POV ARTHUR LEYWIN
Um vislumbre do sol nascente podia ser visto atrás das Grandes Montanhas, projetando uma grande sombra sobre as clareiras, uma planície de grama com grandes pedregulhos e toras lascadas espalhadas por toda a área.
Este lugar parecia fazer parte da floresta circundante muito tempo antes de uma avalanche. A neve ainda permanecia, escondida em manchas nas sombras dos escombros de árvores caídas.
Uto estava a cerca de uma dúzia de metros, balançando os braços como se estivesse fazendo um alongamento matinal.
— Arthur. — A voz de Sylvie estava cheia de inquietação.
— Eu sei. — respondi, tirando minha capa de lã. — Até eu já posso sentir a diferença entre ele e o outro Retentor que lutamos.
— Você sabe o que mais motiva um inimigo? — Uto perguntou, esticando o pescoço longo e fino.
Não respondi. Em vez disso, tirei a Canção do Amanhecer do meu anel dimensional e a desembainhei.
— Você não sabe? Descobri que um inimigo que busca vingança que retalia com o mais… gosto. — respondeu com indiferença.
Um brilho etéreo envolveu a lâmina verde-azulada da minha espada, apesar da falta de luz ao nosso redor. Ver os restos irregulares da ponta quebrada ainda envia uma dor no meu coração, mas sabia que, mesmo nessa condição, a Canção do Amanhecer era a melhor arma que eu poderia ter agora.
Levantei meu olhar para combinar com o de Uto antes de responder.
— Você acha que isso é uma batalha por vingança?
— Não é? — Ele deu de ombros, dando um passo mais perto tocando seu chifre lascado. — Você ficou muito irritado quando descobriu que eu era o único responsável por matar aquela elfa.
— Minha primeira vez em que a conheci foi quando estava morrendo. — respondi, dando um passo à frente também. — Portanto, a vingança não seria o meu motivador. Simplesmente considero você como alguém que precisa ser descartado.
Uto franziu a testa.
— Bem, isso é decepcionante. Aqui estava eu, tão empolgado que você estaria determinado a usar cada grama do seu ser para buscar vingança por sua camarada, companheira ou até possivelmente amante, desconsidere isso, você é um pouco jovem para ela, a menos que ela goste desse tipo de…
O retentor esbelto continuou a murmurar em sua fantasia até que abruptamente bateu palmas.
— Ah! Elfa do vovô! Sua preciosa neta é da sua idade, não é? Considerando o quão perto você está dessa família, faria mais sentido gostar dela do que aquela lança elfa…
A lâmina de gelo em forma de foice que eu lancei no retentor esbelto dissipou-se depois de atingir um espinho preto que se manifestou no chão na frente dele. Os espinhos de metal manchados de tinta congelaram com o impacto, mas permaneceram inteiros.
— Vê? É esse tipo de raiva e impaciência que eu estava ansioso. — Estalou os dedos em arrependimento. — Eu deveria ter matado a pequena princesa elfa ou talvez um membro da sua família antes de esperar você aparecer.
— Você terminou? — perguntei entre dentes, segurando minha espada em uma posição ofensiva.
Uto apenas deu de ombros.
— Você pode muito bem ter esse seu pequeno vínculo. Você vai precisar de toda a ajuda possível.
— Saia, Sylvie.
Disse em voz alta enquanto meu olhar permaneceu preso no Retentor.
Meu vínculo pulou para fora da minha capa, seus olhos afiados e escamas se arrepiaram.
— É uma pena que as circunstâncias que nos cercam não sejam tão boas quanto pensava, filhote. Aquela explosão elementar que você atirou em mim antes deixou uma impressão profunda, veja você. Isso me fez pensar que te machuquei profundamente, pessoalmente.
Uto soltou uma respiração profunda e exagerada.
— Não importa. Vamos ver se você pode me divertir por pelo menos alguns minutos.
Uto deu um passo à frente, mas ao contrário dos passos casuais que tinha antes, o espaço ao seu redor de repente distorceu. Sua presença tornou-se quase palpável no ar quando cada passo enviava ondas de vibrações ao solo.
Imediatamente liberei Realmheart, enquanto Sylvie mudava para sua forma dracônica.
— Um wyvern? — Uto perguntou, inclinando a cabeça.
Com os poderes de Sylvie selados desde o nascimento por Sylvia, ela se parecia com uma fera de mana muito poderosa, mas não mais do que isso. Eu tinha ficado cauteloso desde a guerra, mas foi um alívio ver como nem um Retentor poderia dizer.
— Por quê? Isso te assusta? — indaguei.
