligente, descubra. — Respondeu o ancião.

Olhando para o meu punho ileso, passei pelo que acabara de acontecer. Depois que minha surpresa inicial acabou, foi bastante fácil deduzir que ele de alguma forma usou o vento para amortecer meu soco, exceto que eu mal senti flutuações de mana em torno de sua mão.

— Já descobriu? — Camus perguntou.

Minhas sobrancelhas franziram em pensamento.

— Você usou o vento para parar meu soco.

— Um pouco amplo para uma resposta, você não acha? — O ancião soltou uma risada. — Tive uma ideia nesses últimos dias, mas seu duelo com a general Varay foi o que me fez ter certeza.

— Podemos tentar isso de novo? — perguntei, dando um passo para trás.

Ele levantou a palma da mão novamente.

— Certo.

O soquei novamente, resultando no mesmo efeito. Eu o soquei mais uma vez, incapaz de entender exatamente como ele estava usando o vento para conseguir isso.

— Mais uma vez. — disse, a frustração vazando da minha voz.

A teoria básica da mana afirma que a colisão de elementos semelhantes se enfraquece ou se cancela completamente com base na produção de mana.

Utilizando a teoria que havia aprendido em um dos muitos livros que tinha lido quando bebê, fortaleci meu punho com a mana de atributo do vento.

Restringi minha produção de mana, já que dispersar a técnica de Camus não era meu objetivo. Quando dei um soco novamente, desta vez, senti. A pressão do ar.

Meu punho atingiu mais firme desta vez, soando um sólido tapa que fez o elfo tomar um passo para trás.

Ele esfregou a mão machucada.

— Você pegou rápido.

— Você usou a pressão do ar! — sorri animadamente. — Você criou um vácuo ao meu redor e aumentou a pressão do ar na palma da mão para diminuir a velocidade do meu punho.

O ancião inclinou a cabeça.

— Você usa termos estranhos, mas parece que você entendeu a essência.

— Isso é brilhante! Como você pensou em fazer isso? — perguntei, incapaz de conter minha emoção.

Este era um mundo em que o progresso científico estava a quilômetros de onde eu vim. No entanto, Camus descobriu como utilizar um dos princípios avançados de pressão do ar não apenas em si mesmo, mas também em seu oponente, para criar um efeito poderoso.

Por que eu não pensei nisso? Me perguntei. Tinha o conhecimento em mim, mas não consegui aplicá-lo a um aspecto tão importante deste mundo.

A voz de Camus me trouxe de volta à realidade.

— Você provavelmente está pensando “por que eu não pensei nisso”, certo?

Eu olhei para cima.

— Si-sim.

— É o que eu suspeitava desde o início. — respondeu Camus. — Hester, Buhnd, a princesa e eu estamos aqui porque você queria mergulhar em todos os elementos, na esperança de que você entenda um pouco de como utilizamos nossa magia, para que você possa incorporá-la ao seu próprio estilo, certo?

— Basicamente. — concordei.

A voz do ancião ficou afiada.

— Bem, o problema está no fato de o seu “estilo” ser tão distorcido, que você nunca pensou em usar a miríade de elementos que você tem à sua disposição em medidas defensivas, além da maneira óbvia de levantar um muro.

— Você só pensou no vento em forma de lâmina ou tornado. Você pensa na terra como um espinho ou uma parede, mas dominar essas afinidades elementares significam conhecer as sutilezas de sua natureza que nem sempre são visíveis ou voltadas para matar seu inimigo. — Camus me repreendeu com sem seu comportamento sardônico habitual. — Vi você estudando essas marcas no chão durante o duelo de Buhnd com a princesa. Você sabe que é isso?

A resposta óbvia teria sido uma cratera de um ataque, mas eu sabia que não era, então balancei a cabeça.

— Não, não sei.

— Mestres na magia da terra podem redirecionar a força do ataque de um oponente para o chão abaixo deles. Fazer isso com precisão pode anular quase todos os ataques físicos.

Fiquei parado, incapaz de responder.

Camus soltou um suspiro.

— Você está tecnicamente em uma posição mais alta do que eu, então suponho que seja rude dar uma aula, mas deixe-me terminar com isso. Sua utilização dos elementos é boa, ótima, na verdade. No entanto, você escolhe constantemente moldar seus feitiços e ataques para causar danos ao seu oponente ou fortalecer a si mesmo para desviar do oponente e, embora isso possa ser bom para duelos individuais, as batalhas que você enfrentará nem sempre serão desse jeito. O tempo que você tem aqui é curto, então vamos fazer valer a pena.

Percebi que fazia um tempo desde que eu havia recebido uma aula assim. Deixou um gosto amargo na minha língua, mas ele foi humilde.

Camus estendeu a mão e sorriu.

— Você está certo. Obrigado, Camus. — Voltei o gesto, apertando sua mão.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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