Ele respondeu com um sorriso malicioso antes de despreocupadamente apertar sua mão direita.
Com o Realmheart ampliando minha afinidade com a mana do ambiente que nos cerca, meu corpo sentiu a perturbação na minha frente antes que eu pudesse realmente ver. Sylvie e eu corremos em direções opostas bem a tempo de evitar a enxurrada de espinhos negros que se manifestaram instantaneamente abaixo nós.
O chão em que tínhamos acabado de pisar agora parecia a parte de trás de um porco-espinho grande e raivoso com cada um dos espinhos de três metros brilhando ameaçadoramente.
— Brande sua arma, filhote! — cuspiu, puxando um grande arpão preto do centro da palma da mão.
Eu trouxe a Canção do Amanhecer para perto, quando apontei a ponta fraturada da arma para Uto. As runas brilhando no meu braço queimavam com um calor reconfortante quando comecei a unir a mana ao meu redor.
A lâmina da minha espada brilhava em uma variedade cintilante de cores enquanto infundia gelo, fogo, raios e vento. Era só porque a arma era Canção do Amanhecer, que foi capaz de se manter forte, apesar da quantidade dominante de mana sendo carregada nele.
— Vamos! — Avancei com Sylvie ao meu lado.
Segurei minha espada baixa, enquanto corria em direção ao Retentor. O chão embaixo da minha arma estilhaçou sob sua aura, mas arruinar a natureza era o mínimo da minha preocupação.
Com um sorriso maníaco, Uto avançou também, seu arpão recuou como uma cobra pronta para atacar.
Em um instante, minha lâmina encontrou a dele, criando uma onda esférica a partir da força do nosso impacto. Os elementos infundidos na minha lâmina surgiram, mas Uto aguentou sem esforço.
Ele franziu as sobrancelhas enquanto nossas armas ainda estavam entrelaçadas.
— Nada mal.
— Se abaixe — ordenou Sylvie.
Imediatamente depois, meu vínculo atingiu-o com sua cauda longa nas laterais assim que me abaixei.
Uto voou para o lado, batendo em uma pedra próxima que se espatifou com o impacto.
O véu de destroços ainda não havia desaparecido quando ataquei com a Canção do Amanhecer.
A terra tremeu violentamente quando meu ataque arrancou um pedaço grande do chão. A onda de choque derrubou a fileira de árvores mais próxima de Uto.
— Ele ainda está vivo. — informou Sylvie, que já estava preparada para o próximo ataque.
Me abaixei, colocando mais mana ao redor do meu corpo em caso de um ataque surpresa, mas em vez de uma retaliação aos nossos ataques, uma risada ecoou dentro da cavidade deprimida do solo. Mais uma vez, vi as flutuações tremeluzentes da mana ao meu redor. Picos finos evocados do nada ao mesmo tempo que grandes pilares do metal preto disparavam das sombras sob pedregulhos e troncos caídos.
Me defendi dos finos espinhos com a Canção do Amanhecer, que enviou uma quantidade impressionante de força pelos meus braços. Enquanto isso, Sylvie derrubou os grossos pilares que brotavam das sombras mais escuras. Suas escamas grossas conseguiram suportar a maior parte do ataque, mas o grande volume e intensidade dos ataques nos deixou feridos e sangrando.
Não nos cure. — ordenei quando Sylvie juntou mana em sua respiração. — Ainda não, pelo menos.
Felizmente, os espinhos não estavam cheios de veneno, mas era quase injusto como o retentor era capaz de conjurá-los do nada.
Até magos avançados da terra tiveram que moldar a terra ao seu redor antes de dispará-los. Uto parecia ser capaz de apenas manifestar seus ataques onde quisesse.
— Esperava mais, filhote. — Uto suspirou ao sair da depressão da terra que eu havia criado desde o meu último ataque.
— Defenda minhas costas — enviei Sylvie, sugando mais mana do meu núcleo de mana para dentro do meu corpo. Podia ver meu cabelo comprido ficar branco enquanto ia mais fundo no reino do Realmheart. As runas ficaram mais complexas e eu pude sentir as marcas nas minhas costas também. A mana ao meu redor parecia ansiosa para obedecer aos meus pensamentos. Eles giraram ao meu redor, formando perfeitamente feitiços que normalmente precisariam de imensa concentração.
A Canção do Amanhecer estava estampada em uma aura prateada de gelo, enquanto meu punho esquerdo estalava com tentáculos de raios negros.
As sobrancelhas de Uto estavam franzidas, mas não teve tempo de pensar quando cheguei, desencadeando uma torrente de ataques. Minha espada cristalina não era mais do que um borrão, deixando apenas faixas de prata em seu caminho. Eu tecia socos, cotoveladas, joelhadas e chutes, como Kordri me ensinou em nossos anos de treinamento. Para cada vez que balançava a Canção do Amanhecer, ele imediatamente rebatia com um espinho preto, que congelava e se espatifava com o impacto. Enquanto isso Sylvie ficava logo atrás, usando suas escamas e garras para cortar os ataques intermináveis de espinhos negros que Uto estava conjurando. Logo a área ao nosso redor se tornou uma ruína de escombros congelados e pontas cortadas de metal preto.
— Isso não é bom, Arthur. Os ataques de Uto são maiores em volume — resmungou Sylvie.
Meus olhos continuaram presos no Retentor, que ainda não havia recebido uma única ferida. Toda vez que parecia que eu estava prestes a acertar um ataque, uma folha negra de metal se formaria ao redor da área, protegendo seu corpo.
— Vou ter que aumentar um pouco.
Os grossos tentáculos de um raio preto enrolados em volta do meu braço retrocederam ao meu sinal. Internalizei a magia do raio, aumentando meu tempo de reação, reforçando meus neurônios com magia relâmpago.
O próprio mundo parecia desacelerar. Meus sentidos estavam mais afiados, quase avassaladores. As cores pareciam brotar, enquanto as minúsculas partículas de mana visível através do Realmheart ganhavam vida.
Balancei a Canção do Amanhecer mais uma vez no momento em que mergulhava facilmente sob o impulso de Uto. Quando minha lâmina estava prestes a acertar o lado exposto dele, eu a vi.
Vi a magia negra do Retentor, que parecia instantânea, rapidamente se fundir exatamente onde meu ataque estava prestes a atingir. Redirecionei imediatamente meu ataque para cima, logo abaixo do braço dele.
Podia ver a horrível mana se movendo, reagindo, ao meu novo ataque. Mas não chegou a tempo. Fingi meu ataque mais uma vez, em vez de dirigir meu punho em seu esterno.
O Retentor se curvou com o ataque. Ele deu um passo para trás para se manter de pé enquanto uma trilha fina de fluido escuro demais para ser sangue escorria pelo canto de sua boca.
Surpreso que meu ataque tivesse realmente acertado, parei por um instante antes de avançar com outro ataque.
— Está nas sombras, Sylv! — Eu gritei internamente. — Esses espinhos pretos só podem se manifestar em áreas de escuridão. É por isso que seus feitiços são sempre mais poderosos quando saem de lugares mais escuros, como debaixo de uma pedra ou de um tronco.
A mão de Uto ficou borrada. Apesar de estar em Realmheart e ter o Impulso Trovão aumentando minhas reações, não conseguia ver completamente seu ataque.
Seu punho me bateu como um trem. Mesmo com a densidade de mana protegendo meu corpo, me senti entrando e saindo da consciência. Quando consegui me recompor, estava a seis metros da minha posição anterior, com as costas apoiadas no tronco quebrado de uma árvore.
Sylvie estava segurando Uto, o sangue de suas feridas frescas cobrindo suas escamas negras. Com suas habilidades seladas por Sylvia, ela não foi capaz de manter o ritmo com Uto mais do que eu era capaz, mesmo com suas defesas superiores.
Levantando-me, ponderei mais uma vez se devo ou não confiar no Passo Explosivo para superar Uto, mas o tom agudo de Sylvie me interrompeu.
— Você ficará aleijado pelo resto da vida se usar o Passo Explosivo novamente!
— É melhor do que morrer aqui, não é? — Enviei de volta, a frustração pingando da minha voz.
— Existem melhores opções para explorar antes de usarmos isso! — sussurrou enquanto torcia seu corpo grande, evitando o ataque de Uto. Ela jogou o Retentor para longe com a asa antes de se lançar diretamente em mim. — Prepare-se!
Percebendo que ela não iria parar, pulei e me prendi na base de seu pescoço, pouco antes de ela chutar o chão. Nós quase-instantaneamente voamos cerca de trinta metros e ela continuou a voar mais alto.
— Qual é o seu plano?
— Como você disse, é a sombra! Ele é capaz de manifestar aqueles espinhos de metal de onde quer que queira das sombras. — explicou ela, assim que atingimos uma altura em que a montanha não estava bloqueando o sol.
Estremeci com os raios brilhantes, mas soube imediatamente o que Sylvie pretendia.
— Nós estávamos lutando em uma sombra gigante!
— Exatamente. Foi assim que conseguiu conjurar seus ataques de onde quisesse. Se lutarmos com ele aqui, ficará muito mais limitado em onde pode atacar.
Eu constantemente me levantei nas costas de Sylvie. Ela e eu nunca brigamos juntos assim. No meu mundo anterior, eu tive que passar horas treinando para lutar a cavalo e imaginamos que isso seria muito mais fácil do que lutar centenas de pés acima do solo em um dragão voador.
Mal tive tempo de encontrar meu equilíbrio em cima de Sylvie quando Uto apareceu a poucos metros acima de nós com uma lança preta na mão.
A lança outrora negra, que brilhava como metal, parecia desbotada agora que tinha que confiar na sombra que seu corpo fazia como uma âncora para seus feitiços.
Cuidando para não machucar Sylvie, me afastei de suas costas, enquanto envolvia meu corpo em um turbilhão esférico.
Ativando o Impulso Trovão mais uma vez, bati direto na lança do Retentor. Sylvie estava certa; com a falta de sombra, seus ataques não vinham de todas as direções, apenas das partes do corpo que não estavam voltadas para o sol. Pregos pretos se projetavam para fora de seu corpo, mas os pregos não eram tão densos ou imponentes.
— Você é muito esperto, filhote. Fico feliz que você conheça minha fraqueza. — disse Uto, sua voz abafada pelo vento.
Era estranho lutar no ar. Assim como Uto foi contido pela falta de sombra, fiquei limitado pelo fato de não conseguir voar. Sylvie se manobraria ao meu redor, agindo como uma plataforma para pular.
— Tente não ficar muito perto, caso Uto tente usar a sombra do seu corpo. — falei para Sylvie ao seguir em outro ataque.
Com os efeitos do Impulso Trovão aprimorados pelo Realmheart, pensei que poderíamos vencer. Trilhas de cor vazaram das feridas que consegui infligir a Uto, mas o que me perturbou foi sua expressão.
Seu rosto que outrora fora de alegria maníaca, se suavizou com o de… tédio.
— Mesmo com essa grande desvantagem, você não conseguiu um único golpe significativo. — disse, com a voz sombria. — É… decepcionante.
— Desculpe, mas não estou lutando com você para impressioná-lo. — cuspi, girando ao redor. A ponta fraturada da Canção do Amanhecer afundou no peito de Uto. Eu fiz a mana que tinha se unido à lâmina sair de controle fazendo o corpo inteiro de Uto ficar envolto em gelo, fogo, raios e vento.
Mantive meu aperto na minha espada quando senti nós dois começando a cair. Por um momento, pensei que tinha feito. Pensei que o tinha matado.
Esse era o caso… até que vi um redemoinho preto se manifestar de onde minha espada tinha acertado nele. Meu ataque conseguiu destruir a maioria das ataduras com as quais ele havia se enrolado apenas para revelar o que pareciam piercings.
Pequenos pregos de metal estavam por todo o seu tronco e membros, e para meu horror, cada um desses piercings de metal projetava sua própria pequena sombra ao redor dele corpo inteiro.
O chifre de Uto brilhava com uma luz negra arroxeada, enquanto a sombra de seus incontáveis piercings se espalhava inteiramente ao redor do corpo.
Tentei puxar a Canção do Amanhecer para fora do peito de Uto, mas não importava quanta mana eu desse ao meu corpo, não era forte o suficiente para arrancá-la.
— Se você percebeu minha fraqueza no pouco tempo que trocamos, não acha que eu teria descoberto isso há muito tempo?
Sua voz saiu abafada da máscara negra que cobria toda a cabeça e o rosto, além dos chifres.
— Sylvie! — disse em voz alta, soltando a Canção do Amanhecer.
Meu vínculo imediatamente se reposicionou para me pegar, quando um pico preto subiu rapidamente do corpo de Uto.
Tirei mais mana do meu núcleo, manifestando uma luva de gelo em volta da minha mão direita quando atingi o projétil preto. Se me esquivasse, o ataque teria atingido Sylvie, mas consegui redirecionar seu ataque surpresa. Antes, pensei que sim.
Ele apontou um dedo para baixo, como se estivesse me avisando de algo. Eu não conseguia ver a expressão de Uto por trás de sua máscara de sombra, mas jurei que podia vê-lo sorrindo.
Menos de um segundo depois, senti a pontada aguda de algo contra a minha pele que vinha de baixo de mim.
Com a arte de mana do atributo relâmpago interno melhorando minhas reações, tocando no éter misterioso ao meu redor, ativei a primeira fase da vontade do dragão.
Aevum, o controle ao longo do tempo. Com pouco domínio e discernimento sobre essa habilidade poderosa, consegui parar brevemente o tempo ao meu redor. Lady Myre tinha me dito que o éter não podia ser manipulado, mas sim influenciado, mas no meu caso, parecia que eu estava apenas explorando a influência que Sylvia já teve sobre o Aevum.
As cores mudaram enquanto as partículas roxas do éter ao meu redor tremiam violentamente. Uto, Sylvie e até o espinho preto que quase se alojou nas minhas costas pararam abruptamente. Com o último ataque de Uto não mais em movimento, fui capaz de girar meu corpo para evitar todo o impacto.
Liberar distorção, o que eu escolhi chamar de fase um, foi como deixar escapar o fôlego depois de estar debaixo d’água até a beira do afogamento. Mal consegui reunir meu fôlego quando o espinho preto voou, deixando um grande corte nas minhas costas em vez de um buraco aberto.
Meu corpo caiu, mas assim que caí nas costas de Sylvie, Uto reagiu. Apareceu ao meu lado e atingiu eu e meu vínculo com o punho preto dele.
Espiralando em direção ao chão como um cometa, entrei e saí da consciência mais uma vez. Meu corpo inteiro estava em agonia, então tive dificuldades em discernir qual parte de mim estava exatamente quebrada.
Sem nem ao luxo de gritar de dor, tentei desesperadamente proteger-me e a meu vínculo usando magia.
— Mude para a sua forma de raposa! — implorei desesperadamente, mas em vez de obedecer, ela apertou o corpo em uma bola, me cobrindo com os braços, pescoço, corpo e asas. Eu podia sentir o calor de sua barriga quando me agarrou com mais força.
Ela gritou para mim.
— Você não tem mana suficiente para suportar o impacto. Pelo menos meu corpo será capaz de bloquear um pouco da força.
— Tola — respondi. Até em meus pensamentos eu parecia fraco.
Me preparei para o impacto, mas ele nunca veio. Antes, nunca senti. Quando recuperei a consciência, estava no centro de uma cratera mais exausto.
— Sylv? — Eu tentei me levantar, mas meu corpo se recusou a ouvir.
— Sylvie? — Enviei mais uma vez. Sem resposta.
Um gemido fraco escapou da minha boca quando virei meu corpo para ver que o corpo de Sylvie ainda estava embaixo de mim, mas seus membros estavam abertos e havia pontas pretas por toda parte abaixo de nós, quebradas, algumas saindo dela.
— Não. — Eu balancei meu vínculo.
— Sylvie. Acorde. — balancei mais.
— Isso não tem graça. Sylvie! — Eu rolei o corpo dela, me roçando em um espinho próximo.
— Sylvie, por favor! — Minha visão embaçou e eu pude sentir meu coração tentando sair do meu peito.
Uma onda de pânico tomou conta de mim, entorpecendo-me de toda a minha dor. Me arrastei desesperadamente, tentando retirar um espinho preto do braço dela. Rangi meus dentes, segurando soluços enquanto tentava pensar em uma maneira de ajudar meu vínculo.
— Éter. — murmurei sem fôlego enquanto segurava minhas mãos contra seu corpo. Foi um tiro no escuro, mas eu tive que tentar.
Ativei Realmheart mais uma vez. Cada centímetro do meu corpo gritava de dor pela reação, mas segurei. Com as partículas de mana e éter visíveis, tentei desesperadamente guiar as partículas roxas no corpo de Sylvie.
— Por favor, implorei.
As partículas roxas de éter ao redor de Sylvie começaram a tremer, como se respondendo ao meu desesperado grito de socorro. Os pedaços de éter rodaram e vazaram lentamente no corpo de Sylvie.
Não sabia o que iria acontecer. Pensei que, uma vez que Sylvie fosse capaz de me curar através do éter, seu corpo seria capaz de se curar através éter também.
Incapaz de manter o Realmheart por mais tempo, caí de joelhos, meu rosto contra a base do pescoço de Sylvie.
— Você vai ficar bem. — respirei. — Você tem que ficar bem.
Vários espinhos pretos perfuraram o corpo e os membros de Sylvie, mas eu não tinha força para puxá-los. Tentei atingir o espinho preto que a empalara, esperando que se soltasse do chão.
Bati. Ataquei novamente. Ataquei até não poder mais condensar mana e meus dedos sangrarem.
— Sua besta vai viver. — Uma voz feminina soou nas proximidades. A voz era calma e madura.
Aya?
Desesperado e esperançoso, me virei e olhei para cima, exceto que não era ela. Longe disso.
Era uma menina, mas não era Aya.
Era a garota que eu tinha visto na caverna em Darv.
Era a Foice. Exceto… na mão dela estava Uto. E ele aparecia morto.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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